Filme sueco vence Festival de Cannes, que também premiou Sofia Coppola e Joaquin Phoenix
O filme sueco “The Square”, de Ruben Östlund, foi o vencedor da Palma de Ouro do 70º Festival de Cannes. A obra não era das mais badaladas da competição, mas o diretor já tinha causado boa impressão em Cannes com seu filme anterior, “Força Maior” (2014), exibido e premiado na seção Um Certo Olhar há três anos. Em tom que varia entre o drama e a comédia, a trama acompanha o curador de um importante museu de arte contemporânea de Estocolmo, vítima de um pequeno incidente que desencadeia uma série de situações vexaminosas. Em seu intertexto, “The Square” ainda faz um contraponto entre o ambiente elitista das galerias de arte e a realidade das ruas europeias, cheias de imigrantes e desempregados. Apesar da vitória de um longa europeu, a maior parte das premiações do juri presidido pelo espanhol Pedro Almodóvar foi para produções americanas. Um número, por sinal, mais elevado que o costume entre as edições anteriores do festival. O prêmio de direção ficou com Sofia Coppola por “O Estranho que Nós Amamos”, remake do filme homônimo de 1971, que transforma uma trama de western em suspense gótico. A diretora não estava em Cannes para a cerimônia, realizada no domingo (28/5), mas enviou uma longa mensagem de agradecimento, na qual menciona a neozelandesa Jane Campion, única mulher a vencer a Palma de Ouro, com “O Piano”, em 1993, como uma de suas “inspirações” na carreira. A estrela de “O Estranho que Nós Amamos”, Nicole Kidman, também foi homenageada com um prêmio especial do festival. Neste ano, ela participou de quatro produções exibidas na programação de Cannes. Duas delas estavam na mostra competitiva. E a segunda também foi premiada: o suspense “The Killing of a Sacred Deer”, do grego Yorgos Lanthimos, que venceu o troféu de Melhor Roteiro, empatado com “You Were Really Never Here”, outra produção americana, dirigida pela escocesa Lynne Ramsay. Para completar a lista americana, Joaquin Phoenix, estrela de “You Were Really Never Here”, venceu o troféu de Melhor Ator. A alemã Diane Krueger foi premiada como Melhor Atriz por “In the Fade”, e dois filmes europeus levaram o Grande Prêmio e o Prêmio do Juri, equivalentes ao 2º e 3º lugares do festival: o francês “120 Battements par Minute”, de Robin Campillo, e o russo “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev. Por fim, o prêmio Câmera de Ouro, para longa-metragem de diretor estreante, foi para “Jeune Femme”, da francesa Léonor Serraille, exibido na mostra paralela Um Certo Olhar. Nenhum filme da Netflix foi premiado. O júri da competição oficial foi composto pelos diretores Pedro Almodóvar, Park Chan-wook, Paolo Sorrentino, e Maren Ade, as atrizes Jessica Chastain, Fan Bingbing, Agnès Jaoui, o ator Will Smith e o compositor Gabriel Yard. Vencedores do Festival de Cannes 2017 Palme de Ouro de Melhor Filme “The Square”, de Ruben Öslund (Suécia) Melhor Direção Sofia Coppola, por “O Estranho que Nós Amamos” (EUA) Melhor Roteiro “The Killing of a Sacred Dear”, de Yorgos Lanthimos (Reino Unido) “You Were Really Never Here”, de Lynne Ramsay (EUA) Melhor Ator Joaquin Phoenix, por “Your Were Never Really Here” (EUA) Melhor Atriz Diane Krueger, por “In the Fade” (Alemanha) Grande Prêmio do Júri “120 Battements par Minute”, de Robin Campillo (França) Prêmio do Júri “Loveless”, de Andrey Zvyagintsev (Rússia) Prêmio Especial do 70º aniversário de Cannes Nicole Kidman (EUA) Câmera de Ouro (melhor filme de estreia) “Jeune Femme”, de Léonor Serraille (França)
Nicole Kidman vive terror entre vaias e aplausos no Festival de Cannes
O cineasta Yorgos Lanthimos exigiu um verdadeiro sacrifício grego do público no Festival de Cannes. Brutal, “The Killing of a Sacred Deer” fez pessoas abandonarem a sala de projeção, tamanha aflição causada por seu suspense. Mas a vingança não tardou, ouvida nas sonoras vaias que acompanharam a exibição dos créditos finais. A crítica, porém, elogiou o tom fúnebre do horror e a ousadia com que a trama se descortina. O novo filme do diretor grego, que venceu o Prêmio do Júri do festival em 2015 com “O Lagosta”, gira em torno de uma família rica e feliz, formado por Colin Farrell. Nicole Kidman (ambos também presentes em outro filme da competição: “O Estranho que Nós Amamos”, de Sofia Coppola) e seus dois filhos. O personagem de Farrell fez fortuna como um cirurgião carismático e não estranha quando é procurado por um adolescente (Barry Keoghan, que está em “Dunkirk”, de Christopher Nolan), filho de um paciente que morreu sob os seus cuidados. O rapaz parece idolatrá-lo. Mas o que começa como uma relação amistosa vai, aos poucos, revelando-se uma obsessão. O adolescente passa a exigir cada vez mais atenção do seu novo “amigo”. E quando um dos filhos do médico fica gravemente doente, ele anuncia: “Você tirou uma vida da minha família, eu vou tirar uma da sua”. O impacto é de filme de terror, mas a origem das vinganças sangrentas preconizados pela trama vem mesmo dos clássicos gregos. E embora o público perceba tudo como uma grande tragédia, o diretor insiste que se trata de uma comédia. De humor negro e perturbador, mas ainda assim uma comédia. “Eu disse aos meus atores que o projeto era uma comédia, e acredito nisso”, Lanthimos revelou, durante o encontro com a imprensa. “Nunca tratei de temas pesados com seriedade”, explicou, revelando que o filme se torna “brutal por acumulação de elementos, não em suas partes menores”. Como comédia, porém, “The Killing of a Sacred Deer” é muito sem graça. Os risos são apenas nervosos. E o que acontece… “Meus filhos não vão ver esse filme”, sintetizou Nicole Kidman, após a exibição.
Mary Tsoni (1987 – 2017)
A atriz grega Mary Tsoni, que se tornou conhecida ao estrelar o cultuado drama “Dente Canino” (2009), foi encontrada morta no apartamento onde morava em Atenas. Ela tinha apenas 30 anos e a causa da morte só será revelada após a realização de uma autópsia, informaram as autoridades. Segundo a imprensa grega, ela sofria de depressão profunda. “Dente Canino” foi uma sensação no circuito dos festivais e recebeu indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O sucesso projetou a carreira do diretor Yorgos Lanthimos, que neste ano voltou a disputar o Oscar, mas na categoria de Melhor Roteiro Original por “O Lagosta”, sua estreia na língua inglesa. O filme de 2009 contava a história bizarra de um pai que criou os três filhos como se fossem cachorros, vivendo enclausurados em sua casa, tendo apenas o quintal para brincar na periferia de uma cidade. A casa é isolada por uma alta cerca que os filhos nunca podem ultrapassar e que os mantém isolados do mundo externo. Mary Tsoni vivia a filha mais nova e recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Sarajevo. Em sua curta carreira, a atriz também estrelou dois filmes da franquia de zumbis “Evil” (To Kako) e mais dois longas, o pseudo-documentário “Atherapy” e o drama “The Fruit Trees of Athens” (Ta Oporofora tis Athinas), ambos em 2010 e todos inéditos no Brasil. Ela não filmava há sete anos.
Colin Farrell e diretor de O Lagosta vão retomar parceria em minissérie sobre o escândalo Irã-Contras
O ator Colin Farrell e o diretor Yorgos Lanthimos vão voltar a trabalhar juntos. A dupla, que colaborou em “O Lagosta” (The Lobster), vai retomar a parceria desta vez numa série, desenvolvida para a plataforma de streaming da Amazon, sobre o escândalo político Irã-Contras. Este caso, que abalou a presidência de Ronald Reagan, foi revelado pela imprensa dos EUA em novembro de 1986, com a denúncia de figuras chave da CIA facilitaram o tráfico de armas para o Irã, que estava sujeito a um embargo internacional de armamento, em troca da libertação de reféns. Ao mesmo tempo, uma parcela do lucro obtido com a venda das armas foi usado para financiar um grupo contrarrevolucionário de direita da Nicarágua, o Contras, que combatia a Frente Sandinista de Libertação Nacional, no poder nicaraguense desde a Revolução Sandinista, que colocou um fim na ditadura da família Somoza e estabeleceu a democracia no país. Farrell vai interpretar Oliver North, o ex-oficial da Marinha dos EUA que “aperfeiçoou” o plano. Reformado após o escândalo, ele se tornou comentarista da Fox News. A série ainda não tem título, mas o time de produção conta também com o astro Ben Stiller (“Uma Noite no Museu”).
Nicholas Hoult se junta a Emma Stone no novo filme do diretor de O Lagosta
O ator Nicholas Hoult (“X-Men: Apocalipse”) vai se juntar a Emma Stone no drama de época “The Favourite”, segundo filme falado em inglês do cineasta grego Yorgos Lanthimos (“O Lagosta”). O filme se passa no século 18 na corte da Rainha Anne, a última monarca britânica da casa dos Stuarts. Conhecida como Ana da Grã-Bretanha, ela foi responsável por unir a Inglaterra e a Escócia num único estado soberano, batizado de Grã-Bretanha, após séculos de animosidade entre os vizinhos. Hoult viverá o líder do partido conservador da época, no centro de várias maquinações políticas, enquanto Emma Stone será a Baronesa Masham, a amiga favorita da Rainha, justamente a personagem que rende o título da produção. O elenco inclui ainda Olivia Colman, que trabalhou com Lanthimos em “O Lagosta”, no papel da Rainha Anne, e Rachel Weisz, também de “O Lagosta”, como a Duquesa de Marlborough. O roteiro foi escrito pela estreante Deborah Davis e Tony McNamara (criador da série “Doctor Doctor”). Com isso, “The Favourite” marcará apenas a segunda vez – e a primeira desde sua estreia em 2001 – que Lanthimos não dirigirá um roteiro próprio. Por sinal, o cineasta grego foi a maior surpresa entre as indicações ao Oscar 2017, ao concorrer a Melhor Roteiro Original por “O Lagosta”. “The Favourite” ainda não tem previsão de estreia.
Fábula sombria de O Lagosta explora a desumanização da sociedade
Não é de estranhar que um longa tão pouco comercial como “O Lagosta”, ainda que extremamente fascinante, pule seu lançamento nos cinemas para estrear direto em vídeo e streaming. Mistura de fábula sombria e sci-fi distópica, o primeiro filme falado em inglês do grego Yorgos Lanthimos (“Alpes”) aprofunda a visão de uma sociedade desumana, bizarra e distorcida que o cineasta já tinha explorado em “Dente Canino” (2009). A trama se passa num mundo cruel, que obriga as pessoas a formar pares e pune, de forma surreal, aquelas que não conseguem. Em outras palavras, os que não se encaixam nos padrões da sociedade. Na trama, Colin Farrell (“Animais Fantásticos e Onde Habitam”) vive um homem recém-separado da esposa, que, por ter se tornado novamente solteiro, é obrigado a encontrar uma nova parceira em 45 dias. Para isso, é levado a um hotel de campo, onde outras pessoas na mesma situação precisam formar pares entre si. Mas as regras são muito rígidas. Não se pode fingir ou tentar casamentos de conveniência, embora alguns busquem essa saída. Ao falharem, os incapazes de encontrar um parceiro são punidos de forma fantástica. Como faz a feiticeira Circe, em “A Odisseia”. Logo ao chegar ao hotel, o personagem de Farrell é perguntado em qual animal gostaria de ser transformado, caso não consiga achar uma parceira. E é daí que vem o título da produção. Ele opta por virar uma lagosta, pois elas vivem até os cem anos e tem sangue azul. O tom surreal aos poucos se torna melancólico, conforme o protagonista, acompanhado por um cachorro, que na verdade é seu irmão transformado, vai conhecendo outras pessoas solitárias em sua mesma situação. Entre elas, está a personagem de Rachel Weisz (“A Luz Entre Oceanos”), com quem ele chega a imaginar uma chance de permanecer humano. Mas há também outra mulher importante na trama. A rebelde encarnada por Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”) lidera um movimento contra o sistema, formando uma sociedade ilegal na floresta em torno do hotel, que prega a recusa completa às regras. Ou seja, o total desapego ao amor e ao romance. O filme pondera o destino do protagonista entre estes dois extremos, que tendem a produzir o mesmo resultado: a solidão. À deriva em sua situação desesperadora, Colin Farrell conquistou uma indicação ao Globo de Ouro pelo papel.
Kristen Dunst vai estrelar série de comédia dirigida pelo realizador de O Lagosta
O cineasta grego Yorgos Lanthimos, que estreou em inglês com a distopia surreal “O Lagosta”, vai dirigir sua primeira produção nos EUA. E será uma série. Ele fechou com o produtor George Clooney (“Gravidade”) para comandar o piloto de “On Becoming a God In Central Florida”, nova série estrelada por Kristen Dunst (“Melancolia”). “On Becoming a God In Central Florida” se passa nos anos 1990 e acompanha Krystal Gill (Dunst), uma mulher que larga seu emprego de salário mínimo em um parque temático de Orlando para se tornar milionária, graças a um fraudulento esquema de pirâmide financeira. Ela engana, trapaceia e faz de tudo para entrar no topo do negócio, em busca de uma vingança contra o esquema que foi responsável por deixá-la sem nada, após a morte do marido. A série é uma criação da dupla estreante Robert Funke e Matt Lutsky para o canal pago AMC. A atração marcará o segundo trabalho televisivo consecutivo de Dunst, que se destacou por seu trabalho na 2ª temporada de “Fargo” com indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro. Ela será vista a seguir nos cinemas brasileiros no filme “Estrelas Além do Tempo”, que estreia em 2 de fevereiro.
Lobster: Veja 21 fotos da sci-fi surreal estrelada por Colin Farrell
O estúdio britânico Film4 divulgou 21 fotos de “The Lobster”, sci-fi do cultuado cineasta Yorgos Lanthimos (“Dente Canino”), que venceu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes deste ano. As imagens registram o elenco da produção em cenas que destacam o tom surrealista da trama. Estreia em inglês do diretor grego, o filme se desenrola num futuro em que todos solteiros precisam passar 45 dias em um hotel para encontrarem o amor de suas vidas. Mas, se não encontrarem, serão transformados em animais e despachados para uma floresta. O elenco inclui Colin Farrell (série “True Detective”), Rachel Weisz (“Oz: Mágico e Poderoso”), John C. Reilly (“Guardiões da Galáxia”), Ben Whishaw (“007 – Operação Skyfall”), Léa Seydoux (“Azul É a Cor Mais Quente”), Olivia Colman (série “Broadchurch”), Ariane Labed (“Attenberg”) e Angeliki Papoulia (“Dente Canino”). O roteiro foi escrito pelo próprio Lanthimos com seu parceiro habitual Efthimis Filippou (também de “Dente Canino”). A estreia comercial aconteceu em 16 de outubro no Reino Unido, mas ainda não há previsão para a distribuição no Brasil.







