Jane di Castro (1947 – 2020)
A atriz Jane di Castro morreu na sexta-feira (23/10) de câncer no Hospital de Ipanema, no Rio, aos 73 anos. Batizada como Luiz de Castro, filha de mãe evangélica e pai militar, sofreu desde cedo e na própria casa repressão por sua identidade social. Ao se assumir Jane Di Castro, começou a trabalhar como cabeleireira, em Copacabana, e logo tornou-se uma das pioneiras dos espetáculos de transformistas do Rio, chegando a ser perseguida durante a ditadura militar, nos anos 1960, por fazer shows nos teatros Rival e da Praça Tiradentes. Mas ela resistiu. Foi dirigida nos palcos por Ney Latorraca, Bibi Ferreira, Miguel Falabella e chegou a se apresentar no Lincoln Center, nos EUA, antes de integrar o espetáculo “Divinas Divas” em 2004, que celebrou a trajetória de travestis e transformistas de Copacabana. Em 2016, Leandra Leal lançou o documentário homônimo, que contou com sua participação. A projeção nos palcos a levou à televisão. Ela fez sua primeira aparição na rede Globo em 1995, na novela “Explode Coração”, de Gloria Perez, interpretando a si mesma. Mas foi só a partir deste século que passou a ser vista de forma mais habitual. Sempre como ela mesma, Jane apareceu em “Paraíso Tropical” (2007), “Salve Jorge” (2013) e “A Força do Querer” (2017), atualmente reprisada na TV, além de ter interpretado Patricia Swanson na série “Pé na Cova” (2014). Na vida pessoal, Jane encontrou a felicidade com Otávio Bonfim, com quem viveu por meio século, formalizando a união em 2014, num casamento coletivo que reuniu 160 casais LGBTQIA+. Infelizmente, o marido morreu em 2018, de câncer, e ela só sobreviveu mais dois anos como viúva. Jane faleceu na véspera da estreia de seu primeiro filme, “De Perto Ela Não É Normal”, escrito e protagonizado por Suzana Pires (“Louca para Casar”) e com lançamento marcado para quinta-feira (29/10). Na trama, ela interpretava a funcionária pública Geralda Maltêz. “Ela é a chefe que toda mulher gostaria de ter. Afetuosa, firme e cheia de sororidade. E assim também era a Jane. Esse filme será lançado em sua homenagem”, disse Suzana Pires.
Leonardo Machado (1976 – 2018)
O ator Leonardo Machado, conhecido por participar de novelas da Globo e pela carreira premiada no cinema, morreu na noite de sexta-feira (28/9), aos 42 anos, em Porto Alegre. Ele lutava contra um câncer no fígado desde o ano passado e estava internado no Hospital Moinhos de Vento, na capital gaúcha. Um dos atores de maior projeção no Rio Grande do Sul, ele começou a filmar curtas em 1998, enquanto fazia teatro – estrelou 14 peças – , até se tornar conhecido nacionalmente ao aparecer na novela “O Clone” (2001), na qual figurou como Guilherme. Também teve um pequeno papel em “Senhora do Destino”, em 2005. Mas sua verdadeira projeção se deu no cinema local, a ponto de se tornar o apresentador oficial do Festival de Gramado por dez anos. “Essa função é sempre um prazer. Eu me criei nessa cidade”, ressaltou em entrevista publicada no último ano. Seu primeiro papel em longa-metragem foi uma pequena aparição em “Lara” (2002), cinebiografia de Odete Lara, musa do Cinema Novo, dirigida por Ana Maria Magalhães. Depois, iniciou sua jornada gaúcha, com “Sal de Prata” (2005), de Carlos Gerbase. Dublou a animação “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” (2006), de Otto Guerra, voltou a trabalhar com Gerbase em “3 Efes” (2007), fez “Dias e Noites” (2008), de Beto Souza. E a carreira começou a engatar com o premiado “Valsa para Bruno Stein” (2007), de Paulo Nascimento, vencedor do Festival de Gramado, já como coadjuvante. No segundo filme com Nascimento, “Em Teu Nome” (2009), foi finalmente escalado como protagonista. E conquistou o Kikito de Melhor Ator em Gramado, interpretando um estudante durante a Ditadura Militar (1964-1985). O prêmio abriu de vez as portas na Globo. Ele apareceu na novela “Viver a Vida” (2009), de Manoel Carlos, e se tornou um dos protagonistas da série “Na Forma da Lei”, no papel do juiz Célio Rocha, que trabalhava com a advogada Ana Beatriz (Ana Paula Arósio) no julgamento de crimes investigados por outros personagens. Ainda apareceu na novela “Salve Jorge” (2013) antes de voltar ao Rio Grande do Sul, onde emendou diversas produções regionais de TV – na RBS, do grupo Globo, e na TVE. E deu sequência à sua carreira cinematográfica. A dedicação ao cinema na última década viu sua filmografia se multiplicar e ganhar novos parceiros, como Tabajara Ruas, com quem filmou “Os Senhores da Guerra” (2012), a continuação “Os Senhores da Guerra 2 – Passo da Cruz” (2014) e o ainda inédito “A Cabeça de Gumercindo Saraiva” (2018). Ele esteve ainda entre os protagonistas do épico “O Tempo e o Vento” (2013), adaptação do clássico literário de Érico Veríssimo rodado por Jayme Monjardim com grande elenco (Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, etc). Fez “A Casa Elétrica” (2012), de Gustavo Fogaça, “Insônia” (2013), de Beto Souza, e o recente “Yonlu” (2018), de Hique Montanari, lançado no final de agosto. Mas não há dúvidas de que seu grande parceiro foi Paulo Nascimento, com quem continuou colaborando em mais quatro filmes: “A Casa Verde” (2010), “A Oeste do Fim do Mundo” (2013), “A Superfície da Sombra” (2017) e “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos” (2018). Os dois ficaram amigos durante a gravação da série “Segredo”, uma coprodução da portuguesa RTP e da Globo, realizada em 2005, o que fez com que Leonardo participasse de todos os projetos do diretor desde então – e ainda fosse estimulado a passar para trás das câmeras, enquanto o diretor se viu convencido a ir para a frente, durante a produção da série gaúcha documental “Fim do Mundo” (2011). Esta experiência de explorar as fronteiras da América do Sul inspirou o filme “A Oeste do Fim do Mundo”, que inaugurou outra função na carreira de Leonardo, como produtor de cinema. Por conta disso, venceu o Kikito de Melhor Filme Latino (em coprodução com a Argentina) no Festival de Gramado, além do prêmio do público do evento. Ativo até o fim, Leonardo se jogou no trabalho no fim da vida, estrelando em 2018 nada menos que quatro longas, um curta e uma minissérie da Globo – “Se Eu Fechar Os Olhos Agora”, divulgada apenas em streaming, por enquanto. Além de “Yonlu” e “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, já exibidos, ele ainda poderá ser visto neste ano no mencionado “A Cabeça de Gumercindo Saraiva”, previsto para 25 de outubro, e “Legalidade”, do cineasta Zeca Britto, em que encarna o governador gaúcho Leonel Brizola durante os tumultuados anos 1960 – ainda sem previsão de estreia. Seu colega em “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, Edson Celulari, que também enfrentou um câncer recentemente, lamentou a morte do amigo. “Hoje descansou um amigo que fará muita falta, o querido e talentoso ator Leonardo Machado. Um homem leal, dono de um coração enorme. Companheiro no cinema e parceiro de todas as horas. Que privilégio conhecê-lo!”, escreveu no Instagram.
Solange Badim (1964 – 2017)
Morreu a atriz Solange Badim, conhecida por trabalhar em novelas da Globo. Ela estava internada no Hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio, tratando de um câncer em estado avançado e faleceu por volta das 17h30 de sexta-feira (29/9), aos 53 anos. A família não quis conversar com a imprensa. A informação foi confirmada pela assessoria do hospital, que pertence à família de Solange. A atriz estava internada desde o dia 8 de setembro, mas tratava o câncer há pelo menos 7 anos, que já havia se espalhado. Solange começou a trabalhar como atriz aos 21 anos, e sua carreira era mais voltada para o teatro, por onde conquistou muitos prêmios, entre eles o Prêmio Cultura Inglesa de Teatro, em 1995, com a peça “As Armas e o Homem de Chocolate”, o 2º Prêmio Cesgranrio de Teatro e o APTR, da Associação dos Produtores de Teatro, com “As Bodas de Fígaro”, em 2015. Mas seu trabalho mais popular foi na peça “Emilinha & Marlene, as Rainhas do Rádio”, onde interpretou Marlene. Ela começou tardiamente na TV, tendo sua estreia na novela “Porto dos Milagres”, em 2001. Participou também do piloto da série “A Diarista” e de “Sob Nova Direção”, além de “Malhação”, antes de se destacar na novela “Salve Jorge”, em 2012, com a personagem Delzuíte Aparecida, mãe de Lurdinha (Bruna Marquezine). O último trabalho da atriz foi na peça teatral “A Reunificação das Duas Coreias”, do dramaturgo francês Joë Pommerat, e ela também era produtora de “Lifting, uma Comédia Cirúrgia”. Nas redes sociais, o ex-marido de Solange, Sérgio Marimba, pai de sua filha Sofia Badim, lamentou a morte da atriz: “Venho com muita tristeza e dor notificar a partida da grande atriz Solange Badim, amiga, mãe, parceira e tudo que é de especial que possa existir nesta vida!!!! Siga em paz guerreira, aqui ficamos com uma imensa saudade do seu sorriso e do seu amor. Que nossa Senhora da Conceição te cubra com seu manto de luz e te ampare na sua nova missão, Te Amo”.


