Organização feminista protesta contra escolha de Polanski para presidir premiação do César, o “Oscar francês”
O cineasta Roman Polanski foi escolhido para presidir a cerimônia de entrega do prêmio César, o “Oscar francês”. Na prática, o cargo significa um discurso durante a cerimônia de premiação. Mas uma associação feminista quer impedir que isto aconteça. “Independentemente da qualidade da filmografia de Polanski, não podemos nos calar para o fato de que há 40 anos ele foge da Justiça americana”, declarou Claire Serre Combe, porta-voz da associação Osez le Feminisme, à agência France-Presse, citando o processo por estupro de menor em 1977, que levou o cineasta a se exilar na França. Para Combe, a escolha de Polanski é um gesto “indigno frente às muitas vítimas de estupros e agressões sexuais”, e uma mostra da “tolerância social que ainda existe sobre o tema do estupro na França”. O site da organização traz uma arte que traz o diretor com um prêmio na mão, entre um título que o chama de pedófilo e um slogan que conclama a parar os agressores. Veja abaixo. Como protesto, foi convocada uma manifestação para o dia e o local da premiação, que acontecerá em 24 de fevereiro, em frente à sala Pleyel, em Paris. Também foi lançado um abaixo assinado virtual para pedir a destituição de Polanski da presidência do César e uma página no Facebook para concentrar a manifestação, mas as iniciativas não mobilizaram multidões – o abaixo-assino atraiu menos de 5 mil assinaturas e a página reuniu menos de 500 pessoas. Polanski tinha 43 anos quando embebedou e estuprou uma adolescente de 13, atraída para uma sessão de fotos. O cineasta confessou ser culpado de “relações sexuais ilegais” com a menor. Anos depois, ele buscou indenizar a vítima, que em troca disse tê-lo perdoado e só querer esquecer o que aconteceu. Ela lançou um livro recente em que aborda o caso. Hoje com 83 anos, o cineasta vive na França com a esposa, a atriz francesa Emmanuelle Seigner. O cineasta franco-polonês, que conquistou o Oscar no exílio por “O Pianista” (2002), vem vencendo todos os pedidos de extradição das autoridades americanas para ser julgado pelo crime nos EUA. Ele chegou a ser preso na Suíça em 2009 e enfrentou um processo na Polônia em 2016, conseguindo vereditos favoráveis em ambas as ocasiões, com pareceres que consideraram que Polanski cumpriu sua pena original, quando passou 42 dias na prisão num acordo firmado em 1977, antes de viajar para a França, fugindo de uma revisão de sua sentença. Polanski tem 8 prêmios César em sua carreira, que começam com os troféus de Melhor Filme e Direção por “Tess”, em 1980, e chegam até seu filme mais recente, “A Pele de Vênus”, premiado como Melhor Direção em 2014.
Polônia encerra caso de extradição contra Polanski, considerando a pena cumprida
O Supremo Tribunal Federal da Polônia rejeitou na terça-feira (6/12) a reabertura do processo de extradição aos Estados Unidos do cineasta franco-polonês Roman Polanski pelo estupro de uma menor de idade em 1977. A corte rejeitou o recurso de cassação apresentado pelo ministro da Justiça da Polônia, Zbigniew Ziobro, o que encerra em definitivo o procedimento de extradição iniciado em 2014 a pedido da justiça americana. Com isso, Polanski poderá filmar à vontade no país de seus pais, sem receio de ser preso. O ator de 83 anos não compareceu à audiência, mas foi informado imediatamente por advogados por mensagem de texto. “Ele está em Paris, rodando um filme”, disse o advogado Jerzy Stachowicz. “O caso está encerrado na Polônia, na Suíça, na França. Esperamos que um dia também aconteça nos Estados Unidos.” Os Estados Unidos solicitaram a extradição de Polanski depois de ele ter aparecido em Varsóvia, em 2014, planejando rodar um longa no país. Um tribunal distrital da cidade de Cracóvia, onde Polanski tem um apartamento, rejeitou o pedido em novembro de 2015. Mas o governo da Polônia fundiu os cargos de procurador-geral e ministro da Justiça, abrindo caminho para solicitar uma anulação do veredicto da corte menor. No início deste ano, o procurador-geral pediu a anulação do julgamento, argumentando que ser uma celebridade ajudou Polanski a escapar da justiça. A Suprema Corte rejeitou o pedido de Ziobro nesta terça-feira. “Ele foi considerado sem fundamento”, disse o juiz Michal Laskowski. Ziobro disse em um comunicado que aceita e respeita a determinação. O juiz afirmou que uma decisão sobre a cassação não dizia respeito ao mérito do caso, mas apenas à legalidade do processo judicial. No entanto, ele observou que Polanski “já cumpriu sua sentença”. Enquanto o acordo com o tribunal americano previa 90 dias de prisão, o artista passou um total de 353 dias de detenção nos Estados Unidos e, mais recentemente, na Suíça – de acordo com um cálculo feito pelo tribunal da Califórnia, citado pelo juiz. Além disso, “38 anos se passaram desde o caso em questão, a parte lesada perdoou publicamente Polanski e este último lhe pagou a indenização que ela cobrava”, disse Laskowski. “Desde então, ele não teve problemas com a justiça. Há mais de 20 anos, leva uma vida familiar estável, trabalha e é um cidadão polonês de 83 anos de idade.” Polanski nasceu na França, que não extradita seus cidadãos, mas visita com frequência a Polônia, terra natal de sua família. Segundo seus advogados, nos últimos tempos ele deixou de viajar temendo ser preso. Por conta disso, desistiu de ir ao funeral do diretor Andrzej Wajda, seu amigo, que foi sepultado em outubro na Cracóvia, no mesmo cemitério que o pai de Polanski. O diretor é considerado foragido da Justiça nos EUA, após ser condenado por ter estuprado uma menor. Em 1977, quando tinha 43 anos, ele foi processado por ter embebedado e violentado Samantha Geimer durante uma sessão de fotos em sua casa. Na época, ela tinha 13 anos. Ele passou 42 dias na prisão depois de fazer um acordo, mas ao final do período fugiu dos EUA, antes do julgamento em definitivo, temendo uma pena longa se o acordo fosse anulado. A linha de defesa dos advogados poloneses consistiu em demonstrar que o pedido de extradição não tinha fundamento, levando em consideração o acordo e o tempo que Polanski passou na prisão, e depois em prisão domiciliar na Suíça, entre 2009 e 2010. Em 2013, Samantha Geimer publicou um livro contando sua história, intitulado “A Menina”. O cineasta atualmente filma a adaptação do premiado romance “Baseado em Fatos Reais”, de Delphine de Vigan, que será estrelada por sua esposa Emmanuelle Seigner e Eva Green (“O Lar das Crianças Peculiares”). E depois disso pretende voltar à Polônia para rodar “The Dreyfus Affair”, adaptação cinematográfica do livro “An Officer and a Spy”, de Robert Harris, que será seu segundo longa totalmente filmado no país, após “A Faca na Água” (1962), no começo de sua carreira.
Kate Bosworth vai viver Sharon Tate no cinema
A atriz Kate Bosworth, que viveu Lois Lane em “Superman – O Retorno”, vai dar vida à atriz Sharon Tate, num filme sobre seu assassinato brutal pelos seguidores de Charles Manson. Segundo o site The Hollywood Reporter, a produção tem roteiro e direção de seu marido, o cineasta Michael Polish (“Sonhando Alto”). Baseado no livro “Sharon Tate and the Manson Murders”, de Greg King, o filme pretende lembrar a carreira da atriz, que estreou nos cinemas em 1966 com o terror “O Olho do Diabo” e encantou o diretor Roman Polanski, que a dirigiu no clássico “Dança dos Vampiros” (1967). Os dois se casaram logo em seguida e ela estava grávida quando psicopatas invadiram a residência do casal, numa chacina que também matou quatro de seus amigos. Os assassinatos brutais foram recentemente recriados na 2ª temporada da série “Aquarius”, estrelada por David Duchovny (“Arquivo X”).
Série Aquarius é cancelada ao final da 2ª temporada
A rede NBC anunciou oficialmente o cancelamento da série “Aquarius”, estrelada por David Duchovny, após duas temporadas de baixa audiência. O programa já parecia destinado ao cancelamento quando a emissora decidiu mudar seu dia de exibição de quinta para sábado, nos episódios finais exibidos em agosto. Em geral, as emissoras americanas não exibem inéditos de séries nas noites de sábado, considerado um dia “morto” da TV. De todo modo, a história chegou a seu final natural, mostrando os assassinatos cometidos pela “família” de Charles Manson. Uma 3ª temporada teria apenas os julgamentos para se focar. Criada pelo roteirista John McNamara (de “In Plain Sight” e “Fastlane”), a série acompanhou o policial (Duchovny) que investigou o vigarista que encantou e reuniu diversas mulheres para formar uma “família” de seguidores, capazes de fazer tudo por ele: ninguém menos que o psicopata Charles Manson (Gethin Anthony, da série “Game of Thrones”). O elenco ainda contava com Grey Damon (série “Friday Night Lights”), Claire Holt (série “The Originals”), Emma Dumont (série “Bunheads”), Michaela McManus (série “The Vampire Diaries”), Chance Kelly (série “Fringe”), Tara Lynne Barr (“6 Miranda Drive”), Gaius Charles (série “Grey’s Anatomy”) e Ambyr Childers (série “Ray Donovan”). Com o fim de “Aquarius” e “The Fall”, estrelada por Gillian Anderson, os dois atores ficaram com as agendas livres para se dedicarem a uma nova temporada de “Arquivo X”.
Eva Green vai estrelar próximo filme de Roman Polanski
A atriz Eva Green entrou no elenco do próximo filme do cineasta Roman Polanski, a adaptação do premiado romance “Baseado em Fatos Reais”, de Delphine de Vigan. E, para variar, interpretará uma personagem desequilibrada. Ela vai contracenar com a esposa do diretor, Emmanuelle Seigner, que é figura constante nos filmes de Polanski desde “Busca Frenética” (1988). Na trama, Seigner viverá o alter-ego de Delphine de Vigan, uma escritora que passa por um bloqueio criativo após o lançamento do último e bem-sucedido livro. O momento difícil é superado com a ajuda de uma nova e maravilhosa amiga, L, papel de Eva Green. O problema é que a amiga, que trabalha como ghost writer, revela-se uma admiradora obsessiva que, em pouco tempo, tenta se intrometer no texto e até na vida íntima da escritora. Lançado no Brasil pela Intrínseca, o livro venceu diversos prêmios literários no ano passado. A adaptação está sendo escrita por outro cineasta, Olivier Assayas, que recentemente recebeu o prêmio de Melhor Diretor do Festival de Cannes por seu filme “Personal Shopper”, uma história de fantasmas com Kristen Stewart, previsto para estrear em dezembro na França. A produção será financiada pelo estúdio americano Lionsgate, marcando uma volta simbólica de Polanski a Hollywood. Mas, como o cineasta não pode sair da França sob pena de ser preso e extraditado para os EUA, as filmagens de “Baseado em uma História Real” começam em novembro, na cidade de Paris. Não está claro se a produção será falada em inglês ou francês. Curiosamente, Eva Green, que é francesa, não filma em sua língua natal desde seu segundo longa-metragem em 2004.
Roman Polanski e Olivier Assayas farão filme juntos
Dois dos cineastas mais reverenciados da França, Roman Polanski (“O Escritor Fantasma”) e Olivier Assayas (“Acima das Nuvens”) vão juntar forças pela primeira vez, na adaptação do premiado romance “Baseado em Fatos Reais”, de Delphine de Vigan. O filme terá roteiro de Assayas e direção de Polanski. “Baseado em Fatos Reais” acompanha uma escritora bem-sucedida chamada Delphine, como a própria autora. Após publicar o que a crítica considera sua obra-prima, ela se vê paralisada diante da obrigação de criar uma nova história e tem a vida complicada por seu envolvimento com uma ghost writer, que explora sua amizade para tentar influenciar seu processo criativo. Lançado no Brasil pela Intrínseca, o livro venceu diversos prêmios literários no ano passado. Atualmente, Polanski está rodando um filme sobre o caso Dreyfus, escândalo político do final do século 19, que levou um capitão judeu a ser acusado de vender informações secretas da França para o governo alemão. Apesar das inconsistências das provas, ele foi condenado à prisão perpétua, mas a situação revoltou os intelectuais da época, inclusive o brasileiro Rui Barbosa. Já Assayas recebeu o prêmio de Melhor Diretor do Festival de Cannes por seu filme mais recente, “Personal Shopper”, história de fantasmas com Kristen Stewart, que estreia em dezembro na França.
Aquarius: Cena da 2ª temporada recria assassinato chocante de Sharon Tate
A rede americana NBC divulgou um comercial e uma cena chocante da 2ª temporada “Aquarius”, série em que David Duchovny (“Arquivo X”) caça o psicopata Charles Manson nos anos 1960. A prévia mostra o cadáver ensanguentado da atriz Sharon Tate (“A Dança dos Vampiros”), mulher do cineasta Roman Polanski (“O Bebê de Rosemary”), que estava grávida de oito meses quando foi assassinada pelos seguidores de Manson (interpretado por Gethin Anthony, da série “Game of Thrones”) em 1969. Criada pelo roteirista John McNamara (de “In Plain Sight” e “Fastlane”), a série acompanha um policial careta (Duchovny), que desdenha da “geração do amor” e começa a investigar um vigarista que está reunindo mulheres para formar uma “família” de seguidores. O elenco ainda conta com Claire Holt (série “The Originals”), Grey Damon (série “Friday Night Lights”), Emma Dumont (série “Bunheads”), Michaela McManus (série “The Vampire Diaries”), Chance Kelly (série “Fringe”), Tara Lynne Barr (“6 Miranda Drive”), Gaius Charles (série “Grey’s Anatomy”) e Ambyr Childers (série “Ray Donovan”). A 2ª temporada estreia na quinta (16/6) nos EUA.
Ministro da Justiça polonês vai reabrir caso de extradição de Polanski
A Polônia vai reabrir o processo de extradição do cineasta franco-polonês Roman Polanski para os EUA, anunciou nesta terça-feira(31/5) o Ministro da Justiça polonês Zbigniew Ziobro. O diretor é acusado de ter estuprado uma menor de idade em 1977 e encontra-se foragido desde então. O ministro informou que apresentará um recurso ao Tribunal Supremo para impugnar “uma decisão do tribunal de Cracóvia de não extraditar aos Estados Unidos Polanski, acusado de um crime cruel contra uma menor, o estupro de uma menor”. A declaração foi feita durante uma entrevista a uma rádio pública. “Para nós, isto não é uma surpresa”, disse à AFP Jerzy Stachowicz, um dos advogados do diretor. “Nós já esperávamos. O senhor Ziobro já havia declarado há algum tempo que faria isto. No momento, não podemos fazer comentários, pois não sabemos se já fez ou se ainda vai fazer”, completou o advogado. O tribunal de Cracóvia rejeitou no dia 30 de outubro a extradição de Roman Polanski e a promotoria da cidade decidiu não apelar contra a decisão. Ele se arriscou a enfrentar o processo na Polônia para poder filmar seu novo drama na terra natal de seus pais. O diretor de clássicos como “O Bebê de Rosemary” (1968), “Chinatown” (1974) e “O Pianista” (2002) foi acusado de violentar Samantha Geimer em 1977, quando ela tinha 13 anos, após uma sessão de fotos em Los Angeles. Na ocasião, ele tinha 43 anos. Embora tenha celebrado um acordo judicial, declarando-se culpado e cumprido pena de 42 dias na prisão, Polanski fugiu para a França ao obter liberdade condicional, antes de uma nova audiência em 1978, temendo que seu acordo original fosse revisto por outro juiz. Como é cidadão francês, ele não pode ser extraditado da França, o que o tornou, desde então, foragido da justiça americana. Mesmo foragido, ele continuou filmando na França e conquistando reconhecimentos da indústria cinematográfica. Chegou até a vencer o Oscar nos EUA, por seu trabalho em “O Pianista”. Mas o caso de quatro décadas não foi esquecido pela justiça americana, que, em 2009, conseguiu convencer a Suiça a prendê-lo, quando ele desembarcou no país a caminho do Festival de Zurique. Curiosamente, o caso repercutiu negativamente e, com o apoio da comunidade artística, ele lutou contra a extradição e ganhou, voltando para sua casa na França. Logo em seguida, foi premiado como Melhor Diretor no Festival de Berlim por “O Escritor Fantasma” (2010). Assim como a justiça suíça, o tribunal de Cracóvia considerou que Polanski tinha cumprido sua pena original e que seus direitos tinham sido violados na perseguição movida pelos EUA. Contudo, a promotoria de Los Angeles argumenta que o diretor continua sendo um fugitivo e está sujeito à prisão imediata nos Estados Unidos, porque ele fugiu do país antes da sentença. Polanski chegou a dizer, em entrevista coletiva logo após a decisão da justiça polonesa, que considerava o caso acabado. “O caso acabou, pelo menos na Polônia, eu espero. Eu posso suspirar com alívio. É difícil descrever quanto tempo, energia e esforço isso custa, quanto sofrimento que trouxe para a minha família”, ele se manifestou, afirmando já ter cumprido sua pena. “É simples. Eu me declarei culpado, eu fui para a prisão. Eu cumpri o meu castigo. Acabou”, resumiu. Uma eventual ordem de extradição não obrigaria Polanski, hoje com 82 anos, a voltar aos EUA, pois ele está na França. Mas atrapalharia seus planos para fazer seu novo longa-metragem na Polônia: “The Dreyfus Affair”, adaptação cinematográfica do livro “An Officer and a Spy”, de Robert Harris. Este seria apenas seu segundo longa totalmente filmado no pais, após “A Faca na Água” (1962), no começo de sua carreira.
Cannes: Woody Allen diz que acusações de abuso sexual da filha são “besteira”
O diretor Woody Allen participou de um almoço com a imprensa internacional em Cannes, em que abordou o suposto abuso sexual de sua filha adotiva, Dylan Farrow, em resposta às críticas de seu outro filho, Ronan Farrow, publicadas nesta semana na revista The Hollywood Reporter. Ronan escreveu um longo texto questionando o silêncio da imprensa presente em Cannes a respeito das acusações que pesam sobre o cineasta, que teria abusado de Dylan quando ela tinha 7 anos, no começo dos anos 1990. Há dois anos, a própria Dylan publicou uma carta no jornal The New York Times relatando o suposto abuso. Dias depois, na mesma publicação, Woody Allen negou ter cometido o crime. E foi tão contundente que ninguém mais falou a respeito. A polêmica teria acabado ali, se Ronan não insistisse em ressuscitá-la. Diante da volta do assunto, Allen foi sucinto. “Eu não falo sobre isso. Fiz a minha declaração há muito tempo no The New York Times, eles me deram bastante espaço para isso. A coisa toda é uma besteira muito grande. Não me incomoda. Não penso a respeito. Trabalho”. Woody Allen tampouco alimenta outra controvérsia, que Ronan Farrow prefere não trazer à tona. Sua mãe, a atriz Mia Farrow, recentemente confessou que talvez ele não fosse filho de Woody Allen, mas sim de Frank Sinatra, seu ex-marido, com quem ela traiu o cineasta. Ronan é bem parecido com Sinatra, mas não fala sobre isso. Prefere criticar “sobre o que vamos fechar os olhos, o que vamos ignorar, o que se conta e o que não se conta”. Durante o almoço, Allen também foi questionado se teria se ofendido com uma piada do apresentador Laurent Laffite na cerimônia de abertura do festival. Em uma referência a Roman Polanski e ao próprio Allen, o comediante francês se dirigiu ao cineasta com a seguinte piada: “Você filma tantos filmes aqui na Europa e nem foi condenado nos Estados Unidos por estupro”. “Precisa de muita coisa para me ofender. O que me incomodou mais na noite passada foi a duração da apresentação antes do filme”, Allen comentou, mais educado que a esposa de Polanski, a atriz Emmanuelle Seigner, que chamou Lafitte de “patético”. Polêmicas recicladas à parte, o novo filme do diretor, “Café Society”, foi muito bem recebido no festival, ganhando elogios rasgados da crítica internacional, que o considerou um dos melhores filmes de abertura de Cannes dos últimos cinco anos – mais exatamente, desde que o próprio Allen abriu o evento com “Meia-Noite em Paris” (2011).
Douglas Slocombe (1913 – 2016)
Morreu o diretor de fotografia Douglas Slocombe, que filmou dezenas de clássicos, deixando sua marca em obras reverenciadas como “A Dança dos Vampiros”, de Roman Polanski, “O Grande Gasby”, estrelado por Robert Redford, e a trilogia original de “Indiana Jones”. Ele faleceu na segunda-feira (22/2) aos 103 anos de idade, em um hospital de Londres, onde era tratado desde janeiro em decorrência de uma queda. Nascido em Londres, em 10 de fevereiro de 1913, Douglas Slocombe começou a demonstrar seu talento para captar imagens como fotojornalista. Ele fotografou para as famosas revistas Life e Paris-Match nos anos 1930, até que, no início da 2ª Guerra Mundial, trocou a máquina fotográfica pela câmera de cinema, interessado em documentar com urgência momentos históricos, como a invasão da Polônia pelas tropas nazistas em 1939. Essas suas primeiras filmagens integraram o célebre documentário “Lights out in Europe” (1940), realizado por Herbert Kline. Ao fim do conflito europeu, ingressou na indústria do cinema britânico. Contratado pelo Ealing Studios, começou sua carreira profissional como operador de câmera do cineasta Charles Crichton em “For Those in Peril” (1944), drama de guerra que mesclou técnicas de filmagem de documentário para criar cenas realistas. Mas foram seus trabalhos na antologia de terror “Na Solidão da Noite” (1945), no segmento dirigido por Alberto Cavalcanti, e em “Grito de Indignação” (1947), a primeira comédia do estúdio, novamente com Crichton, que o tornaram requisitado. As comédias se provaram tão populares para o Ealing que Slocombe praticamente se especializou em filmes do gênero estrelados por Alec Guinness, como “As Oito Vítimas” (1949), “O Mistério da Torre” (1951), “O Homem do Terno Branco” (1951) e “Todos ao Mar!” (1957). Mas entre esses sucessos de bilheteria, ele também aperfeiçoou a construção de atmosferas sinistras em preto e branco, trabalhando com mestres do gênero noir como Basil Dearden em “Do Amor ao Ódio” (1950) e Gordon Parry em “A Tentação e a Mulher” (1958) Sua transição para o cinema colorido veio carregada de vermelho, com o cultuado terror “Circo dos Horrores” (1960), de Sidney Hayers, seguido por um legítimo terror da Hammer, “Grito de Pavor” (1961). Mesmo assim, Slocombe demorou a largar a predileção pelo preto e branco, do qual ainda se valeu para rodar importantes filmes dramáticos como “A Marca do Cárcere” (1961), em que Stuart Whitman viveu um pedófilo, “Freud – Além da Alma” (1962), cinebiografia do pai da psicanálise estrelada por Montgomery Clift, o drama feminista “A Mulher que Pecou” (1962), em que Leslie Caron viveu uma solteira grávida, e principalmente “O Criado” (1963), obra pioneira do homoerotismo, dirigida por Joseph Losey, que lhe rendeu o BAFTA (o Oscar britânico) de Melhor Cinegrafia em Preto e Branco. A repercussão desses filmes o colocou em outro patamar, tornando-o disputado por diretores de blockbusters. Slocombe viu-se obrigado a abandonar o preto e branco definitivamente, ao embarcar nas aventuras “Os Rifles de Batasi” (1964), “Vendaval em Jamaica” (1965), “Crepúsculo das Águias” (1966) e “A Espiã que Veio do Céu” (1967). Aos poucos, porém, começou a selecionar melhor as ofertas de trabalho, o que lhe permitiu encontrar o equilíbrio entre o sucesso comercial e o culto cinéfilo, a partir da comédia de terror “A Dança dos Vampiros” (1967), de Roman Polanski, em que usou locações cobertas de neve para ressaltar, mesmo em cores vibrantes, os contrastes do cinema expressionista. E continua sua série de cults com o suspense “O Homem que Veio de Longe” (1968), de Joseph Losey, o drama de época “O Leão no Inverno” (1968), de Anthony Harvey, o thriller “Um Golpe à Italiana” (1969), de Peter Collinson, a cinebiografia de Tchaikovsky “Delírio de Amor” (1970), de Ken Russell, e o drama de guerra “Seu Último Combate” (1971), de Peter Yates. A sequência impressionante de filmes de alto nível o levou a ser procurado por um mestre da velha Hollywood, George Cukor. Apesar de ser filmada em Londres com Maggie Smith e outros atores britânicos, a comédia “Viagens com a Minha Tia” (1972), de Cukor, acabou se tornando o passaporte de Slocombe para o sonho americano, ao lhe render sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor de Fotografia. A partir daí, ele passou a alternar Londres e Hollywood, acumulando trabalhos nos dois lados do Atlântico, como as produções americanas “Jesus Cristo Superstar” (1973) e “O Grande Gatsby” (1974), que lhe rendeu seu segundo BAFTA, seguidas por “As Criadas” (1975) e “A Vida Pitoresca de Tom Jones” (1976) no Reino Unido. A cinebiografia “Júlia” (1977), em que Jane Fonda viveu a escritora Lillian Hellman, rendeu-lhe sua segunda indicação ao Oscar, além do terceira BAFTA, mas um trabalho menor, realizado no mesmo ano, provou-se mais importante para o futuro de sua carreira. Slocombe conheceu Steven Spielberg na função de quebra-galho, para filmar uma pequena sequência, rodada na Índia, de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” (1977), pois o diretor de fotografia titular da produção não poderia fazer a viagem. O resultado impressionou o jovem diretor, que convidou o cinematógrafo veterano, então com 70 anos de idade, para trabalhar em “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981). Slocombe conquistou sua terceira e última indicação ao Oscar pelo primeiro filme de Indiana Jones. Mas o reconhecimento foi além da Academia. Ao captar e atualizar a sensação de perigo constante e as inúmeras reviravoltas dos velhos seriados de aventura, Slocombe materializou sequências antológicas, que entraram para a história do cinema, ampliando ainda mais seu legado e influência com os filmes seguintes da franquia, “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984) e “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989). Ele ainda filmou “007 – Nunca Mais Outra Vez” (1983), a volta de Sean Connery ao papel de James Bond, e o drama de época “Lady Jane” (1986), com Helena Bonham Carter, antes de se aposentar após o terceiro Indiana Jones, com 75 anos de idade. “Harrison Ford foi Indiana Jones na frente das cameras, mas Dougie foi o meu herói atrás das câmeras”, declarou Spielberg, ao se despedir do velho parceiro.
Polanski vence novo processo e não será extraditado para os EUA
A justiça polonesa negou o pedido dos Estados Unidos para extraditar Roman Polanski, mantendo a suposta impunidade do cineasta no caso de abuso sexual de menor em que foi condenado em 1977. Ele se arriscou a enfrentar o processo na Polônia para garantir o direito de filmar na terra natal de seus pais. O diretor de filmes de sucesso como “O Bebê de Rosemary” (1968), “Chinatown” (1974) e “O Pianista” (2002) foi acusado de violentar Samantha Geimer em 1977, quando ela tinha 13 anos, após uma sessão de fotos em Los Angeles. Ele tinha 43 anos. Embora tenha celebrado um acordo judicial, declarando-se culpado e cumprido pena de 42 dias na prisão, Polanski fugiu para a França ao obter liberdade condicional, antes de uma nova audiência em 1978, temendo que seu acordo original fosse revisto por outro juiz. Como é cidadão francês, ele não poderia ser extraditado do país, o que o tornou, desde então, foragido da justiça americana. Mesmo foragido, ele continuou filmando na França e conquistando reconhecimentos da indústria cinematográfica. Chegou até a vencer o Oscar nos EUA, por seu trabalho em “O Pianista”. Mas o caso de quatro décadas não foi esquecido pela justiça americana, que, em 2009, conseguiu convencer a Suiça a prendê-lo, quando ele desembarcou no país a caminho do Festival de Zurique. Curiosamente, o caso repercutiu negativamente e, com o apoio da comunidade artística, ele lutou contra a extradição e ganhou, voltando para sua casa na França. Logo em seguida, foi premiado como Melhor Diretor no Festival de Berlim por “O Escritor Fantasma” (2010). Assim como a justiça suiça, os poloneses consideraram que Polanski tinha cumprido sua pena original e que seus direitos tinham sido violados na perseguição movida pelos EUA. Contudo, a promotoria de Los Angeles argumenta que o diretor continua sendo um fugitivo e está sujeito à prisão imediata nos Estados Unidos, porque ele fugiu do país antes da sentença. Em entrevista coletiva, Polanski se disse agradecido e aliviado pela decisão do tribunal polonês. “O caso acabou, pelo menos na Polônia, eu espero. Eu posso suspirar com alívio. É difícil descrever quanto tempo, energia e esforço isso custa, quanto sofrimento que trouxe para a minha família”, ele se manifestou, afirmando já ter cumprido sua pena. “É simples. Eu me declarei culpado, eu fui para a prisão. Eu cumpri o meu castigo. Acabou”, resumiu. A promotoria tem até sete dias para recorrer da decisão do tribunal. Se isso não for feito, Polanski ficará livre para rodar na Polônia o seu novo projeto: “The Dreyfus Affair”, adaptação cinematográfica do livro “An Officer and a Spy”, de Robert Harris. A obra conta a história real do militar judeu francês Alfred Dreyfus, que foi falsamente acusado de traição e condenado à prisão na Ilha do Diabo no final do século 19. Logo, a suspeita de um ato de antissemitismo ganhou força e ele acabou exonerado. O caso é famosíssimo e o único exemplo conhecido em que um artista conseguiu mudar de fato o curso da História. O “caso Dreyfus” sofreu reviravolta após o escritor Emile Zola escrever um célebre ensaio editorial, intitulado “J’accuse” (Eu Acuso), no formato de carta aberta ao Presidente da França e publicado na primeira página do jornal L’Aurora. Graças a este texto, a condenação de Dreyfus tomou proporções de escândalo, virando consternação pública e gerando clamores contra a injustiça. Uma eventual ordem de extradição não obrigaria mais Polanski, hoje com 82 anos, a voltar aos EUA, mas atrapalharia seus planos para fazer o longa-metragem na Polônia. Este seria apenas seu segundo longa totalmente filmado no pais, após “A Faca na Água” (1962), no começo de sua carreira.










