Joanna Barnes (1934–2022)
A atriz e escritora Joanna Barnes, mais conhecida do grande público por ter atuado nas duas versões de “Operação Cupido”, morreu na sexta (29/4) aos 87 anos por “múltiplos problemas de saúde”, de acordo com a amiga que deu a notícia. Na versão de 1961 de “The Parent Trap” (o título original), lançada no Brasil como “O Grande Amor de Nossas Vidas”, Barnes interpretou a interesseira que tenta conquistar o pai das gêmeas vividas por Haley Mills. Já no remake de 1998 estrelado por Lindsay Lohan, ela apareceu como a mãe de sua personagem original. Barnes deu início à carreira de atriz como jornalista em 1957. Ela participou de um teste de atuação num episódio do “Ford Television Theatre”, teleteatro da rede ABC, para escrever sobre a experiência para a editora Time-Life, só que acabou conseguindo o papel e percebeu que podia fazer sucesso na nova profissão. Começou a aparecer em episódios de “Colt .45”, “Cheyenne” e “Hawaiian Eye”, e de repente conseguiu um papel fixo, como assistente de Dennis Morgan na série de detetives “21 Beacon Street”, que durou uma temporada em 1959 na NBC. Ao mesmo tempo, investiu em muitos trabalhos de figurante no cinema, até começar a receber papéis com falas. O curioso é que um ano após seu primeiro personagem identificado com nome, em “A Mulher do Século” (1958), comédia famosa estrelada por Rosalind Russell, ela já foi alçada a protagonista, vivendo nada menos que Jane na versão de “Tarzan, o Filho das Selvas”, lançada em 1959. Sua filmografia também destaca dois filmes com Kirk Douglas: o épico “Spartacus” (1960) e o western “Gigantes em Luta” (1966). E mais dois com Tony Curtis: as comédias “Um Amor do Outro Mundo” (1964) e “Não Faça Onda” (1967). Acabou abandonando o cinema em 1967 pelo cargo de apresentadora do programa “Dateline: Hollywood”, da rede ABC. Mesmo assim, trabalhando sem parar, ainda encaixou dezenas de participações em séries, praticamente ininterruptas a partir dos anos 1960, incluindo “Os Intocáveis”, “Paladino do Oeste”, “Maverick”, “Laramie”, “A Família Buscapé”, “Dr. Kildare”, “Mannix”, “Os Audaciosos”, entrando nos anos 1970 com “Havaí Cinco-0”, “Planeta dos Macacos”, “Ilha da Fantasia” e “As Panteras”, além de “Casal 20”, “Jogo Duplo”, “Assassinato por Escrito” e “Cheers” nos 1980. Ela já não atuava há nove anos quando foi convidada pela Disney para participar do remake de “Operação Cupido”, que se tornou seu último filme em 1998. Desde a década de 1970, ela tinha retomado sua profissão original. Virou crítica literária do jornal Los Angeles Times e se lançou como escritora, publicando romances bem-recebidos pela crítica especializada. Joanna Barnes foi casada três vezes, incluindo com o diretor, ator e roteirista Lawrence Dobkin entre 1961 e 1967. Ela nunca teve filhos, mas deixa três enteadas.
Debbie Reynolds (1932 – 2016)
Morreu a atriz Debbie Reynolds, estrela do clássico “Cantando na Chuva” (1952) e uma das atrizes mais famosas da era de ouro de Hollywood. Ela era mãe da também atriz Carrie Fisher (1956-2016), a Princesa Leia da franquia “Star Wars”, que faleceu um dia antes. “Ela agora está com a Carrie e estamos todos de coração partido”, afirmou seu filho, Todd Fisher, à agência Associated Press. De acordo com ele, a morte de sua irmã foi “demais” para a mãe. Reynolds foi hospitalizada às pressas na quarta (28/12) após sofrer uma emergência médica na casa do filho, em Beverly Hills, onde discutia detalhes do funeral de Carrie Fisher. Seus familiares ligaram para os paramédicos, que a levaram para o hospital Cedars-Sinai, onde ficou internada na UTI, após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Ela não estaria passando bem desde a última sexta-feira (23/12), quando Carrie Fisher sofreu uma parada cardíaca durante um voo de Londres para Los Angeles, que a levou ao hospital e ao falecimento na terça. Nascida Marie Frances Reynolds em El Paso, Texas, a atriz foi descoberta por um caçador de talentos aos 16 anos, enquanto disputava o concurso de Miss Burbank. A contragosto, recebeu seu nome artístico do chefe dos estúdios Warner, Jack Warner, com quem assinou contrato para aparecer em seus primeiros filmes, “Noiva da Primavera” (1948), como figurante, e “Vocação Proibida” (1950), como coadjuvante. Vendo-se sem espaço para crescer no estúdio, ela migrou para a MGM e logo se tornou um dos principais nomes da era de ouro de Hollywood. Foram 20 anos de MGM, mas seu auge se deu logo no início, ao protagonizar, com Gene Kelly, o clássico “Cantando na Chuva” (1952). Considerado um dos melhores musicais de todos os tempos, o filme a catapultou ao estrelato, colocando seu nome na fachada dos cinemas. A jovem logo se tornou a rainha das comédias românticas, fazendo par com os principais astros da época e até com cantores famosos, como Frank Sinatra em “Armadilha Amorosa” (1955), Bing Crosby em “Prece para um Pecador” (1959) e Eddie Fisher em “Uma Esperança Nasceu em Minha Vida” (1956). Ela acabou se casando com Fisher, o pai de Carrie e Todd. Os dois chegaram a formar um dos casais mais famosos de Hollywood, batizados de “namoradinhos da América”. Mas não durou muito. A separação aconteceu em 1959, em meio a um escândalo midiático: Debbie foi trocada por Elizabeth Taylor. À margem ao escândalo, a carreira de Debbie Reynolds continuou de vento em popa, rendendo clássicos como “Flor do Pântano” (1957), “Como Fisgar um Marido” (1959), “A Taberna das Ilusões Perdidas” (1960) e até a obra-prima western de John Ford, “A Conquista do Oeste” (1961). Pelo desempenho em “A Inconquistável Molly” (1964), em que viveu Molly Brown, sobrevivente de uma inundação e do naufrágio do Titanic, ela recebeu sua única indicação ao Oscar de Melhor Atriz – acabou perdendo para Julie Andrews, por “Mary Poppins”. No mesmo ano, fez um de seus filmes mais divertidos, “Um Amor do Outro Mundo” (1964), que influenciou dezenas de produções sobre trocas mágicas de sexo. A comédia dirigida por Vincent Minelli girava em torno de um homem conquistador que era assassinado por um marido ciumento e tinha uma volta kármica como uma loira, sexy, mas atrapalhada Debbie Reynolds, que não conseguia lidar bem com o fato de ter virado mulher e ser cantada pelo melhor amigo (Tony Curtis). Ela ainda estrelou outras comédias marcantes, como “Divórcio à Americana” (1967) e “Lua de Mel com Papai” (1968), sobre casamentos em crise, antes de se dedicar a fazer números musicais em Las Vegas. Foi trabalhando em Las Vegas que Reynolds quitou uma dívida de US$ 3 milhões decorrente do vício de seu segundo marido, o empresário Harry Karl, em jogos de azar. Os dois foram casados de 1960 a 1973. Mas sua relacionamento com Vegas foi bem mais duradoura. Ela chegou a ter um cassino na cidade, onde passou a expor relíquias de filmes hollywoodianos, que colecionou ao longo de sua vida. Durante muitos anos, a atriz teve uma das maiores coleções de memorabilia da era de ouro do cinema americano, que, devido à dificuldade de preservação, acabou vendendo e doando em tempos recentes. Reconhecida pela boa voz de cantora, ela iniciou uma bem-sucedida carreira de dubladora com a animação “A Menina e o Porquinho” (1973), que levou adiante na versão americana de “O Serviço de Entregas da Kiki” (1989), “Rudolph – A Rena do Nariz Vermelho” (1998) e nas séries animadas “Rugrats – Os Anjinhos” e “Kim Possible”, onde tinha papéis recorrentes. A atriz também apareceu de forma recorrente na série “Will & Grace” e entre seus últimos papéis estão participações na comédia “Como Agarrar Meu Ex-Namorado” (2012) e no premiado telefilme “Minha Vida com Liberace” (2013). Em 2015, ela foi homenageada pelo Sindicato dos Atores dos EUA por sua filmografia de 65 anos e, no começo deste ano, recebeu um prêmio humanitário da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por seu trabalho em prol da conscientização e tratamento de doenças mentais. Ela é uma das fundadoras da instituição de caridade The Thalians. Debbie Reynolds deixa o filho, Todd Fisher, e a neta, a atriz Billie Lourd, filha de Carrie Fisher.

