Gena Rowlands, estrela de “Gloria” e “Diário de uma Paixão”, morre aos 94 anos
A atriz ficou conhecida por suas colaborações com o marido John Cassavetes, que lhe renderam duas indicações ao Oscar
Terence Davies, diretor de “Vozes Distantes” e “Amor Profundo”, morre aos 77 anos
Terence Davies, cineasta britânico renomado por suas obras autobiográficas e dramas de época, faleceu aos 77 anos. A informação foi confirmada neste sábado (7/10) pela conta oficial do diretor no Instagram, que informou que ele morreu pacificamente em casa após uma breve doença. Início promissor e premiado Davies ganhou notoriedade internacional a partir do final dos anos 1980 com seus primeiros longas-metragens, “Vozes Distantes” (1988) e “O Fim do Longo Dia” (1992), ambientados em sua cidade natal, Liverpool. Ambos exploram, em diferentes graus, sua experiência pessoal com a família e de crescer como um homem gay e católico em Liverpool nas décadas de 1950 e 1960. Bem-recebidos pela crítica e muito premiados, inclusive no Festival de Cannes, os filmes criaram grande expectativa sobre a carreira do cineasta. A predileção por dramas de época Ao mudar de cenário com “Memórias” (1995), sobre a vida de um menino no interior dos EUA dos anos 1940, o diretor não teve tão boa recepção quanto com seus predecessores, mas isso não o desestimulou. De fato, Davies não parou de produzir obras significativas ao longo de sua carreira, optando por adaptar diversos romances de época. Sua entrada nos anos 2000 se deu com “A Essência da Paixão”. uma adaptação do romance de Edith Wharton, que rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Gillian Anderson no BIFA (premiação do cinema independente britânico). Ao explorar as complexidades e armadilhas da sociedade da elite de Nova York no início do século 20, o filme foi bastante elogiado por sua representação incisiva das distinções de classe e da crueldade social. A volta a Liverpool Ele deu um grande hiato na carreira após o longa, voltando com um documentário, “Do Tempo e da Cidade”, em que voltou à cidade de sua infância e de seus primeiros filmes. “Voltei à minha igreja paroquial durante as filmagens”, Davies revelou ao The Hollywood Reporter na época. “Orei para ser perdoado até meus joelhos sangrarem, e eu não tinha feito nada. Você não pode se livrar da culpa. Você é, ipso facto, um pecador porque tem o pecado original em sua alma. Isso é errado.” O sucesso comercial Em sua volta aos dramas de ficção, ele fez seu maior sucesso comercial, “Amor Profundo” (2011), uma adaptação da peça de Terence Rattigan, em que Tom Hiddleston e Rachel Weisz vivem um caso de amor tumultuado no pós-guerra em Londres. O filme foi elogiado por sua representação emocionalmente carregada de amor e perda. Sua adaptação seguinte foi uma obra que levou 18 anos para sair do papel, com busca de financiamento iniciada ainda nos anos 1990. “A Canção do Pôr do Sol” (2015) levou às telas o romance clássico de Lewis Grassic Gibbon sobre a vida difícil de uma jovem em uma fazenda escocesa no início do século 20, mantendo-se fiel ao espírito do livro enquanto explora temas universais como amor, perda e a passagem do tempo. Os poetas finais Acostumados com a demora entre seus filmes, os cinéfilos foram surpreendidos com um novo lançamento em tempo recorde, após apenas um ano. Primeira biografia da carreira do diretor, “Além das Palavras” (2016) foi um retrato da vida da poeta Emily Dickinson, interpretada por Cynthia Nixon, e também recebeu aclamação da crítica por sua abordagem íntima e meticulosa da vida da escritora. Depois disso, ele levou mais cinco anos para realizar novo filme, e foi para sua despedida. “Benediction” (2021), a derradeira de Davies, foi outro drama biográfico sobre poeta, o britânico Siegfried Sassoon. O filme explora a vida de Sassoon, sua experiência na 1ª Guerra Mundial e sua vida amorosa. Apesar da vasta carreira, com filmes sempre muito elogiados, Davis não conquistou o reconhecimento institucional devido para seu trabalho na Grã-Bretanha. Em uma entrevista de 2021 ao jornal britânico The Guardian, ele desabafou: “Teria sido bom ser reconhecido pela BAFTA. Mas nunca fui. Por outro lado, também há uma parte de mim que pensa: não é apenas vaidade? Se um filme vive toda vez que é visto, essa é a verdadeira recompensa.”
Academia convida 819 novos membros para votar no Oscar, incluindo seis brasileiros
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA divulgou nesta terça-feira (30/6) uma lista com 819 novos membros que integrarão a entidade, responsável pela premiação do Oscar. Dando sequência a seu empenho de aumentar a diversidade, a lista tem integrantes de 68 nacionalidades, inclusive do Brasil. Os novos representantes nacionais são Mariana Oliva e Tiago Pavan, produtores do documentário “Democracia em Vertigem”, que foi indicado ao Oscar 2020. A diretora do filme, Petra Costa, já faz parte da Academia desde 2018. Outros representantes do cinema brasileiro que ganham direito a voto são o animador Otto Guerra (“A Cidade dos Piratas”), a montadora Cristina Amaral (“Um Filme de Verão”) e os documentaristas Julia Bacha (“Naila and the Uprising” e “Budrus”) e Vincent Carelli (“Martírio” e “Corumbiara”). Entre os 819 novos votantes, 49% vem do exterior dos EUA, 45% são mulheres e 36% não são brancos – ou, na definição da Academia, pertencem a “comunidades étnicas que eram pouco representadas”. Destaque da lista, toda a equipe principal do filme sul-coreano “Parasita”, grande vencedor do Oscar 2020, do elenco à produção, foi convidada para integrar a Academia. Além deles, a mexicana Yalitza Aparicio, que protagonizou “Roma”, a chinesa Zhao Tao (“Amor até as Cinzas”), o chinês Tzi Ma e suas colegas americanas Awkwafina e a diretora Lulu Wang, que brilharam juntos no filme “A Despedida” (The Farewell), a atriz de origem nigeriana Cynthia Erivo (“Harriet”), o sudanês Alexander Siddig (“Submersão”), a cubana Ana de Armas (“Blade Runner 2049”), Eva Longoria (“Dora e a Cidade Perdida”), James Saito (“Meu Eterno Talvez”), Constance Wu (“As Golpistas), John David Washington (“Infiltrado na Klan”), Brian Tyree Henry (“Brinquedo Assassino”), Rob Morgan (“Luta por Justiça”), Niecy Nash (“Pequena Grande Vida”), Teyonah Parris (“Se a Rua Beale Falasse”), Lakeith Stanfield (“Entre Facas e Segredos”), Zendaya (“Homem-Aranha: Longe de Casa”) e Zazie Beetz (“Coringa”) são alguns dos atores representantes de minorias que passarão a eleger os melhores do cinema. Na relação de atores brancos, destacam-se a estrela e diretora Olivia Wilde (“Fora de Série”), Mackenzie Davis (“O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio”), Natasha Lyonne (“American Pie”), o australiano Ben Mendelsohn (“Capitã Marvel”), o inglês George MacKay (“1917”), a inglesa Florence Pugh (“Pequenas Mulheres”), a francesa Adèle Haenel (“Retrato de uma Jovem em Chamas”) e o alemão Udo Kier, visto mais recentemente no filme brasileiro “Bacurau”. Já a eclética listagem de diretores abrange nomes do novo terror, como Ari Aster (“Midsommar”) e Robert Eggers (“O Farol”), novatos franceses, como Ladj Ly (“Os Miseráveis”) e Mati Diop (“Atlantique”), e veteranos ingleses, como Terence Davies (“Vozes Distantes”) e Wash Westmoreland (“Colette”).
Além das Palavras mergulha no universo da poeta Emily Dickinson
“Além das Palavras”, do diretor britânico Terence Davies, focaliza a vida da poeta moderna norte-americana Emily Dickinson (1830-1886). Ela só foi reconhecida após a morte, teve apenas uns dez poemas publicados em vida. Mesmo assim, alguns deles saíram sem nome, sem o devido crédito. Emily viveu uma vida discreta, reclusa, em que a família era o seu universo e dela nunca se afastou, inclusive rejeitando, até agressivamente, várias propostas de casamento. Mil e setecentos poemas foram encontrados após sua morte, revelando uma obra poderosa. De sua vida pouco se sabe, exceto pelas cartas que escreveu. As questões de gênero, que eram um forte fator da opressão feminina da época em que viveu Emily Dickinson, impediram que seu talento literário pudesse brilhar e se destacar socialmente. Ambiente familiar acolhedor, complexos quanto à presumida feiura e incapacidade de colocar em ação os sentimentos que a oprimiam, parecem ter tido um peso importante nessa história. O cineasta Terence Davies mergulhou nesse universo familiar de Emily Dickinson (vivida por Cynthia Nixon, a Miranda da série “Sex and the City”) e na sua bela poesia para construir um filme impecável, de grande talento e beleza. Desde as primeiras cenas, entra-se em cheio na ambientação do século 19. Todos os detalhes cuidadosamente recriados mostram a vida dentro da casa de uma família com posses. Móveis, objetos de uso e decorativos, roupas, ornamentos, janelas, cortinas, são absolutamente perfeitos. A iluminação é um destaque à parte, com uma fotografia deslumbrante para a descrição daquela realidade. A luminosidade interna, que ousa romper a escuridão, sem nunca afrontar o tom mortiço do ambiente, nos remete a um mundo que restringe, mas também protege, um universo familiar que cria uma zona de conforto, parece bastar-se a si mesmo. Assim como a personagem que sofre, vive sua solidão em família, mas ali se protege do mundo exterior. A narrativa põe em relevo a questão de gênero, a opressão ao desabrochar e ao desenvolvimento femininos, numa sociedade que confinava e impedia o êxito e o sucesso das mulheres, desvalorizando de modo absoluto seus talentos que escapassem à esfera doméstica. O que Terence Davies obtém do desenvolvimento do elenco também é notável. O espectador mergulha naquele universo, como se estivesse voltando no tempo, e encontra nas atrizes e atores a encarnação perfeita daquele mundo, nos diálogos, nos gestos contidos, nos silêncios, na agressividade que brota súbita em alguns momentos, enfim, em cada situação ou fala. A vida passa lenta, ruminando por dentro, rotineira, sem grandes sobressaltos. As atuações dão conta disso muito bem. A música de estilo clássico, belíssima, complementa a narrativa, pontuando a dimensão do tempo. Excelente filme do diretor de “Canção do Pôr do Sol” (2015), “Amor Profundo” (2011), “A Essência da Paixão” (2000), “O Fim de Um Longo Dia” (1992) e “Vozes Distantes” (1988). Uma carreira impressionante de filmes que primam pela elaborada e meticulosa qualidade artística, em que a beleza das imagens sempre se impõe.
Atriz de Sex and the City vive a poeta Emily Dickinson em trailer legendado de cinebiografia
A Cineart Films divulgou a versão legendada do trailer de “Além das Palavras”, tradução em português de “A Quiet Passion”. O filme traz Cynthia Nixon (a Miranda da série “Sex and the City”) como a poeta Emily Dickinson, numa cinebiografia dirigida pelo veterano cineasta britânico Terence Davies (“Amor Profundo”, “Vozes Distantes”). A prévia mostra a evolução da escritora, desde seus dias de estudante num internato cristão até o amadurecimento como mulher independente, que rejeitou as principais normas de comportamento do século 19, para desgosto de seu pai (vivido por Keith Carradine, da série “Fargo”). A prévia ainda destaca sua relação próxima com a irmã mais nova Lavinia (interpretada por Jennifer Ehle, de “Cinquenta Tons de Cinza”). Conhecida como Vinnie, a caçula é também uma das principais razões pelas quais Emily é considerada um ícone literário moderno, pois foi ela quem descobriu centenas de poemas inéditos e conseguiu publicá-los após a morte prematura da escritora aos 55 anos, consagrando-a postumamente como um gênio literário. A estreia está marcada para 27 de abril, duas semanas após o lançamento nos EUA.
Atriz de Sex and the City vive a poeta Emily Dickinson em trailer de cinebiografia
O primeiro trailer, o pôster e as fotos de “A Quiet Passion” trazem Cynthia Nixon (a Miranda da série “Sex and the City”) como a poeta Emily Dickinson, numa cinebiografia dirigida pelo veterano cineasta britânico Terence Davies (“Amor Profundo”, “Vozes Distantes”). A prévia mostra a evolução da escritora, desde seus dias de estudante num internato cristão até o amadurecimento como mulher independente, que rejeitou as principais normas de comportamento do século 19, para desgosto de seu pai (vivido por Keith Carradine (série “Fargo”). A prévia ainda destaca sua relação próxima com a irmã mais nova Lavinia (interpretada por Jennifer Ehle, de “Cinquenta Tons de Cinza”). Conhecida como Vinnie, a caçula é também uma das principais razões pelas quais Emily é considerada um ícone literário moderno, pois foi ela quem descobriu centenas de poemas inéditos e conseguiu publicá-los após a morte prematura da escritora aos 55 anos, consagrando-a postumamente como um gênio literário. A estreia está marcada para 14 de abril nos EUA, em circuito limitado, e não há previsão de lançamento no Brasil.
Festival do Rio anuncia programação internacional com vencedores de Cannes e Veneza
O Festival do Rio anunciou na manhã desta sexta-feira (23/9) a sua programação internacional. São cerca de 250 filmes de mais de 60 países, que serão exibidos em diversas mostras entre os dias 6 e 16 de outubro. Entre os destaques estão os vencedores dos festivais de Cannes e Veneza deste ano, respectivamente “Eu, Daniel Blake”, do inglês Ken Loach, que levou a Palma de Ouro, e “A Mulher que se Foi”, do filipino Lav Diaz, detentor do Leão de Ouro. Além destes, a programação inclui três outros filmes premiados em Cannes: “Toni Erdmann”, da alemã Maren Ade, que venceu prêmio da crítica e é um dos mais cotados para o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, “É Apenas o Fim do Mundo”, do canadense Xavier Dolan, que levou o Grande Prêmio do Juri, e “Personal Shopper”, estrelado por Kristen Stewart, que rendeu o troféu de Melhor Direção ao francês Olivier Assayas. Já a lista do Festival de Veneza inclui os dois filmes que dividiram o Leão de Prata de Melhor Direção: “La Región Salvaje”, do mexicano Amat Escalante, e “Paradise”, do russo Andrei Konchalovsky. Há ainda novos trabalhos de Terrence Malick (“Voyage of Time”), Wim Wenders (“Os Belos Dias de Aranjuez”), André Téchiné (“Being 17”), Bruno Dumont (“Mistério na Costa Chanel”), Jeff Nichols (“Loving”), Bertrand Bonello (“Sarah Winchester, Ópera Fantasma e Nocturama”), Hong Sang-soo (“Você e os Seus”), Werner Herzog (“Eis os Delírios do Mundo Conectado”), Jim Jarmusch (“Gimme Danger”), Ira Sachs (“Melhores Amigos”), Andrzej Zulawski (“Cosmos”), Sergei Loznitsa (“Austerlitz”), Johnnie To (“Three”), Kelly Reichardt (“Certain Women”), Todd Solondz (“Wiener-Dog”), Terence Davies (“A Canção do Pôr do Sol”) e Kevin Smith (“Yoga Hosers”). Entre os nacionais, a maior curiosidade fica por conta de “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, que tentará vaga no Oscar 2017, e “Elis”, de Hugo Prata, ambos exibidos fora de competição. Já a mostra competitiva terá novos filmes de Eliane Caffé, Andrucha Waddington e José Luiz Villamarim. Clique aqui para ver a lista completa dos filmes brasileiros selecionados para o festival.






