Maggie Peterson (1941–2022)
A atriz Maggie Peterson, que participou da série clássica “The Andy Griffith Show” na década de 1960, morreu no domingo (14/5) no Colorado, “pacificamente enquanto dormia”, de acordo com comunicado da família. Embora sua personagem Charlene Darling tenha aparecido em apenas cinco episódios da comédia rural, ela se tornou uma das integrantes mais memoráveis da cidade de Mayberry pela doçura de sua personagem. Natural do Colorado, Peterson começou sua carreira no show business na década de 1950 como cantora. Numa apresentação com o grupo vocal Ja-Da Quartet, foi notada pelo empresário de Griffith, Dick Linke, que a convidou para fazer uma participação na série. Ela acabou agradando e dando início a sua carreira nas telas. As habilidades vocais de Peterson também foram utilizadas no programa. Geralmente, sua personagem aparecia cantando com sua família na tela, os Darlings (interpretados pela banda de bluegrass The Dillards). Mas suas participações foram além da música. Em um episódio, Charlene foi prometida, por costume da montanha, ao xerife inconsciente Andy Taylor (Griffith), enquanto num episódio posterior foi a vez da filha de Charlene ser prometida ao filho de Andy, Opie (Ron Howard, hoje diretor de cinema). Além das aparições na sitcom, entre 1963 e 1966, ela também marcou presença no telefilme de reencontro, “Return to Mayberry”, lançado em 1986, além de ser convidada a participar de outras séries e filmes de Andy Griffith, como “Fuzileiro das Arábias” (em 1965), “Um Anjo no Meu Bolso” (1969) e “The Love God?” (1969). Ela ainda viveu uma garçonete recorrente na sitcom “The Bill Dana Show”, aparecendo em oito episódios (em 1964), ao mesmo tempo em que gravava “The Andy Griffith Show”. Depois de passar as décadas de 1970 e parte dos 1980 fazendo aparições esporádicas em diversas atrações televisivas, Peterson se aposentou da atuação em 1987 num episódio da antologia “Abertura Disneylândia”, mas continuou ligada ao audiovisual trabalhando na Nevada Film Comission. Sua saúde piorou muito após a morte do marido de mais de 40 anos, o músico de jazz Gus Mancuso, falecido em dezembro passado. “A saúde de Maggie piorou após a morte de seu marido Gus”, escreveu a família, “e ficamos aliviados por poder trazê-la para ficar perto da família nos últimos dias”.
Betty Lynn (1926-2021)
A atriz Betty Lynn, que estrelou a série clássica “The Andy Griffith Show”, morreu no sábado (17/10) num retiro de idosos da Carolina do Norte, após uma curta doença, aos 95 anos. Matriculada no Conservatório de Música de Kansas City aos 5 anos pela mãe, que era cantora de ópera, Betty Lynn começou a cantar no rádio e em clubes noturnos ainda adolescente. Aos 18 anos, ela integrou o time de artistas contratado para animar as tropas americanas no exterior, durante a 2ª Guerra Mundial. Ao voltar de apresentações na Ásia, estreou na Broadway, onde chamou atenção de um caçador de talentos da Fox, assinando um contrato de três anos com o estúdio. Seu primeiro papel foi como coadjuvante em “Ama-Seca por Acaso”, emendado por participações em “Apartamento para Dois” e “Noiva da Primavera”, comédias lançadas com grande sucesso em 1948. Ela fez várias comédias da Fox até o fim do contrato em 1951, incluindo o clássico “Papai Batuta” (1950). Mas depois de completar seu acordo, preferiu voltar a Nova York para retomar a carreira teatral. Sem conseguir encaixe na temporada de espetáculos, ela buscou trabalhos em séries de TV ao vivo, que eram realizadas na cidade, o que acabou atrapalhando sua carreira no cinema. “Os estúdios odiavam a televisão”, observou ela numa entrevista antiga. “Quando me perguntaram o que eu estava fazendo, eu dizia: ‘Tenho feito televisão ao vivo, é absolutamente maravilhoso, é como fazer uma peça!’ E eles congelavam. Eu não entendia porque eles viam isso como dificuldade, mas acabei fazendo papel de idiota.” Os únicos papéis que lhe davam era de figurante, e ela precisou praticamente recomeçar a carreira, enquanto pagava as contas com cada vez mais participações televisivas, até ser escalada num papel recorrente na série “The Andy Griffith Show”. A atriz se juntou à sitcom perto do final da 1ª temporada em 1961 e apareceu em 26 episódios como Thelma Lou, a namorada certinha de Barney Fife, personagem marcante de Don Knotts. Quando o ator saiu de “The Andy Griffith Show” em 1965 para se concentrar em sua carreira no cinema, Lynn viu seu papel ser eliminado. Os produtores decidiram dar um final a sua trajetória após o hiato de um ano, num episódio em que Barney reapareceu na série buscando retomar o namoro com Thelma Lou, apenas para descobrir que ela tinha casado. Só que este desencontro não foi o final da história. Em 1986, a rede NBC produziu uma reunião especial com o elenco de “The Andy Griffith Show”. Intitulado “Return to Mayberry”, o telefilme usou como justificativa para o reencontro dos personagens clássicos justamente o casamento de Thelma Lou (agora divorciada) e Barney. No mesmo ano, Betty Lynn voltou a trabalhar com o astro original da série, o próprio Andy Griffith, interpretando sua secretária em um punhado de episódios da 1ª temporada de “Matlock”. Ela também apareceu em “Mod Squad”, “Os Pioneiros”, “Os Novos Centuriões” e “Barnaby Jones”, antes de desistir da carreira televisiva, mudando-se para o interior da Carolina do Norte após sua casa em Los Angeles ser assaltada duas vezes. Lynn se mudou para Mount Airy, terra natal de Andy Griffith, e era uma personalidade adorada na cidade, participando ativamente de homenagens no Andy Griffith Museum.
Sam Bobrick (1932 – 2019)
O escritor e dramaturgo Sam Bobrick, criador da clássica sitcom “Galera do Barulho” (Saved by the Bell), morreu aos 87 anos na última sexta-feira (11/10), após sofrer um derrame. Com uma lista extensa de trabalhos produzidos na TV, Bobrick também escreveu mais de 40 peças, das quais quatro comédias chegaram à Broadway, além de músicas, como “The Girl of My Best Friend”, gravada por Elvis Presley em 1960, e piadas para apresentações de stand-up do lendário humorista Groucho Marx. Sam Bobrick iniciou a carreira como contínuo na sala de correspondência do canal ABC, mas logo começou a desbravar espaço para suas piadas nos programas de variedades do canal, como o game show “Make Me Laugh”. Ele fez sua estreia como roteirista de séries em 1964, com três episódios de “Os Flintstones” e 19 da sitcom “The Andy Griffith Show”. Um capítulo da série estrelada por Andy Griffith lhe rendeu seu primeiro prêmio do Sindicato dos Roteiristas. Ele bisaria a premiação com a série de comédia “Agente 86” em 1969. E ainda foi indicado ao Emmy por roteiros do programa de variedades “The Smothers Brothers Comedy Hour”. Sua lista de trabalhos em séries clássicas também inclui capítulos de “Fuzileiro das Arábias” (Gomer Pyle: USMC”) e “A Feiticeira” (Bewitched). A última lhe rendeu amizade com o humorista Paul Lynde, intérprete do Tio Arthur, para quem desenvolveu a série “The Paul Lynde Show” em 1972. Bodrick assinou ainda “Diana” em 1973, que trazia Diana Rigg, sex symbol da série inglesa “Os Vingadores” (e velhinha poderosa em “Game of Thrones”), como uma divorciada londrina recém-chegada em Nova York para recomeçar sua vida. Mas suas primeiras criações duraram só uma temporada. Ele só foi encontrar seu público com “Good Morning, Miss Bliss”, exibida no Disney Channel em 1988, que trazia a ex-atriz mirim Hayley Mills no papel principal e dois futuros integrantes de “Galera do Barulho” como coadjuvantes. A série chamou tanta atenção que a rede NBC resolveu adquirir seus direitos, mudar alguns detalhes, como a ênfase nos estudantes em vez da professora, e contratar mais garotos para o elenco principal. Ao final, decidiu rebatizá-la para que fosse vista como uma produção inteiramente nova. Virou “Saved by the Bell”, a “Galera do Barulho”, em 1989. A série acompanhava a rotina de uma escola de Ensino Médio, concentrando-se num grupo de seis amigos durante seu período escolar. Virou um fenômeno de audiência, que perdurou além de suas quatro temporadas originais. Após os estudantes se formarem, a série ganhou um spin-off sobre a etapa universitária da vida dos personagens e um telefilme de conclusão com o casamento do par principal da atração, Zack (Mark-Paul Gosselaar) e Kelly (Tiffani Thiessen). Mas isto não foi o fim da franquia, que paralelamente ganhou um reboot com uma nova geração. Ainda mais bem-sucedida, a segunda “Galera do Barulho” durou sete temporadas, entre 1993 e 2000. Bodrick abandonou a TV após sua criação se multiplicar e dar frutos, decidindo se concentrar no teatro desde os anos 1990. Mas não sem antes dar uma passadinha pelo cinema, com os roteiros das comédias “A Mais Louca das Aventuras de Beau Geste” (1977), estrelada e dirigida por Marty Feldman, e “Jimmy the Kid” (1982), com Gary Coleman. Planos para uma terceira geração de “Galera do Barulho” foram confirmados e uma nova série baseada na criação de Bodrick está atualmente em desenvolvimento para a plataforma de streaming Peacock, da rede NBC, que tem previsão de lançamento para 2020. Relembre abaixo a abertura da série original.
Jim Nabors (1930 – 2017)
O ator Jim Nabors, que viveu o personagem Gomer Pyle em “The Andy Griffith Show” e em sua própria sitcom, morreu na manhã desta quinta (30/11) em sua casa no Havaí, aos 87 anos. James Thurston Nabors nasceu em 12 de junho de 1930, no Alabama. Filho de um policial, ele se formou em administração de empresas e trabalhou até como telefonista para a ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, antes de se mudar para a California, onde o clima era melhor para sua asma. Ele arranjou emprego como editor de imagens da rede NBC em 1960, mas à noite se apresentava como comediante amador. Nabors fazia uma show num teatro de cabaré em Santa Monica, quando foi “descoberto” por Andy Griffith, que o considerou perfeito para interpretar um novo personagem em sua série na CBS: Gomer Pyle, um mecânico afável, pouco inteligente e extremamente feliz, que trabalhava no posto de gasolina de Wally (Norman Leavitt) em Mayberry. O personagem iria aparecer em apenas um episódio, que foi exibido no meio da 3ª temporada do “Andy Griffith Show”, em dezembro de 1962, mas surpreendeu os produtores por agradar ao público, que pediu seu retorno. Diante da repercussão, Nabors foi contratado para integrar o elenco fixo da atração. Mas o ator não ficou muito tempo na série. Gomer Pyle fez tanto sucesso que os produtores resolveram dar-lhe seu próprio programa. Gomer Pyle se alistou nos fuzileiros navais americanos no final da 4ª temporada, num episódio que serviu de piloto para o spin-off centrado no personagem. A mudança deu mais que certo. “Gomer Pyle: USMC” tornou-se um dos maiores sucessos da TV americana nos anos 1960. Durou cinco temporadas, entre 1964 e 1969, e chegou a ser exibida no Brasil com o título “Fuzileiro das Arábias”. Na trama, o recruta atrapalhado Pyle era invariavelmente perseguido pelo sargento esquentado Vince Carter (Frank Sutton). A interação dos personagens acabou inspirando um dos quadros mais populares do programa “Os Trapalhões” na Globo, ainda que sem os devidos créditos. Apesar de retratar militares em plenos anos 1960, a série nunca abordou a guerra do Vietnã. Mas o ator confessou que a presença do conflito era evidente nos créditos de abertura e o assombrava, pois muitos dos fuzileiros reais com quem marchava no começo dos episódios morreram no conflito asiático. Em 1969, quando a série estava em 2º lugar na audiência geral da TV americana, Nabors resolveu sair da produção, alegando que buscava novos desafios. Ele dizia que nem sequer se considerava ator, porque só tinha interpretado um único personagem em sua carreira inteira. Assim, virou apresentador de programa de variedades. Embora “The Jim Nabors Hour” tenha durado só dois anos, a atração revelou seu talento como cantor. Ele acabou gravando mais de duas dúzias de discos com sua voz de barítono, que costumava surpreender aqueles que se acostumaram a ouvi-lo exclamar “Gawleleee!” (“golly”, ou nossa!, com sotaque sulista), seu bordão televisivo. Ele tentou emplacar uma nova série em 1975, a comédia sci-fi “The Lost Saucer”, mas a produção foi cancelada após 15 episódios e Nabors nunca mais protagonizou nenhuma outra produção. Curiosamente, ele não se aventurou muito no cinema. A culpa é de sua estreia como um beatnik na comédia “Papai Não Sabe Nada” (1963), estrelada por James Stewart e Sandra Dee. Sua voz carregada de sotaque, que se tornaria famosa, desagradou tanto aos produtores que acabou dublada por outro ator. A experiência negativa o afastou do cinema por duas décadas. Ele só fez mais três filmes, todos consecutivos e ao lado do amigo Burt Reynolds, aparecendo como o antagonista da comédia clássica “A Melhor Casa Suspeita do Texas” (1982), voltando a ser mecânico em “O Imbatível” (1983) e reciclando o recruta “Homer Lyle” em “Um Rally Muito Louco” (1984). Nesta época, seus trabalhos já se resumiam a participações eventuais em séries como “O Barco do Amor”, “Supermáquina” e “The Carol Burnett Show”. Sem muitas opções, ele acabou voltando a viver Gomer Pyle. Primeiro, num telefilme de reencontro do elenco de “The Andy Griffith Show”, “Return to Mayberry”, exibido em 1986. Depois, num episódio de “Hi Honey, I’m Home” exibido em 1991, quando encerrou a carreira. Embora seu personagem mais famoso fosse fictício, a Marinha americana reconheceu a importância de Gomer Pyle para a imagem da corporação e resolveu oficializar sua promoção, passando-o de soldado raso para cabo num evento de marketing militar nos anos 2000. A ironia é que se o verdadeiro Jim Nabors quisesse ser fuzileiro, seria impedido, já que ele era homossexual. Gays declarados não podiam ter carreira militar nos Estados Unidos até 2011. Nabors manteve sua vida particular privada enquanto esteve em atividade, embora rumores de homossexualidade tenham sugerido até um casamento secreto com Rock Hudson nos anos 1970. Mas após se afastar do showbusiness, ele saiu do armário e se casou oficialmente com Stan Cadwallader, após três décadas de relacionamento, em janeiro de 2013, um mês após o casamento entre pessoas do mesmo sexo ser considerado legal em Washington.


