Alyssa Milano é presa em protesto político nos EUA
A atriz Alyssa Milano (da série clássica “Charmed”) foi presa ao participar de uma manifestação pelo direito ao voto em frente à Casa Branca na terça-feira (19/9). Ela explicou que foi detida com mais 25 manifestantes. “Eu acabei de ser presa por demandar que o Governo Biden e o Senado usem seus mandatos para proteger o direito ao voto. Junte-se a mim e a (organização) People For The American Way para dizer ao Senado e à Casa Branca que o direito ao voto não deveria depender de onde você mora”, ela escreveu nas redes sociais. Milana integra o organização progressista People For The American Way (PFAW), que organizou o pequeno protesto após iniciativas de estados governados por políticos republicanos criarem dificuldades adicionais para eleitores de regiões pobres, de maioria populacional negra, conseguirem votar nas próximas eleições. “No passado, tivemos 425 projetos de lei para restringir o direito de votar”, apontou Milano, defendendo leis que nacionalizem as regras eleitorais nos EUA. Entre os 25 ativistas presos juntos com Milano estavam o presidente da PFAW Ben Jealous, a legisladora estadual de Geórgia Bee Nguyen e a CEO da League of Women Voters, Virginia Kase Solomón. View this post on Instagram Uma publicação compartilhada por Alyssa Milano (@milano_alyssa) View this post on Instagram Uma publicação compartilhada por Alyssa Milano (@milano_alyssa)
Cineastas Femininas da Espanha repudiam homenagem a Johnny Depp
A Associação de Cineastas Femininas da Espanha repudiou a organização do Festival de Cinema de San Sebastian por conceder sua maior honraria, o prêmio Donostia, a Johnny Depp. Presidente da Associação, a diretora Cristina Andreu (“Brumal”) se disse “muito surpresa” pela escolha dos organizadores do festival. “Isso cria uma má impressão sobre o festival e sua liderança e transmite uma mensagem terrível ao público que não importa se você for um abusador, desde que seja um bom ator”, ela lamentou para a imprensa. Sumido e sem trabalho, depois de enterrar a carreira num escandaloso processo contra a ex-mulher Amber Heard no Reino Unido, que resultou numa sentença que o considerou agressor de mulheres, o ator foi selecionado na segunda-feira (9/8) pelos organizadores do festival espanhol para receber um prêmio por suas realizações. Depois disso, nesta terça (10/9), o Festival Karlovy Vary, realizado na República Tcheca, repetiu o gesto. O timing das duas homenagens é curioso, porque Depp não tem nenhum filme novo para estrear ou mesmo filmar, tendo se tornado proscrito em Hollywood após o veredito que ele próprio provocou ao processar o tabloide britânico The Sun por difamação na Alta Corte de Londres, acusando o jornal de retratá-lo em 2018 como um “espancador de esposa”. Derrotado na ação que deu razão ao jornal por denunciar suas agressões à Amber Heard, ainda foi condenado a pagar 630 mil libras para cobrir os custos da defesa da publicação. O impacto do julgamento, com a exposição da intimidade do casal, com destaque para o vício de Depp, implodiu a carreira do ex-astro, que foi forçado pela Warner Bros. a abdicar de sua participação na franquia “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, do universo cinematográfico de Harry Potter. Seu último longa foi “Minamata”, exibido no Festival de Berlim do ano passado e que permanece inédito no circuito comercial devido à má fama adquirida pelo ator.
Jason Sudeikis aproveita “Ted Lasso” para apoiar jogadores vítimas de racismo
Série mais premiada da Apple TV+, “Ted Lasso” acompanha um técnico de futebol americano nos bastidores fictícios de um time de futebol inglês. Mas se o personagem-título é completamente alienado em relação àquilo que ele chama de “soccer”, seu intérprete, Jason Sudeikis, demonstrou estar muito atento aos meandros do esporte, ao desfilar no tapete vermelho da première da 2ª temporada da série com um traje bastante representativo. No evento realizado no Pacific Design Center em Los Angeles, na noite de quinta (15/7), Sudeikis ostentou uma camisa preta com os nomes de três jogadores negros da seleção de futebol da Inglaterra que se tornaram alvo de uma campanha racista nas redes sociais, após a final da Eurocopa vencida pela Itália. Nesta sexta (16/7), ele reforçou a mensagem em seu Instagram. Veja abaixo. Quando Bukayo Saka, Marcus Rashford e Jadon Sancho perderam seus pênaltis no domingo passado (11/7), durante a decisão, foram imediatamente inundados com insultos racistas nas redes sociais. A camiseta de Sudeikis rendeu grande repercussão. E maior visibilidade ainda para “Ted Lasso”, que na terça-feira (13/7) foi indicada para 20 prêmios Emmy, batendo o recorde de nomeações para um série estreante em todos os tempos. A 2ª temporada estreia na sexta que vem (23/7). O caso de Saka, Rashford e Sancho se tornou um escândalo nacional no Reino Unido, após o Facebook permitir a multiplicação de ofensas, com emojis de macacos e bananas, no Instagram. A repórter Cristina Criddle, que escreve sobre tecnologia para a BBC, usou o Twitter para expor a resposta que recebeu ao denunciar ataques racistas na página do jogador Bukayo Saka no Instagram. “Devido ao grande volume de denúncias que estamos recebendo, nosso time de revisão de denúncias não pode revisar a sua denúncia ainda. Contudo, nossa tecnologia detectou que este comentário provavelmente não fere as regras da comunidade”, dizia o comunicado. Na quarta, o chefe do Instagram, Adam Mosseri, foi a público assumir o erro da plataforma. Um dos visados, o jovem Marcus Rashford, de apenas 21 anos, é considerado um ídolo nacional por liderar uma campanha para prover alimentos para as crianças durante o lockdown do coronavírus no Reino Unido. A polícia inglesa já começou a agir e prendeu quatro pessoas por racismo na quinta-feira. Enquanto isso, o parlamento britânico debate como impedir que ataques semelhantes continuem acontecendo nas redes sociais. Uma das propostas, sugerida pelo jogador do time inglês Arsenal e da seleção brasileira Willian Borges da Silva, é a obrigatoriedade da identificação documental dos usuários das plataformas. A ideia já apareceu em debates no Brasil e foi rechaçada por bolsonaristas. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Jason Sudeikis (@jason_sudeikis)
WarnerMedia reforça boicote ao Globo de Ouro
A WarnerMedia é o novo conglomerado a protestar contra a associação encarregada da premiação do Globo de Ouro. A empresa que contém os estúdios Warner Bros., o canal pago HBO e a plataforma de streaming HBO Max se juntou à Netflix e à Amazon num boicote à Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) até que “mudanças sejam implementadas”. “Embora elogiemos a aprovação dos membros do HFPA do plano para avançar em direção a uma reforma radical, não acreditamos que o plano vá longe o suficiente para abordar a amplitude de nossas preocupações, nem seu cronograma captura a necessidade urgente com a qual essas questões devem ser abordadas”, declarou o alto escalão da WarnerMedia em uma carta aberta endereçada ao presidente da HFPA, Ali Sar. “Os estúdios e canais da WarnerMedia vão se abster de envolvimento direto com a HFPA, incluindo entrevistas coletivas sancionadas pela associação e convites para seus jornalistas cubram outros eventos da indústria, até que as mudanças sejam implementadas”, continua a correspondência. “Isso abrange todas as produções da HBO, HBO Max, Warner Bros. Pictures Group, Warner Bros. Television, TNT e TBS.” Em sua declaração à imprensa, a WarnerMedia apontou: “Por muito tempo, exigências de ‘mimos’, favores especiais e pedidos pouco profissionais foram feitos [pelo time do Globo de Ouro] a nós e a outros em nossa indústria. Nos arrependemos de ter apenas reclamado, mas tolerado esse comportamento, até agora”. O poderoso conglomerado ainda “sugeriu” que as mudanças na HFPA deveriam incluir “um código de conduta específico e bem vigiado, que inclua uma política de tolerância zero a incidentes de contato físico não consentido com atores e equipe”. A sugestão leva em conta uma denúncia de Brendan Fraser (“A Múmia”), que acusou um ex-presidente da HFPA de assédio sexual durante um evento do Globo de Ouro. Sério. Mais detalhes dessa história estão incluídos em outra polêmica da HFPA abordada mais abaixo. A carta foi enviada pela WarnerMedia antes da rede NBC anunciar que não transmitirá o Globo de Ouro de 2022. A credibilidade da associação responsável pelo Globo de Ouro foi colocada em cheque após um escândalo de corrupção e racismo em seus quadros vir à tona no começo do ano. Tudo começou com uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representaria o fim do prêmio. Como se não precisasse de mais confusão, em abril um ex-presidente da entidade, Philip Berk, de 88 anos e ainda membro da HFPA, encaminhou um e-mail aos colegas chamando o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), criado para protestar contra o extermínio de negros pela polícia dos EUA, de “um movimento de ódio racista”. Não satisfeito, ainda comparou uma das líderes do movimento ao psicopata Charles Manson. No texto, ele criticou uma das fundadoras do Black Lives Matter, Patrisse Cullors, por supostamente comprar uma casa no Topango Canyon. “A propriedade se localiza na mesma rua de uma das casas envolvidas nos assassinatos de Charles Manson, o que é apropriado, já que o objetivo dele era começar uma guerra racial. Este trabalho é continuado pelo Black Lives Matter hoje em dia”, disparou Berk. O conteúdo do e-mail foi revelado pelo jornal Los Angeles Times e serviu, aos olhos do mundo, para explicar o motivo da falta de integrantes negros na HFPA. Embora tenha sido rapidamente condenado por outros membros da organização como racista, “vil” e “não apropriada”, a opinião de Berk acendeu o sinal amarelo para o cancelamento do Globo de Ouro. Após mais um escândalo, a rede NBC se manifestou prontamente e começou a considerar encerrar seu contrato para exibir a premiação. Berk foi afastado, mas sua manifestação despropositada ainda lembrou que a HFPA tem o hábito de anunciar medidas que nunca toma. O e-mail foi o terceiro problema criado pelo sul-africano para a associação. Anteriormente, ele chegou a tirar licença após a repercussão de um livro de memórias que lançou em 2014 e que deixou a organização mal com vários artistas. E foi ele quem foi denunciado por assédio sexual pelo ator Brendan Fraser. Segundo o astro de “A Múmia”, Berk apalpou seu bumbum sem permissão durante um evento do Globo de Ouro. A HFPA chegou a dizer que estava investigando a acusação, mas nenhuma ação foi tomada contra seu ex-presidente. Berk continuou votando no Globo de Ouro e influenciando a premiação até este ano. Sem tempo para refletir o estrago, o anúncio das mudanças esperadas para os próximos Globos de Ouro aconteceu na quinta-feira passada (6/5), incluindo a promessa de acrescentar 20 novos membros, a maioria composta por jornalistas negros, a partir de setembro, e mais 20 até o fim do ano que vem. Ao perceber que isto não traria as alterações profundas que muitos esperavam, além de manter o predomínio dos membros atuais, várias empresas e artistas de Hollywood iniciaram protestos que, num efeito em cadeia, colocou em cheque a continuidade do Globo de Ouro. Juntando-se aos protestos, a organização Time’s Up, criada durante o movimento #MeToo para defender minorias de abusos da indústria, resumiu os questionamentos, num comunicado divulgado na sexta. “Infelizmente, a lista de ‘reformas’ adotada ontem e endossada pela NBCUniversal [dona da NBC] e pela Dick Clark Productions [produtora da cerimônia televisiva] é muito insuficiente e dificilmente transformadora. Em vez disso, essas medidas garantem que os atuais membros do HFPA permaneçam em maioria e que o próximo Globo de Ouro seja decidido com os mesmos problemas fundamentais que existem há anos. A lista de recomendações da HFPA em grande parte não contém especificações, nenhum compromisso com responsabilidade real ou mudança, e nenhum cronograma real para implementar essas mudanças. O prazo proposto pela HFPA para 1 de setembro para as primeiras – mas não todas – reformas localiza-se já no próximo ciclo de premiação”, escreveu Tina Chen, presidente e CEO da Time’s Up. “Os chavões de fachada adotados ontem não são nem a transformação que foi prometida nem o que nossa comunidade criativa merece. Qualquer organização que se propõe a julgar nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor”, acrescentou. A coalisão das agências de talento foi na mesma linha. “Temos preocupações específicas sobre o cronograma para mudanças, já que o calendário de premiação tradicional de 2022 se aproxima, e não queremos enfrentar outro ciclo de premiação do Globo de Ouro com a problemática estrutura existente da HFPA”, diz o comunicado conjunto dos empresários, que faz uma ressalva preocupante para a associação: “A menos que o Globo de Ouro seja adiado até 2023…” A indicação favorável ao boicote é reforçada em outro trecho, que encerra o texto: “Continuaremos a nos abster de quaisquer eventos sancionados pela HFPA, incluindo entrevistas coletivas de imprensa, até que essas questões sejam esclarecidas em detalhes com um firme compromisso com um cronograma que respeite a realidade iminente da temporada de 2022. Estamos prontos para colaborar com o HFPA para garantir que o próximo Globo de Ouro – seja em 2022 ou 2023 – represente os valores de nossa comunidade criativa”. A Netflix também não escondeu sua decepção com o plano da HFPA. “Como muitos em nosso setor, esperávamos pelo anúncio na esperança de que vocês reconhecessem a amplitude dos problemas enfrentados pela HFPA e oferecessem um roteiro claro para a mudança”, escreveu Ted Sarandos, chefe de conteúdo da plataforma, considerando o cronograma do plano da HFPA inaceitável. “Portanto, estamos interrompendo todas as atividades com sua organização até que mudanças mais significativas sejam feitas.” A Amazon fez coro. “Não estamos trabalhando com a HFPA desde que essas questões foram levantadas pela primeira vez e, como o resto da indústria, estamos aguardando uma resolução sincera e significativa antes de prosseguirmos”, disse a chefe do Amazon Studios Jennifer Salke. Atores como Mark Ruffalo e Scarlett Johansson expressaram suas frustrações e sugeriram o boicote, enquanto Tom Cruise foi além e devolveu as três estatuetas que tinha conquistado no Globo de Ouro. Pressionado, o comitê responsável por mudar a postura da HFPA terá agora que se desdobrar, acelerar seu cronograma e convencer a indústria de que seu prêmio ainda é viável. Caso contrário, arrisca-se a perder seu contrato milionário com a rede NBC – que ao tirar o Globo de Ouro do calendário de 2022, deu um prazo amplo, mas específico para a organização resolver seus problemas e entrar em sintonia com aquilo que os representantes de Hollywood esperam. O fato é que se os artistas decidirem não participar mais do prêmio, o Globo de Ouro deixa de ter viabilidade como programa de televisão e simplesmente acabará.
NBC não exibirá o Globo de Ouro em 2022
O Globo de Ouro recebeu seu golpe mais mortal. A rede NBC anunciou que não vai transmitir a premiação em 2022. O contrato milionário com o canal, pelos direitos de transmissão da cerimônia, é que sustenta a Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês). Sem esse negócio, não só o Globo de Ouro, mas a própria entidade corre o risco de se tornar inviável. A NBC divulgou a seguinte declaração nesta segunda-feira (10/5): “Continuamos a acreditar que o HFPA está comprometida com uma reforma significativa. No entanto, uma mudança dessa magnitude exige tempo e trabalho, e acreditamos fortemente que o HFPA precisa de tempo para fazê-lo da maneira certa. Como tal, a NBC não irá transmitir o Globo de Ouro de 2022. Supondo que a organização execute seu plano, temos esperança de estar em posição de transmitir o programa em janeiro de 2023”. A decisão ecoa a pressão das plataformas Amazon e Netflix, de uma coalizão de 100 agências de talentos, que representam as principais estrelas do cinema e da televisão dos EUA e do Reino Unido, e, nas últimas horas, também da WarnerMedia. Todos anunciaram rompimento com a HFPA. As agências ainda chegaram a sugerir especificamente o cancelamento do Globo de Ouro em 2022, diante da falta de pressa da associação para promover as mudanças esperadas pela indústria do entretenimento. A credibilidade da HFPA foi colocada em cheque após um escândalo de corrupção e racismo em seus quadros vir à tona no começo do ano. Tudo começou com uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representaria o fim do prêmio. Como se não precisasse de mais confusão, em abril um ex-presidente da entidade, Philip Berk, de 88 anos e ainda membro da HFPA, encaminhou um e-mail aos colegas chamando o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), criado para protestar contra o extermínio de negros pela polícia dos EUA, de “um movimento de ódio racista”. Não satisfeito, ainda comparou uma das líderes do movimento ao psicopata Charles Manson. No texto, ele criticou uma das fundadoras do Black Lives Matter, Patrisse Cullors, por supostamente comprar uma casa no Topango Canyon. “A propriedade se localiza na mesma rua de uma das casas envolvidas nos assassinatos de Charles Manson, o que é apropriado, já que o objetivo dele era começar uma guerra racial. Este trabalho é continuado pelo Black Lives Matter hoje em dia”, disparou Berk. O conteúdo do e-mail foi revelado pelo jornal Los Angeles Times e serviu, aos olhos do mundo, para explicar o motivo da falta de integrantes negros na HFPA. Embora tenha sido rapidamente condenado por outros membros da organização como racista, “vil” e “não apropriada”, a opinião de Berk acendeu o sinal amarelo para o cancelamento do Globo de Ouro. Após mais um escândalo, a rede NBC se manifestou prontamente e começou a considerar encerrar seu contrato para exibir a premiação. Berk foi afastado, mas sua manifestação despropositada ainda lembrou que a HFPA tem o hábito de anunciar medidas que nunca toma. O e-mail foi o terceiro problema criado pelo sul-africano para a associação. Anteriormente, ele chegou a tirar licença após a repercussão de um livro de memórias que lançou em 2014 e que deixou a organização mal com vários artistas. E em 2018 ele foi denunciado por assédio sexual pelo ator Brendan Fraser. Segundo o astro de “A Múmia”, Berk apalpou seu bumbum sem permissão durante um evento do Globo de Ouro. A HFPA chegou a dizer que estava investigando a acusação, mas nenhuma ação foi tomada contra seu ex-presidente. Ele continuou votando no Globo de Ouro e influenciando a premiação até este ano. Sem tempo para refletir o estrago, o anúncio das mudanças esperadas para os próximos Globos de Ouro aconteceu na quinta-feira passada (6/5), incluindo a promessa de acrescentar 20 novos membros, a maioria composta por jornalistas negros, a partir de setembro, e mais 20 até o fim do ano que vem. Ao perceber que isto não traria as alterações profundas que muitos esperavam, além de manter o predomínio dos membros atuais, várias empresas e artistas de Hollywood iniciaram protestos que, num efeito em cadeia, colocou em cheque a continuidade do Globo de Ouro. Juntando-se aos protestos, a organização Time’s Up, criada durante o movimento #MeToo para defender minorias de abusos da indústria, resumiu os questionamentos, num comunicado divulgado na sexta. “Infelizmente, a lista de ‘reformas’ adotada ontem e endossada pela NBCUniversal [dona da NBC] e pela Dick Clark Productions [produtora da cerimônia televisiva] é muito insuficiente e dificilmente transformadora. Em vez disso, essas medidas garantem que os atuais membros do HFPA permaneçam em maioria e que o próximo Globo de Ouro seja decidido com os mesmos problemas fundamentais que existem há anos. A lista de recomendações da HFPA em grande parte não contém especificações, nenhum compromisso com responsabilidade real ou mudança, e nenhum cronograma real para implementar essas mudanças. O prazo proposto pela HFPA para 1 de setembro para as primeiras – mas não todas – reformas localiza-se já no próximo ciclo de premiação”, escreveu Tina Chen, presidente e CEO da Time’s Up. “Os chavões de fachada adotados ontem não são nem a transformação que foi prometida nem o que nossa comunidade criativa merece. Qualquer organização que se propõe a julgar nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor”, acrescentou. A coalisão das agências de talento foi na mesma linha. “Temos preocupações específicas sobre o cronograma para mudanças, já que o calendário de premiação tradicional de 2022 se aproxima, e não queremos enfrentar outro ciclo de premiação do Globo de Ouro com a problemática estrutura existente da HFPA”, diz o comunicado conjunto dos empresários, que faz uma ressalva preocupante para a associação: “A menos que o Globo de Ouro seja adiado até 2023…” A indicação favorável ao boicote é reforçada em outro trecho, que encerra o texto: “Continuaremos a nos abster de quaisquer eventos sancionados pela HFPA, incluindo entrevistas coletivas de imprensa, até que essas questões sejam esclarecidas em detalhes com um firme compromisso com um cronograma que respeite a realidade iminente da temporada de 2022. Estamos prontos para colaborar com o HFPA para garantir que o próximo Globo de Ouro – seja em 2022 ou 2023 – represente os valores de nossa comunidade criativa”. A Netflix também não escondeu sua decepção com o plano da HFPA. “Como muitos em nosso setor, esperávamos pelo anúncio na esperança de que vocês reconhecessem a amplitude dos problemas enfrentados pela HFPA e oferecessem um roteiro claro para a mudança”, escreveu Ted Sarandos, chefe de conteúdo da plataforma, considerando o cronograma do plano da HFPA inaceitável. “Portanto, estamos interrompendo todas as atividades com sua organização até que mudanças mais significativas sejam feitas.” A Amazon fez coro. “Não estamos trabalhando com a HFPA desde que essas questões foram levantadas pela primeira vez e, como o resto da indústria, estamos aguardando uma resolução sincera e significativa antes de prosseguirmos”, disse a chefe do Amazon Studios Jennifer Salke. Atores como Mark Ruffalo e Scarlett Johansson expressaram suas frustrações e sugeriram o boicote, enquanto Tom Cruise foi além e devolveu as três estatuetas que tinha conquistado no Globo de Ouro. Pressionado, o comitê responsável por mudar a postura da HFPA terá agora que se desdobrar, acelerar seu cronograma e convencer a indústria de que seu prêmio ainda é viável. Caso contrário, arrisca-se a perder seu contrato milionário com a rede NBC – que ao tirar o Globo de Ouro do calendário de 2022, deu um prazo amplo, mas específico para a organização resolver seus problemas e entrar em sintonia com aquilo que os representantes de Hollywood esperam. O fato é que se os artistas decidirem não participar mais do prêmio, o Globo de Ouro deixa de ter viabilidade como programa de televisão e simplesmente acabará.
Tom Cruise devolve troféus do Globo de Ouro em protesto
O astro Tom Cruise devolveu suas três estatuetas do Globo de Ouro para a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês). Ele tinha troféus de Melhor Ator por “Nascido em 4 de Julho” (1989) e “Jerry Maguire” (1996), além de Melhor Ator Coadjuvante por “Magnólia” (1999). O gesto foi o protesto mais claro de um astro de Hollywood contra a associação responsável pela tradicional premiação de cinema e TV dos EUA, e acontece após Scarlett Johansson defender boicote contra a HFPA e a Amazon, Netflix e uma coalizão de 100 agências de talentos (responsáveis pelas carreiras das estrelas da indústria do entretenimento) ameaçarem não trabalhar mais com os jornalistas estrangeiros responsáveis pelo Globo de Ouro. A credibilidade da HFPA foi colocada em cheque após realizar uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representaria o fim do prêmio. O anúncio das mudanças aconteceu na quinta-feira passada (6/5), incluindo a promessa de acrescentar 20 novos membros, a maioria composta por jornalistas negros, mas apenas a partir de setembro, quando a temporada de premiação estiver começando. Ao perceber que isto não traria as alterações profundas que muitos esperavam, além de manter o predomínio dos membros atuais, várias empresas e artistas de Hollywood iniciaram protestos que, num efeito em cadeia, ameaça a continuidade do Globo de Ouro.
Scarlett Johansson defende boicote contra o Globo de Ouro
Scarlett Johansson se tornou uma das primeiras estrelas de Hollywood a se manifestar claramente a favor de um boicote contra o Globo de Ouro. Em um comunicado divulgado à imprensa neste sábado (8/5), a intérprete de Viúva Negra destacou que cansou de enfrentar “perguntas e comentários sexistas” de jornalistas da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), organização responsável pela premiação do Globo de Ouro, e sugeriu que a indústria do cinema e da televisão se juntasse, após as iniciativas da Netflix, da Amazon e de 100 agências de talentos, que decidiram boicotar o Globo de Ouro pela dificuldade da entidade de adotar medidas para sanar seus problemas crônicos de falta de ética e representatividade. “Espera-se que uma atriz que promova um filme participe da temporada de premiações, o que inclui entrevistas coletivas e de cerimônias de premiação”, disse Johansson em seu comunicado. “No passado, isso geralmente significava enfrentar perguntas e comentários sexistas de certos membros da HFPA que beiravam o assédio sexual. Foi também a razão exata pela qual eu, por muitos anos, me recusei a participar de suas coletivas. A HFPA é uma organização que foi legitimada por nomes como Harvey Weinstein para ganhar impulso como prévia do reconhecimento da Academia e a indústria os seguiu. A menos que haja uma reforma fundamental necessária dentro da organização, acredito que é hora de dar um passo atrás em relação à HFPA e nos concentrar na importância e na força da unidade dentro de nossos sindicatos e da indústria como um todo”, ela concluiu. A declaração foi a mais contundente, mas não a única entre os astros de cinema dos EUA. Seu colega da Marvel, Mark Ruffalo, que venceu um Globo de Ouro neste ano (por seu papel na minissérie “I Know This Much Is True”), manifestou-se na noite de sexta (7/5) dizendo que era hora de “corrigir os erros do passado” da premiação, dizendo-se desanimado com a falta de empenho da entidade para mudar. “É desanimador ver a HFPA, que ganhou destaque e lucrou muito com seu envolvimento com cineastas e atores, resistir à mudança que está sendo pedida por muitos dos grupos que foram os mais privados de direitos por sua cultura de sigilo e exclusão. Agora é a hora de intensificar e corrigir os erros do passado”, ele declarou. “Nossa indústria está abraçando a oportunidade de maior igualdade neste belo momento. Não é perfeito ou exagerado, mas é claro o que deve acontecer e como. O Movimento de Justiça está oferecendo a todos nós, à HFPA e a todas as outras entidades de entretenimento, um bom caminho a seguir. Todos nós devemos seguir o exemplo. É nosso público e nosso maior senso de decência que estamos servindo com essas mudanças. Ambos são merecedores.” Os comentários refletem a frustração da indústria do entretenimento com as mudanças anunciadas pela HFPA na quinta-feira (6/5), como parte de um esforço para salvar o Globo de Ouro. A HFPA foi forçada a reavaliar seu funcionamento após realizar uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representaria o fim do prêmio. O anúncio das mudanças aconteceu nesta semana, incluindo a promessa de acrescentar 20 novos membros, a maioria composta por jornalistas negros, mas apenas a partir de setembro, quando a temporada de premiação estiver começando. Ao perceber que isto não traria as alterações profundas que muitos esperavam, além de manter o predomínio dos membros atuais, plataformas como Amazon e Netflix, representantes de 100 agências de talentos (que cuidam da carreira das estrelas de Hollywood) e até os próprios artistas começaram a reagir com decepção, anunciando um boicote à premiação. “Infelizmente, a lista de ‘reformas’ adotada ontem e endossada pela NBCUniversal [dona da NBC] e pela Dick Clark Productions [produtora da cerimônia televisiva] é muito insuficiente e dificilmente transformadora. Em vez disso, essas medidas garantem que os atuais membros do HFPA permaneçam em maioria e que o próximo Globo de Ouro seja decidido com os mesmos problemas fundamentais que existem há anos. A lista de recomendações da HFPA em grande parte não contém especificações, nenhum compromisso com responsabilidade real ou mudança, e nenhum cronograma real para implementar essas mudanças. O prazo proposto pela HFPA para 1 de setembro para as primeiras – mas não todas – reformas localiza-se já no próximo ciclo de premiação”, escreveu Tina Chen, presidente e CEO da Time’s Up. “Os chavões de fachada adotados ontem não são nem a transformação que foi prometida nem o que nossa comunidade criativa merece. Qualquer organização que se propõe a julgar nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor”, acrescentou. A coalisão das agências de talento foi na mesma linha. “Temos preocupações específicas sobre o cronograma para mudanças, já que o calendário de premiação tradicional de 2022 se aproxima, e não queremos enfrentar outro ciclo de premiação do Globo de Ouro com a problemática estrutura existente da HFPA”, diz o comunicado conjunto dos empresários, que faz uma ressalva preocupante para a associação: “A menos que o Globo de Ouro seja adiado até 2023…” A Netflix também não escondeu sua decepção com o plano da HFPA. “Como muitos em nosso setor, esperávamos pelo anúncio na esperança de que vocês reconhecessem a amplitude dos problemas enfrentados pela HFPA e oferecessem um roteiro claro para a mudança”, escreveu Ted Sarandos, chefe de conteúdo da plataforma, considerando o cronograma do plano da HFPA inaceitável. “Portanto, estamos interrompendo todas as atividades com sua organização até que mudanças mais significativas sejam feitas.” A Amazon fez coro. “Não estamos trabalhando com a HFPA desde que essas questões foram levantadas pela primeira vez e, como o resto da indústria, estamos aguardando uma resolução sincera e significativa antes de prosseguirmos”, disse a chefe do Amazon Studios Jennifer Salke. Pressionado, o comitê agora terá que mostrar serviço, acelerar seu cronograma e convencer a indústria de que seu prêmio ainda é viável. Caso contrário, arrisca-se a perder seu contrato milionário com a rede NBC, que viabiliza o Globo de Ouro em troca da transmissão televisiva, pagando os polpudos salários dos membros da associação. O fato é que se os artistas não aparecerem, a cerimônia do Globo de Ouro deixa de ter atrativo como programa de televisão.
Amazon se junta à Netflix em boicote ao Globo de Ouro
A Amazon se aliou à Netflix na ameaça de boicote ao Globo de Ouro 2022. Após o chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, anunciar que está “interrompendo todas as atividades” da plataforma com a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), grupo responsável pela distribuição anual dos prêmios do Globo de Ouro, Jennifer Salke, sua equivalente da Amazon, também emitiu um comunicado reafirmando o mesmo. “Não estamos trabalhando com a HFPA desde que essas questões foram levantadas pela primeira vez e, como o resto da indústria, estamos aguardando uma resolução sincera e significativa antes de prosseguirmos”, disse a chefe do Amazon Studios na sexta-feira (7/5) à noite. Além das duas maiores plataformas de streaming, representantes de 100 agências de talentos, responsáveis por cuidar dos interesses dos principais artistas de cinema e TV dos EUA e Reino Unido, avisaram que não haverá Globo de Ouro em 2022 se a HFPA não alterar as regras da entidade para acelerar a inclusão de minorias e eliminar problemas éticos do prêmio antes da próxima votação. A HFPA foi forçada a reavaliar seu funcionamento após realizar uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representa o fim do prêmio. Para impedir o boicote, a HFPA anunciou na quinta uma proposta que previa a contratação de um diretor de diversidade e a ampliação do alcance da Associação para incluir correspondentes internacionais de todos os EUA e não apenas de Los Angeles, com ênfase no recrutamento de jornalistas negros. Entretanto, isso só começaria em setembro e provavelmente não afetaria a próxima premiação. A transição começaria com a adição de 20 novos membros, que se somariam aos atuais 87 ainda neste ano, com o compromisso de acrescentar pelo menos outros 20 membros até o fim de 2022. Outra mudança estabelecida foi a proibição de convites para viagens gratuitas e outras formas de suborno (denominadas de “itens promocionais”) por parte dos estúdios de Hollywood, com a obrigação dos membros de seguir normas de condutas que seriam melhor elaboradas mais adiante. A proposta do conselho da HFPA contou com apoio da rede NBC, que exibe o Globo de Ouro nos EUA, e dos produtores do show, mas ficou muito aquém da mudança esperada pelo mercado. Juntando-se aos protestos, a organização Time’s Up, criada durante o movimento #MeToo para defender minorias de abusos da indústria, resumiu o questionamento que juntou Netflix, Amazon e agências de talento na ameaça de boicote, que inviabilizaria a realização da premiação em 2022. “Infelizmente, a lista de ‘reformas’ adotada ontem e endossada pela NBCUniversal [dona da NBC] e pela Dick Clark Productions [produtora da cerimônia televisiva] é muito insuficiente e dificilmente transformadora. Em vez disso, essas medidas garantem que os atuais membros do HFPA permaneçam em maioria e que o próximo Globo de Ouro seja decidido com os mesmos problemas fundamentais que existem há anos. A lista de recomendações da HFPA em grande parte não contém especificações, nenhum compromisso com responsabilidade real ou mudança, e nenhum cronograma real para implementar essas mudanças. O prazo proposto pela HFPA para 1 de setembro para as primeiras – mas não todas – reformas localiza-se já no próximo ciclo de premiação”, escreveu Tina Chen, presidente e CEO da Time’s Up. “Os chavões de fachada adotados ontem não são nem a transformação que foi prometida nem o que nossa comunidade criativa merece. Qualquer organização que se propõe a julgar nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor”, acrescentou. A coalisão das agências de talento foi na mesma linha. “Temos preocupações específicas sobre o cronograma para mudanças, já que o calendário de premiação tradicional de 2022 se aproxima, e não queremos enfrentar outro ciclo de premiação do Globo de Ouro com a problemática estrutura existente da HFPA”, diz o comunicado conjunto dos empresários, que faz uma ressalva preocupante para a associação: “A menos que o Globo de Ouro seja adiado até 2023…” A indicação favorável ao boicote é reforçada em outro trecho, que encerra o texto: “Continuaremos a nos abster de quaisquer eventos sancionados pela HFPA, incluindo entrevistas coletivas de imprensa, até que essas questões sejam esclarecidas em detalhes com um firme compromisso com um cronograma que respeite a realidade iminente da temporada de 2022. Estamos prontos para colaborar com o HFPA para garantir que o próximo Globo de Ouro – seja em 2022 ou 2023 – represente os valores de nossa comunidade criativa”. A Netflix também não escondeu sua decepção com o plano da HFPA. “Como muitos em nosso setor, esperávamos pelo anúncio na esperança de que vocês reconhecessem a amplitude dos problemas enfrentados pela HFPA e oferecessem um roteiro claro para a mudança”, escreveu Ted Sarandos, considerando o cronograma do plano da HFPA inaceitável. “Portanto, estamos interrompendo todas as atividades com sua organização até que mudanças mais significativas sejam feitas.” Pressionado, o comitê agora terá que mostrar serviço, acelerar seu cronograma e convencer os contrariados da HFPA que precisarão ceder os anéis para não ficar sem os dedos. Ou melhor, ficar sem o Globo de Ouro, que, no atual ritmo, certamente perderá apoio da indústria e de artistas, colocando em risco seu contrato milionário com a rede NBC – que é quem paga os polpudos salários dos membros da associação.
Netflix e representantes de artistas anunciam boicote ao Globo de Ouro
As mudanças anunciadas na quinta (6/5) pelo comitê da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês), grupo responsável pela distribuição anual dos prêmios do Globo de Ouro, foram consideradas insuficientes por vários integrantes da indústria do entretenimento. Uma coalisão de mais de 100 agências de talentos, o grupo de pressão Time’s Up e até a Netflix anunciaram na sexta que irão boicotar eventos da HFPA, incluindo o Globo de Ouro, até que mudanças mais substanciais sejam implantadas. Os agentes de talento, representando os principais artistas de cinema e TV dos EUA e Reino Unido, chegaram a dizer que não haverá Globo de Ouro em 2022 se a HFPA seguir adiante com o plano anunciado, que começaria a ser implantado apenas em setembro e ainda deixa várias iniciativas sem cronograma. Qualquer premiação votada pelos atuais membros da associação será boicotada pelos astros de Hollywood. A HFPA foi forçada a reavaliar seu funcionamento após realizar uma das seleções mais controversas de indicados ao Globo de Ouro de todos os tempos, que originou acusações de “falta de representatividade” (eufemismo de racismo) em fevereiro. “Um constrangimento completo e absoluto”, escreveu Scott Feinberg, o respeitado crítico de cinema da revista The Hollywood Reporter, sobre os indicados. Dias depois, uma reportagem-denúncia do jornal Los Angeles Times revelou que a HFPA não tinha nenhum integrante negro. Para piorar, a reportagem ainda demonstrou que o costume de aceitar presentes dos estúdios influenciava votos na premiação. Um exemplo citado foi uma viagem totalmente paga para membros da HFPA para o set de “Emily em Paris” na França, que acabou revertida em indicação para a série da Netflix disputar o Globo de Ouro, na vaga de produções de maior qualidade. A polêmica gerou vários protestos online e chegou a ofuscar a cerimônia do Globo de Ouro deste ano, que teve sua pior audiência de todos os tempos. Na ocasião, o presidente da entidade se comprometeu a rever o modelo de funcionamento da HFPA. Mas, por via das dúvidas, vários setores da indústria anunciaram que cobrariam para que isso não ficasse no discurso, ameaçando proibir seus contratados (todos os grandes atores de cinema e TV) de participarem do Globo de Ouro de 2022 – o que, na prática, representa o fim do prêmio. Para impedir o boicote, a HFPA anunciou na quinta uma proposta que previa a contratação de um diretor de diversidade e a ampliação do alcance da Associação para incluir correspondentes internacionais de todos os EUA e não apenas de Los Angeles, com ênfase no recrutamento de jornalistas negros. Entretanto, isso só começaria em setembro e provavelmente não afetaria a próxima premiação. A transição começaria com a adição de 20 novos membros, que se somariam aos atuais 87 ainda neste ano, com o compromisso de acrescentar pelo menos outros 20 membros até o fim de 2022. Outra mudança estabelecida foi a proibição de convites para viagens gratuitas e outras formas de suborno (denominadas de “itens promocionais”) por parte dos estúdios de Hollywood, com a obrigação dos membros de seguir normas de condutas que seriam melhor elaboradas mais adiante. A proposta do conselho da HFPA contou com apoio da rede NBC, que exibe o Globo de Ouro nos EUA, e dos produtores do show, mas ficou muito aquém da mudança esperada pelo mercado. A Netflix foi bem clara nesse sentido, em comunicado assinado por seu chefe de conteúdo, Ted Sarandos, nesta sexta. “Como muitos em nosso setor, esperávamos pelo anúncio na esperança de que vocês reconhecessem a amplitude dos problemas enfrentados pela HFPA e oferecessem um roteiro claro para a mudança”, escreveu Sarandos. Mas o cronograma do plano da HFPA foi considerado inaceitável. “Portanto, estamos interrompendo todas as atividades com sua organização até que mudanças mais significativas sejam feitas.” “Sabemos que você tem muitos membros bem-intencionados que desejam uma mudança real”, continuou Sarandos, “e que todos nós temos mais trabalho a fazer para criar uma indústria igualitária e inclusiva. Mas a Netflix e muitos dos talentos e criadores com que trabalhamos não podem ignorar o fracasso coletivo da HFPA em abordar essas questões cruciais com urgência e rigor”. A revista The Hollywood Reporter apurou que Sarandos ficou particularmente descontente com o fato de que cerca de 10% dos atuais membros do HFPA votaram contra as mudanças – ou se abstiveram de votar durante a discussão do tema. A coalisão das agências de talento foi na mesma linha. “Temos preocupações específicas sobre o cronograma para mudanças, já que o calendário de premiação tradicional de 2022 se aproxima, e não queremos enfrentar outro ciclo de premiação do Globo de Ouro com a problemática estrutura existente da HFPA”, diz o comunicado conjunto das empresas, que faz uma ressalva preocupante para a associação: “A menos que o Globo de Ouro seja adiado até 2023…” A sugestão de boicote, que não permitiria a realização do Globo de Ouro em 2022, é reforçada em outro trecho, que encerra o texto: “Continuaremos a nos abster de quaisquer eventos sancionados pela HFPA, incluindo entrevistas coletivas de imprensa, até que essas questões sejam esclarecidas em detalhes com um firme compromisso com um cronograma que respeite a realidade iminente da temporada de 2022. Estamos prontos para colaborar com o HFPA para garantir que o próximo Globo de Ouro – seja em 2022 ou 2023 – represente os valores de nossa comunidade criativa”. Juntando-se aos protestos, a organização Time’s Up, criada durante o movimento #MeToo para defender minorias de abusos da indústria, também reclamou das generalizações da proposta do comitê, exigindo ações mais claras. “Infelizmente, a lista de ‘reformas’ adotada ontem e endossada pela NBCUniversal [dona da NBC] e pela Dick Clark Productions [produtora da cerimônia televisiva] é muito insuficiente e dificilmente transformadora. Em vez disso, essas medidas garantem que os atuais membros do HFPA permaneçam em maioria e que o próximo Globo de Ouro seja decidido com os mesmos problemas fundamentais que existem há anos. A lista de recomendações da HFPA em grande parte não contém especificações, nenhum compromisso com responsabilidade real ou mudança, e nenhum cronograma real para implementar essas mudanças. O prazo proposto pela HFPA para 1 de setembro para as primeiras – mas não todas – reformas localiza-se já no próximo ciclo de premiação”, escreveu Tina Chen, presidente e CEO da Time’s Up. “Os chavões de fachada adotados ontem não são nem a transformação que foi prometida nem o que nossa comunidade criativa merece. Qualquer organização que se propõe a julgar nossa vibrante comunidade de criadores e talentos deve fazer melhor”, acrescentou. Pressionado, o comitê agora terá que mostrar serviço, acelerar seu cronograma e convencer os contrariados da HFPA que precisarão ceder os anéis para não ficar sem os dedos. Ou melhor, ficar sem o Globo de Ouro, que, no atual ritmo, certamente perderá apoio da indústria e de artistas, colocando em risco seu contrato milionário com a rede NBC – que é quem paga os polpudos salários dos membros da associação.
Primeiro protesto da história do Oscar vira documentário
O primeiro discurso de protesto do Oscar está completando 48 anos. Mas em vez de ser celebrada pela façanha, a responsável pelo momento histórico lamenta ter sido esquecida – na verdade, segregada – pela indústria cinematográfica norte-americana. Sacheen Littlefeather se tornou mundialmente conhecida ao subir no palco do Dorothy Chandler Pavilion em 1973 para aceitar um Oscar destinado a Marlon Brando. Vencedor do troféu de Melhor Ator Coadjuvante por “O Poderoso Chefão”, Brando decidiu não ir à cerimônia, escalando a jovem de 26 anos como sua representante para receber – ou melhor, recusar – o prêmio. Ela surpreendeu a Academia com seu discurso, ao afirmar que Brando recusava o Oscar em protesto contra a péssima representação de nativos americanos nos filmes de Hollywood, sempre retratados de forma estereotipada. “Quando vocês nos estereotipam, vocês nos desumanizam”, ela apontou, sob uma mistura sonora de vaias e aplausos. Naquele momento, John Wayne, que estava nos bastidores, precisou ser seguro por seis seguranças para não invadir o palco e comprar briga com a jovem indígena. Ninguém estava preparado para o que aconteceu. Foi o primeiro discurso político num Oscar – e a única vez que o troféu foi recusado por seu vencedor. Mas logo depois, e durante muito tempo, o feito foi reduzido a uma pegadinha de Marlon Brando. O desdém foi potencializado quando veio à tona que Sacheen Littlefeather era uma atriz. De fato, Sacheen Littlefeather era uma atriz. Mas uma atriz apache legítima, que após seu discurso histórico nunca mais foi escalada em nenhum filme, precisando abandonar a profissão. Um documentário em curta-metragem sobre essa história, “Sacheen: Breaking The Silence”, foi inscrito entre os trabalhos que buscavam uma indicação ao Oscar 2021 de sua categoria. Mas nem o Oscar deste ano, que supostamente celebra a inclusão, permitiu o desbloqueio da atriz. O filme não foi selecionado. Na nova obra, Littlefeather revela que Brando ficou encantado com sua atuação, mas a abandonou durante a tempestade que se seguiu. Como resultado, ela entrou numa “lista negra” – ou, como diz, “na lista vermelha” – de Hollywood e nunca mais conseguiu trabalhar na indústria. Veja abaixo o discurso histórico e o trailer do documentário.
Diretora de festival da Bielorrússia é libertada após pressão internacional
Tatsiana Hatsura-Yavorska, diretora do festival de documentários Watch Docs, da Bielorrússia, foi libertada da prisão após a repercussão de um protesto internacional, que nesta semana reuniu organizações de direitos humanos, a Academia Europeia de Cinema e festivais de cinema de todo o mundo, como Sundance, Cannes e Berlim. Ela foi presa em 5 de abril por seu papel na organização de uma exposição fotográfica subterrânea em homenagem aos trabalhadores da saúde da Bielorússia. Isto foi suficiente para que fosse presa por “protestar contra a polícia” e “arrecadar dinheiro para protestos” contra o governo do presidente Alexander Lukashenko, e colocada em um centro de detenção em Minsk, junto com centenas de outras presos políticos, na atual onda de endurecimento da repressão no país. Hatsura-Yavorska deveria comparecer a uma audiência na quinta-feira passada (15/4) após atingir o limite máximo legal de 10 dias de detenção, e pessoas próximas temiam que ela pudesse enfrentar vários anos de prisão. No entanto, após o repúdio generalizado de entidades importantes, as acusações foram retiradas e, além de ser solta, ela não enfrenta processo criminal. Agora, ela deve se juntar ao marido no exterior. Volodymyr Yavorski fugiu do país com os filhos do casal para evitar que o regime colocasse as crianças em orfanatos. As autoridades da Biolorrússia disseram que se não deixasse o país, ele próprio enfrentaria a prisão e nunca mais veria os filhos. Yavorski também é alvo de perseguição política, como ativista dos direitos humanos e fundador do festival ucraniano de filmes sobre direitos humanos Docudays UA. A Bielorrússia vem sendo tomada por manifestações generalizadas contra o regime que governa o país há décadas. Os protestos se intensificaram depois que o presidente reivindicou uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais de agosto passado, um resultado que muitos acreditam ter sido falsificado. A União Europeia rejeitou a legitimidade da eleição e fez um apelo público por uma nova votação, além de condenar a perseguição violenta de manifestantes pacíficos por parte das autoridades do país. De acordo com ativistas, desde o verão europeu passado mais de 600 pessoas foram presas, acusadas de participar das manifestações antigovernamentais, e cerca de 400 já foram condenadas.
Festivais de Cannes, Berlim e Sundance protestam contra prisão de diretora de festival da Bielorrússia
Os festivais de cinema de Berlim, Cannes e Sundance produziram um documento em conjunto com a Academia Europeia de Cinema e vários grupos de direitos humanos e da indústria cinematográfica, pedindo a libertação imediata de Tatsiana Hatsura-Yavorska, diretora do festival de documentários Watch Docs, da Bielorrússia, que foi presa em 5 de abril por suposta atividade subversiva. Na carta aberta conjunta, as organizações condenaram a prisão e pediram às autoridades bielorrussas que libertem Hatsura-Yavorska e outros “presos políticos” do regime. “Instamos as autoridades bielorrussas a libertar imediata e incondicionalmente nossa colega Tatsiana Hatsura-Yavorska e outros defensores dos direitos humanos, e a pôr fim aos atos de assédio judicial contra eles”, diz a carta. Hatsura-Yavorskaya foi presa em 5 de abril, supostamente pelo crime de ajudar a organizar uma exposição de fotos intitulada “The Machine Is Breathing, I Am Not” (A máquina está respirando, eu nã) em homenagem aos profissionais de saúde da Bielo-Rússia durante a crise de covid-19. Ela encontra-se detida, aguardando julgamento por acusações referentes a “arrecadar dinheiro para protestos” contra o governo do presidente Alexander Lukashenko. A audiência de Tatsiana Hatsura-Yavorska está marcada para 15 de abril. Se condenada, ela pode pegar vários anos de prisão. A Bielorrússia vem sendo tomada por manifestações generalizadas contra o regime que governa o país há décadas. Os protestos se intensificaram em todo o país depois que Lukashenko reivindicou uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais de agosto passado, um resultado que muitos acreditam ter sido falsificado. A União Europeia rejeitou a legitimidade da eleição e fez um apelo público por uma nova votação, além de condenar a perseguição violenta de manifestantes pacíficos por parte das autoridades do país. De acordo com ativistas, desde o verão europeu passado mais de 600 pessoas foram acusadas de participar das manifestações antigovernamentais e cerca de 400 foram condenadas.










