Desta vez não deu certo. “Vai que Dá Certo 2”, sequência do sucesso de 2013, traz os mesmos personagens, que continuam a levar a vida com as mesmas dificuldades de antes, lamentando o fato de não conseguirem o tão sonhado dinheiro. Mas seu retorno se dá num registro menos cômico e um pouco mais sombrio, ficando a dúvida se isso ocorreu acidentalmente ou de forma deliberada para o tornar o filme pouco engraçado.
O personagem mais centrado ainda é Rodrigo (Danton Mello), que começa o filme em um casamento com Jaqueline (Natália Lage). A moça é tão encantadora que seus três amigos patetas, Amaral (Fábio Porchat), Tonico (Felipe Abib) e Danilo (Lúcio Mauro Filho), ficam secando e torcendo para um dia poder ter uma chance com ela também. Coisa de gente imatura e sem noção ou de quem não tem filtro para falar o que realmente sente?
A nova chance de os rapazes ficarem ricos surge em um vídeo comprometedor, que traz um sujeito que quer dar o golpe do baú em uma mulher mais velha. Vladimir Brichta interpreta esse sujeito. E o tal vídeo pode por fim ao seu casamento e a sua chance de enriquecer. Acontece que outras pessoas também estão interessadas no vídeo e no quanto podem lucrar com a chantagem, como é o caso de dois policiais corruptos e de uma prima de Rodrigo e Danilo.
A partir daí, o filme assume um tom grave que compromete o já ralo humor presente. Sobram risos amarelos, silêncio, um certo incômodo e alguma tensão. Nem mesmo Lúcio Mauro, que também retorna como o avô gagá, consegue imprimir humor nas cenas de que participa. Ao contrário, sua sequência com Natália Lage pode até ser taxada de mau gosto.
Fragmentado como uma coleção de esquetes, o fiapo narrativo tenta costurar a trama por meio de uma série de situações envolvendo uma sacola de dinheiro escondida. Mas o filme se sustenta mesmo na boa química de seu elenco (mesmo com a ausência de Gregório Duvivier).
Talvez o problema esteja na mão pesada do diretor Maurício Farias, que retorna, desta vez acompanhado por Calvito Leal, demonstrando toda a influência de seus trabalhos em minisséries, séries e telenovelas para a Rede Globo. O problema de registro, porém, não vem de hoje, já que “O Coronel e o Lobisomem” (2005) também vacilava muito no uso do humor.
Resta saber se, mesmo com seus equívocos, a sequência conseguirá repetir o sucesso do original. No Brasil das comédias blockbusters, ter graça parece realmente não importar.