Globo Filmes anuncia mais de 10 novas produções brasileiras no Festival de Cannes
A Globo Filmes anunciou a produção de mais de 10 longas durante o 76º Festival de Cannes, que iniciou na terça-feira (16/5). Os filmes foram apresentados pela head de conteúdo da produtora, Simone Oliveira, convidada da Cannes Producers Network, que também está no evento para acompanhar a première de “Nelson Pereira dos Santos: Uma Vida de Cinema”. A empresa afirma ter investido R$ 35,6 milhões na produção de longas-metragens brasileiros neste ano. Segundo comunicado à imprensa, sua presença em Cannes “reforça a importância de estabelecer parcerias internacionais para produções atuais e futuras do cinema nacional”. A lista de produções inclui o citado documentário “Nelson Pereira dos Santos: Uma Vida de Cinema”, dirigido por Aída Marques (“Estação Aurora”) e Ivelise Ferreira (“A Música Segundo Tom Jobim”), sobre o cineasta do clássico “Vidas Secas” (1963), “O Amuleto de Ogum” (1974) e “Vidas Secas” (1984). Os diretores das obras, todas co-produções, vão desde o renomado Gabriel Mascaro (“Divino Amor”) até o celebrado documentarista Eryk Rocha (“Cinema Novo”), passando pela atriz premiada Dira Paes (“Pantanal”) em sua estreia atrás das câmeras. Após a distonia evangélica de “Divino Amor”, Mascaro dirigirá “O Outro Lado do Céu”, produzido pela Globo Filmes e Desvía Produções, um drama de fantasia ambientado em um Brasil de realidade alternativa, onde qualquer pessoa com mais de 80 anos é confinada em uma colônia para ajudar na recuperação econômica do Brasil. Já Rocha está preparando “Elza”, retrato documental da cantora Elza Soares, enquanto Dira Paes fará sua estreia na direção com “Pasárgada”, sobre tráfico internacional de animais. Alguns projetos já estão com cronograma de produção fechado e começam a ser filmados no segundo semestre deste ano. Entre eles, destacam-se “Por um Fio” de David Schurmann (“Pequeno Segredo”), sobre um oncologista tratando seu próprio irmão de câncer, e “Colegas 2” de Marcelo Galvão, continuação do filme vencedor do Festival de Gramado de 2012. Os dramas incluem ainda “As Vitrines” de Flavia Castro (“Deslembro”), “Precisamos Falar Sobre Nossos Filhos” de Rebeca Diniz e Pedro Waddington (ambos de “Sob Pressão”), “A Batalha na Rua Maria Antônia” de Vera Egito (“Elis: Viver é melhor que Sonhar”), “Manas” de Marianna Brennan (“O Coco, A Roda, O Pnêu e O Farol”), “Novas Severinas” de Eliza Ribeiro Capai (“Your Turn”), “Dois Verões e uma Eternidade” de Sandra Kogut (“Três Verões”), “O Haiti É Aqui” do trio Fabio Mendonça (“Vale dos Esquecidos”), Teodoro Poppovic (“Rota 66: A Polícia que Mata”) e Maurício Bouzon (“Queime este Corpo”), e “Raoni, Uma Amizade Improvável”, documentário do belga Jean-Pierre Dutilleux sobre sua longa amizade com o cacique Raoni Metuktire – que ele filma desde os anos 1970. Mas além dos títulos dramáticos, a Globo também está investindo em diversas comédias. Entre elas, “Tá Escrito”, estrelada por Larissa Manoela (“Modo Avião”) e com direção de Matheus Souza (“A Última Festa”), “Tô de Graça” de César Rodrigues (“Nada Suspeitos”), baseada na série mais assistida do Multishow, “Os Farofeiros 2”, sequência do filme de 2018 de Roberto Santucci, e “Minha Irmã e Eu”, dirigida por Suzana Garcia (“Foteuses”) e protagonizada por Ingrid Guimarães (“Novo Mundo”) e Tatá Werneck (“Terra e Paixão”). Em entrevista à revista americana Variety, Simone Oliveira revelou que os filmes de humor têm como objetivo recuperar o interesse dos brasileiros pelo cinema. “Vemos as salas de cinema como prioridade. Os filmes são lançados com forte publicidade e cobertura cross-media dos programas de entretenimento e jornalismo da TV Globo, que atingem 100 milhões de pessoas por dia”, afirmou. “Essa visibilidade fortalece o filme para a estreia nos cinemas e, posteriormente, para as demais vitrines, criando um ciclo virtuoso”, acrescentou.
Ex-Malhação transforma trauma de vídeo postado em site adulto em projeto de documentário
A atriz Pillar Costa está transformando seu drama, após um vídeo seu cair em um site adulto, num documentário. Em “Por um Fio”, ela pretende reunir depoimentos de mulheres que tiveram suas intimidades invadidas ou que sofreram agressões de seus companheiros. Para isso, criou um endereço no Instagram, “Braços que Acolhem”, em que registra voluntárias para contar suas histórias. Ela explicou a iniciativa num vídeo impactante publicado no YouTube, em que registrou a si mesmo chorando desesperada ao saber do vídeo postado ilegalmente. Junto dessas cenas, ela editou um depoimento atual, em que apresentou o novo projeto. A atriz, que participou de “Malhação” no ano passado, fez questão de incluir no vídeo o abalo causado pela descoberta da existência do vídeo por meio de uma ligação de Ubá, Minas Gerais. “Era meu pai, de 71 anos, muito nervoso, me peguntando se eu tinha vindo para o Rio para virar prostituta. Foi um choque até processar tudo isso. Quando entrei no site e digitei meu nome, achei um vídeo meu dançando funk, de roupa, que tinha gravado para um canal de humor. O título era: a dançarina mais gostosa Pillar. Meu pai ficou dois meses sem falar comigo. Muita gente me apontava, me questionava. Descobri que já sabiam antes mesmo de me avisarem e aquilo me consumiu. Não porque me confundiram com garota de programa. Até porque, se eu fosse, ninguém teria nada com isso e não vejo como um problema. A questão é ser exposta sem qualquer defesa ou conhecimento”, descreveu Pillar. Ela ainda pontuou que sofreu depressão logo após o episódio: “Pensei em me matar de verdade. Escrevi uma carta e guardei. Minha irmã Anna Victória é que percebeu minhas atitudes estranhas e pediu ajuda”. “Quero ressaltar que a maioria das vítimas são mulheres, exatamente isso. Quando acontece de um vídeo intimo vazar, a maioria das mulheres é que são, a maioria ou quase 100%, é que são escrachadas. Elas que são as vítimas e ocupam um lugar – de vergonha – que não é para ser delas, porque isso foi uma quebra de confiança”, completou a atriz. Há pouco tempo, a história voltou à tona em perfis fakes e ela resolveu publicar o vídeo, gravado em dois momento – o primeiro, no auge do desespero com a história, e o segundo, quando estava mais equilibrada. “Aprendi editar e mesclei dois vídeos. Um no qual contava, sofrendo, e outro para dizer o quanto era importante falar sobre o assunto. Daí nasceu o projeto ‘Por Um Fio’, que digo que foi algo divino”, explicou. Em pouco menos de um mês, já recebeu quase 200 emails com relatos de abusos. “O que eu posso ajudar é com o apoio para que elas mostrem a cara e denunciem o que passam. Digo que não sou psicóloga, mas encaminho para parceiras que dão orientação terapêutica e jurídica”, diz Pillar, que está fazendo gravações autorizadas das histórias que vem recebendo. Veja abaixo o vídeo, em que ela revela seu sofrimento e o nascimento do projeto.
Joel Schumacher (1939 – 2020)
O cineasta Joel Schumacher, de “Batman Eternamente” (1995) e “Batman e Robin” (1997), faleceu nesta segunda-feira (22/6) aos 80 anos, enquanto enfrentava um câncer. Schumacher teve uma longa carreira em Hollywood, iniciada como figurinista de “O Destino que Deus Me Deu”, dramédia estrelada por Tuesday Weld em 1972. Ele chegou a Los Angeles após ter trabalhado como desenhista de roupas e vitrinista em Nova York, e se estabeleceu rapidamente na indústria cinematográfica, quebrando o galho até como cenografista em “Abelhas Assassinas” (1974). Após assinar figurinos de filmes de Woody Allen – “O Dorminhoco” (1973) e “Interiores” (1978) – , foi incentivado pelo cineasta a escrever e, eventualmente, tentar a direção. O incentivo rendeu os roteiros da famosa comédia “Car Wash: Onde Acontece de Tudo” (1976) e do musical “O Mágico Inesquecível” (1978), versão de “O Mágico do Oz” com Diana Ross e Michael Jackson, dois sucessos absurdos dos anos 1970. Com essas credenciais, conseguiu aval para sua estreia na direção, que aconteceu na comédia sci-fi “A Incrível Mulher que Encolheu” (1981), logo seguida por “Taxi Especial” (1983), produção centrada na popularidade do ator Mr. T (da série “Esquadrão Classe A”). O trabalho como diretor começou a chamar atenção a partir do terceiro filme, quando Schumacher demonstrou seu raro talento para escalar atores. No drama “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” (1985), ele juntou uma turma jovem que marcou a década de 1980: Demi Moore, Rob Lowe, Emilio Estevez, Judd Nelson, Andrew McCarthy e Ally Sheedy – apelidados de “brat pack” pela mídia. O sucesso comercial veio com dois terrores inventivos, que viraram exemplos da chamada “estética MTV” no cinema. Ele usou elementos de clipes para dar uma aparência juvenil aos temas sobrenaturais. Em “Os Garotos Perdidos” (1987), filmou uma história de vampiros delinquentes, reunindo pela primeira vez os atores Corey Haim e Corey Feldman, que formariam uma dupla inseparável ao longo da década, ao mesmo tempo em que explorou a imagem de Jim Morrison, cantor da banda The Doors, como referência para uma juventude vampírica que se recusava a envelhecer. Em “Linha Mortal” (1990), juntou o então casal Kiefer Sutherland (seu vilão em “Os Garotos Perdidos”) e Julia Roberts num grupo de estudantes de Medicina (com Kevin Bacon, William Baldwin e Oliver Platt) que decide colocar a própria saúde em risco para descobrir se havia vida após a morte. Os dois filmes tornaram-se cultuadíssimos, a ponto de inspirarem continuações/remakes. Entre um e outro, ele ainda explorou o romance em “Um Toque de Infidelidade” (1989), remake do francês “Primo, Prima” (1975), com Isabella Rossellini, e “Tudo por Amor” (1991), com Julia Roberts. E assinou clipes de artistas como INXS, Lenny Kravitz e Seal – a tal “estética MTV”. Já tinha, portanto, uma filmografia variada quando se projetou de vez com o thriller dramático “Um Dia de Fúria” (1993), um dos vários filmes estrelados por Michael Douglas que deram muito o que falar no período – durante sete anos, entre “Atração Fatal” (1987) e “Assédio Sexual” (1994), o ator esteve à frente dos títulos mais controvertidos de Hollywood. O longa mostrava como um cidadão dito de bem era capaz de explodir em violência, após o acúmulo de pequenos incidentes banais. A projeção deste filme lhe rendeu status e o convite para dirigir o terceiro e o quarto longas de Batman. Mas o que deveria ser o ponto alto de sua trajetória quase acabou com ela. O personagem dos quadrinhos vinha de dois filmes muito bem-recebidos por público e crítica, assinados por Tim Burton, que exploraram uma visão sombria do herói. Schumacher, porém, optou por uma abordagem cômica e bem mais colorida, chegando a escalar o comediante Jim Carrey como vilão (o Charada) e introduzindo Robin (Chris O’Donnell) e até Batgirl (Alicia Silverstone). Ele também deu mais músculos ao traje usado por Val Kilmer em “Batman Eternamente” (1995) e mamilos ao uniforme de George Clooney em “Batman e Robin” (1997) – o que até hoje rende piadas. Abertamente homossexual, Joel Schumacher acabou acusado por fanboys de enfatizar aspectos homoeróticos de Batman. Diante do fiasco, a Warner se viu obrigada a suspender a franquia, que só voltou a ser produzida num reboot completo de 2005, pelas mãos de Christopher Nolan. Em meio à batcrise, o diretor também filmou dois dramas de tribunal, “O Cliente” (1994) e “Tempo de Matar” (1996), inspirados por livros de John Grisham, que tampouco fizeram o sucesso imaginado pelo estúdio, aumentando a pressão negativa. Sem desanimar, ele realizou o suspense “8mm: Oito Milímetros” (1999), juntando Nicolas Cage e Joaquin Phoenix, e ainda foi responsável por lançar Colin Ferrell em seu primeiro papel de protagonista no drama “Tigerland – A Caminho da Guerra” (2000). Ambos receberam avaliações positivas. Mas entre cada boa iniciativa, Schumacher continuou intercalando trabalhos mal-vistos, o que fez com que diversos momentos de sua carreira fossem considerados pontos de “retorno” à melhor fase. O elogiadíssimo suspense “Por um Fio” (2002), por exemplo, com Colin Ferrell basicamente sozinho numa cabine telefônica, atingiu 76% de aprovação no Rotten Tomatoes e assinalou o momento mais claro de “renascimento”. Só que em seguida veio o fracasso dramático de “O Custo da Coragem” (2003), com Cate Blanchett e – novamente – Ferrell, fazendo com que o trabalho seguinte, a adaptação do espetáculo da Broadway “O Fantasma da Ópera” (2004) fosse visto como mais uma chance de recuperação. Cercado de expectativa, o musical estrelado por Gerard Butler e Emmy Rossum se provou, contudo, um fiasco tão grande quanto as adaptações de quadrinhos, encerrando o ciclo de superproduções do diretor. O terror “Número 23” (2007), com Jim Carrey, foi a tentativa derradeira de recuperar a credibilidade perdida. E acabou-se frustrada. Schumacher nunca superou as críticas negativas a esse filme – 8% de aprovação no Rotten Tomatoes – , que tinha conceitos ousados, mas foi recebido como sinal evidente de fim de linha. Ele ainda fez mais três filmes de baixo orçamento, dois deles para o mercado europeu, abandonando o cinema ao voltar a Hollywood para seu último fracasso, “Reféns” (2011), estrelado por Nicolas Cage e Nicole Kidman. Na TV, ainda comandou dois episódios da 1ª temporada de “House of Cards”, ajudando a lançar o projeto de conteúdo original da Netflix em 2013. De forma notável, dezenas de pessoas que trabalharam com Schumacher, nos sucessos e nos fracassos, mobilizaram-se nas últimas horas para lembrar no Twitter que ele não é só o diretor dos piores filmes de Batman. O cineasta foi “uma força intensa, criativa e apaixonada” nas palavras de Emmy Rossum. “Ele viu coisas mais profundas em mim que nenhum outro diretor viu”, apontou Jim Carrey. “Ele me deu oportunidades e lições de vida”, acrescentou Kiefer Sutherland, concluindo que sua “marca no cinema e na cultura moderna viverão para sempre”. Muitos ainda lembraram dele como mentor e amigo. O roteirista Kevin Williams contou como foi convidado para ir a um set por Schumacher e recebeu conselhos que considera importantes para sua carreira. E Corey Feldman revelou, sem filtro, que “ele me impediu de cair nas drogas aos 16 anos”, citando como foi enquadrado e quase demitido pelo cineasta em “Os Garotos Perdidos”. “Pena que eu não escutei”.
Larry Cohen (1941 – 2019)
O diretor Larry Cohen, criador da série clássica “Os Invasores” e da franquia de terror “Nasce um Monstro”, entre outras produções cultuadas, morreu no sábado (23/3) aos 77 anos, cercado de seus familiares. Maiores detalhes sobre sua morte não foram divulgados. Cohen começou a carreira como roteirista de TV nos anos 1960, e após demonstrar seu talento em episódios de séries famosas como “O Fugitivo” e “Os Defensores”, começou a criar suas próprias atrações televisivas. A maioria não passou da 1ª temporada, mas duas conseguiram completar o segundo ano: “Branded” (1965–1966), western estrelado por Chuck Connors, e “Os Invasores” (1967-1968). A série sci-fi de 1967 acompanhava a descoberta de uma invasão alienígena por um homem comum (interpretado por Roy Thinnes) e se tornou uma das mais cultuadas e influentes do gênero – inspiração de “Projeto UFO”, “Arquivo X” e várias outras. Apesar de ter só 43 episódios, eternizou-se em reprises, além de ter rendido uma minissérie derivada em 1995. A repercussão de “Os Invasores” o credenciou a escrever para o cinema, onde perseguiu o terror, aterrorizando mulheres em “A Psicose do Medo” (1969) e “Scream Baby Scream” (1969). Ambos traziam psicopatas focados em vítimas jovens. Mas o primeiro, em que a vítima abortou o filho de seu potencial assassino, também foi prelúdio do nascimento de sua obra mais conhecida. Entretanto, Cohen começou sua carreira de diretor num gênero muito diferente daquele que o popularizou. Ele se lançou na carona da blaxploitation, assinando comédias e dramas criminais de baixo orçamento, estrelados por astros negros. Em “Bone” (1972), mostrou Yaphet Cotto (de “Alien”) invadindo uma mansão de Beverly Hills para fazer seus ricos moradores brancos de refém. Em “O Chefão de Nova York” (Black Caesar, 1973), orientou Fred Williamson (“Um Drink no Inferno”) a refazer os passos de Edward G. Robinson no clássico de gângster “Alma no Lodo” (1931) para coroá-lo como o rei do crime do Harlem. E ainda escreveu e dirigiu a sequência, “Inferno no Harlem” (1973), lançada apenas oito meses depois. Como filmes baratos não lhe rendiam muito, Cohen ainda escrevia episódios de “Columbo” (entre 1973 e 1974) quando teve a inspiração para parir seu maior clássico. “Nasce Um Monstro” (It’s Alive, 1974) acompanhava um bebê mutante assassino, materializado no set pelo rei dos efeitos de maquiagem de terror Rick Baker. E fez tanto sucesso que rendeu duas sequências, também escritas e dirigidas por Cohen: “A Volta do Monstro” (1978) e “A Ilha dos Monstros” (1987) – sem esquecer um remake em 2003. A partir daí, Cohen ficou conhecido por seus filmes de terror que invariavelmente viravam terrir (comédia de horror), como “Foi Deus Quem Mandou” (1976), “O Jovem Lobisomem” (1981), “Q – A Serpente Alada” (1982), “Efeitos Especiais” (1984) e especialmente “A Coisa” (1985), sobre uma sobremesa deliciosa que transformava seus consumidores em zumbis famintos por mais. Ainda dirigiu a adaptação de Stephen King “Os Vampiros de Salem, o Retorno” (1987) e “A Madrasta” (1989), último filme estrelado por Bette Davis. E, como se não bastasse, originou outra franquia famosa ao escrever o roteiro de “Maniac Cop” (1988) para o diretor William Lustig. A popularidade de “Maniac Cop” voltou a transformá-lo em roteirista requisitado por outros diretores. Entre muitos roteiros, assinou “Os Invasores de Corpos: A Invasão Continua” (1993) para Abel Ferrara, e conseguiu sucesso inesperado com as tramas tensas dos thrillers “Por um Fio” (2002), estrelado por Colin Farrell, e “Celular: Um Grito de Socorro” (2004), com o jovem Chris Evans. Depois de uma década sem filmar, Cohen se despediu dos sets com um episódio da série “Mestres do Terror” em 2006, antologia que reunia os maiores nomes do terror americano dos anos 1970 e 1980. O criador da série, Mick Garris, insistiu muito para Cohen interromper a aposentadoria para participar da produção-homenagem, reconhecendo a importância do cineasta não apenas pelo sucesso de seus filmes baratos, mas por sua capacidade de injetar comentários sociais de forma irônica em tramas de terror. “Eu queria tentar lidar com o que acontecia no mundo em meus filmes”, disse Cohen em entrevista à revista Diabolique em 2017. “Muitos dos filmes que fiz são extremamente voláteis e lidam com assuntos controversos como o racismo”, argumentou. “Meu primeiro longa, ‘Bone’, estava muito à frente de seu tempo – e continua polêmico até hoje, porque ainda não superamos o racismo”, disse, antes de destacar outro filme. “Veja outro exemplo, ‘A Coisa’, que era sobre produtos vendidos no supermercado que matavam pessoas. Ainda há inúmeros produtos nocivos para a saúde vendidos até hoje, e toda vez que anunciam uma pílula diferente de algum tipo, deixam para avisar só depois sobre os efeitos colaterais. ‘A Coisa’ foi uma alegoria ao consumismo e ao fato de que grandes corporações vão te vender qualquer coisa para conseguir seu dinheiro, mesmo que isso te mate”. Nos últimos anos, a obra de Cohen inspirou diversos documentários, com direito a comentários de Martin Scorsese, JJ Abrams, John Landis, Joe Dante e outros a quem o cineasta inspirou com sua criatividade. Filmes como “King Cohen: The Wild World of Filmmaker Larry Cohen” (2017), “Cohen on Cohen” (2017) e “Cohen’s Alive: Looking Back At The It’s Alive Films” (2018) convidam o público a conhecer as maiores obscuridades de sua carreira e descobrir porque Larry Cohen era cultuado por diretores que os cinéfilos chamam simplesmente de mestres.



