Negócio das Arábias envolve sem que o espectador perceba
A carreira do cineasta alemão Tom Tykwer é marcada por filmes bastante distintos entre si. Ele ganhou notoriedade internacional com o divertido “Corra Lola Corra” (1998), trabalhou em um dos filmes de um projeto póstumo de Krzysztof Kieslowski, “Paraíso” (2002), dirigiu a adaptação de um best-seller de prestígio, “Perfume – A História de um Assassino” (2006), e fez parceria com os irmãos Wachowski no ambicioso “A Viagem” (2012), para citar alguns de suas obras mais conhecidas. Há muito pouco em comum entre todos esses filmes, a não ser uma certa plasticidade, que se apresenta evidente em todos os seus trabalhos. Difícil considerá-lo um autor. De qualquer maneira, isso não é preciso. Cada filme é um projeto único e pode ser visto de forma totalmente independente. Principalmente no caso de um diretor como Tykwer. “Negócio das Arábias” é o seu mais recente trabalho para o cinema, que volta a reuni-lo com Tom Hanks, com quem havia trabalhado em “A Viagem”. Trata-se de um filme de narrativa diferenciada desde as primeiras imagens, um tanto rápidas, quase lisérgicas, no modo como apresenta o dia a dia do protagonista Alan, um executivo falido que deixa o seu país arruinado, os Estados Unidos, para tentar a sorte na Arábia Saudita, lugar que experimenta crescimento econômico. O retrato dos Estados Unidos, inclusive, é bem pequeno e pobre, em contraste com a vastidão dos desertos e dos prédios gigantescos daquele lugar de cultura estranha. Há um homem que serve de motorista e de guia turístico para Alan, o divertido Yousef (o estreante Alexander Black). Mas é curioso como, apesar de se destacar, ele sempre aparece em cenas curtas. Como, aliás, todos os demais personagens que rodeiam Alan. Mesmo a médica por quem ele se interessa, vivida por Sarita Choudhury (série “Homeland”), e que ganha mais espaço no final, parece um apêndice na vida do protagonista – e até um pouco deslocada na história, como se quisessem incluir um interesse amoroso a fórceps. Outra coisa que desaponta é a tal apresentação que ele vai fazer para o Rei da Arábia, em um holograma – razão do título original, “A Hologram for a King”. Do jeito que é mostrada, não causa o menor fascínio. Principalmente porque é criada grande expectativa para sua exibição. Mesmo assim, “Negócio das Arábias” é um filme que envolve, apesar de frágil, sem que o espectador perceba.
Tom Hanks tenta fazer negócios na Arábia no trailer da adaptação de Um Holograma para o Rei
A Roadside Attractions divulgou o pôster e o primeiro trailer de “Negócio das Arábias” (A Hologram for the King), nova dramédia estrelado por Tom Hanks (“Ponte de Espiões”). A prévia é bem interessante, desde o começo, em que Hanks encarna um videoclipe dos Talking Heads (“Once in a Lifetime”) como forma de demonstrar sua falência, até o choque cultural que está no centro da trama, sobre um americano que tenta vender tecnologia de ponta (o holograma do título) na Arábia, para um rei saudita. Como a produção é hollywoodiana, o vídeo também trata de encaixar um desencaixado romance entre o protagonista e uma mulher árabe. O filme é uma adaptação do romance “Um Holograma para o Rei” do escritor Dave Eggers, publicado nos EUA em 2012 e lançado no Brasil no ano passado pela Companhia das Letras. Curiosamente, Hanks vai estrelar neste ano outra adaptação do mesmo autor, a sci-fi “O Círculo”, baseado no livro seguinte de Eggers. Na trama, Hanks vive Alan Clay (Hanks), um empresário americano falido que busca novas oportunidades na Arábia Saudita, para continuar pagando os estudos de sua filha. Na cidade de Jeddah, onde ele arruma trabalho, Alan é levado todo dia de carro para encontrar o Rei Abdullah, que pretende transformar o deserto numa cidade vibrante com tecnologia de ponta. O problema é que o rei sempre falta ao compromisso. Com roteiro e direção do alemão Tom Tykwer (“A Viagem”), o filme também traz em seu elenco os atores Tom Skerritt (“Alien – O Oitavo Passageiro”), Ben Wishaw (“007 Contra Spectre”), Sarita Choudhury (série “Homeland”), Sidse Babett Knudsen (“O Duque de Burgundy”), Jay Abdo (“Rainha do Deserto”), Dhaffer L’Abidine (série “Hunted”) e Atheer Adel (também da série “Homeland”). “Negócio das Arábias” tem estreia marcada para o dia 22 de abril nos EUA e ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.

