Estreias no cinema incluem novo filme de Leonardo DiCaprio e maior bilheteria da animação
"Uma Batalha Após a Outra" e "Ne Zha 2" chegam ao Brasil após conquistarem feitos entre a crítica e o público no exterior
Retrospectiva | Playlist Moderna: As 100 melhores músicas/clipes indies de 2023
Ao longo de 2023, a Playlist Moderna serviu 12 seleções mensais com os 50 principais lançamentos do lado B do YouTube. A retrospectiva da virada reúne 100 destaques da curadoria do underground, apresentando uma trilha variada para festas de rock, indie, punk, dance e gótica. São quase seis horas de música num repertório cheio de bandas e artistas novos, para ouvir e descobrir, além de momentos de reencontro com veteranos dos anos 1980 e 1990 que voltaram recentemente à ativa. A relação não segue ordem de preferência, mas sim de estilos, com os vídeo combinados numa playlist pronta para tocar de forma contínua – para ver na Smart TV, busque Transmitir na aba de configurações do Chrome ou Mais Ferramentas/Transmitir etc no Edge. Experimente ouvir sem saltar as faixas na versão Premium do YouTube (sem interrupções de anúncios). Aperte o play e deixe rolar. BLEACH LAB | FANCHON | TANUKICHAN | LAVEDA | GLAZYHAZE | TWIN RAINS | THE KVB | HELICON | GRIAN CHATTEN | TEKE::TEKE | THE KOBRAS | MAZEY HAZE | NIGHT BEATS | ALTIN GÜN | SCOWL | COACH PARTY | MANNEQUIN PUSSY | HOTWAX | SKATING POLLY | SNAKE EYES | LIME GARDEN | DAISY THE GREAT X ILLUMINATI HOTTIES | GIRL SCOUT | MY UGLY CLEMENTINE | BULLY | BLONDSHELL | ARLO PARKS | PALEHOUND | SOFTCULT | GRRRL GANG | CIEL | MILITARIE GUN | THE TUBS | LURK | CIVIC | THE MENZINGERS | RVG | BIG D AND THE KIDS TABLE | THE RUMJACKS | DROPKICK MURPHYS | THE 69 EYES | NEW MODEL ARMY | SHITFIRE | BLOOD COMMAND | BRUTAL YOUTH | ADVENTURE PLAYGROUND | ALEX LAHEY | FEET | DAIISTAR | SIRACUSE | PLEASURE PILL | STANLEYS | DIRTY LACES | THE COVASETTES | RATBOYS | PACKS | 7EBRA | THIS IS THE KIT | PI JA MA | FAZERDAZE | PARIS TEXAS | RAHILL | SEXTILE | EVERYTHING BUT THE GIRL | ROMY | DJANGO DJANGO | VELVET VELOUR | W.H. LUNG | DUTCH UNCLES | YARD ACT | NZCA LINES | JONATHAN BREE | JOON | CAROLINE POLACHEK | NATION OF LANGUAGE | LEATHERS | SHE PLEASURES HERSELF | SOFT SCENT | MEKONG | DUCTAPE | JE T’AIME | GIRLFRIENDS AND BOYFRIENDS | NIGHTBUS | PLATTENBAU | LOBSTERBOMB | NIGHT DRIVE | TWIN TRIBES | GHOST COP | RITES OF SIN | BESTIAL MOUTHS | POTOCHKINE | MENTHÜLL | DENUIT | GUILTY STRANGERS | NEW GERMAN CINEMA | PATRICK WOLF | THE MURDER CAPITAL | BLIND DELON | DEATH BELLS | THE CLOCKWORKS
C6 Fest anuncia line-up eclético da segunda edição
O C6 Fest anunciou nesta terça-feira (5/12) o line-up completo de sua segunda edição, que voltará a ocorrer no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, no segundo trimestre de 2024. O festival de música pretende “renovar a aposta em talentos emergentes e nomes consagrados” de diferentes gêneros. A lista completa tem como destaques a banda de rock alternativo Pavement, que marcou os anos 1990, e o duo de synth-pop Soft Cell, veteranos da década de 1980 que até hoje são lembrados pelo hit “Tainted Love”. Entre os novos talentos, a relação traz a maravilhosa Romy, cantora do grupo britânico The XX em seu trabalho solo, o trio britânico de música eletrônica Young Fathers, o duo americano de neosoul Black Pumas, o cantor de neosoul Daniel Caesar, o duo de hip hop alternativo Paris, Texas, o supergrupo de hip hop Dinner Party (não confundir com a banda feminina do momento, The Last Dinner Party), a banda pós-punk britânica Squid, as cantoras pop Noah Cyrus (irmã de Miley) e Raye, a nigeriana Ayra Starr, a indie Cat Power (que vai cantar Bob Dylan), o icônico DJ de house David Morales, além dos jazzistas Charles Lloyd Quartet, Jihye Lee Orchestra e Chief Adjuah, o cubano Cimafunk e os artistas brasileiros Fausto Fawcett e Jaloo (que vai convidar Gaby Amarantos para compartilhar seu palco). O C6 Fest também vai promover o intitulado “Baile Cassiano”, show que celebra o repertório do famoso artista paraibano de soul. A apresentação será comandada pelo diretor musical Daniel Ganjaman e terá vocais de Francisco Gil, Preta Gil, Liniker, Luccas Carlos e Negra Li. Além disso, o evento terá a iniciativa Pacubra, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, com um line-up exclusivo de DJs como David Morales, Valentina Luz e a festa “Pista Quente”. Sobre o festival No próximo ano, o C6 Fest terá três palcos com ingressos únicosm com exceção do palco destinado ao jazz, que terá vendas separadas com lugares marcados. Os ingressos terão pré-venda exclusiva com 20% de desconto para clientes do C6 Bank nos dias 6 e 7 de dezembro. A venda geral de tickets começa na sexta-feira (8/12), no site By Inti, com valores entre R$ 660 (diário) e R$ 1.200 (passaporte com acesso à Arena Heineken e Tenda Metlife). A programação de jazz no Auditório Ibirapuera terá ingressos entre R$ 560 e R$ 1.000. A próxima edição está marcada para os dias 17 e 19 de maio, no Parque do Ibirapuera (SP). Line-up completo Auditório Ibirapuera 17 de maio Jakob Bro Uma Elmo Jihye Lee Orchestra Charles Lloyd Quartet Daniel Santiago e Pedro Martins 19 de maio Dinner Party ft. Terrace Martin, Robert Glasper e Kamasi Washington Chief Adjuah Arena Heineken, Tenda Metlife e Pacubra 18 de maio Black Pumas Raye Ayra Starr Cimafunk 2manydjs (live) Soft Cell Romy Jaloo convida Gaby Amarantos Pista Quente Fausto Fawcett Valentina Luz 19 de maio Daniel Caesar Baile Cassiano Young Fathers Paris Texas Pavement Cat Power sings Dylan ’66’ Noah Cyrus Squid Jair Naves David Morales (Sunday Mess) DJ Meme
Playlist Moderna: Confira 50 clipes novos de bandas indies
Se você é daqueles que acha que nada de novo aconteceu no rock depois do Nirvana, é hora de mais uma Playlist Moderna para atualizar sua trilha sonora, com direito a baladas folk, punk rock e até folk punk. A seleção reúne 50 lançamentos de clipes recentes do Lado B do YouTube, com ênfase em novidades de março, mas também faixas do começo do ano que se encaixam na continuidade da playlist. Desta vez, a relação eclética faz até uma rápida passagem por rockabilly, hip-hop e ska, mas quando entra no rock inicia uma sequência de mosh ao som do novo grunge quase sem parar, ou melhor, até encontrar o pós-punk e a melancolia. Entre os destaques, estão os australianos Hatchie (Harriette Pilbeam) e Rinse (Joe Agius), que são melhores amigos, compõem juntos e tocam um na banda dreampop do outro, mas vale especialmente se ligar na estreia solo da iraniana-americana Rahill (do grupo psicodélico nova-iorquino Habibi), que é queridinha de Beck, além de diversas bandas barulhentas lideradas por mulheres, como Skating Polly, Body Type e Scowl. Como sempre, os vídeos são organizados por ordem de afinidade sonora numa playlist – para ver na Smart TV, busque Transmitir na aba de configurações do Chrome ou Mais Ferramentas/Transmitir etc no Edge – , visando encaixar uma sequência que ressalte a impressão de videotecagem/mixtape. Experimente ouvir sem saltar as faixas na versão Premium do YouTube (sem interrupções de anúncios). Pi Ja Ma | Cyote | Hollow Hand | The Lemon Twigs | Las Robertas | Draag | She’s in Parties | Cruush | Hatchie | Rinse | Rahill | Fazerdaze | Purr | Monstress | Greentea Peng | Paris Texas | The Bar Stool Preachers | Los Fastidios | Urethane | The Rumjacks | Flogging Molly | Give You Nothing | Broken Cuffs | Dropkick Murphys | The Barnestormers | The Heavy | BabyJake | Body Type | Almost Monday | Bass Drum of Death | Skating Polly | Scowl | Snake Eyes | Teen Jesus and the Jean Teasers | Lawn Chair | Wednesday’s Child | Lobsterbomb | Low Hummer | Alex Lahey | Deadletter | The Velvet Hands | Saloon Dion | BlackWaters | Dust | The Murder Capital | Object of Affection | Molly | Tribes | Oracle Sisters | Frum
Dean Stockwell (1936–2021)
O famoso ator Dean Stockwell, que teve carreira longuíssima e repleta de clássicos – e até filmou no Brasil – , morreu na manhã do último domingo (7/11) de causas naturais, aos 85 anos. Filho de Harry Stockwell, que dublou o Príncipe Encantado em “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), Dean e seu irmão mais velho, Guy Stockwell (“Beau Gest”), começaram a trabalhar ainda nos anos 1940 como atores mirins. Ao estrear na Broadway com 7 anos, ele chamou atenção da MGM e se mudou para Hollywood, onde passou a filmar e estudar ao lado de colegas de classe famosos, como Roddy McDowall, Elizabeth Taylor, Jane Powell e Russ Tamblyn. A estreia no cinema foi como uma criança fugitiva no famoso musical “Marujos do Amor” (1945) ao lado de Frank Sinatra e Gene Kelly. O sucesso do filme o fez emendar várias produções no período, até começar a ser escalado como protagonista aos 12 anos, em “O Órfão do Mar” (1948), de Henry King, e “O Menino de Cabelos Verdes” (1948), de Joseph Losey, em que viveu os personagens-títulos. Em sua infância, ele foi dirigido por alguns dos maiores mestres da velha Hollywood, em obras como “A Luz é para Todos” (1947), de Elia Kazan, que lhe rendeu um Globo de Ouro juvenil, “Capitães do Mar” (1949), de Henry Hathaway, “O Jardim Encantado” (1949), de Fred M. Wilcox, “O Testamento de Deus” (1950), de Jacques Tourneur, e “Era Sempre Primavera” (1950), de William A. Wellman. Seu papel-título na aventura “Kim” (1950), na qual contracenou com Errol Flynn, chegou a inspirar o lançamento de uma revista em quadrinhos. Mas seu contrato com a MGM acabou quando ele chegou os 16 anos. No auge da popularidade, Stockwell decidiu pausar a carreira para se formar na Hamilton High School em Los Angeles e estudar na faculdade em Berkeley, antes de, inspirado por “On the Road”, viajar pelo país. Só que, após um hiato de cinco anos, encontrou dificuldades para retomar as atividades, passando a atuar na TV, onde fez vários teleteatros, e também nos palcos. Até que seu desempenho na Broadway lhe reconduziu ao cinema. Após uma década vivendo o bom menino, ele reapareceu em “Estranha Obsessão” (1959), de Richard Fleischer, como um dos psicopatas universitários que matam um colega só para provar que era possível cometer um crime perfeito. Stockwell reprisava um papel que tinha vivido nos palcos de Nova York, e que por isso sabia de cor. De fato, foi tão magistral que acabou consagrado no Festival de Cannes de 1959 com o troféu de Melhor Ator. A partir daí, emendou outros papéis dramáticos importantes. Em “Filhos e Amantes” (1960), de Jack Cardiff, foi um jovem artista que busca uma vida diferente de sua família de mineiros. Em outro clássico, “Longa Jornada Noite Adentro” (1962), de Sydney Lumet, foi o filho doente terminal de uma família doentia, inspirado na juventude do escritor Eugene O’Neill. A interpretação depressiva lhe rendeu seu segundo prêmio de Melhor Ator em Cannes, em 1962. Apesar do impacto dessas produções, seu filme seguinte, “Nasce uma Mulher”, só estreou em 1965, e para se manter Stockwell precisou ampliar as participações na TV, conseguindo um papel recorrente na popular série médica “Dr. Kildare” em 1965. Isto, porém, fechou-lhe as portas das produções de prestígio, iniciando outra fase em sua carreira. Stockwell descobriu as drogas, mudou-se para San Francisco e entrou na contracultura como um hippie sábio em “Busca Alucinada” (1968), filme psicodélico de Richard Rush que também trazia Jack Nicholson como guitarrista de uma banda de rock. E após uma rápida transformação em vilão de terror em “O Altar do Diabo” (1970), mergulhou de vez no cinema contracultural. Viveu o pistoleiro Billy the Kid no filme dentro do filme de “O Último Filme” (1971), obra maldita do eterno hippie Dennis Hopper, de quem se tornou amigo inseparável. Foi ainda um repórter-lobisomem nos bastidores do poder político em “O Lobisomem de Washington” (1973), cult marginal de Milton Moses Ginsberg. E voltou a encontrar Hopper como um hipster em “Tracks” (1974), de Henry Jaglom, sobre traumas da Guerra do Vietnã. Foram filmes cultuadíssimos, mas que pagaram bem menos que ele estava acostumado. Por isso, sua carreira televisiva como ator convidado multiplicou-se com participações em “Bonanza”, “Missão: Impossível”, “Mannix”, “Galeria do Terror”, “Columbo”, “Cannon”, “São Francisco Urgente”, “Os Novos Centuriões”, “Casal 20” e “Esquadrão Classe A”, entre muitas outras séries. Sem atenção de Hollywood, Stockwell estrelou “Alsino e o Condor” (1982), produção da Nicarágua que acabou indicada ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, e o mexicano “Matar um Estranho” (1983). Até se desiludir de vez e resolver abandonar o cinema para vender imóveis no Novo México. Entretanto, para complementar a renda, aceitou fazer um último filme de um diretor alemão. Tudo mudou com o filme do tal alemão. Em 1984, ele viveu o irmão de Harry Dean Staton em “Paris, Texas”. O drama do cineasta Wim Wenders acabou vencendo o Festival de Cannes e se tornando um dos longas mais famosos da década. Sua filmografia reviveu com uma coleção de pequenas participações inesquecíveis. Ele apareceu na primeira versão da sci-fi “Duna” (1984), sob a direção de David Lynch, no cult adolescente “A Lenda de Billie Jean” (1985) e no thriller policial “Viver e Morrer em Los Angeles” (1986), de William Friedkin, antes de atingir o ápice com sua melhor pequena participação de todas, o cafetão-traficante Ben de “Veludo Azul” (1986), novamente dirigido por Lynch e ao lado do velho amigo Dennis Hopper. A cena em que ele canta Roy Orbison para o torturado Kyle MacLachlan figura entre as mais icônicas do cinema moderno. Em seguida, ele enfrentou Eddie Murphy em “Um Tira da Pesada II” (1987) e fez uma dobradinha de filmes para Francis Ford Coppola, “Jardins de Pedra” (1987) e “Tucker: Um Homem e seu Sonho” (1988), até ter seu status de ladrão de cenas consagrado pela Academia, com uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo desempenho como um chefão da máfia na comédia “De Caso com a Máfia” (1988), de Jonathan Demme. Foi nesse período que acabou vindo filmar no Brasil, onde, sem falar português, viveu o patrão de “Jorge, um Brasileiro” (1988), drama caminhoneiro dirigida por Paulo Thiago, com Carlos Alberto Riccelli e Glória Pires no elenco. Na projeção nacional, foi dublado por Odilon Wagner. Ao voltar aos EUA, Stockwell passou a se dedicar a seu papel mais duradouro na TV, interpretando o almirante Al Calavicci em cinco temporadas da série “Quantum Leap” (1989–1993), que lhe renderam indicações ao Emmy em quatro anos consecutivos. “Ele costumava anunciar sua chegada no estúdio com um grito: ‘A diversão começa agora!’. Palavras mais verdadeiras nunca foram ditas”, lembrou Scott Bakula, seu colega de elenco na série, em depoimento à imprensa nesta terça (9/11). Stockwell ainda fez nova parceria com Dennis Hopper em “Atraída pelo Perigo” (1990), foi um agente de talentos desesperado num dos melhores longas de Robert Altman, “O Jogador” (1992), atuou no thriller de ação “Força Aérea Um” (1997), com Harrison Ford, e até retomou as colaborações com Coppola em “O Homem Que Fazia Chover” (1997), vivendo um juiz corrupto. Mas depois disso seus melhores papéis foram na TV, principalmente como John Cavill, um dos robôs humanoides vilões do reboot de “Battlestar Galactica”, entre 2006 e 2009. Em 2015, ele se aposentou da carreira de ator e passou a se dedicar às artes plásticas. Artista talentoso, Stockwell já tinha se destacado ao projetar a arte da capa de um álbum de Neil Young, “American Stars ‘n Bars”, de 1977, e exibia suas obras por várias regiões nos Estados Unidos com seu nome completo: Robert Dean Stockwell.
Robby Müller (1940 – 2018)
Morreu Robby Müller, um dos diretores de fotografia mais influentes dos últimos anos, com uma filmografia repleta de trabalhos cultuadíssimos. Ele faleceu nessa quarta (4/7) aos 78 anos de idade. O holandês ficou conhecido por suas colaborações com os cineastas Wim Wenders, Jim Jarmusch e Lars Von Trier, que lhe rendeu uma reputação de “mestre da luz”, por conta de sua ênfase em iluminação e cores no cinema. Müller começou sua parceria com Wenders em “Summer in the City” (1970) e ela rendeu diversos clássicos, como “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti” (1972), “Alice nas Cidades” (1974), “Movimento em Falso” (1975), “O Amigo Americano” (1977), até culminar em “Paris, Texas” (1984), a obra-prima do diretor alemão. A repercussão deste filme o colocou em contato com diretores “malditos” do cinema americano, como Alex Cox, para quem fotografou o cultuado “Repo Man: A Onda Punk” (1986), William Friedkin, com quem trabalhou em outro cult, “Viver e Morrer em Los Angeles” (1985), e principalmente Jim Jarmusch, que se tornou seu segundo grande parceiro, estendendo as colaborações para todos os filmes do diretor, de “Daunbailó” (1986) até “Sobre Café e Cigarros” (2003), último longa-metragem do diretor de fotografia. Entre os filmes de Jarmusch, Müller ainda registrou as imagens de dois filmes de Lars Von Trier: “Ondas do Destino” (1996) e “Dançando no Escuro” (2000), este último com a cantora Björk no elenco. Ele também assinou o visual de um cult britânico: “A Festa Nunca Termina” (2002), do inglês Michael Winterbottom. Três vezes vencedor da premiação da Academia Alemã, o Oscar do cinema alemão, Müller nunca foi indicado ao Oscar, fato amplamente criticado na comunidade de cinematógrafos em Hollywood. Já o sindicato americano da categoria lhe rendeu um tributo pela carreira em 2013.
Harry Dean Stanton (1926 – 2017)
Morreu o ator Harry Dean Stanton, estrela de “Alien” (1979), “Paris, Texas” (1984), “Twin Peaks” e inúmeros outras produções clássicas e cultuadas. Ele tinha 91 anos e faleceu de casas naturais em um hospital em Los Angeles. Harry Dean Stanton nasceu em 14 de julho de 1926, em West Irvine, uma pequena comunidade do Kentucky. Seu pai era fazendeiro e barbeiro, sua mãe era uma cabeleireira, e o jovem Harry virou cozinheiro, quando serviu na Marinha durante a 2ª Guerra Mundial. Após a Guerra, ele chegou a se matricular na Universidade de Kentucky para estudar jornalismo, mas acabou tomando outro rumo. Mais especificamente, um ônibus Greyhound para Los Angeles, onde desembarcou em 1949 disposto a fazer sucesso. Chegou a se apresentar como cantor e até como pregador batista, antes de tentar o que a maioria dos recém-chegados tentava naquela cidade: virar ator. Sua estreia aconteceu na série “Inner Sanctum”, em 1954, seguida por uma figuração num clássico de Alfred Hitchcock, “O Homem Errado” (1956). Em pouco tempo, estabeleceu-se como vilão do episódio da semana das séries de western, vestindo chapéu preto em produções como “As Aventuras de Rin Tin Tin”, “Bat Masterson”, “O Homem do Rifle”, “Johnny Ringo”, “Paladino do Oeste”, “Gunsmoke” e “Couro Cru”, entre outras. Isto lhe abriu as portas para seu primeiro papel coadjuvante, como filho do vilão fazendeiro do western “O Rebelde Orgulhoso” (1958), de Michael Curtis. Ele também apareceu no clássico “A Conquista do Oeste” (1962), de John Ford, mas sua carreira só foi deslanchar na década de 1970, quando trabalhou com alguns dos maiores diretores da chamada Nova Hollywood. Tudo por conta de dois pequenos papéis, chamando atenção de forma memorável em “Rebeldia Indomável” (1967), de Stuart Rosenberg, e “Corrida Sem Fim” (1971), de Monte Hellman. A explicação de Stanton para roubar as cenas foi seguir um conselho de Jack Nicholson nas filmagens de “A Vingança de um Pistoleiro” (1966): não fazer nada e deixar o figurino trabalhar. Este seria o segredo de seu método de “interpretação natural”. E, de fato, deu tão certo que ele e Nicholson se tornaram melhores amigos – e vizinhos. Ao todo, a dupla rodou seis filmes juntos – os demais foram “Rebeldia Violenta” (1970), “Duelo de Gigantes” (1976), “O Cão de Guarda” (1992), “A Promessa” (2001) e “Tratamento de Choque” (2003). Sua fama de “não fazer nada” tornou-se ainda mais lendária quando Stanton passou a trabalhar com alguns dos maiores mestres do cinema americano. A lista invejável inclui Sam Peckimpah (em “Pat Garrett e Billy the Kid”, 1973), Francis Ford Coppola (“O Poderoso Chefão 2”, 1974), Arthur Penn (“Duelo de Gigantes”, 1976), John Huston (“Sangue Selvagem”, 1979), John Carpenter (“Fuga de Nova York”, 1981), Garry Marshall (“Médicos Loucos e Apaixonados”, 1982), Robert Altman (“Louco de Amor”, 1985), Martin Scorsese (“A Última Tentação de Cristo”, 1988), David Lynch (“Coração Selvagem”, 1990), John Frankenheimer (“A Quarta Guerra”, 1990) e Frank Darabont (“À Espera de um Milagre”, 1999). Por menor que fosse o papel, ele sempre dava um jeito de chamar atenção, o que, muitas vezes, fazia com que seus diretores famosos lhe convidassem para um bis, repetindo as parcerias, como Coppola em “O Fundo do Coração” (1981) e Lynch com “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” (1994) e “Império dos Sonhos” (2006). Houve, inclusive, um período de oito anos, entre 1978 e 1986, em que ele parecia estar em todos os filmes que importavam. Nesta fase, era praticamente impossível ir na videolocadora e não alugar um VHS com Staton no elenco, fosse sci-fi, comédia, drama, terror, suspense, filme de adolescente e até musical. Seu nome estava simplesmente em “Alien” (1978), “A Rosa” (1979), “A Recruta Benjamin” (1980), “Fuga de Nova York” (1981), “Christine, O Carro Assassino” (1983), “Amanhecer Violento” (1984), “Repo Man – A Onda Punk” (1984) e “A Garota de Rosa-Shocking” (1986) – como o pai desempregado de Molly Ringwald – , entre outros sucessos da época. Tornou-se tão ubíquo que até Deborah Harry, a cantora da banda Blondie, lhe dedicou uma música, “I Want That Man” (1989). A letra começava assim: “I want to dance with Harry Dean/ Drive through Texas in a black limousine”… Os dois namoraram. Apesar disso, Stanton raramente viveu um protagonista. Mas na primeira oportunidade, o filme que ele estrelou venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. “Paris, Texas” tornou-se um dos maiores lançamentos dos anos 1980, colocando seu diretor, o alemão Wim Wenders, no patamar dos grandes mestres. Na trama, Staton vivia Travis, um homem e um pai quebrado pelo amor não correspondido, que vagou por quatro anos sem destino pelas estradas empoeiradas do sul americano, e ao ser encontrado no deserto tenta juntar os cacos de sua vida para entender o que aconteceu. Seu rosto triste marcou gerações. Stanton chegou a dizer, na ocasião: “Depois de todos esses anos, finalmente consegui o papel que queria interpretar. Se nunca mais fizesse outro filme depois de ‘Paris, Texas’, ficaria feliz”. Além de estrelar “Paris, Texas”, ele ainda cantou na trilha sonora, composta por Ry Cooder. E esta era outra faceta de seus múltiplos talentos. O ator tinha uma voz angelical, que foi explorada em outros filmes, como “Rebeldia Indomável”, no qual viveu um presidiário que trabalhava duro em rodovias, e em “Cisco Pike” (1972), em que foi uma estrela de rock decadente, melhor amigo do roqueiro traficante vivido por Kris Kristofferson. Por curiosidade, ele também fez dois filmes com Bob Dylan – “Pat Garrett e Billy the Kid” e o mítico “Renaldo and Clara” (1978), dirigido pelo próprio Dylan. E, fora das telas, tinha sua própria banda, Harry Dean Stanton and the Repo Men, que dava shows nas casas noturnas de Los Angeles. Os cineastas mais jovens também o veneravam, como demonstram suas aparições em “Alpha Dog” (2006), de Nick Cassavetes, “Aqui é o Meu Lugar” (2011), do italiano Paolo Sorrentino, “Rango” (2011), de Gore Verbinski, “Os Vingadores” (2012), de Joss Whedon, e “Sete Psicopatas e um Shih Tzu” (2012), do inglês Martin McDonagh. Mas, nos últimos anos, o ator vinha se destacando mais na TV, graças ao papel assustador do vilão polígamo e autoproclamado profeta Roman Grant, na série “Big Love” (Amor Imenso, 2006–2011) da HBO. Além disso, sua pequena aparição no filme “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” lhe rendeu uma longa participação recorrente no revival da série “Twin Peaks” deste ano, em que reprisou o papel de Carl Rodd, o dono de um parque de trailers – e também cantou. Seu último lançamento previsto é o drama indie “Lucky”, de John Carroll Lynch, que teve première no Festival SXSW e chega aos cinemas norte-americanos em 29 de setembro. O filme é um despedida magistral, em que Stanton, no papel-título, canta, anda pelo deserto texano, contracena com velhos amigos (David Lynch e Tom Skerritt, seu comandante em “Alien”) e pondera o que existe depois da morte. Com exceção de um breve casamento, Stanton viveu a maior parte da vida sozinho. Assim como Travis, de “Paris, Texas”, isto se devia a um coração partido. No documentário sobre sua carreira, “Harry Dean Stanton: Partly Fiction” (2012), ele confessa ter ficado amargurado após perder seu grande amor, a atriz Rebecca De Mornay (atualmente na série “Jessica Jones”). “Ela me deixou por Tom Cruise”, diz ele no filme.
Sam Shepard (1943 – 2017)
O ator, roteirista e dramaturgo Sam Shepard morreu na última quinta-feira (26/7), aos 73 anos, em sua casa no estado americano de Kentucky. Ele foi vítima de complicações da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e estava cercado pela família no momento da morte, segundo anunciou um porta-voz na segunda-feira (31/7). Vencedor do Pulitzer por seu trabalho teatral – pela peça “Buried Child” (1979) – e indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Os Eleitos” (1983), Samuel Shepard Rogers III nasceu em 1943, no estado de Illinois, filho de pai militar. Antes de ficar conhecido em Hollywood, ele tocou bateria na banda The Holy Modal Rounders (que está na trilha de “Sem Destino/Easy Rider”), e decidiu escrever peças num momento em que buscava trabalhos como ator em Nova York. Em 1971, escreveu a peça “Cowboy Mouth” com a então namorada Patti Smith, que marcou sua traumática estreia nos palcos. Já no início das apresentações, Shepard ficou tão perturbado por se apresentar diante do público que abandonou o palco e, sem dar nenhuma explicação, foi embora da cidade. Ele decidiu se concentrar em escrever. Acabou assinando até roteiros de cinema, como o clássico hippie “Zabriskie Point” (1970), de Michelangelo Antonioni, e a adaptação da controvertida peça “Oh! Calcutta!” (1972). Também escreveu, em parceria com Bob Dylan, “Renaldo and Clara” (1978), único longa de ficção dirigido por Dylan. O filme marcou a estreia de Shepard diante das câmeras, numa pequena figuração. Sentindo menos pânico para atuar em estúdio, enveredou de vez pela carreira de ator, trabalhando a seguir no clássico “Cinzas do Paraíso” (1978), de Terrence Malick, como o fazendeiro que emprega Richard Gere e Brooke Adams. Fez outros filmes até cruzar com Jessica Lange em “Frances” (1982). A cinebiografia trágica da atriz Frances Farmer iniciou uma longa história de amor nos bastidores entre os dois atores, que só foi encerrada em 2009. Na época, ele já era casado e o divórcio só aconteceu depois do affair. Shepard finalmente se destacou em “Os Eleitos”, o grandioso drama de Philip Kaufman sobre os primeiros astronautas americanos, no qual viveu Chuck Yeager, que quebrou a barreira do som e sucessivos recordes como o piloto mais veloz do mundo. Sua história corria em paralelo à conquista do espaço, mas chegava a ofuscar a trama central, a ponto de lhe render indicação ao Oscar – perdeu a disputa para Jack Nicholson, por “Laços de Ternura” (1983). Fez seu segundo filme com Lange, “Minha Terra, Minha Vida” (1984), enquanto escrevia o fabuloso roteiro de “Paris, Texas” (1985), dirigido por Wim Wenders, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Paralelamente, ainda alinhavou a adaptação de sua peça “Louco de Amor” (1986). Dirigido por Robert Altman, “Louco de Amor” foi o filme que consagrou Shepard como protagonista, na pele do personagem-título, apaixonado por Kim Basinger a ponto de largar tudo para encontrá-la num motel de beira de estrada e convencê-la a dar mais uma chance ao amor. O ator e roteirista resolveu também virar diretor, e foi para trás das câmeras em “A Casa de Kate é um Caso” (1988), comandando sua mulher, Jessica Lange, num enredo sobre uma família que passou anos separada até finalmente decidir acertar as contas. O filme não teve a menor repercussão e Shepard só dirigiu mais um longa, o western “O Espírito do Silêncio” (1993), que nem sequer conseguiu lançamento comercial. Por outro lado, entre estes trabalhos ele se tornou um ator requisitado para produções de temática feminina, como “Crimes do Coração” (1986) e “Flores de Aço” (1989), que giravam em torno de vários mulheres e seus problemas, e de histórias de amor, como “O Viajante” (1991), “Unidos pelo Destino” (1994) e “Amores e Desencontros” (1997). Como contraponto a essa sensibilidade, também fez thrillers de ação em que precisou mostrar-se frio e calculista, como “Sem Defesa” (1991), de Martin Campbell, “Coração de Trovão” (1992), de Michael Apted, e “O Dossiê Pelicano” (1993), de Alan J. Pakula. Ele conseguiu o equilíbrio e se manteve requisitado, aparecendo em alguns dos filmes mais famosos do começo do século, como o thriller de guerra “Falcão Negro em Perigo” (2001), de Ridley Scott, e “Diário de uma Paixão” (2004), de Nick Cassavetes. Em 2005, estrelou seu último filme com Lange, “Estrela Solitária”, dirigido por Wim Wenders, como um astro de filmes de cowboy que abandona uma filmagem e tenta se reconectar com a família, apenas para descobrir que tem um filho que não conhece. Dois anos depois, fez um de seus melhores trabalhos como ator, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), de Andrew Dominik, no papel de Frank James, o irmão mais velho de Jesse, interpretado por Brad Pitt. Ele voltou a trabalhar com o diretor e com Pitt em “O Homem da Máfia” (2012). Entre seus últimos trabalhos ainda se destacam o suspense político “Jogo de Poder” (2010), de Doug Liman, o thriller de ação “Protegendo o Inimigo” (2012), de Daniel Espinosa, e os dramas criminais “Amor Bandido” (2012), de Jeff Nichols, “Tudo por Justiça” (2013), de Scott Cooper, e “Julho Sangrento” (2014), de Jim Mickle. Em alta demanda, Shepard permaneceu requisitado e desempenhando bons papéis até o fim da vida. Só no ano passado estrelou três filmes (“Ithaca”, “Destino Especial” e “Batalha Incerta”). Mas depois de tanto viver namorado e amante, no fim da carreira especializou-se em encarnar o pai de família. Eles fez vários filmes recentes nesta função, como “Entre Irmãos” (2009), de Jim Sheridan, como o pai de Jake Gyllenhaal e Tobey Maguire, e “Álbum de Família” (2013), de John Wells, cuja morte volta a reunir a família disfuncional, formada por Julia Roberts, Meryl Streep e muitos astros famosos. A sua última e marcante aparição foi na série “Bloodline”, da Netflix, como o patriarca da família Rayburn, sobre a qual girava a trama de suspense. A atração completou sua trama na 3ª temporada, lançada em maio deste ano. Sam Shepard deixa três filhos — Jesse, Hannah e Walker.







