Lula lamenta a morte de Cacá Diegues: “Levou o Brasil para as telas do cinema”
Cineasta de "Xica da Silva", "Bye Bye Brasil" e "Deus é Brasileiro" morreu nesta sexta-feira após complicações cirúrgicas
Cacá Diegues morre aos 84 anos no Rio de Janeiro
O cineasta, um dos fundadores do Cinema Novo, dirigiu clássicos como "Ganga Zumba", "Xica da Silva" e "Bye Bye Brasil"
Guerra de remakes: Globoplay estaria de olho em “Chica da Silva” para concorrer com “Dona Beija”
Depois do sucesso de “Pantanal”, mais novelas da extinta rede Manchete estão sendo ressuscitadas em novos remakes, agora como munição na guerra pela audiência do streaming. A Globo estaria preparando um remake de “Xica da Silva” para ser lançado em 2025 no Globoplay para concorrer com “Dona Beja”, produção que já começou a ser gravada para a HBO Max. O projeto da emissora carioca ainda está em fase inicial, com a aquisição dos direitos da obra originalmente exibida pela Manchete em 1996 e escrita por Walcyr Carrasco sob o pseudônimo Adamo Rangel. Sigilo e expectativas A produção é tratada com sigilo dentro da emissora, mas, de acordo com o Notícias da TV, profissionais de áreas como produção, caracterização e cenografia já foram consultados. Embora ainda não haja confirmação do elenco, o nome de Taís Araujo, que interpretou a protagonista na versão original, circula nos bastidores como uma opção desejada pela Globo. Oficialmente, a Globo afirma que “não tem nenhuma previsão” sobre remake de “Xica da Silva”. Entretanto, Erick Brêtas, diretor do Globoplay, já expressou publicamente o desejo de exibir a versão original de “Xica da Silva” na plataforma, o que só não aconteceu até aqui devido aos problemas dos direitos. “Adoraria. Difícil é desembaraçar os direitos”, afirmou ele em seu Twitter. Direitos das novelas Segundo o site A TV Entre Nós, os direitos das obras da TV Manchete a partir de 1995 pertencem à empresa Bloch Som e Imagem. Já o acervo da TV Manchete propriamente dito, que operou entre 1983 e 1999, tem uma situação mais complexa. As produções realizadas entre 1985 e 1994 pertencem à massa falida da emissora. Em 2021, fitas desse período foram leiloadas e adquiridas por um comprador anônimo por cerca de R$ 500 mil. O comprador arrematou a marca da TV Manchete por R$ 200 mil e um lote de novelas e programas por R$ 300 mil – incluindo “Pantanal”, “Chica da Silva” e “Dona Beija”.
Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos
A atriz Léa Garcia morreu nesta terça-feira (15/8) aos 90 anos, ainda sem causa confirmada. Ela estava no Festival de Gramado para ser homenageada pelo conjunto da obra com o troféu Oscarito. A informação foi confirmada nas redes sociais pelos familiares. “É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado, no Festival de Cinema de Gramado, da nossa amada Léa Garcia”, escreveram no Instagram da artista. A despedida repentina pegou todos de surpresa, pois Léa surgiu toda feliz ao lado da atriz Laura Cardoso na noite do último domingo (13/8). A dupla estava em uma sala de cinema em Gramado, no Rio Grande do Sul, quando registraram o momento nas redes sociais. A atriz ainda aparece com um sorriso no rosto enquanto abraçava o ator Emilio Orciollo Netto: “Quanta felicidade ao lado dessas pessoas maravilhosas”, ela escreveu na legenda. Trajetória de Léa Garcia Léa Lucas Garcia de Aguiar nasceu no Rio de Janeiro em 11 de março de 1933. Ela tornou-se atriz num período em que mulheres negras eram raras na profissão. A artista estreou nos palcos aos 19 anos com a peça “Rapsódia Negra” (1952), de Abdias do Nascimento. Foi o criador do Teatro Experimental do Negro (TEN) que viu o talento da carioca no ponto do bonde, na praia de Botafogo, em 1950. A parceria foi um marco da inclusão no teatro brasileiro. Léa ainda teve dois filhos com Abdias (Henrique Christovão Garcia do Nascimento e Abdias do Nascimento Filho). Anos mais tarde, teve seu terceiro filho com Armando Aguiar (o Marcelo Garcia de Aguiar). No teatro, Lea atingiu grande destaque no início da carreira com “Orfeu da Conceição” (1956), de Vinicius de Moraes, no papel de Mira. A estreia ocorreu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com cenários de Oscar Niemeyer. Ela também participou do filme dirigido por Marcel Camus no ano seguinte e recebeu a indicação ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Também trabalhou no clássico “Gamba Zumba” (1963), de Cacá Diegues, sobre a fundação do mítico Quilombo dos Palmares, antes de fazer sua primeira novela, “Acorrentados” (1969), na Record. No ano seguinte, estreou na Globo em “Assim na Terra como no Céu”, de Dias Gomes, e seguiu com vários papéis televisivos em “Selva de Pedra” (1972), “Maria, Maria” (1978), “Dona Beija” (1986), além de “Você Decide” e “Xica da Silva”, ambas em 1996. Porém ficou marcada por sua atuação na adaptação de “Escrava Isaura” (1976), onde fez sua primeira vilã e sofreu represálias na rua. “Escrava Isaura é o meu cartão de visitas. Tive muitas dificuldades em fazer cenas de maldade com a Lucélia Santos. Eu me lembro de uma cena em que, quando a Rosa (personagem de Léa) acabou de fazer todas as perversidades com a Isaura, eu tive uma crise de choro, me pegou muito forte. Chorei muito, não com pena, mas porque me tocou”, disse ao site Memória Globo. Além destes, Léa teve participação no elenco de “O Clone” (2002), “Êta Mundo Bom!” (2016) e nas séries “Mister Brau” (2017), “Assédio” (2018), “Carcereiros” (2018) e “Arcanjo Renegado” (2020). Nos últimos anos, tinha se voltado novamente ao cinema, chegando a vencer o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado por “Filhas do Vento” (2005), de Joel Zito Araújo. Ela ainda teve atuações recentes em “Pacificado” (2019), “Boca de Ouro” (2019), “Um Dia com Jerusa” (2020) e “Barba, Cabelo & Bigode” (2022), seu último trabalho, lançado pela Netflix. Recentemente, Léa Garcia recebeu um convite especial para atuar no remake de “Renascer”, a próxima novela das nove da Globo. Ela havia aceitado a escalação. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Léa Garcia (@leagarciaeumesma)
Edson Montenegro (1957 – 2021)
O ator Edson Montenegro morreu neste domingo (21/3), aos 63 anos, por complicações da covid-19. A informação foi confirmada por sua filha, Juliana Tavares, em publicação nos Stories do Instagram. “Meu pai descansou. Em nome de toda família, obrigada por toda corrente do bem em oração e toda energia positiva que emanaram”, ela escreveu. Montenegro foi diagnosticado com covid-19 no último dia 12. Ele estava internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital Paulistano, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Ele é conhecido por trabalhos como as novelas “Xica da Silva”, da Manchete, “Cúmplices de um Resgate”, do SBT, e “Apocalipse”, da Record, a minissérie “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, da Globo, e filmes como “Boleiros: Era Uma Vez o Futebol…” (1998), “Cidade de Deus” (2002) e “Mundo Deserto de Almas Negras” (2016). Também foi cantor, com disco gravado e muitos trabalhos em anúncios publicitários. A cantora Karin Hils, amiga de Edson, foi uma das primeiras a lamentar a perda nas redes sociais. “Parece que eu levei uma pancada na alma. Tá muito difícil de escrever. Vai com Deus, meu pai de mentirinha. Você vai fazer muita falta”, disse.
Elke Maravilha (1945 – 2016)
Morreu Elke Maravilha, aos 71 anos, na madrugada de terça-feira (16/8) no Rio. A notícia foi compartilhada por seu perfil no Facebook. “Avisamos que nossa Elke já não está por aqui conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses que ela tanto amava estejam com ela nessa viagem. Eros anikate mahan (O amor é invencível nas batalhas). (Crianças, conviver é o grande barato da vida, aproveitem e convivam)”, diz o texto. Elke estava internada havia quase um mês na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio, após uma cirurgia para tratar uma úlcera. De acordo com o irmão de Elke, Frederico Grunnupp, a artista sofreu uma falência múltipla dos órgãos. Nascida na Rússia em 22 de fevereiro de 1945, Elke Georgievna Grunnupp mudou-se para o Brasil ainda criança, quando sua família fugiu do stalinismo, e naturalizou-se brasileira. Ela logo se tornou fluente em nove línguas: russo, português, alemão, italiano, espanhol, francês, inglês, grego e latim. Seu primeiro emprego foi como professora em uma escola de idiomas. No final dos anos 1960, aproveitou seu 1,80m para se lançar como modelo, tornando-se uma das profissionais preferidas da estilista Zuzu Angel. Foi com o papel de modelo, por sinal, que ela estreou no cinema, fazendo uma pequena participação no filme “Salário Mínimo” (1970), de Adhemar Gonzaga. Por causa da amizade com Zuzu, Elke acabou se envolvendo nos protestos contra o assassinato de Stuart Angel, o filho da estilista pelo regime militar. Na época, ela chegou a enfrentar a tortura da ditadura e ficar presa por seis dias em 1971. Conseguiu ser libertada por intermédio da própria Zuzu, que enviou um delegado para tirá-la da prisão. Esta história foi contada no filme “Zuzu Angel” (2006), no qual Elke foi interpretada pela atriz Luana Piovani e também fez uma participação especial. Uma das consequências de sua rebeldia contra o regime foi a perda de sua cidadania brasileira. Ela nunca pediu anistia para recuperá-la, por considerar que seria uma admissão de culpa. Preferiu virar alemã como sua mãe e requisitar visto de trabalho e residência permanente. A prisão não a deixou estigmada. Alta, loira e elegante, ela já tinha conquistado certa notoriedade por preferir roupas mais ousadas como modelo, e isto lhe abriu as portas para “desfilar” na TV, convidada a virar jurada da “Buzina do Chacrinha”. Ela encantou o apresentador Chacrinha e o público com um visual colorido e exótico, encontrando popularidade instantânea ao ser apresentada pelo apelido Elke Maravilha, que Chacrinha lançou para o Brasil. A relação com Chacrinha, a quem chamava de “painho”, era muito íntima. Em entrevista ao programa “Altas Horas”, em 2014, Elke falou sobre o apresentador, de quem era grande amigo e confidente. “Painho era extremamente afetivo. Ficava horas com ele dentro do camarim. Era muito gostoso”. Ela também foi jurada do “Programa Sílvio Santos”, mas a relação com o dono do baú e do SBT não rende os mesmos elogios. Elke morreu brigada com Sílvio Santos. O sucesso do Chacrinha, líder de audiência na TV brasileira, tornou Elke requisitadíssima. Ela apareceu em nada menos que 13 filmes nos anos 1970, entre eles alguns clássicos como “Quando o Carnaval Chegar” (1972), de Cacá Diegues, “O Rei do Baralho” (1973), de Julio Bressane, “Xica da Silva” (1976), novamente de Diegues, e “Tenda dos Milagres” (1977), de Nelson Pereira dos Santos. Teve até um filme com seu nome, “Elke Maravilha Contra o Homem Atômico” (1978), de Gilvan Pereira, em que lutava contra seu arquirrival dos juris televisivos, Pedro de Lara. No cinema, apareceu ainda nos clássicos “Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), de Hector Babenco, e “Romance” (1988), de Sergio Bianchi, filmou com a Xuxa, em “Xuxa Requebra” (1999), participou de “A Suprema Felicidade” (2010), de Arnaldo Jabor, e foi redescoberta pela atual safra de comédias brasileiras, como “Mato Sem Cachorro” (2013), “Meu Passado Me Condena” (2013) e “Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina”, lançado neste ano. Na TV, roubou a cena na minissérie “Memórias de um Gigolô” (1986), da Globo, na qual viveu a inesquecível dona de bordel Madame Iara. A repercussão do papel foi tanta que Elke virou a “madrinha” da Associação das Prostitutas do Rio. Ela também participou das novelas “Pecado Capital” (1998), “Da Cor do Pecado” (2004) e “Caminho das Índias” (2009), entre outras, e teve seu próprio programa, o “Programa Elke Maravilha”, entre 1993 e 1996. Elke teve oito maridos, divertiu-se horrores e nunca quis ter filhos.
Antônio Pompêo (1953 – 2016)
O ator Antônio Pompêo foi encontrado morto em sua casa, em Guaratiba, Zona Oeste do Rio. Destaque em vários filmes e novelas, o ator e artista plástico tinha 62 anos e as causas da morte ainda não foram divulgadas. De acordo com uma vizinha, ele estava morto desde domingo (3/1), mas apenas na terça a polícia militar foi ao local e confirmou o falecimento. Nascido em 23 de fevereiro de 1953 na cidade de São José do Rio Pardo, em São Paulo, Antônio estreou na TV com uma participação em “A Moreninha” (1975), novela da Rede Globo. No ano seguinte, chegou ao cinema com “Xica da Silva” (1976), de Cacá Diegues. Em ambas as produções, interpretou escravos, e a dificuldade de encontrar outros papeis o motivou desde cedo a se posicionar politicamente na luta contra o racismo. Ele chegou a escrever um artigo sobre o tema para o jornal O Globo, em 2010. Antônio voltou a interpretar escravos em outras produções de época, como “O Xangô de Baker Street” (2001) e “Quilombo” (1984). Neste longa, viveu o mítico Zumbi, novamente sob direção de Diegues. Foram, ao todo, 11 longas em sua filmografia, que também incluiu duas obras de Murillo Salles, “Nunca Fomos Tão Felizes” (1984) e “Seja o Que Deus Quiser” (2002). O último filme do qual participou foi “Quase Dois Irmãos” (2004), de Lúcia Murat. Na TV, fez muitas novelas e minisséries que marcaram época, entre elas “Lampião e Maria Bonita” (1982), “A Máfia no Brasil” (1984), “O Tempo e o Vento” (1985), “A Tenda dos Milagres” (1985), “Sinhá Moça” (1986), “O Outro” (1987), “Escrava Anastácia” (1990), “Pedra Sobre Pedra” (1992), “Fera Ferida” (1993), “Mulheres de Areia” (1993), “A Viagem” (1994), “O Rei do Gado” (1996), “Pecado Capital” (1998) e “A Casa das Sete Mulheres” (2003). Nos últimos anos, vinha trabalhando nas novelas da Record. Seu último trabalho na televisão foi em “Balacobaco”, em 2012, mas, por coincidência, ele pode ser visto atualmente no ar em duas reprises, “Prova de Amor” (2005) e “Chamas da Vida” (2008). A atriz Zezé Motta (a eterna Xica da Silva) postou uma mensagem de despedida em sua conta no Facebook. “Em choque, e com muito pesar que comunicado a perda do meu amigo e grande ator Antônio Pompêo. Juntos, trabalhos em ‘Xica da Silva’, ‘Quilombo’, entre tantos outros projetos no cinema, na televisão foram mais de 5 novelas onde tivemos a oportunidade em estarmos juntos… A dor é grande! Descanse em paz meu amigo.”






