Brasil é o único país do mundo em que a nova animação da Pixar não vai se chamar Coco
Os tradutores brasileiros de títulos de cinema são os mais criativos do mundo. Se fosse preciso mais uma prova disso, a renomeação do nova animação da Pixar tornou-se um caso histórico. Afinal, o Brasil é o único país do mundo em que “Coco” terá título diferente do original. A obra que necessita de apenas uma palavra para ser divulgada no resto do planeta, aqui virou “Viva – A Vida É uma Festa”, um título de seis palavras e um hífen, que exemplifica o esforço enorme dos profissionais do setor para demonstrar serviço. De acordo com um artigo publicado na versão em espanhol do site BuzzFeed, o motivo de o título nacional ser diferente estaria ligado à semelhança da palavra “Coco” com “cocô”. Claro que ninguém faz esta confusão quando vai à feira comprar cocos, mas o Brasil é aquele país estranho em que os filmes são lançados com o subtítulo “O Filme” para o público não se confundir e achar que vai ler um livro no cinema. Procurada pelo jornal O Globo, a Disney disse que “prefere não comentar a escolha de título dos filmes”. Mas se deve comentar, sim, porque as traduções criativas vem irritando bastante o público brasileiro, a ponto de petições online terem sido criadas para pedir correções nos nomes de alguns lançamentos, sem sucesso. Entre os casos mais recentes, estão “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”, que mudou totalmente o subtítulo de “Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales”, e “Jurassic World: O Reino Está Ameaçado”, que incluiu um verbo no original “Jurassic World: Fallen Kingdom”. Mas há exemplos que vão além do ridículo para se tornarem patéticos, como “The Avengers: Os Vingadores”. Curiosamente, três dos exemplos citados são do estúdio que prefere não comentar. “Coco” estreia como “Viva – A Vida É uma Festa” apenas em janeiro. E, por sinal, o Brasil será um dos últimos países do mundo a receber o lançamento, que hoje já é sucesso mundial.
Fãs fazem abaixo-assinado para mudar o título da continuação de Jurassic World no Brasil
A “tradução” nacional do título de “Jurassic World: Fallen Kingdom” irritou os fãs da franquia, que decidiram criar um abaixo-assinado para convencer o estúdio Universal a repensar a estratégia do lançamento no Brasil. Para manter a tradição de criatividade dos tradutores, o longa foi batizado de “Jurassic World: O Reino Está Ameaçado”, com um verbo que não existe no título original e que serve apenas para tornar o nome mais longo. “Todos entendemos que isso é um erro. Pedimos que revisem essa tradução, pois ela muda o conceito da ideia original, que além de absurdamente errada, tem a intenção de entregar parte da trama”, diz o documento. Segundo os responsáveis pelo abaixo-assinado, o filme deveria ser chamado de “Reino Caído” ou somente “Reino Ameaçado”. Mais de mil pessoas já assinaram a petição no site Change.org. Resta à Universal decidir se ignora o movimento, mantendo a opção pelo título longo, ou se prefere ficar de bem com seu público-alvo.
Tradutores se superam e transformam Fences em Um Limite entre Nós
Os tradutores brasileiros de títulos se animaram com as indicações ao Oscar de “Fences” e resolveram “caprichar” para lançar a produção nos cinemas do país. A distribuidora nacional informa que o filme, que tem uma única palavra em seu título original, foi batizado no Brasil como “Um Limite entre Nós”. São quatro palavras inteiras e nenhuma delas é “cercas”, que é a tradução literal de “Fences”. Detalhe: “Fences” é adaptação de uma peça premiadíssima de teatro de autoria de August Wilson, que também terá seu roteiro lançado nas livrarias brasileiras em fevereiro com o mesmo título do filme nacional. A capa da publicação foi disponibilizada em sites de pré-venda e destaca o nome dos atores – que obviamente não estão no livro – com letras maiores que a do próprio escritor. Diante disso, vale a pena exercer o cinismo e pedir por um título mais esclarecedor, em homenagem ao talento dos tradutores nacionais, de modo a se criar uma distinção entre “Um Limite entre Nós – O Filme” e “Um Limite entre Nós – O Livro”, já que ambos parecem ser estrelados pelos mesmos atores. O longa-metragem que se chama originalmente “Fences” recebeu quatro indicações ao Oscar 2017: Melhor Filme, Melhor Ator (Denzel Wahington), Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis) e Melhor Roteiro Adaptado (postumamente pelo próprio Wilson). Para não elogiar apenas o difícil trabalho dos tradutores brasileiros, vale observar ainda que, em Portugal, o filme vai se chamar “Vedações”.


