Novo filme de Woody Allen ganha primeiro trailer
Woody Allen divulgou o primeiro trailer de seu novo filme, “Rifkin’s Festival”. E não é por acaso que o vídeo foi lançado no canal oficial do cineasta no YouTube. O longa é a primeira produção de Allen após ele ficar sem distribuidor nos EUA. “Rifkin’s Festival” foi filmado em meio a uma campanha de difamação movida por seus filhos, Dylan e Ronan Farrow, que sob influência da mãe, Mia Farrow (inimiga mortal de Allen), pressionam parceiros de negócios e atores a abandonarem o diretor. A pressão acontece pelas redes sociais, com ameaças de cancelamento a quem não aderir, e partem das acusações contra Allen por um suposto abuso cometido em Dylan quando ela tinha sete anos, em 1992, em plena separação de Mia Farrow e o escândalo de seu relacionamento com a enteada da ex-mulher. O caso foi investigado pela Justiça americana não uma, mas duas vezes na ocasião, e em ambas a conclusão foi pela inocência de Allen. Ninguém mais o acusa de nada e nenhuma atriz jamais citou qualquer inconveniência da parte do diretor durante contatos ou trabalhos. Assim como aconteceu com o longa anterior do cineasta, “Um Dia de Chuva em Nova York”, “Rifkin’s Festival” não deve ser lançado nos EUA. Mas a produção será o filme de abertura do Festival de San Sebastián. O evento e a cidade em que ele acontece são pano de fundo e cenário da trama. A história acompanha um casal, formado por Wallace Shawn (“Young Sheldon”) e Gina Gershon (“Riverdale”). Ela trabalha na assessoria de imprensa do evento e o marido tem uma crise de ciúmes ao desconfiar que ela estaria se envolvendo com um diretor francês famoso, vivido por Louis Garrel (“Adoráveis Mulheres”). O elenco também destaca Elena Anaya (“Mulher-Maravilha”), Christoph Waltz (“007 Contra Spectre”) e Sergi López (“O Labirinto do Fauno”). A première de “Rifkin’s Festival” está marcada para a próxima sexta, 18 de setembro, em San Sebastian, e a estreia comercial vai acontecer logo em seguida, em 25 de setembro, por enquanto apenas na Espanha. Por conta disso, o filme também ganhou fotos e um pôster espanhol da distribuidora TriPictures. Confira abaixo.
Novo filme de Woody Allen vai abrir o Festival de San Sebastián
O novo filme de Woody Allen, “Rifkin’s Festival”, vai abrir o Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, em 18 de setembro. Produzido pela espanhola Mediapro Studio, o filme foi rodado no verão de 2019 e tem como cenário justamente San Sebastián e outras localidades próximas. A trama gira em torno de um casal americano que comparece ao Festival de San Sebastián e se apaixona pela cidade. Escrito e dirigido por Woody Allen, “Rifkin’s Festival” tem no elenco os espanhóis Elena Anaya (“A Pele que Habito”) e Sergi López (“O Labirinto do Fauno”), o francês Louis Garrel (“O Oficial e o Espião”), a americana Gina Gershon (“Riverdale”) e o austríaco Christoph Waltz (“007 Contra Spectre”). O filme será exibido fora da mostra competitiva do festival, que acontecerá até o dia 26 de setembro. O evento de San Sebastián também projetará em sua competição uma seleção de filmes do Festival de Cannes, que foi adiado devido ao coronavírus. Com a reabertura lenta das atividades e o fim da quarentena na Europa, a organização do evento segue adiante com os preparativos. Esta será a segunda vez que Allen será responsável por inaugurar o Festival de San Sebastián, depois de abrir a edição de 2004 com o longa-metragem “Melinda e Melinda”. Naquele ano, ele recebeu o prêmio Donostia em reconhecimento por sua carreira. A estreia também será o primeiro lançamento do cineasta após ter sua carreira interrompida por campanhas negativas que tentam “cancelá-lo” devido a alegações que o perseguem desde os anos 1990 – e que foram revigoradas na era do movimento #MeToo. O diretor de 84 anos é acusado pela ex-mulher Mia Farrow e também por sua filha Dylan de ter abusado sexualmente da menina quanto ela tinha sete anos de idade. São denúncias fortes, que já foram investigadas e constaram o oposto do que a opinião pública acredita. O caso foi investigado duas vezes em 1992, uma pela Agência Estadual de Bem-Estar Infantil e outra pela Clínica de Abuso Sexual Infantil do Hospital Yale-New Haven, e ambas concluíram que Dylan não havia sido abusado. Uma das investigações concluiu, inclusive, que a menina tinha sofrido lavagem cerebral da mãe, motivada por ódio de Woody Allen. O cineasta acabou se envolvendo e, posteriormente, casando-se com a filha adotiva de Mia, Soon-Yi Previn. Casados até hoje, os dois são pais de duas filhas já adultas, que, assim como todas as atrizes que trabalharam com o diretor, jamais reclamaram do comportamento de Allen. Apesar disso, o dano a sua reputação causado pelo resgate da denúncia pelo #MeToo fez com que seu filme anterior, “Um Dia de Chuva em Nova York”), não fosse exibido nos Estados Unidos. O longa-metragem foi lançado em vários países europeus, assim como na Argentina e Brasil. Nos últimos dois anos, o cineasta também viu uma série de atores se declararem arrependidos dos filmes que fizeram com ele. Ele ainda teve que processar a Amazon, que rompeu unilateralmente o contrato de produção e distribuição de seus filmes. E enfrentou uma campanha do próprio filho, Ronan Farrow, contra a publicação da sua autobiografia. Ronan conseguiu, com cúmplices das redes sociais, que a editora original cancelasse o lançamento. Felizmente, outra editora assumiu o projeto e o livro se tornou um dos mais elogiados do ano. Intitulado “A Propósito de Nada”, a obra chega ao Brasil no segundo semestre. Com o anúncio do Festival de San Sebastián, é possível imaginar que Ronan, Dylan ou Mia coordenem novo ataque contra o diretor nas redes sociais.
Christoph Waltz e Louis Garrel vão estrelar novo filme de Woody Allen
Woody Allen vai retomar sua carreira com um novo filme repleto de astros europeus. Após ser renegado por diversos atores americanos, que embarcaram na campanha do movimento #MeToo, o próximo longa do diretor será estrelado pelo austríaco Christoph Waltz (“Django Livre”), o francês Louis Garrel (“O Formidável”), os espanhóis Sergi López (“Um Dia Perfeito”) e Elena Anaya (“Mulher-Maravilha”), e até dois americanos, Wallace Shawn (de “Young Sheldon”, que estreou no cinema sob direção de Allen em “Manhattan”) e Gina Gershon (“Riverdale”). As filmagens vão começar em julho com produção da espanhola Mediapro, uma das maiores distribuidoras independentes da Europa. As negociações entre Allen e a Mediapro vieram à tona em setembro, quando o sócio-fundador da produtora, Jaume Roures, revelou que pretendia produzir um novo filme do diretor na Espanha. Será a segunda vez que o cineasta americano de 82 anos filmará no país. A primeira vez foi com o sucesso “Vicky, Cristina, Barcelona” (2008), que rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Penélope Cruz. Na ocasião, a produção também contou com apoio da Mediapro, responsável ainda pelas filmagens de “Meia-Noite em Paris” (2011), na França. Com título provisório de “Wasp 2019”, o longa vai contar a história de um casal americano casado que vai ao Festival de San Sebastian. Segundo a produção, eles acabam encantados pela magia do festival, pela beleza e charme da Espanha e pela fantasia dos filmes. Ela acaba tendo um caso com um brilhante diretor de cinema francês, e ele se apaixona por uma linda mulher espanhola que mora lá. “É uma comédia-romance que se resolve de uma forma engraçada, mas romântica”, disse a Mediapro em comunicado. “Na Mediapro, trabalhamos com Woody Allen há 14 anos. Seus filmes, como todos os projetos que o grupo produz, têm uma personalidade única. Este último filme tem todos os ingredientes para estar entre os melhores, como nos acostumamos com um diretor do talento de Woody Allen: um roteiro inteligente e um elenco internacional de primeira linha. Além disso, temos o prazer de poder filmar o filme em uma cidade como São Sebastião, que tem laços tão fortes com o cinema”, acrescentou Jaume Roures no release oficial. O projeto retoma a carreira de Allen, que estava interrompida desde que a Amazon decidir não lançar “A Rainy Day in New York”, o 48º filme dirigido pelo cineasta, que foi rodado em 2017 e se tornou dano colateral do movimento #MeToo. A filha de Allen, Dylan Farrow, aproveitou o movimento de denúncias de assédios sexuais para retomar suas acusações de pedofilia contra Allen, pressionando especificamente a Amazon para que não bancasse mais o diretor. Na véspera do lançamento de “Roda Gigante”, último filme de Allen a chegar aos cinemas, Dylan publicou uma carta aberta no jornal The Los Angeles Times, questionando o tratamento diferenciado dado a ele em relação a Weinstein. “Qual o motivo de Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas de abuso terem sido banidas de Hollywood enquanto Allen recentemente conseguiu um contrato milionário de distribuição para seu próximo filme?”, ela questionou, referindo-se, justamente, à Amazon. Embora a pergunta tenha sido retórica, a grande diferença entre Allen e Weinstein sempre foi que apenas Dylan acusa o diretor, enquanto Weinstein acumulou uma centena de acusadoras. Dylan sabe disso, a ponto de dizer: “Estou falando a verdade e acho importante que as pessoas entendam que uma vítima importa e é suficiente para mudar as coisas”, ela disse. A acusação de abuso contra Dylan chegou a ir parar na Justiça nos anos 1990, durante a separação do diretor de sua ex-mulher Mia Farrow, mas nada foi provado. Allen sempre se disse inocente e culpou Mia por fazer lavagem cerebral em sua filha. Moses Farrow, outro filho do diretor, recentemente contestou a irmã, apontando inconsistências na denúncia, culpando a mãe por violência física e psicológica e testemunhando que Allen jamais ficou sozinho com Dylan durante o alegado abuso. Nenhuma atriz ou ator filmados por Woody Allen ao longo de meio século de carreira acusou o diretor de qualquer coisa que não fosse extremo distanciamento. No entanto, a campanha de Dylan fez vários deles dizerem que não voltariam a filmar com o diretor, inclusive dois integrantes de “A Rainy Day in New York”. Timothée Chalamet e Rebecca Hall chegaram a doar seus salários após participarem do filme. Mas outros o defenderam, com o espanhol Javier Bardem, protestando contra o “linchamento público que vem recebendo”. Em meio à polêmica, os anos de 2018 e 2019 foram os primeiros em quase quatro décadas que o diretor ficou sem filmar uma nova produção. O último hiato tinha sido em 1981, após o fracasso comercial de “Memórias” (1980), seu primeiro filme sem a parceira Diane Keaton. O contrato de Allen com a Amazon foi assinado em 2014, e o estúdio já havia lançado dois de seus filmes anteriores, “Café Society” e “Roda Gigante”, além da minissérie “Crisis in Six Scenes”. Além disso, havia previsão para outros títulos após “A Rainy Day in New York”. No início deste ano, Allen iniciou uma ação legal contra o estúdio, visando receber uma indenização pelo rompimento do acordo. Durante a queda de braços, Allen recuperou os direitos do filme “A Rainy Day in New York”, que finalmente será lançado nos cinemas, inclusive no Brasil, até o fim do ano.
Faces de uma Mulher oferece retrato fragmentado de uma personagem múltipla
“Faces de uma Mulher” é um filme que cresce à medida que pensamos nele. A trama do cineasta Arnaud des Pallières (“Michael Kohlhaas”) apresenta quatro estágios da vida de uma mesma mulher, mas de maneira desconcertante e um tanto confusa à princípio. Até que o espectador perceba que as diferentes atrizes representam a mesma pessoa demora um pouco, embora essa estranheza e esse desconforto sejam bem-vindos e provoquem no espectador um interesse em unir as pontas. A confusão se dá pelo fato de as personagens aparecerem com diferentes nomes, embora o filme, logo no início, revele que uma delas usa nome falso. Trata-se de Renée (Adèle Haenel, de “A Garota Desconhecida”), que tem sua rotina de vida (como professora de crianças) perturbada pela chegada de uma mulher recém-saída da prisão (Gemma Arterton, de “Gemma Bovary”). A chegada daquela mulher representa o fim de seu sossego. Percebe-se, logo de cara, a fotografia que destaca os rostos com seus detalhes ressaltados: as olheiras nos olhos de Haenel; as sardas de Arterton; mais à frente os hematomas, feridas e uma maquiagem com um exagerado uso de baton vermelho, como na tentativa de restaurar a beleza dessas mulheres maltratadas. E haja maus tratos. As mulheres do filme de Pallières recebem porrada a todo instante, o que dói até no espectador, testemunha dos atos de violência, sempre praticados por homens mais velhos. Logo em seguida, entra em cena Sandra (Adèle Exarchopoulos, de “Azul É a Cor Mais Quente”), uma jovem em seus 18-20 anos que está em busca de dinheiro, seja através de um emprego normal, seja através da “adoção” por um homem mais velho. Essa oferta, ela recebe de um senhor viciado em jogos e corridas de cavalos. A vida de Sandra cruzará com Tara (Arterton) também. Só mais à frente se percebe que se trata de um flashback da personagem anteriormente apresentada. Mas o filme vai mais longe e apresenta outras duas interessantes atrizes/personagens: Karine (Solène Rigot, de “Renoir”), a garota de 13 anos que se rebela, sai em festas noturnas e é violentada pelo pai, e a garotinha de 6 anos Kiki (a estreante Vega Cuzytek), que tem uma vida normal até que um evento envolvendo seus amiguinhos de infância muda sua forma de ver o mundo. Ou parece ser essa a intenção do filme, visando justificar o comportamento posterior da personagem, em suas diferentes encarnações. Algumas situações ficam pouco claras, mas isso não chega a ser um grande problema. Ao contrário: dá ao filme seu charme. Os personagens masculinos, em sua maioria, são egoístas ou pouco compreensivos, mas dois deles fogem a essa regra: os personagens de Sergi Lopez (“Um Dia Perfeito”) e Jali Lespert (“Amor e Dor”). Este último é parte fundamental de um dos momentos mais especiais do filme, envolvendo a gravidez da protagonista. Às vezes parece faltar um pouco mais de ligação entre as histórias dessas personagens. Contudo, esse aspecto fragmentado também pode ser visto como um ponto positivo, por valorizar não apenas a narrativa, mas também a construção de climas tensos e sensuais, que preenchem a vida sofrida dessa mulher múltipla e fugidia.


