Semana tem estreia de seis filmes brasileiros nos cinemas
A programação de estreias desta quinta (9/11) inclui nada menos que seis longas brasileiros, inclusive o lançamento mais amplo da semana, a comédia “Gosto se Discute”. Entretanto, a maioria tem distribuição limitada. Duas produções nacionais, o drama “Vazante” e o documentário “No Intenso Agora”, foram exibidos no Festival de Berlim deste ano. Mas os filmes de maior prestígio são o documentário americano “Uma Verdade Mais Inconveniente”, que abriu o Festival de Sundance, e a produção indie “Borg vs McEnroe”, abertura do Festival de Toronto. Confira abaixo todos os lançamentos e clique nos títulos para assistir aos trailers. “Gosto Se Discute” não é só o maior lançamento, mas o único título destinado ao grande circuito nesta semana. A direção é André Pellenz, responsável pelos blockbusters nacionais “Minha Mãe é uma Peça: O Filme” (2013) e “Detetives do Prédio Azul: O Filme” (2017). Contudo, desta vez há poucas chances de vir novo fenômeno. Estrelado por Cassio Gabus Mendes (“Confissões de Adolescente”, minissérie “Justiça”) e a youtuber Kéfera Buchmann (“É Fada”), a trama gira em torno do chef de um restaurante, que precisa lidar com o interesse inesperado da sócia financeira no negócio. Pouco empolgante, a narrativa não se define entre história dramática e o tom caricato das esquetes do “Zorra Total”. “Vazante”, primeiro filme solo de Daniela Thomas, tem proposta oposta. Rodado em preto e branco e voltado ao circuito de arte, acabou gerando polêmica no Festival de Brasília por seu retrato da escravidão, ao mostrar escravos subjugados e conformados como pano de fundo de sua história. Mas o filme é sobre gênero e não raça, e seu retrato da época é correto. Passado no Brasil de 1821, o drama denuncia a opressão do patriarcado, contando a história de uma menina (a estreante Luana Nastas) que é obrigada a casar com um homem muito mais velho (o português Adriano Carvalho), antes mesmo de sua primeira menstruação. E enquanto espera que ela vire moça, o fazendeiro estupra repetidamente uma de suas escravas (Jai Baptista, também estreante, mas premiada em Brasília). Grande destaque da obra, a fotografia belíssima remete às gravuras de Jean-Baptiste Debret. Os outros quatro filmes brasileiros da programação são documentários. O mais badalado é “No Intenso Agora”, de João Moreira Salles, que abriu o festival É Tudo Verdade deste ano. A obra foi feita a partir de fragmentos de filmes caseiros que a mãe do diretor fez durante uma viagem à China em 1966, no auge da Revolução Cultural. O material rodado na China soma-se a imagens de eventos de 1968 na França, na Tchecoslováquia e no Brasil, buscando uma síntese da contestação política que tomou conta da juventude da época. “Aqualoucos” lembra a trupe de atletas-palhaços que ficou famosa por fazer comédia em meio a saltos em piscinas, a 10 metros de altura. Entre os anos de 1950 e 1980, eles atraíam milhares de pessoas ao Clube Tietê nos finais de semana, quando apresentavam suas esquetes e exibiam suas habilidades em saltos perigosos. “Olhando para as Estrelas” acompanha bailarinas cegas. E “Para Além da Curva da Estrada” registra o cotidiano de caminhoneiros. Mas o documentário mais importante é o americano “Uma Verdade Mais Inconveniente”, que mostra como a situação do meio-ambiente se deteriorou nos últimos dez anos, desde o lançamento de “Uma Verdade Inconveniente”, que venceu o Oscar em 2007. Novamente conduzido pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, o longa inclui declarações de Donald Trump desdenhando o aquecimento global e retrata o atual presidente americano como supervilão ambiental, enfatizando o perigo que ele representa para o mundo. Com o fim da Mostra de São Paulo, o circuito volta a receber estreias europeias. Assim, o melhor filme da semana é uma coprodução escandinava (de estúdios da Suécia, Dinamarca e Finlândia). “Borg vs McEnroe” aborda uma das rivalidades mais famosas do esporte, entre o tenista americano John McEnroe e o sueco Bjorn Borg, e centra-se na final do torneio de Wimbledon de 1980, considerada uma das melhores partidas de tênis de todos os tempos. A diferença de personalidade entre os rivais ajudou a transformar o jogo num drama humano. O tenista sueco, então com 24 anos, era um cabeludo calmo e centrado, enquanto McEnroe, à época com 21 anos, era visto como o bad boy do tênis, sempre prestes a explodir, jogar sua raquete longe e gritar com os árbitros. O ator sueco Sverrir Gudnason (“O Círculo”) tem o papel de Borg e uma semelhança impressionante com o verdadeiro tenista. Mas quem rouba a cena é Shia LaBeouf (“Ninfomaníaca”) como McEnroe. Muitos apostaram num renascimento na carreira do ator, que contrariou o prognóstico após o filme passar em Toronto, quando voltou a ser preso por bebedeira. A direção é do dinamarquês Janus Metz Pedersen (documentário “Armadillo”), que estreou nos EUA dirigindo um episódio da série “True Detective” no ano passado. “O Outro Lado da Esperança” também é uma produção nórdica. Trata-se de segunda tragicomédia consecutiva do finlandês Aki Kaurismäki a tratar da imigração na Europa, após “O Porto” (2011), desta vez focando num refugiado desempregado e sem teto, que conta com a ajuda do dono de um restaurante para reiniciar sua vida na Finlândia. A temática humanista ajudou o filme a conquistar o Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim. Já a comédia francesa “Um Perfil para Dois” é um besteirol romântico, que mistura a trama clássica de “Cyrano de Bergerac” com namoro online. Além de não ser original, a premissa do diretor-roteirista Stéphane Robelin (“E se Vivêssemos Todos Juntos?”) embute um incômodo, ao achar engraçado que um senhor de 75 anos (Pierre Richard, de “Perdidos em Paris”) procure seduzir mulheres com idade para ser suas netas. Por fim, o circuito ainda estreia o drama argentino “Invisível”, segundo longa de Pablo Giorgelli (após o premiado “Las Acacias”), que trata de gravidez adolescente e aborto. Na trama, uma garota de 17 anos engravida do chefe, mais velho e casado, e precisa considerar seu futuro num país onde o aborto é proibido e toda a atividade relacionada à interrupção de gravidez acontece de forma clandestina. O tema se torna especialmente relevante diante dos avanços de políticos evangélicos, que pretendem mudar a lei de aborto no Brasil, proibindo-o mesmo nos casos hoje considerados legais – risco de morte da gestante, gestação resultante de estupro e fetos malformados.
Críticas negativas afundam Emoji e Dunkirk mantém 1º lugar na América do Norte
“Emoji – O Filme” conseguiu realizar uma façanha, ao se tornar a primeira animação de grande estúdio a ser repudiada de forma unânime pela crítica norte-americana. Com apenas 8% de aprovação no site Rotten Tomatoes, a produção da Sony foi maldosamente identificada pela imagem de um de seus personagens, Poop (um cocô), e seguiu descarga abaixo, rendendo bem menos que o esperado nas bilheterias. O longa animado, que só chega no Brasil no final de agosto, abriu com US$ 25,6 milhões e não conseguiu superar o drama de guerra “Dunkirk”, que manteve o 1º lugar pela segunda semana seguida na América do Norte, com US$ 28,1 milhões. Foi a primeira vez que um lançamento se manteve por duas semanas no topo desde a estreia de “Mulher-Maravilha”, no início de junho. A superprodução de Christopher Nolan já ultrapassou os US$ 100 milhões no mercado doméstico. O 3º lugar ficou com “Girls Trip”, uma comédia para maiores sobre farra de mulheres, protagonizada por atrizes negras. O sucesso deste filme, que soma US$ 65,5 milhões em 10 dias, é inversamente proporcional ao fracasso da produção similar com atrizes brancas (e Scarlett Johansson) “A Noite É Delas”, que fez ao todo US$ 21,8 milhões e já saiu de cartaz. Estrelada por Queen Latifah (série “Star”) e Jada Pinkett Smith (série “Gotham”), “Girls Trip” não tem previsão de estreia no Brasil O êxito de “Girls Trip” também realça o tropeço de “Atômica”, que abriu abaixo das projeções da Universal. Nem os 75% de aprovação da crítica ajudou o thriller de ação a atingir sua meta, somando nas bilheterias US$ 18,5 milhões. Apesar do orçamento ser baixo (US$ 30 milhões), o estúdio contava com um pouco mais de ímpeto para investir numa continuação. A decisão agora vai depender do desempenho internacional. A estreia no Brasil acontece em 31 de agosto. Entre os lançamentos limitados, que não entraram no Top 10, o documentário “Uma Verdade Mais Inconveniente”, sobre o aquecimento global, teve a melhor performance, faturamento mais por tela que qualquer filme em cartaz no fim de semana. A estreia ocupou apenas quatro salas. “Detroit”, o novo longa da diretora Kathryn Bigelow (“A Hora Mais Escura”), também teve uma performance de “blockbuster indie” em sua exibição em 20 telas. Ambos os filmes terão seu circuito ampliado nos próximos dias. Mas vão demorar a chegar ao Brasil. A estreia nacional de “Detroit” está marcada para 7 de setembro, enquanto “Uma Verdade Mais Inconveniente” ficou apenas para 9 de novembro. BILHETERIAS: TOP 10 América do Norte 1. Dunkirk Fim de semana: US$ 28,1 milhões Total EUA: US$ 102,8 milhões Total Mundo: US$ 234,1 milhões 2. Emoji – O Filme Fim de semana: US$ 25,6 milhões Total EUA: US$ 25,6 milhões Total Mundo: US$ 25,6 milhões 3. Girls Trip Fim de semana: US$ 20 milhões Total EUA: US$ 65,5 milhões Total Mundo: US$ 67,5 milhões 4. Atômica Fim de semana: US$ 18,5 milhões Total EUA: US$ 18,5 milhões Total Mundo: US$ 24,4 milhões 5. Homem-Aranha: De Volta para Casa Fim de semana: US$ 13,4 milhões Total EUA: US$ 278,3 milhões Total Mundo: US$ 633,7 milhões 6. Planeta dos Macacos: A Guerra Fim de semana: US$ 10,3 milhões Total EUA: US$ 118,6 milhões Total Mundo: US$ 224,5 milhões 7. Meu Malvado Favorito 3 Fim de semana: US$ 7,7 milhões Total EUA: US$ 230,4 milhões Total Mundo: US$ 819,2 milhões 8. Valerian e a Cidade dos Mil Planetas Fim de semana: US$ 6,8 milhões Total EUA: US$ 30,6 milhões Total Mundo: US$ 30,6 milhões 9. Em Ritmo de Fuga Fim de semana: US$ 4 milhões Total EUA: US$ 92 milhões Total Mundo: US$ 138,6 milhões 10. Mulher-Maravilha Fim de semana: US$ 3,5 milhões Total EUA: US$ 395,4 milhões Total Mundo: US$ 786 milhões
Documentário Uma Verdade Mais Inconveniente será reeditado para refletir política anti-ambiental de Trump
Apesar de já ter sido exibida nos festivais de Sundance e Cannes, a sequência do documentário “Uma Verdade Inconveniente” (2006) sofrerá uma nova edição para refletir a polêmica decisão do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris contra a mudança climática. Novas cenas devem ser acrescentadas à produção, que estreia comercialmente a partir de julho. “Remover os Estados Unidos do Acordo de Paris é uma ação imprudente e indefensável”, disse o ex-vice presidente e apresentador do documentário Al Gore em comunicado. “Isso prejudica a posição dos Estados Unidos no mundo e ameaça danificar a capacidade da humanidade de resolver a crise climática a tempo. Mas não se engane: se o presidente Trump não liderar, o povo americano o fará”. Na continuação, intitulada “Uma Verdade mais Inconveniente”, Al Gore mostra como a situação do meio-ambiente se deteriorou desde o lançamento do primeiro longa-metragem, que venceu o Oscar em 2007, e se concentra justamente nos esforços que culminaram no Acordo de Paris, celebrado em 2015. A produção já incluía declarações de Trump como candidato à Casa Branca, nas quais desdenhava o aquecimento global. Mas desde então, o presidente eleito assumiu para si o papel de supervilão ambiental. No final de março, Trump assinou um decreto de incentivo aos produtores de carvão, que começou a desmantelar o legado contra a mudança climática do seu predecessor, Barack Obama. Mas o pontapé definitivo nos esforços climáticos foi a decisão de abandonar o Acordo de Paris em 1 de junho. “Fui eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não Paris”, ele disse, como justificativa para defender indústrias poluidoras, aumentar a produção de carvão e tomar outras medidas anti-ambientais “em defesa da economia dos Estados Unidos”. “Uma Verdade mais Inconveniente” chegará às salas de cinema americanas em 28 de julho para mostrar as consequências destas decisões. No Brasil, o lançamento está marcado para 9 de novembro.


