Diretor do MIS, cineasta e cinéfilo vira o novo Secretário de Cultura de São Paulo
A gestão do prefeito eleito de São Paulo João Doria ainda não iniciou, mas já está sendo comemorada até por integrantes da oposição, após o anúncio do novo Secretário de Cultura municipal. André Sturm foi escolhido para o cargo na cidade que mais respira, consome e produz cultura no Brasil. Sturm tem uma carreira bastante ligada ao cinema, conhecendo como poucos as diferentes áreas da indústria cinematográfica nacional. Ele é o atual diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) e também responde pelo Programa Cinema do Brasil desde 2006, que organiza a exportação de filmes brasileiros. Sua gestão à frente do MIS é reconhecida por transformar o museu no segundo mais visitado de São Paulo. Retrospectivas com memorabilia e itens pessoais de Stanley Kubrick e David Bowie levaram 80 mil visitantes cada ao local. E a reconstituição do cenário e da história do “Castelo Rá-Tim-Bum”, em 2014, estabeleceu um público de blockbuster para o museu: 410 mil pessoas. Número que pode ser quebrado por “Silvio Santos Vem Aí”, a partir de 7 de dezembro. Diretor-roteirista de dois longas, “Sonhos Tropicais” (2001) e “Bodas de Papel” (2008), Sturm também trabalhou na distribuição de filmes de arte na Pandora Filmes, comandou a programação da Cinemateca Brasileira e até atuou como exibidor, assumindo o célebre Cinema Belas-Artes entre 2004 e 2011. Sua escolha é, por sinal, bem melhor que a primeira opção de Doria, o empresário de televisão Jose Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que recusou o convite após concluir que sua vinda do Rio seria muito cara. Até o vereador Andrea Matarazzo – ex-secretário estadual da Cultura, hoje no PSD – , que fez oposição à Doria nas eleições, parabenizou o prefeito pela escolha. Quando Matarazzo foi secretário estadual de Cultura, Sturm foi coordenador de Fomento e Difusão, entre 2007 e 2011. No cargo, era responsável pelo ProAC, a lei paulista de incentivo à cultura. Também levou a Virada Cultural a cidades do interior. E, como cinéfilo, uma das suas primeiras declarações, após ser confirmado no cargo, foi no sentido de garantir a continuidade do projeto da SPCine, a melhor iniciativa da gestão atual, do prefeito Fernando Haddad. “Vamos manter com o nível que ela merece. A gestão anterior fez um bom trabalho”, disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Sturm terá um orçamento restrito para trabalhar – este ano, ele foi estimado em R$ 501 milhões, 2% do total do município. E, segundo revelou, recebeu determinação do prefeito eleito Doria para olhar atentamente para a periferia. “Eu gosto de resumir essa ideia como se a secretaria de Cultura passasse a agir como um catalisador do que acontece nesses lugares”, explicou ao jornal.
250 mil pessoas assistiram filmes no circuito Spcine desde março
Um balanço do circuito Spcine estima que 250 mil pessoas assistiram filmes em alguma das suas 18 salas desde março, quando foi inaugurado. Os números serão divulgados oficialmente na quarta (16/11) na Expocine, feira do setor, mas foram antecipados pelo jornal Folha de S. Paulo. Mantido pela Prefeitura de São Paulo em CEUs (Centros Educacionais Unificados) e centros culturais, o circuito têm sessões às quartas, quintas e domingos. Nos CEUs, elas são gratuitas. E isto tem sido criticado por gerar custos. A Secretaria de Educação acabou incluindo em seu orçamento cerca de R$ 5 milhões anuais para a manutenção das salas, transporte do HD dos filmes e o aluguel desses títulos. A ideia de não cobrar ingressos é criticada por Sérgio Sá Leitão, ex-presidente da RioFilme, empresa que fez da capital fluminense a cidade mais atrativa para o audiovisual e que inspirou a Spcine. “A receita é o que assegura a continuidade do serviço”, disse Sá Leitão à Folha. “O sistema não pode depender do Estado. Imagine como fica numa situação como a da crise do governo estadual do Rio”. Também foi necessário ajustar a meta de expansão. Em março de 2015, quando o circuito da Spcine foi anunciado, a prefeitura tinha planos de implantar 83 salas até o fim da gestão de Haddad. No momento, só estão previstas mais duas, na Cidade Tiradentes e no Ipiranga, devem ser inauguradas até o fim do ano. O circuito exibidor, porém, é apenas um dos braços da Spcine, empresa municipal criada em janeiro de 2015 que também atua na produção e na distribuição do audiovisual na cidade. À época de seu lançamento, com orçamento previsto de R$ 65 milhões, a Spcine contava com uma verba de R$ 25 milhões que viria do governo estadual, mas que nunca veio. Segundo o atual secretário estadual de Cultura, José Eduardo Sadek, a burocracia e a crise econômica foram entraves que levaram ao recuo. “É complicado tecnicamente: não há como o governo entrar numa empresa sem o aval da Assembleia”, diz Sadek à Folha. “E hoje a queda da arrecadação é catastrófica. O nosso interesse é manter o que está funcionando.” Procurado, o prefeito eleito João Doria informou, via assessoria, que o futuro da Spcine ainda não foi discutido pelo grupo de transição.
2ª temporada de Sense8 terá cenas gravadas na Parada de Orgulho LGBT de São Paulo
A 2ª temporada de “Sense8” terá cenas gravadas durante a Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, informou a SPCine, empresa municipal criada para fomentar a atividade audiovisual na capital paulista. A 20ª edição do evento acontecerá no dia 29 de maio, na Avenida Paulista. Vale lembrar que a 1ª temporada incluiu gravações em evento lésbico de San Francisco (San Francisco Dyke March), envolvendo a atriz transgênero Jamie Clayton, que interpreta Nomi, e Freema Agyeman, que vive sua namorada Amanita. Jamie Clayton, por sinal, já se manifestou no Twitter, dando a entender que participará das gravações paulistas. “Prepare-se Brasil!”, ela escreveu. De acordo com o coordenador internacional da SPCine, Eduardo Raccah, cidades como Madrid e Buenos Aires também foram cotadas para ganhar as gravações, que acontecerão em São Paulo. Ele se encontrou com o produtor Bill Bowling em março para acertar os detalhes das filmagens, que terão coprodução nacional da O2 Filmes. Criada pelas irmãs Wachowski (diretoras de “O Destino de Júpiter” e da trilogia “Matrix”) em parceria com o roteirista J. Michael Straczynski (“Thor” e série “Babylon 5”), a série acompanha oito pessoas aparentemente aleatórias ao redor do mundo, que passam a dividir consciência, habilidades e memórias repentinamente. A 1ª temporada mostrou o grupo reconhecendo sua nova realidade e se aproximando, enquanto lidam com os próprios problemas e com uma organização que os persegue. A 2ª temporada de “Sense8” começou sua produção em março e ainda não tem previsão de estreia. A série é exibida no serviço de streaming Netflix.
Prefeitura de São Paulo inaugura rede municipal de cinema
A Prefeitura de São Paulo inaugurou nesta quarta-feira (30/3) as primeiras salas do Circuito SPCine, sua rede municipal de cinema. A princípio, a “rede” são apenas duas telas, nos centro educacionais unificados do Butantã e Meninos (foto acima), mas, no papel, o projeto prevê 20 salas com ingressos mais baratos – e até gratuitos em quatro Centros Educacionais (CEUs). Como típico político, o prefeito Fernando Haddad inaugurou o que ainda está no papel. “Nós queremos passar o Cinemark, a prefeitura quer ser o maior exibidor”, ele discursou, na entrevista coletiva apresentação da “rede” municipal de cinemas, que na ocasião foi alardeada – e comprada pela imprensa – como já sendo a segunda maior da cidade. A iniciativa é louvável, mas que tal contar as salas que funcionam, não os projetos, especialmente em ano de campanha eleitoral? Longe de marcar uma iniciativa para resgatar a tradição dos cineclubes, a “rede” municipal não pretende se diferenciar muito do circuito exibidor, programando sucessos comerciais. “A ideia é formar público e dar espaço ao cinema brasileiro, sem esquecer a demanda do público dessas regiões por filmes do circuito comercial”, defendeu Alfredo Manevy, diretor presidente da SPCine. Na prática, os novos cinemas começam a exibir o infantil “Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o Filme”, o brasileiro “Mundo Cão” e o blockbuster “Convergente”. As 20 salas estão orçadas, inicialmente, em R$ 7,5 milhões, com 6.500 poltronas e previsão de 200 sessões semanais… a partir de junho, se não houver atrasos no cronograma – e sempre há, em se tratando das inaugurações políticas brasileiras. Além da inauguração das salas imaginárias, também foi assinado o decreto que cria a São Paulo Film Commission, escritório que passa a centralizar pedidos de filmagem na cidade de São Paulo e reduz o tempo gasto para garantir as autorizações necessárias. O tempo limite para resposta às requisições dos produtores ficará entre dois dias úteis, no caso de filmes publicitários, e sete dias úteis, para as demais obras audiovisuais. Haverá ainda a cobrança para uso de espaços públicos como local de filmagem, com descontos conforme a categoria da produção. Segundo Manevy, São Paulo perdeu centenas de filmagens nos últimos dez anos por causa da burocracia. A 2ª temporada de “Sense8”, série americana do Netflix, terá sequências filmadas na cidade.



