Lelia Goldoni, atriz de “Sombras” e “Um Golpe à Italiana”, morre aos 86 anos
A atriz Lelia Goldoni, que brilhou como protagonista em “Sombras” (1958), de John Cassavetes, foi comparsa de Michael Caine em “Um Golpe à Italiana” (1969) e amiga de Ellen Burstyn em “Alice Não Mora Mais Aqui” (1974), morreu no sábado numa residência para atores atores em Englewood, Nova Jersey, aos 86 anos. Nascida em Nova York em 1º de outubro de 1936, Goldoni era prima de segundo grau do famoso jogador do New York Yankees, Phil Rizzuto, e começou a carreira de atriz na infância. Seus primeiros papéis em Hollywood foram como figurante em dois clássicos de 1949: o noir “Sangue do Meu Sangue” de Joseph L. Mankiewicz, e o thriller “Resgate de Sangue” de John Huston. Papéis marcantes Aos 19 anos, ela retornou a Nova York, onde estudou em uma oficina de teatro dirigida por John Cassavetes e Burt Lane em Manhattan. Cassavetes então a escalou em seu principal papel, como Lelia, a mulher independente que é negra, mas passa por branca, em sua obra-prima “Sombras” (1959). Ela recebeu uma indicação ao BAFTA como estreante mais promissora do ano por sua atuação. No cultuado thriller “Um Golpe à Italiana” (1969), de Peter Collinson, ela interpretou a viúva de um criminoso que contrata Michael Caine para o golpe do filme. Já em “Alice Não Mora Mais Aqui” (1974), foi uma das pessoas que a personagem-título, vivida por Ellen Burstyn, encontra em sua jornada em busca de uma vida melhor. A amizade entre as duas oferece um retrato de solidariedade feminina e apoio mútuo, elementos centrais na narrativa do drama de Martin Scorsese. Outros títulos importantes de sua filmografia incluem o suspense hollywoodiano “O Dia do Gafanhoto” (1975), de John Schlesinger, o drama “Irmãos de Sangue” (1978), de Robert Mulligan, e o remake de “Invasores de Corpos” (1978), de Philip Kaufman. A partir dos anos 1980, ela passou a se dedicar a trabalhos televisivos, mas voltou ao cinema em 2012 para um último longa-metragem, o terror bem-sucedido “Filha do Mal”. Mais que atuação Além de sua carreira como atriz, Goldoni também dirigiu e produziu o documentário “Genius on the Wrong Coast”, sobre o coreógrafo Lester Horton. Membro vitalício do The Actors Studio, Goldoni também ensinou técnica de atuação e análise de roteiro no The Lee Strasberg Theatre Institute e nas universidades UCLA e Hampshire College, além de ser palestrante em Stanford, CalArts e na Universidade de Massachusetts. Ela foi casada com o ator Ben Carruthers, seu parceiro de tela em “Sombras”, e com o escritor Robert Rudelson.
Alvin Sargent (1927 – 2019)
Morreu o roteirista Alvin Sargent, que escreveu três filmes do “Homem-Aranha” e venceu dois Oscars por “Julia” (1977) e “Gente como a Gente” (1980). Ele faleceu na quinta-feira (9/5), de causas naturais em sua casa em Seattle, nos Estados Unidos. Ao todo, Sargent assinou mais de duas dúzias de roteiros de longa-metragens desde a década de 1960. Seus créditos também incluem “Lua de Papel” (1973), pelo qual foi indicado ao Oscar. Ele começou sua carreira como vendedor de anúncios da revista Variety nos anos 1950 e sonhava em virar ator. Sua estreia no cinema foi como figurante no clássico “A um Passo da Eternidade” (1954), de Fred Zinnemann. E, por coincidência, Zinnemann também dirigiu “Julia”, que Sargent foi escrever mais de duas décadas depois. A dificuldade para encontrar novos papéis – e vender anúncios – fez com que transformasse um passatempo em carreira. Ele costumava escrever histórias para si mesmo. Um dia, seu agente pegou uma delas e mostrou para produtores de TV. E assim Sargent foi convidado a escrever episódios de séries dramáticas. Ele assinou, entre outras, “Ben Casey”, “Rota 66”, “As Enfermeiras” e “The Alfred Hitchcock Hour” . Seu primeiro roteiro para o cinema foi a comédia de assalto “Como Possuir Lissu” (1966), com Shirley MacLaine e Michael Caine, que fez grande sucesso e chamou atenção de vários cineastas. Isso rendeu novos trabalhos, em que precisou mostrar versatilidade para abordar diferentes gêneros, como o western “A Noite da Emboscada” (1968), a cultuada comédia romântica “Os Anos Verdes” (1969), estrelada pela jovem Liza Minnelli, e o violento policial “O Pecado de um Xerife” (1970). Seus roteiros estavam sendo filmados por jovens diretores em transição para o patamar de mestres – como Robert Mulligan, Alan J. Pakula e John Frankenheimer. E isto atraiu o astro Paul Newman, que chamou o roteirista para escrever “O Preço da Solidão” (1972), adaptação de um peça premiada de Paul Zindel, que o próprio ator dirigiu. A consagração veio logo em seguida, com três indicações à premiação da Academia, rendendo-lhe troféus em duas oportunidades. “Lua de Papel” acabou transformando Tatum O’Neal na mais jovem vencedora do Oscar, aos 10 anos de idade. Mas foram “Julia”, baseada na vida da escritora Lillian Hellman e sua luta contra o Holocausto, e principalmente “Gente como a Gente”, retrato dramático do impacto da morte de um jovem sobre sua família, que lhe deram status de gênio. Assim como fez seu amigo Paul Newman, Robert Redford requisitou o talento de Sargent para escrever a história que marcaria sua estreia no cinema. E “Gente como a Gente”, estrelado por Mary Tyler Moore e Timothy Hutton, venceu, além de Melhor Roteiro, os Oscars de Melhor Direção para o estreante Redford e até o troféu de Melhor Filme do ano. Entre as muitas pessoas influenciadas por aquela obra, o cineasta JJ Abrams (“Star Wars: O Despertar da Força”) frequentemente cita “Gente como a Gente” como inspiração para “Uma Segunda Chance” (1991), o roteiro que deslanchou a sua carreira (quando ele era Jeffrey Abrams). Sargent ainda incluiu “O Cavaleiro Elétrico” (1979), estrelado por Redford, entre esses filmes. E o sucesso dessas produções o tornou um dos roteiristas mais requisitados do período. Especializou-se em dramas e comédias de prestígio de grandes estúdios. “Querem me Enlouquecer” (1987), com Barbra Streisand, “Loucos de Paixão” (1990), com Susan Sarandon, “Nosso Querido Bob” (1991), com Bill Murray, e “Herói por Acidente” (1992), com Dustin Hoffman, fizeram bastante sucesso comercial. Mas nada em sua carreira foi comparável à bilheteria dos dois filmes do “Homem-Aranha” que ele escreveu para o diretor Sam Raimi. O roteirista assinou “Homem-Aranha 2” (2004) e “3” (2007), quando a franquia era estrelada por Tobey Maguire e Kirsten Dunst, e também “O Espetacular Homem-Aranha” (2012), de Marc Webb, protagonizado por Andrew Garfield e Emma Stone. Ele tinha 85 anos quando entregou “O Espetacular Homem-Aranha”, seu último trabalho. A aposentadoria não foi consequência da idade, mas da morte de sua grande parceira. Por 25 anos, Sargent teve a seu lado a produtora e escritora Laura Ziskin, com quem escreveu alguns de seus sucessos. Eles se casaram em 2010, um ano antes de Ziskin perder sua batalha contra o câncer de mama. E Sargent perdeu a vontade de continuar escrevendo.
