Paul Mooney (1941–2021)
O comediante Paul Mooney morreu nesta quarta (19/5), vítima de um ataque cardíaco, enquanto estava em estava em sua casa, na cidade de Oakland, na Califórnia. Ele tinha 79 anos e era conhecido por uma duradoura parceria com o amigo Richard Pryor (1940–2005). Mooney começou sua vida artística no circo, onde desenvolveu sua paixão por escrever e contar piadas. Ao longo de sua careira, apareceu em várias produções do cinema e da TV, mas começou em 1972 como roteirista de “Sanford and Son”, sitcom pioneira sobre uma família negra. Desde o começo, seu estilo cômico foi marcado por questionamentos sociais, procurando usar o riso como forma de denunciar o racismo e provocar reflexões sobre a política racial nos Estados Unidos. Sua longa parceira profissional com Richard Pryor teve início quando o famoso humorista foi convidado a aparecer na 1ª temporada do programa “Saturday Night Live”, em 1975, e requisitou Mooney para escrever seus esquetes. Ele gostou tanto das piadas que o contratou como roteirista de um especial de TV e de seu próprio programa, “The Richard Pryor Show”, em 1977. Nessa época, as piadas de Mooney lançaram a carreira do ator Robin Williams, que estreava na TV como um dos comediantes da produção da rede NBC. A transição de Mooney para frente das câmeras também começou durante o programa de Pryor e se estendeu para o cinema no mesmo ano, na comédia “O Que Vai Ser Agora?” (1977), também estrelada por Pryor. Os dois voltaram a atuar juntos no clássico “Rompendo Correntes” (1981) e Mooney ainda escreveu o especial “Richard Pryor… Here and Now” (1983) e o drama “Nos Palcos da Vida” (1986), únicos filmes dirigidos pelo comediante, além de servir como “consultor” em “Chuva de Milhões” (1985), um dos maiores sucessos comerciais do amigo. Paralelamente, lançou-se em carreira “solo”, aparecendo em “A História de Buddy Holly” (1977), “Confusões em Hollywood” (1987), “Um Maluco no Exército” (1994) e “A Hora do Show” (2000), que foi dirigido por Spike Lee, entre outros projetos. Ele também se especializou em roteirizar especiais musicais para a televisão e escreveu vários esquetes do famoso programa humorístico dos anos 1990 “In Living Colour”, que lançou Jennifer Lopez, Jamie Foxx e Jim Carrey (além de estabelecer a dinastia de humor da família Wayans). Nos últimos anos, Mooney vinha se dedicando à sua própria carreira como comediante, escrevendo e estrelando shows e especiais de stand up (lançados entre 2002 e 2014).
Cicely Tyson (1924 – 2021)
A pioneira Cicely Tyson, primeira atriz negra a receber um Oscar honorário, morreu aos 96 anos de idade de causas não reveladas. Conhecida por papéis populares, como a cozinheira de “Tomates Verdes Fritos” (1991) e a mãe de Viola Davis na série “Como Defender um Assassino” (How to Get Away with Murder), ela também teve desempenhos aclamados em drama históricos, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1973, venceu dois Emmys e quebrou muitas barreiras raciais ao longo de suas sete décadas de carreira. Com uma trajetória repleta de sucessos no cinema, teatro e televisão, Cicely Louise Tyson fez suas primeiros trabalhos artísticos para revistas de moda. Ela começou como modelo, brilhando nas páginas da Ebony, antes de estrear nas telas em 1951, na série “Fronteiras da Fé” (Frontiers of Faith). Após várias participações em séries e figurações em filmes, conseguiu seu primeiro papel fixo em 1963, na produção dramática “East Side/West Side”, como secretária de George C. Scott (o “Patton”), o que acabou sendo um feito histórico não apenas para sua carreira. Foi a primeira vez que uma atriz negra teve destaque e papel contínuo em uma série da TV americana. Depois disso, participou de “Os Farsantes” (1967), com Elizabeth Taylor, e “Por que Tem de Ser Assim?” (1968), com Alan Arkin, antes de emocionar a Academia com “Lágrimas de Esperança” (Sounder, 1972). No drama do diretor Martin Ritt, Tyson viveu a matriarca de uma família empobrecida do Sul dos EUA, que além da miséria precisava enfrentar o racismo da era da Depressão e manter a família unida após seu marido ser preso por roubar comida. Ela perdeu o troféu de Melhor Atriz para Liza Minnelli, em “Cabaret”, mas seu desempenho neste e em outros filmes finalmente foi reconhecido pela Academia em 2019, quando foi homenageada com um Oscar pela carreira. Apesar disso, sua trajetória foi muito mais marcante na televisão. A indicação ao Oscar (e ao Globo de Ouro) foi seguida por seu desempenho mais impactante, no telefilme “The Autobiography of Miss Jane Pittman” (1974), sobre uma mulher que nasceu escrava e viveu para acompanhar as lutas pelos direitos civis dos anos 1960. A Academia da Televisão se apaixonou pelo filme e pela protagonista, dando à produção nada menos que nove prêmios Emmy, incluindo o de Melhor Atriz para Tyson. O reconhecimento lhe rendeu convite para participar da célebre minissérie “Raízes” (Roots, 1977), primeira obra televisiva dedicada à diáspora africana. Seu desempenho como Binta, a mãe do protagonista Kunta Kinte, voltou a encantar a crítica, rendendo nova indicação ao Emmy. O mesmo aconteceu em relação à seu trabalho na minissérie “King” (1978), em que viveu Coretta Scott King, esposa de Martin Luther King, e na minissérie “The Marva Collins Story” (1981), como uma professora que enfrentou o sistema. Paralelamente às minisséries de prestígio, ela também participou de produções comerciais de cinema, como “Aeroporto 79: O Concorde” (1979), a comédia “Rompendo Correntes” (1981), com Richard Pryor, e “Tomates Verdes Fritos” (1991), drama multigeracional que marcou época. Ela voltou à escravidão na minissérie “Tempos de Guerra” (1994), pela qual ganhou seu segundo e último Emmy, embora tenha conseguido mais nove indicações nos anos seguintes, incluindo por seu último papel em “How to Get Away with Murder”. Cicely Tyson também colocou um Tony (o Oscar do teatro) na estante, pela montagem de “The Trip to Bountiful”, em 2013. Entre seus filmes mais recentes, estão “Histórias Cruzadas” (2011), “A Sombra do Inimigo” (2012), “Evocando Espíritos 2” (2013), “A Melhor Escolha” (2017) e “O Limite da Traição” (2020). E, além da série criminal de Viola Davis, ela também integrava o elenco de “Cherish the Day”, atração criada no ano passado pela cineasta Ava DuVernay. Nenhum desses muitos papéis citados incluiu prostitutas, criminosas ou drogadas, porque ela os considerava degradantes para mulheres negras e queria retratar apenas bons exemplos. “Em sua longa e extraordinária carreira, Cicely Tyson não apenas se superou como atriz, ela moldou o curso da história”, disse o então presidente dos EUA Barack Obama durante a cerimônia de 2016 em que entrou à estrela a Medalha Presidencial da Liberdade. “Cicely tomou uma decisão consciente não apenas de ter uma voz, mas de falar abertamente. As convicções e a graça de Cicely nos ajudaram a ver a dignidade de cada lindo membro da família americana – e ela é simplesmente linda.”

