Stuart Whitman (1928 – 2020)
O ator Stuart Whitman, que estrelou a série “Cimarron” e vários clássicos de cinema dos anos 1960, morreu na segunda (16/3) em seu rancho em Santa Bárbara, nos Estados Unidos, aos 92 anos. Segundo o TMZ, ele lutava há algum tempo contra um tipo agressivo de câncer de pele. Stuart Maxwell Whitman nasceu em 1 de fevereiro de 1928 em São Francisco, serviu no Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA durante a 2ª Guerra Mundial e ainda foi campeão de boxe, vencendo 24 combates como peso-leve, antes de decidir estudar atuação no Los Angeles City College. A aparência musculosa lhe garantiu figuração na sci-fi “O Fim do Mundo” (1951), que inaugurou sua trajetória cinematográfica. Mas antes de ficar famoso precisou superar muitos papéis sem nome ou importância. A situação só mudou ao virar coadjuvante no western “7 Homens Sem Destino” (1956), ao lado de Randolph Scott e Lee Marvin. O primeiro protagonismo demorou menos, surgindo no ano seguinte com o noir “A Esperança Morre Conosco” (1957), ao lado de Ethel Barrymore e Carolyn Jones. A notoriedade veio com “Terror no Mar” (1958), ao compartilhar um dos primeiros beijos inter-raciais do cinema, com Dorothy Dandridge. E isso o ajudou a ser escalado em grandes produções, como o religioso “A História de Ruth” (1960), o filme de gângsteres “Assassinato S.A.” (1960) e o drama “A Marca do Cárcere” (1961), que lhe rendeu indicação ao Oscar de Melhor Ator. Produção britânica, “A Marca do Cárcere” deveria ter sido estrelada por Richard Burton, que preferiu fazer “Camelot” na Broadway a encarar um papel tão terrível. Whitman aceitou o desafio e viveu um molestador de crianças na tela. Seu personagem tinha um grande arco dramático. Ao sair da prisão, pedia a ajuda de um psiquiatra (Rod Steiger) para tentar levar uma vida normal, mas acabava denunciado – erroneamente – por um novo abuso que não cometeu. A Academia se impressionou com o ator, que viu sua carreira se valorizar com a indicação. Em seguida, Whitman estrelou um de seus filmes mais populares, o western “Comancheros” (1961), ao lado de John Wayne. E repetiu a parceria no longa seguinte, no épico de guerra “O Mais Longo dos Dias” (1962). Depois de filmar as duas obras finais do húngaro Michael Curtiz, “São Francisco de Assis” (1961) e “Comancheros”, ele ainda incluiu em sua filmografia notável “O Dia e a Hora” (1963), drama de guerra assinado por outro mestre europeu de Hollywood, o francês René Clement, e a divertida comédia “Esses Maravilhosos Homens e suas Máquinas Voadoras” (1965), do inglês Ken Anakin. Portanto, estava no auge quando decidiu fazer algo inesperado: estrelar uma série de TV. Whitman apostou que ganharia uma fortuna com o western “Cimarron”, já que também era creditado como produtor, e de fato recebeu bastante dinheiro com as reprises. Embora tenha durado apenas uma temporada (1967-68) e 23 episódios originais, a popularidade do ator fez com que a atração fosse reprisada à exaustão durante os anos 1970, tornando o delegado Jim Crown um dos personagens mais conhecidos do ator. Mas a ideia de produzir episódios com 90 minutos de duração enfrentou rejeição da audiência ao vivo. E a carreira cinematográfica de Whitman entrou em declínio devido à decisão, já que, na época, atores de TV eram menosprezados pelos grandes estúdios de Hollywood. Ele acabou se especializando em produções B, incluindo cults como “Loucura da Mamãe” (1975), de Jonathan Demme, “Devorado Vivo” (1976), de Tobe Hooper, e “O Massacre da Guiana” (1979), como líder de uma seita suicida. Após os anos 1970, também encaixou uma coleção de aparições em séries de TV, incluindo “Galeria do Terror”, “F.B.I”, “Os Novos Centuriões”, “S.W.A.T.”, “Ilha da Fantasia”, “A Supermáquina”, “Esquadrão Classe A”, “Assassinato por Escrito” e “Chuck Norris: O Homem da Lei”. Embora tenha surgido num excesso de 7 episódios de “Ilha da Fantasia”, sempre como personagens diferentes, foram poucas as suas participações recorrentes. Entre elas, contam-se um pequeno arco de cinco episódios em “Knots Landing” (1990) e o papel de Jonathan Kent, o pai de Clark Kent, na série “Superboy (1988-92). Seu último trabalho nas telas foi “O Homem do Presidente” (2000), um telefilme de ação, em que atuou ao lado do amigo Chuck Norris. A decisão de largar a atuação partiu dele próprio. Whitman tinha feito uma fortuna no mercado imobiliário, com investimentos certeiros. E, cansado de convites para filmes ruins, preferiu aproveitar a vida com a família, mudando-se para um rancho de 35 acres em Santa Barbara. O ator foi casado três vezes, a última em 2006, teve cinco filhos, sete netos e quatro bisnetos. “Ele adorava Jack Daniel’s, charutos e sujar as mãos com o trabalho em seu rancho, enquanto observava os pássaros e o Oceano Pacífico”, disse sua família em comunicado. “Ele adorava as pessoas e abraçava a todos igualmente, fosse um amigo famoso de longa data, como Frank Sinatra, ou um técnico que vinha reparar qualquer coisa em sua casa. Contador de histórias, ele sempre foi o centro das atenções, vivendo de acordo com um conselho de sua mãe, que ele se esforçou para nos ensinar: ‘Aproveite ao máximo tudo o que vier e o mínimo de tudo o que se for’.”
Christopher Knopf (1927 – 2019)
Morreu o roteirista Christopher Knopf, que escreveu filmes e séries famosas dos anos 1960 e 1970. Ele tinha 91 anos e teve uma parada cardíaca em sua casa, em Santa Monica, na Califórnia, na quarta-feira (13/2), mas só agora os familiares comunicaram o falecimento. Christopher era filho do cineasta e produtor Edwin H. Knopf, cujo filme “Lili” (1953) recebeu seis indicações ao Oscar. E, curiosamente, estreou no cinema como ator, fazendo figuração numa produção de seu pai, “Veneração” (1951). Sua carreira de roteirista só iniciou graças ao apoio de Edwin, que lhe encomendou o roteiro da aventura de capa e espada “O Ladrão do Rei” (1955), estrelada por David Niven. Mas ele logo se desgarrou da família com a sci-fi “A Vinte Milhões de Léguas da Terra” (1957), cultuada pelos efeitos do mestre do stop-motion Ray Harryhausen, que dão vida ao monstro da trama. Após um par de westerns de baixo orçamento – “Audácia de um Estranho” (1957), com Joel McCrea, e “Com o Dedo no Gatilho” (1960), com Audie Murphy – Knopf passou a escrever produções televisivas do gênero, como as séries “O Homem do Rifle”, “Procurado Vivo ou Morto” e “O Texano”. Fez sucesso e ganhou a oportunidade de ajudar a escrever o piloto de “Big Valley” em 1965 e criar sua primeira série, “Cimarron”, em 1967, com astros que marcaram o cinema – Barbara Stanwyck na primeira e Stuart Whitman na segunda. Seu trabalho televisivo mais admirado, porém, foi “Scott Joplin” (1977), telebiografia do pianista conhecido como “rei do ragtime”, pelo qual venceu o prêmio do Sindicato dos Roteiristas, o WGA Awards. Já seu maior destaque cinematográfico aconteceu em “O Imperador do Norte” (1973), um clássico dirigido por Robert Aldrich, em que Lee Marvin vivia um viajante especializado em andar clandestinamente em trens e Ernest Borgnine o homem obstinado em detê-lo durante a Grande Depressão. Roteirizou ainda o western “Ambição Acima da Lei” (1975), dirigido pelo ator Kirk Douglas, e a comédia “Garotos do Coro” (1977), nova parceria com Aldrich, antes de se focar inteiramente na produção televisiva. Nesta fase final da carreira, especializou-se em obras religiosas, como a minissérie bíblica “Pedro e Paulo”, estrelada por Anthony Hopkins e Robert Foxworth em 1981, e o telefilme sobre o Papa João Paulo II, de 1984, estrelado pelo recém-falecido Albert Finney. Mas seu último trabalho televisivo foi a criação de uma série jurídica, “Equal Justice”, que durou duas temporadas entre 1990 e 1991. Seu envolvimento com a escrita também o levou a atuar como vice-presidente do Sindicato dos Roteiristas.
