Trailer de “Decameron” destaca clima desinibido da comédia medieval
Adaptação da obra clássica de Boccaccio acompanha nobres decadentes do século 14 durante a Peste Negra
Criadora de “Orange is the New Black” vai à Era Medieval no teaser de “Decameron”
Adaptação da obra clássica de Boccaccio acompanha nobres decadentes do século 14 durante a Peste Negra
Criador de Vikings vai fazer série sobre a peste negra
O produtor-roteirista Michael Hirst, criador de “Vikings”, está desenvolvendo uma nova série para o History Channel, desta vez centrada na peste negra que devassou Londres no século 17. Intitulado “The Plague Year”, o projeto vai se passa em Londres em 1665, durante um dos piores surtos de peste bubônica de todos os tempos. A trama traçará o perfil de uma sociedade em turbulência. Enquanto muitos optam por abandonar a cidade, aqueles que permanecem (seja por escolha ou não) têm sua determinação testada durante a pior fase da epidemia. A atração será uma minissérie de curta duração, pois o History mudou sua abordagem e decidiu se afastar das séries longas. “Vikings”, que acaba no começo de 2021, é a última série longa do canal, após os cancelamentos do “Project Blue Book” e “Knightfall” em maio passado. Além de “The Plague Year”, o History também encomendou “The Donner Party” para Ric Burns, especialista em documentários, como a minissérie “The Civil War” (1990) e o telefilme “The Pilgrims” (2015). Sua estreia na ficção vai contar a história infame de uma caravana de carroças de pioneiros que ficou presa nas montanhas de Sierra Nevada, nos EUA, no inverno de 1846-47. Eles passaram fome e a produção vai relatar as dificuldades inimagináveis que trouxeram o melhor e o pior entre seus membros. “Estamos ansiosos para fazer uma nova parceria com o brilhante Michael Hirst e formar uma parceria com Ric Burns para fornecer conteúdo que irá entreter, iluminar e desenvolver a curiosidade de nossos espectadores sobre o passado. Nós temos buscado evoluir nosso modelo de negócios com séries de script, com uma mudança de foco para destacar nosso legado em grandes eventos de séries limitadas”, disse Eli Lehrer, vice-presidente executivo e gerente geral do History. “Nossa programação em desenvolvimento abraça nossas raízes com minisséries históricas premium, que ressoam entre nosso público e complementam nosso conteúdo de documentários de eventos centrados em grandes momentos de nossa história”, completou. As duas atrações ainda não têm previsão de estreia.
Último episódio de The Walking Dead reciclou ideias de filme clássico de Paul Verhoeven
Não é só o cinema que recicla idéias de Paul Verhoeven. O último episódio da série “The Walking Dead” introduziu uma nova arma biológica na trama. Sugestão de Eugene (Josh McDermitt) para Negan (Jeffrey Dean Morgan), a ideia se resume a catapultar pedaços de zumbis para contaminar os sobreviventes encastelados na comunidade de Hilltop. Pois Eugene deve ser cinéfilo. Afinal, esta ideia foi um dos (muitos) pontos altos de “Conquista Sangrenta” (1985), o primeiro filme falado em inglês do diretor holandês de “RoboCop” (1987), “O Vingador do Futuro” (1990), “Instinto Selvagem” (1992), “Tropas Estelares” (1997) e, mais recentemente, “Elle” (2016). Na aventura medieval, pedaços de cadáveres contaminados com a peste negra eram atirados no castelo onde estavam fortificados um bando de mercenários foras-da-lei, liderados por Rutger Hauer (de “Blade Runner”). O resultado dessa ação foi uma contaminação brutal e o final da história, deixando os poucos sobreviventes à mercê de um ataque fulminante. Para quem não lembra, o filme também destacava Jennifer Jason Leigh (de “Os Oito Odiados”) como uma princesinha em cenas muito fortes. A trama de “Conquista Sangrenta” ainda incluía um cardeal (Ronald Lacey) que acreditava estar recebendo sinais divinos, apenas para se decepcionar com o desfecho patético de sua jornada. Pois foi exatamente este o arco do padre Gabriel (Seth Gilliam) no mesmo episódio da série dos zumbis, exibido no domingo (11/8). Coincidência? O trailer do próximo episódio de “The Walking Dead” promete o ataque biológico dos Salvadores para 18 de março. A série tem transmissão praticamente simultânea no Brasil pelos canais pagos Fox e Fox Premium 2 (sem intervalos).
Maravilhoso Boccaccio questiona a moral com uma beleza ímpar
Giovanni Boccaccio (1313-1375) e seu “Decamerão”, com 100 histórias escritas entre 1348 e 1353, marcam uma ruptura com a moral medieval e introduzem um realismo humanista, em que a sexualidade e a perversidade ocupam papel de relevo. Atraente e polêmico material, marco da literatura, um dos responsáveis pela fixação do idioma italiano, foi objeto da atenção dos melhores cineastas da Itália. Em 1962, o filme “Boccaccio 70”, com quatro episódios, reuniu Federico Fellini, Luchino Visconti, Vittorio De Sica e Mario Monicelli numa comédia antológica. Em 1971, foi a vez de Pier Paolo Pasolini filmar “Decameron”, com absoluto destaque para o erotismo. Outro grande trabalho cinematográfico. Agora é a vez dos irmãos Taviani, dupla brilhante de cineastas, contarem histórias livremente inspiradas no “Decamerão” de Boccaccio. A primeira coisa a apontar sobre esse filme dos irmãos Taviani é que ele é de uma beleza ímpar. Filmado na Toscana e Lazio, em lugares encantadores e envolvendo antiquíssimos castelos de até mil anos de idade, nos leva diretamente à cena medieval. A variação das cores e tonalidades se alterna para melhor expressar as diferentes situações contadas pelos narradores. Um elenco jovem, de belas moças e rapazes, contribui para a estética da obra, de maneira relevante. Assim, podemos dizer que “Maravilhoso Boccaccio” é em tudo e por tudo um filme sedutor. As histórias escolhidas e o tom com que são mostradas enfatizam o amor em seus múltiplos ângulos: do grotesco ao dramático e ao erótico, como antídoto para a morte, às vezes cruel e opressor, às vezes ingênuo e equivocado. A criação artística, a literatura, mostra os caminhos da imaginação, absolutamente essencial e necessária para enfrentar o mal, a tragédia, no caso, aqui, a peste negra, que devastava as cidades da Toscana na época em que Boccaccio escreveu. Um grupo de homens e mulheres jovens se refugia numa vila remota, nas colinas que cercam Florença, para escapar da peste e viver em comunidade com absoluta simplicidade, contando histórias uns para os outros. A imaginação é a seiva da vida desses jovens, em especial das mulheres, que tomam a dianteira da ação, a começar por decidir deixar a cidade, talvez numa proposta de vida imoral. Mas o que é a moral, diante da grandeza do amor e da própria sobrevivência?




