Barbara Perry (1921 – 2019)
A atriz Barbara Perry morreu neste domingo (5/5) de causas naturais, aos 97 anos, em Los Angeles. Ela estrelou diversos filmes e programas televisivos, e chegou a ter papel recorrente na recente série “How I Met Your Mother”, como uma vizinha sempre disposta a ajudar Ted (Josh Radnor) a conhecer a mãe de seus futuros filhos. Nascida em Norfolk, Virgínia, em 22 de junho de 1921, Perry começou a carreira como dançarina de balé, participando da equipe infantil do corpo de balé do Met. Ela acabou se especializando em tap dancing e virou estrela em uma variedade de casas noturnas nos anos 1930, incluindo o Hotel Nacional de Cuba, o Chez Paris em Chicago, o Cocoanut Grove em Los Angeles e o Café de Paris em Londres. Ela também teve a honra de abrir shows das icônicas cantoras Lena Horne e Peggy Lee. Tinha apenas 12 anos quando começou a fazer cinema, estreando em “O Conselheiro” (1933), do mestre William Wyler. Mas na época preferiu o palco às telas, priorizando a Broadway sobre Hollywood por várias décadas. Como se estabeleceu em Nova York, acabou migrando do teatro para a TV (os estúdios televisivos ainda ficavam na Costa Leste dos Estados Unidos), aparecendo em episódios famosos de “Além da Imaginação”, “O Fugitivo”, “The Dick Van Dyke Show”, “A Feiticeira” e outras atrações populares. Seu retorno ao cinema se deu pelas mãos do cineasta Samuel Fuller, que lhe deu destaque em dois filmes marcantes, “Paixões Que Alucinam” (1963), passado num hospício, e o noir “O Beijo Amargo” (1964). Perry ainda fez o thriller “Miragem” (1965) antes de outro grande hiato – preenchido por novas séries -, só retomando seu ciclo cinematográfico a partir da década de 1980, quando apareceu na sci-fi “Trancers” (1984), no musical “Tap – A Dança de Duas Vidas” (1989) e na comédia “O Pai da Noiva” (1991). Sua carreira de atriz, porém, continuou sem interrupções na TV, com aparições constantes até a década atual, em episódios de “How I Met Your Mother” e “Baskets” – seu último trabalho, em 2017.
John Carl Buechler (1952 – 2019)
O diretor e artista de efeitos especiais John Carl Buechler morreu nesta segunda (18/3) após luta contra o câncer de próstata. A morte do cineasta de 66 anos foi anunciada pelo amigo Ted Geoghan, organizador do evento Fantasia Film Festival. Buechler iniciou sua reputação como idealizador de efeitos especiais e maquiagens prostéticas para filmes da produtora Empire, especializada em filmes B nos anos 1980, como “Ragewar” (1984), “Trancers: O Tira do Futuro” (1984), “Ghoulies” (1984), “Re-Animator” (1985) e “TerrorVision” (1986). E foi por lá mesmo que estreou na cadeira de diretor, com “Troll – O Mundo do Espanto” (1986). Ele também dirigiu “O Monstro Canibal” (1988) para a produtora de Charles Band, antes de comandar uma franquia mais famosa, assumindo a direção de “Sexta-Feira 13, Parte 7: A Matança Continua” (1988). Buechler continuou trabalhando em continuações de franquias clássicas, mas como técnico de efeitos. A lista inclui desde “A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos” (1988) e “Halloween 4: O Retorno de Michael Myers” (1988) até “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), entre outros. Ainda dirigiu “Os Ghoulies Vão ao Colégio” (1991), lançado direto em vídeo, mas nunca emplacou nenhum sucesso – ou filme que fosse pelo menos medíocre. Sua filmografia final é repleta de lançamentos de terror para VOD, inéditos no Brasil, que ele escreveu e dirigiu para horrorizar a crítica. Nenhum tem nem sequer nota no Rotten Tomatoes. Até os filmes de carnossauros, ciborgues e lobisomens adolescentes que receberam seus efeitos compartilham a mesma falta de elogios nos comentários do IMDb. Em compensação, o tempo transformou seu trabalho na Empire em objeto de culto e tema de convenções. No mês passado, a mulher do cineasta começou uma campanha no site Go Fund Me para ajudar no tratamento do marido. A família conseguiu arrecadar US$ 40 mil com doações dos fãs.
Paul De Meo (1953 – 2018)
Morreu Paul De Meo, produtor-roteirista ligado ao universo dos quadrinhos, que adaptou “Rocketeer” e criou a primeira série do herói Flash. Ele tinha 64 anos e faleceu inesperadamente em 26 de fevereiro, mas apenas há poucos dias seu amigo e parceiro de longa data Danny Bilson divulgou a notícia nas redes sociais. Paul De Meo e Danny Bilson compartilharam praticamente toda a carreira juntos. Seu primeiro trabalho foi o roteiro da cultuada sci-fi de baixo orçamento “Trancers: O Policial do Futuro”, de 1984. O filme foi dirigido pelo lendário produtor Charles Band e ganhou diversas sequências, abrindo as portas para a dupla na produtora do cineasta, a Empire Pictures. Na Empire, os dois assinaram um punhado de ficções científicas B, como “Patrulheiros do Espaço” (1985), que Bilson dirigiu, “Mandroid, O Exterminador” (1986) e “Arena” (1989). Apesar de derivativas, as produções tinham algumas ideias originais. E o fato de disporem de efeitos visuais razoáveis, diante dos baixos orçamentos da Empire, convenceram a Warner a contratá-los para desenvolver uma série de TV. Em 1990, Bilson e De Meo criaram “The Flash”. Muito antes da rede CW apresentar Grant Gustin como Barry Allen, a dupla escalou John Wesley Shipp no papel do técnico forense que, após sofrer um bizarro acidente elétrico, transformava-se no homem mais rápido do mundo. A série durou apenas uma temporada, mas é lembrada com saudosismo, a ponto de ser referenciada pela encarnação moderna do herói. Os produtores atuais convidaram Amanda Pays e Mark Hamill a reviver seus personagens dos anos 1990 na nova “The Flash”, mas principalmente Shipp, homenageado em papel duplo, como pai de Barry Allen e como Jay Garrick, o Flash de um universo paralelo. A experiência da dupla com personagens quadrinhos teve seu auge na adaptação de “Rocketeer” (1991), a versão da Disney para a criação de Dave Stevens, por sua vez inspirada nos antigos seriados de aventura dos anos 1930 – época de sua trama. Mesmo sem as referências às pin-ups da obra original, o filme dirigido por Joe Johnston (que depois fez “Capitão América: O Primeiro Vingador”) tornou-se cultuadíssimo. Os dois ainda criaram outra série derivada da DC Comics em 1992, “Human Target”, baseada no mestre dos disfarces Alvo Humano. Além disso, emplacaram mais duas criações originais: a sci-fi “Viper” e a série de ação “The Sentinel”, exibidas até 1999. A partir dos anos 2000, De Meo e Bilson se voltaram à produção de videogames, desenvolvendo vários jogos, incluindo quatro lançamentos derivados da franquia cinematográfica 007. Em 2006, a dupla voltou ao Flash, mas em forma de quadrinhos, escrevendo a revista “The Flash: Fastest Man Alive” para DC Comics. Seu último trabalho em conjunto foi um retorno ao filme que começou a parceria. Em 2013, eles assinaram “Trancers: City of Lost Angels”, um curta que conclui a trama do personagem Jack Deth, vivido por Tim Thomerson, e com direção de Charles Band – após a franquia atingir seis continuações. Além de roteirista e produtor, De Meo foi professor na USC School of Cinematic Arts.


