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    Versões de Um Crime é um desperdício de talento de todos os envolvidos

    10 de março de 2017 /

    A cineasta Courtney Hunt teve uma estreia notável com “Rio Congelado”, drama de 2008, produzido com somente US$ 1 milhão, que gerou reconhecimento mundial à Melissa Leo, a partir de sua indicação ao Oscar de Melhor Atriz. Apesar disso, a produção independente não rendeu à Hunt novas oportunidades. Desde então, ela só fez séries: três episódios de “Em Terapia” e dois de “Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais”. Lamentavelmente, o caso de Hunt não é isolado, como demonstra o destino de outras colegas, como Audrey Wells (“Sob o Sol da Toscana”), Christine Jeffs (“Chuva de Verão”) e Tamara Jenkins (“A Família Savage”), que sumiram do mapa após pequenos grandes feitos como diretoras autorais em seus primeiros passos. Para retomar a carreira em “Versões de Um Crime”, restou à Hunt um ingrato trabalho por encomenda que, claramente, não encontra nenhuma sintonia com o talento demonstrado previamente, resultado numa narrativa sem qualquer personalidade. O filme traz Keanu Reeves (“John Wick: Um Novo Dia Para Matar”) como o advogado da família formada por Jim Belushi (“Noite de Ano Novo”), Renée Zellweger (“O Bebê de Bridget Jones”) e Gabriel Basso (“Super 8”). O pai foi assassinado e o filho não faz nenhuma cerimônia em admitir o crime, embora tenha estabelecido desde então um voto de silêncio. Com dificuldades em fazer a sua defesa, o protagonista acaba aceitando a contribuição da personagem de Gugu Mbatha-Raw (em um papel parecido com o que interpretou no excelente “Armas na Mesa”), filha de um influente advogado. Enquanto seguem as declarações das testemunhas, flashbacks conflitam com cada palavra expressa, criando a impressão de que todos ali estão sustentando versões fantasiosas dos fatos para justificar um crime tão brutal e polêmico. O problema é que seriados na linha de “Divisão Criminal” (The Closer) e “The Good Wife” estabeleceram um patamar elevado, mostrando inúmeros casos judiciais, a ponto de dificultar o trabalho de filmes que tentem alongar os desdobramentos de apenas um crime nos tribunais. É uma constatação que enfraquece “Versões de Um Crime” já em seu primeiro ato, apesar do roteiro ter sido escrito por Nicholas Kazan – do já clássico “O Reverso da Fortuna” (1990) – , que entretanto, de forma suspeita, preferiu assinar com um pseudônimo para escapar incólume. Não bastasse ser genérico e trazer interpretações no piloto automático de todo o elenco, “Versões de Um Crime” ainda arrisca atirar pela janela tudo o que construiu em seu desenvolvimento em favor de um ato final de reviravolta, que busca surpreender o espectador ao exibir as verdadeiras faces dos personagens. Assim, o que soava como explicação para o ato de violência perde toda a sua credibilidade e coerência, trocada pela presunção de uma esperteza narrativa, facilmente antecipada nos primeiros minutos de projeção. Um grande desperdício de talento de todos os envolvidos.

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    Kong – A Ilha da Caveira é o único lançamento gigante em semana de 14 estreias

    9 de março de 2017 /

    A semana registra 14 lançamentos de cinema, mas a maioria em circuito limitado. A única estreia de tamanho gigante é “Kong – A Ilha da Caveira”, o novo filme de King Kong, que chega em quase mil salas, ocupando todas as telas IMAX. Desembarca nos trópicos precedido por críticas entusiasmadas nos EUA a seus efeitos visuais, apesar das inconsistências em sua trama e erros de continuidade dignos de Ed Wood. A ação se passa nos anos 1970 e acompanha uma equipe militar perdida na ilha que dá título à produção – e que apareceu em todas as versões da origem de King Kong. Ao privilegiar o “prólogo” clássico, o filme resgata a tradição pulp das histórias de dinossauros no mundo contemporâneo e remixa este conceito centenário – de clássicos de Edgar Rice Burroughs (“A Terra que o Tempo Esqueceu”) e Arthur Conan Doyle (“O Mundo Perdido”) – com o delírio de “Apocalypse Now” (1979). Mais quatro filmes falados em inglês entram em cartaz. Todos de tom dramático e que tiveram desempenho de chorar nas bilheterias norte-americanas. Dois deles são dramas de tribunal. “Versões de um Crime” puxa mais para o suspense, com Keanu Reeves defendendo o filho de uma antiga conhecida da acusação de assassinato do próprio pai, numa história de reviravoltas previsíveis. Já o britânico “Negação” é quase um docudrama, que questiona a existência do Holocausto num julgamento midiático, com Rachel Weisz tendo que provar que os crimes nazistas não foram apenas propaganda judaica. Os outros dois lançamentos foram concebidos de olho no nicho dos filmes de prestígio, mas se frustraram ao não conseguir indicações ao Oscar 2017. “Fome de Poder” conta a história polêmica da origem da rede McDonald’s, com Michael Keaton no papel de Ray Kroc, o empresário visionário e vigarista que se apropriou do negócio dos irmãos que batizam as lanchonetes. E “Silêncio” é o épico que Martin Scorsese levou décadas para tirar do papel. O filme sobre padres jesuítas, martirizados ao tentar levar o evangelho ao Japão do século 17, lhe permitiu fazer as pazes com o Vaticano, superando as polêmicas de “A Última Tentação de Cristo” (1988). O catolicismo também é o tema central de “Papa Francisco, Conquistando Corações”, cinebiografia do atual Papa, que, ao contrário do esperado, não carrega na pregação ou edulcora a religião, mostrando um retrato humano do religioso desde sua juventude até sua sagração. Chama atenção ainda o fato de a obra não evitar temas polêmicos, como a ditadura argentina e os escândalos de pedofilia entre padres. Duas produções brasileiras lutam por espaço onde não há. O documentário “Olhar Instigado” aborda um tema urgente: a arte de rua em São Paulo. Bem fotografado, o filme acompanha grafiteiros e pichadores pela noite paulistana, e chega às telas em momento de tensão política, após a Prefeitura considerar as latas de spray tão perigosas quanto armas nas mãos de bandidos. Mesmo assim, não faz distinção entre arte e vandalismo, não leva a discussão onde ela já está. O drama policial “O Crime da Gávea” também rende debate, devido à disputa de bastidores entre o roteirista e o diretor para definir quem foi seu “autor”. O roteirista Marcílio Moraes vem do mundo das novelas, que define como autor quem escreve o texto. Mas cinema é outra coisa. E com o diretor André Warwar escanteado na pós-produção, a premissa noir, do marido suspeito que tenta desvendar o assassinato da esposa, em meio ao contexto da boemia moderninha carioca, implode num acabamento (voice-overs, por exemplo) que não combina com o que foi filmado. Tanto ego rendeu uma estreia em cinco míseras salas. Para quem sentir falta de besteirol, a semana reserva a comédia italiana “Paro Quando Quero”. Por um lado, a trama embute uma crítica adequada à crise econômica europeia, que reduz universitários formados a trabalhadores braçais. Por outro, é descarada sua apropriação de “Breaking Bad” num contexto de enriquecimento rápido digno de “Até que a Sorte nos Separe”. A trama gira em torno de um grupo de sub-empregados que decidem unir seus conhecimentos acadêmicos para lançar uma nova droga no mercado, surtando quando o negócio os torna milionários. Para completar, a programação vai receber nada menos que cinco filmes franceses. Esse fenômeno resulta da supervalorização do cinema francófono entre as distribuidoras nacionais, reflexo de uma era longínqua em que produtos do país eram ícones de status social e cultural – a palavra “chique” é um galicismo do século 19. Com melhor distribuição entre os lançamentos franceses, “Personal Shopper” volta a juntar a atriz americana Kristen Stewart com o diretor Olivier Assayas, após a bem-sucedida parceria em “Acima das Nuvens” (2014). Levou o troféu de Melhor Direção no Festival de Cannes, mas é a ótima performance de atriz que prende o espectador em sua história de fantasmas, de clara inspiração hitchcockiana. “Souvenir” também deve sua distribuição à fama de sua estrela, a atriz Isabelle Huppert, indicada ao Oscar 2017 por “Elle”. Desta vez, porém, ela estrela um romance leve, francamente comercial, como uma cantora que flertou com o sucesso nos anos 1970 e, inspirada pela paixão de um jovem que a reconhece no trabalho, tenta retomar a carreira. Na mesma linha, “Insubstituível” traz François Cluzet como um médico do interior que treina, relutantemente, uma substituta mais jovem. Sem ligação com esse cinema descartável, “Fátima” lembra “Que Horas Ela Volta?” ao acompanhar uma mãe pobre e imigrante, que trabalha como faxineira e luta para manter as filhas na escola. Enquanto a mais nova vive sua rebelião adolescente, sem respeito pela mãe “burra” que mal fala francês, a mulher do título sacrifica a própria saúde para dar à filha mais velha a chance de cursar a faculdade. A produção usa o recurso de uma carta, escrita pela mãe, para amarrar a história, que venceu o César 2016 (o Oscar francês) de Melhor Filme, Roteiro e Atriz Revelação. Mesmo assim, há quem ache que o cinema francês decaiu muito desde a nouvelle vague. E para estes o circuito reserva a chance de conferir o relançamento, em cópia restaurada, do clássico “Hiroshima Meu Amor” (1959), de Alain Resnais, uma das primeiras obras-primas do movimento e que destaca a recém-falecida Emmanuelle Riva no papel principal. Clique nos títulos dos filmes destacados para ver os trailers de todas as estreias da semana.

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