Marge Redmond (1925 – 2020)
A atriz Marge Redmond, que interpretou a irônica irmã Jacqueline na série clássica “A Noviça Voadora”, morreu em 10 de fevereiro, mas só agora teve o falecimento comunicado. Ela tinha 95 anos. Filha mais velha de um bombeiro, Redmond nasceu em Cleveland em 14 de dezembro de 1924 e foi casada com o também falecido ator Jack Weston (“Dirty Dancing”), de 1950 até o divórcio na década de 1980. Ela conheceu Weston em 1948, quando ambos ainda eram iniciantes e participaram de uma mesma montagem teatral em sua cidade. Eles se mudaram para Nova York e se casaram logo em seguida. Os dois conseguiram papéis em peças da Broadway, mas não o sucesso que buscavam. Então optaram por uma mudança para Los Angeles, onde começaram a fazer séries, como “Johnny Staccato”, “Ben Casey”, “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), “Os Intocáveis” (The Untouchables) e “O Fugitivo” (The Fugitive). A atriz estreou no cinema em 1961, no drama “Santuário”, de Tony Richardson, e também teve papéis em “O Bagunceiro Arrumadinho” (1964), estrelado por Jerry Lewis, “Anjos Rebeldes (1966), de Ida Lupino, foi a esposa de Walter Matthau em “Uma Loura por um Milhão” (1966), de Billy Wilder, a enfermeira do clássico anti-bélico “Johnny Vai à Guerra” (1971), de Dalton Trumbo, uma das suspeitas de “Trama Macabra” (1976), último filme de Alfred Hitchcock, e uma amante vingativa em “Um Misterioso Assassinato em Manhattan” (1993), de Woody Allen. Mas foi mesmo o papel da irmã Jacqueline em “A Noviça Voadora” que marcou sua carreira. A série passada num Convento de Porto Rico e centrada nas aventuras da irmã Bertrille (vivida pela jovem Sally Field), uma noviça capaz de voar, durou três temporadas, de 1967 a 1970, e cansou de ser reprisada em TVs de todo o mundo. Além de coestrelar os 82 episódios produzidos, Redmond narrou cada um deles, já que eram suas lembranças que conduziam as histórias, e chegou a receber uma indicação ao Emmy como Melhor Atriz Coadjuvante na 2ª temporada. Curiosamente, antes de viver a irmã Jacqueline, ela interpretou outra freira, irmã Liguori, ao lado de Rosalind Russell em “Anjos Rebeldes” (1966), e disse acreditar que isso a ajudou a conseguir o papel na série. Após o final de “A Noviça Voadora”, Redmond apareceu em várias outras atrações como convidada especial, mas só foi repetir uma personagem em mais de um capítulo nos anos 1990, como a Sra. McArdle, empregada doméstica de Ben (Andy Griffith) na série “Matlock”. Ela apareceu em cinco episódios na produção da NBC. Nos últimos anos, a atriz começou a fazer comerciais e dublar videogames, e acabou ganhando mais dinheiro com esse tipo de emprego. “Ela trabalha cinco dias por ano e faz seis dígitos”, disse Weston uma vez. Entre seus últimos trabalhos, incluem-se dublagens das franquias de videogames “Max Payne” e “Grand Theft Auto”.
Martin West (1937 – 2019)
O ator Martin West, que foi galã dos filmes de surfe dos anos 1960, morreu na terça-feira (31/12) aos 82 anos. Nascido Martin Weixelbaum, o ator fez carreira na Broadway antes de ganhar seu pseudônimo hollywoodiano. Ele estreou no cinema já como protagonista em 1960, ao viver um guarda florestal sem um braço na aventura “Desafio à Coragem” (Freckles). Apesar disso, é mais lembrado pela boa aparência e juventude, que lhe renderam papéis em dois filmes de praia de 1965: “A Swingin’ Summer”, com Rachel Welch, e “Brotinhos de Biquini” (The Girls on the Beach), com trilha e participação dos Beach Boys. West também fez par romântico com a “brotinha” Tuesday Weld na cultuada comédia “Enganando Papai” (Lord Love a Duck, 1966), que satirizava a cultura adolescente dos anos 1960, incluindo os filmes de praia. Depois dessa fase de galã, Martin colecionou uma galeria notável de pequenos papéis em grandes filmes, com destaque para “O Caçador de Aventuras” (Harper, 1966), com Paul Newman, “Por Toda Minha Vida” (Sweet November, 1968), com Sandy Dennis, “Quando é Preciso Ser Homem” (Soldier Blue, 1970), com Candice Bergen, “Trama Macabra” (Family Plot, 1976), último filme de Alfred Hitchcock, e o cultuadíssimo “Assalto à 13ª DP” (Assault on Precinct 13, 1976), de John Carpenter. Mas essa filmografia impressionante nem sempre representou papéis proeminentes, o que o direcionou para a TV, onde formou um respeitável currículo de participações especiais. West gravou episódios dos principais seriados de western, como “Paladino do Oeste” (Have Gun Will Travel), “O Homem de Virgínia” (The Virginian), “Gunsmoke” e “Bonanza”, além de ter aparecido em “Perry Mason”, “Têmpera de Aço” (Ironside), “Os Invasores” (The Invaders), “CHiPS”, “O Homem que Veio do Céu” (Highway to Heaven) e, de forma recorrente, em “Chumbo Grosso” (Hill Street Blues), “Dallas” e na novela “General Hospital”. Seus últimos trabalhos incluem os filmes “A Marca da Corrupção” (1987), com James Woods e Brian Dennehy, e “Mac – O Extraterrestre” (1988), um “E.T.” de baixo orçamento.
Barbara Harris (1935 – 2018)
A atriz Barbara Harris, pioneira do teatro do improviso e indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela comédia “O Inimigo Oculto” (1971), morreu nesta terça-feira (21/8), aos 83 anos, após uma batalha contra o câncer de pulmão. Harris morava na cidade de Scotsdale, Arizona, e não aparecia nas telas desde 1997, quando atuou em “Matador em Conflito”, com John Cusack e Minnie Driver. Estrela da Broadway, ela venceu o Tony, o prêmio máximo do teatro americano, em 1967, pela peça “The Apple Tree”, após se destacar em esquetes de improviso, como integrante dos grupos pioneiros do gênero The Compass Players, co-fundado e dirigido por seu marido Paul Sills, e seu sucessor, The Second City, de onde saiu da geração original do programa “Saturday Night Live”. Não por acaso, ela começou sua carreira cinematográfica como protagonista de adaptações de comédias teatrais, casos dos três primeiros trabalhos de sua filmografia, “Mil Palhaços” (1965), “Coitadinho do Papai, Mamãe Pendurou Você no Armário e Eu Estou Muito Triste” (1967) e “Hotel das Ilusões” (1971). E logo em seguida desempenhou o papel que lhe rendeu reconhecimento em Hollywood, como uma mulher que pode ser responsável pelo surto de um cantor pop suicida, interpretado por Dustin Hoffmann na comédia dramática “O Inimigo Oculto”. Apesar de ser reconhecida por seu talento de comediante, Harris era uma artista completa e não cansava de surpreender com sua versalidade. Um desses momentos de aparente escalação inusitada acabou resultando numa obra-prima: o clássico “Nashville” (1975), de Robert Altman. No papel da cantora aspirante Albuquerque, a atriz tinha uma cena memorável na produção, na qual acalmava a plateia de um show após um tiroteio, tocando uma música – “It Don’t Worry Me”. Harris também estrelou o último filme da carreira do cineasta Alfred Hitchcock, “Trama Macabra” (1976), na pele de Blanche Tyler, uma vidente psíquica e namorada de Bruce Dern. Mas seu filme mais famoso foi uma produção da Disney, em que encarnou uma trama que é reciclada até hoje, em remakes oficiais e “inspirações” nacionais. Em “Um Dia Muito Louco” (1976), ela contracenou com a então adolescente Jodie Foster, encarnando a mãe que trocar de lugar – e corpo – com a filha, por um dia inteiro de magia cinematográfica. Ela continuou a fazer filmes memoráveis nos anos 1980, como “Peggy Sue, Seu Passado a Espera” (1986), de Francis Ford Coppola, e “Os Safados” (1988), ao lado de Steve Martin e Michael Caine. Mas logo após este filme, saiu de cena, voltando apenas para se despedir, nove anos depois, com uma pequena participação em “Matador em Conflito”. Há poucos anos, Harris esclareceu os motivos de seu sumiço. “Eu costumava tentar fazer pelo menos um filme por ano, mas sempre escolhia aqueles que achava que iam fracassar, porque não queria lidar com a fama”, comentou, em entrevista ao jornal Phoenix New Times. Mesmo avessa à fama, ela acabou encontrando muito sucesso. A atriz passou os seus últimos anos ensinando atuação em Scotsdale. “Eu não sinto falta de atuar”, disse. “Eu acho que a única coisa que me fazia querer atuar era o grupo de pessoas com quem trabalhei no começo da minha carreira”, contou, referindo-se ao teatro de improviso. “Eu gostava mais do ensaio do que das filmagens. Eu amava o processo, e ressentia ter que apresentar uma performance para o público. Não era interessante”.


