Kelly Preston (1962 – 2020)
A atriz Kelly Preston, conhecida por papéis em várias comédias de sucesso dos anos 1980 e 1990, morreu no domingo (12/7) de complicações de um câncer da mama, informou seu marido, o também ator John Travolta. “Ela travou uma luta corajosa com o amor e o apoio de muitos. Minha família e eu estaremos para sempre gratos aos médicos e enfermeiras do MD Anderson Cancer Center, a todos os centros médicos que ajudaram, bem como aos seus muitos amigos e entes queridos que estiveram ao seu lado”, escreveu Travolta, no Instagram. O ator lembrou que Preston lutava contra o câncer fazia dois anos. Além disso, escreveu que passará um tempo sem dar notícias ou fazer aparições, para que possa ficar ao lado dos filhos do casal Ella, de 20 anos, e Benjamim, de 9. Em janeiro de 2009, Travolta e a mulher perderam o filho Jett, de 16 anos, que era autista e foi vítima da síndrome de Kawasaki. Nativa do Havaí, Kelly Palzis (seu nome real) chegou a ser cotada para estrelar “A Lagoa Azul”, mas teve receio das cenas de nudez antes de atingir a maioridade. Acabou começando a carreira no mesmo ano em que aquele filme entrou em cartaz, com uma pequena participação na série “Havaí 5-0”, em 1980. Ela só assumiu o nome de Kelly Preston ao ser escalada no elenco fixo da série “For Love and Honor”, passada numa base militar e cancelada três meses após a estreia em 1983. Foi também neste ponto que ela trocou a TV por sua trajetória bem-sucedida no cinema. A transição se deu naquele mesmo ano, com pequenas participações na sci-fi barata “Metalstorm” e no terror “Christine, o Carro Assassino”, adaptação de Stephen King do diretor John Carpenter. Os papéis de destaque começaram em 1985, com as comédias picantes adolescentes “A Primeira Transa de Jonathan” e “Admiradora Secreta”, após se sentir adulta o suficiente para as temidas cenas de nudez. Depois disso, ela integrou o elenco da sci-fi infantil “SpaceCamp: Aventura no Espaço” (1986), em que contracenou com Kevin Gage. Os dois se casaram durante as filmagens. Ainda fez o suspense “Nenhum Passo em Falso” (1986), de John Frankenheimer, e a comédia cult “As Amazonas na Lua” (1987), de Joe Dante, antes de virar protagonista, o que aconteceu com o terror romântico “Feitiço Diabólico” (1988), no qual viveu uma bruxa. No mesmo ano, Preston interpretou seu papel mais lembrado, como par romântico de Arnold Schwarzenegger na comédia blockbuster “Irmãos Gêmeos”. Ela já tinha se divorciado de Gage quando se envolveu com John Travolta na comédia “Os Espertinhos” (1989). O casamento aconteceu dois anos depois e superou várias turbulências, desde a perda de um filho até denúncias da suposta homossexualidade do marido. Com Travolta, Preston entrou na igreja da Cientologia, uma seita que acredita em discos voadores e que também é seguida por Tom Cruise. A proximidade religiosa a ajudou a ser escalada em outro sucesso, “Jerry Maguire – A Grande Virada”, estrelado por Cruise em 1996, após sua carreira entrar em declínio. Mas inevitavelmente a levou à “A Reconquista” (2000). Estrelado e produzido por Travolta, o longa adapta um romance sci-fi de L. Ron Hubbard, o criador da Cientologia, e é considerado um dos piores filmes de todos os tempos. Ao longo da carreira, ela estrelou mais de 50 filmes, incluindo “Ruth em Questão” (1996), de Alexander Payne, “A Lente do Amor” (1997), de Griffin Dunne, “Por Amor” (1999), de Sam Raimi, “Voando Alto” (2003), do brasileiro Bruno Barreto, “Sentença de Morte” (2007), de James Wan, etc. A atriz desempenhou até o papel de mãe de Miley Cyrus em “A Última Música” (2010). Preston também teve participações recorrentes nas séries “Medium” (em 2008) e “CSI: Cyber” (em 2016), e seu último filme exibido foi “Gotti: O Chefe da Máfia” (2018), em que interpretou a esposa do personagem-título, vivido por Travolta. Durante as filmagens de “Gotti”, ela foi diagnosticada com câncer, mas, apesar da se sentir debilitada pela doença, esforçou-se para estrelar um longa final, a comédia “Off the Rails”, que ainda não tem previsão de estreia.
Voando Alto acerta o tom ao evocar os filmes esportivos dos anos 1980
Um dos méritos de “Voando Alto” (2016) é que se trata de um drama esportivo sobre superação à moda antiga, ou pelo menos como se costumava fazer na década de 1980. Nesse ponto, o ator e diretor de apenas três filmes, Dexter Fletcher, foi feliz em evocar aquela década, tanto na dramaturgia, quanto na música, com direito a “Jump”, do Van Halen, tocando em determinado momento. Por isso, há quem vá achar o filme cafona ou muito Sessão da Tarde – ele tem sido comparado bastante com “Jamaica Abaixo de Zero” (1993). Mas muito do sucesso de crítica que o filme tem obtido vem justamente de não se esperar muito de uma obra desse tipo. Fletcher e seus dois atores principais são bem-sucedidos em encontrar o ponto certo diante, apesar da linha tênue que condua a história de um rapaz, com um pouco de deficiência mental, cujo maior sonho é participar das Olimpíadas, não importando o esporte. A história real de Michael “Eddie” Edwards parece saída das mãos de algum roteirista sem-noção, de tão absurda que parece. Mas é só mais um caso da vida real que supera a ficção. O sonho de Eddie vem desde a infância, quando, apesar das quedas, dos vários óculos quebrados, do problema no joelho e da total falta de estímulo do pai e de quem quer que seja, o menino cresce com a ideia fixa de se tornar atleta olímpico. Até que, aos 22 anos, resolve partir para a Alemanha sozinho, em 1987, encontrando uma brecha nas regras para que possa competir nas Olimpíadas de Inverno no Canadá, em 1988. O esporte que ele escolhe é o perigoso salto de ski. O filme apresenta ao público esse esporte pouco conhecido (ao menos no Brasil), que traz grandes riscos de vida – os acidentes não são incomuns. Por isso, imaginar que alguém que nunca praticou ski conseguisse saltar após alguns poucos treinos expõe toda a loucura por trás da obsessão do jovem. Do mesmo modo, o fato dele conseguir, também prova-se um feito e tanto. Quem interpreta Eddie é Taron Egerton (o protagonista de “Kingsman – Serviço Secreto”), que no começo passa a impressão de estar exagerando no tom cartunesco do personagem. Mas essa impressão logo se dissipa quando se confere os registros do verdadeiro Eddie. Por sua vez, Hugh Jackman, que vive seu treinador beberrão, já havia feito um trabalho semelhante em “Gigantes de Aço” e não se esforçou tanto para essa espécie de reprise. “Voando Alto” ainda acerta o tom ao tratar a história com muito bom humor, mostrando os adversários ou obstáculos de Eddie como caricaturas, sejam os esportistas que zombam dele, sejam os seus próprios pais, ou mesmo os locutores esportivos, quando o protagonista vai finalmente para o Canadá – impossível não ficar encantado com a simpatia de Jim Broadbent (“A Viagem”). Por isso, o filme encanta e emociona como poucos do subgênero. Talvez até seja esquecido no futuro, mas quem se dispor a vê-lo encontrá uma verdadeira raridade: uma história de superação que não deprime ninguém. Ao contrário, é pura diversão.
A semana tem um bolo de estreias, mas qualidade mesmo só no circuito limitado
Com o circuito ainda sob o impacto de “Batman vs. Superman”, a programação da semana se contenta com estreias de distribuição modesta nos shoppings. As opções incluem diferentes gêneros, num bolo de qualidade uniforme – nivelada por baixo. Quando a massa fermenta, são sempre os lançamentos limitados, de ingredientes mais refinados, que fogem da receita comum. O lançamento mais amplo chega em 362 salas. Com apelo nostálgico, a comédia “Casamento Grego 2” retoma a história da família de Toula (Nia Vardalos), 14 anos após o primeiro filme fazer história como o maior sucesso do cinema indie americano. Desta vez, o casamento do título é da filha da protagonista de 2002. Sem novidades, seu humor evoca séries de TV como “Modern Family” e não repetiu o sucesso de público e crítica do original. Abriu em 3º lugar na semana passada nos EUA, com 25% de aprovação no levantamento do site Rotten Tomatoes. Com a segunda maior distribuição aparece a pior estreia, a animação “Norm e os Invencíveis”, em 297 salas. Coprodução indiana, acompanha um urso polar que viaja a Nova York para conscientizar a humanidade a respeito dos perigos que envolvem a exploração do Ártico. Mas a mensagem se perde totalmente quando Norm começa a rebolar, as piadas ruins se acumulam e a trama começa a ficar cada vez mais parecida como uma reciclagem de “Happy Feet”, “A Era do Gelo” e “Madagascar” de baixa qualidade. Considerada podre na avaliação do Rotten Tomatoes, teve somente 9% de aprovação e fracassou com uma bilheteria total de US$ 17 milhões. A mediocridade continua com o terror “Visões do Passado”, estrelado por Adrian Brody (“O Pianista”). Psicólogo perturbado pela morta da filha descobre ter virado o personagem de Bruce Willis em “O Sexto Sentido” (1999). O que era novidade na época, é clichê agora. Chega em 115 salas, mas sequer teve lançamento cinematográfico nos EUA, onde vai sair direto em vídeo em abril (com 21% no RT). Outro fracasso de público nos EUA, a comédia “Voando Alto” entra em 114 salas. Mas, ao contrário dos anteriores, a crítica americana gostou deste filme (76% no RT), que tem dois astros carismáticos e é baseada numa improvável história real. A trama acompanha os esforços de Eddie Edwards (Taron Egerton, de “Kingsman – Serviço Secreto”), que, apesar da falta de talento, tenta competir como esquiador nos Jogos Olímpicos, com a ajuda de um treinador pouco convencional (Hugh Jackman, de “Wolverine – Imortal”). Infelizmente, o déjà vu é inevitável após “Jamaica Abaixo de Zero” (1993). Fecha o circuito dos multiplexes a estreia de “Zoom”, coprodução brasileira e canadense, falada em inglês, com atores dos dois países (e um mexicano) e dirigida pelo brasileiro Pedro Morelli (“Entre Nós”). O longa mistura animação e atores reais (Mariana Ximenes, Gael García Bernal, Claudia Ohana, Jason Priestley e Alison Pill) para entrelaçar, com metalinguagem, a história de três artistas: uma escritora (Ximenes), um diretor de cinema (Gael) e uma autora de histórias em quadrinhos (Pill). Estiloso, tem até potencial para virar cult, mas tende a dividir opiniões, devido à ênfase conferida à forma sobre o conteúdo. Abre em 93 cinemas. O cinema brasileiro também é representado por dois lançamentos do circuito limitado. O mais empolgante também tem maior alcance. O thriller “Para Minha Amada Morta”, de Aly Muritiba, leva para 30 salas a história de um marido que procura provas da infidelidade de sua esposa falecida, tramando uma vingança contra o suposto amante. Premiado nos festivais de Montreal e Brasília, a trama alude aos suspenses psicológicos clássicos, da escola de Hitchcock, mas entrega uma antítese, com pouca tensão. O outro filme brasileiro é uma coprodução portuguesa, que tem a menor distribuição da semana. O drama “Histórias de Alice”, de Oswaldo Caldeira (“O Bom Burguês”) estreia em duas salas no Rio e uma em São Paulo, contando a busca de um cineasta brasileiro (Leonardo Medeiros) por suas raízes portuguesas. Repleto de flashbacks e uma Portugal de cartão postal, o filme só ganha ritmo pela metade, mas seu público é mesmo limitado. Principal destaque dos “cinemas de arte”, o aguardado “A Juventude”, do cineasta italiano Paolo Sorrentino (“A Grande Beleza”), chega em apenas 20 salas. Belíssimo, acompanha um maestro aposentado que, durante suas férias na companhia da filha e do melhor amigo, é convidado a retomar a carreira. Sorrentino, que já tinha impressionado com a plasticidade de “A Grande Beleza”, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, consegue superar o elevado padrão estético daquele filme. E ainda conta com três astros veteranos (Michael Caine, Harvey Keitel e Jane Fonda), que combinam seus talentos míticos para conferir uma qualidade interpretativa insuperável à produção. Sua inexplicável ausência no último Oscar é contrastada pela vitória dos troféus de Melhor Filme, Diretor e Ator (Caine) na premiação da Academia de Cinema da Europa – o “Oscar europeu”. Completa a programação o drama espanhol “A Garota de Fogo”, de Carlos Vermut, vencedor do Festival de San Sebastian e que rendeu o Goya de Melhor Atriz à Bárbara Lennie. Trata-se de outro lançamento de ótima qualidade lançado em meia dúzia de salas numa única cidade – exclusivamente no Rio de Janeiro. A trama instigante acompanha um pai que tenta realizar o último desejo de sua filha doente: comprar o vestido da personagem de uma série japonesa que a menina cultua. Mas esta busca o leva por caminhos tortuosos e ao encontro de personagens bizarros. Estreias de cinema nos shoppings Estreias em circuito limitado
Fracasso de Deuses do Egito mantém Deadpool em 1º lugar nos EUA
“Deadpool” se manteve em 1º lugar pelo terceiro fim de semana consecutivo nos EUA. O filme do super-herói desbocado faturou US$ 31,5 milhões entre sexta (26/2) e domingo (28/2), mais que o dobro do que rendeu a estreia mais ampla do período, “Deuses do Egito”, que implodiu com US$ 14 milhões. Enquanto “Deadpool” contabiliza sua fortuna, que já ultrapassou os US$ 600 milhões mundiais, “Deuses do Egito” já calcula o prejuízo. Mesmo abrindo em 2º lugar, o lançamento, que ocupou mais de 3 mil salas de cinema, já é um dos maiores fracassos de 2016, graças ao orçamento de US$ 140 milhões de produção – e provavelmente mais US$ 40 milhões consumidos pelo marketing. Pior só seu desempenho com a crítica, que lhe deu apenas 13% de aprovação, na média do site Rotten Tomatoes. O filme também foi a maior estreia dos cinemas brasileiros neste fim de semana. As outras duas estreias americanas, a comédia biográfica “Voando Alto”, em que Taron Egerton (“Kingsmen – Serviço Secreto”) é um atleta desengonçado treinado por Hugh Jackman (“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”), e o thriller de ação “Triplo 9”, com elenco grandioso encabeçado por Casey Affleck (“Interestelar”), Chiwetel Ejiofor (“12 Anos de Escravidão”) e Kate Winslet (“Steve Jobs”), também tiveram desempenho abaixo das expectativas, abrindo em 5º e 6º lugares. Ambos estreiam no Brasil no dia 31 de março. BILHETERIA: TOP 10 EUA 1. Deadpool Fim de semana: US$ 31,5 milhões Total EUA: US$ 285,6 milhões Total Mundo: US$ 609,8 milhões 2. Deuses do Egito Fim de semana: US$ 14 milhões Total EUA: US$ 14 milhões Total Mundo: US$ 38,2 milhões 3. Kung Fu Panda 3 Fim de semana: US$ 9 milhões Total EUA: US$ 128,4 milhões Total Mundo: US$ 314,2 milhões 4. Ressurreição Fim de semana: US$ 7 milhões Total EUA: US$ 22,7 milhões Total Mundo: US$ 22,8 bilhões 5. Voando Alto Fim de semana: US$ 6,3 milhões Total EUA: US$ 6,3 milhões Total Mundo: US$ 6,3 milhões 6. Triplo 9 Fim de semana: US$ 6,1 milhões Total EUA: US$ 6,1 milhões Total Mundo: US$ 6,1 milhões 7. Como Ser Solteira Fim de semana: US$ 5,1 milhões Total EUA: US$ 39,6 milhões Total Mundo: US$ 74,3 milhões 8. A Bruxa Fim de semana: US$ 5 milhões Total EUA: US$ 16,6 milhões Total Mundo: US$ 16,6 milhões 9. Race Fim de semana: US$ 4,2 milhões Total EUA: US$ 13,8 milhões Total Mundo: US$ 13,8 milhões 10. O Regresso Fim de semana: US$ 3,8 milhões Total EUA: US$ 170,5 milhões Total Mundo: US$ 404 milhões



