A polêmica racial que alimentou o Oscar 2016, sobre a falta de artistas negros entre os indicados à premiação, acabou criando outra saia-justa. Algumas piadas do apresentador Chris Rock tiveram conotação racista, perpetuando estereótipos negativos sobre a população asiática. Como resultado, 25 membros asiáticos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas assinaram uma carta de protesto, entre eles o cineasta Ang Lee, vencedor de dois Oscar de Melhor Direção, por “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005) e “As Aventuras de Pi” (2012).
“Temos orgulho de saber que o Oscar atinge milhões de pessoas no mundo todo e que 60% dessas pessoas são asiáticas e potenciais consumidores do mercado cinematográfico”, escreveram os integrantes do protesto, pedindo que a Academia tome atitudes concretas para evitar que piadas de mau gosto contra asiáticos ocorressem novamente, como aconteceu na última cerimônia. Na ocasião, três crianças asiáticas subiram ao palco com envelopes, como se fossem fiscais da auditoria que endossa os resultados da premiação (veja foto acima). Chris Rock ainda mencionou que elas foram responsáveis pela fabricação do telefone celular da maioria do público presente ao evento. O contexto foi interpretado como uma alusão jocosa ao trabalho infantil na Ásia.
Após receber a carta de protesto, a Academia se desculpou oficialmente. “A Academia compreende a insatisfação e se desculpa por todos os momentos da cerimônia que possam ter parecido ofensivos. Estamos atentos para dar o nosso melhor e garantir que as próximas cerimônias sejam mais sensíveis no aspecto cultural”, disse um porta-voz da entidade.
Segundo fontes da revista Variety, o apresentador Chris Rock foi o responsável pelo roteiro da cerimônia, inclusive a piada com crianças asiáticas. Já a aparição do ator Sacha Baron Cohen como o personagem Ali G, que fez uma alusão a genitais minúsculas de amarelos, numa alusão com duplo sentido aos Minions, teria sido uma decisão do próprio ator e surpreendido a Academia.
De qualquer forma, por causa da politização da cerimônia em torno da questão racial e com muita discussão sobre a falta de diversidade na indústria, a piada com asiáticos acabou gerando mais indignação do que risadas.