Campeã paralímpica brasileira vai virar filme
A nadadora paraolímpica Susana Schnarndorf vai ganhar um documentário, que incluirá sua participação na Paralimpíada do Rio. A atleta gaúcha, que já teve sua história de lutas filmada, como uma das personagens do longa “Paratodos”, de Marcelo Mesquita, será o tema de “1000 dias”, dedicado a sua vida. “Vamos acompanhá-la até o fim da Paralimpíada, para terminar a montagem no meio do ano que vem”, contou ao jornal O Globo o diretor Rodrigo Boecker, que assina o filme com a cineasta Giovanna Giovanini (ambos de “Cine Paissandu: Histórias de uma Geração”). “Estamos há três anos do lado dela e vemos como ela luta por esse sonho de uma medalha. Ela não quer que ninguém a ajude, sua luta é pessoal”. A história de Susana Schnarndorf é mesmo de cinema. Em 2005, ela descobriu uma doença rara, Atrofia Múltipla de Sistemas (conhecida pela sigla MSA, de seu nome em inglês), que interrompeu sua premiada carreira no trialto e limitou sua vida. Ao lado das deficiências físicas vieram a depressão e a necessidade de se adaptar a uma rotina de remédios, privações e incertezas. Mas ela se adaptou e era apontada como favoritíssima para receber uma medalha de natação na Paralimpíada do Rio, entre 7 e 18 de setembro. Ainda em 2013, ela foi eleita a melhor atleta paralímpica brasileira. Entretanto, há um ano, a progressão da doença vem piorando sua capacidade atlética, e durante o Campeonato Mundial de 2015, em Glasgow, entrou em desespero ao perceber que tinha piorado demais. “É raríssimo vê-la chorando como aconteceu em Glasgow”, disse a codiretora Giovanna. Mas por causa do avanço da MSA, ela conseguiu que sua categoria fosse revisada, e agora Susana, que iniciou no esporte na classe S8, irá competir pela classe S5, na qual conseguiu, há apenas um mês, índice para disputar a Paralimpíada. A confirmação final veio nesta semana, com a convocação pelo Comitê Paralímpico Brasileiro dos 278 atletas que estarão na competição. “Fiz tudo o que podia para representar o Brasil e estarei lá”, contou a atleta, que antes da doença tinha conquistado o pentacampeonato brasileiro e contabilizava 13 participações no Iron Man, além de ser mãe de três filhos. “Geralmente se morre de MSA depois de sete ou oito anos. Mas eu tenho há 11 e estou aqui”. e deve ficar pronto em 2017. —
Independence Day 2 invade os cinemas brasileiros
Vinte anos depois da invasão original, a continuação da sci-fi “Independence Day” retorna aos cinemas, ocupando 965 salas (das quais 668 com telas 3D e 12 IMAX). É um circuito três vezes maior que o do filme de 1996, lançado, na época, em 301 cinemas. A diferença reflete o crescimento do parque exibidor, que ainda assim é insuficiente para o tamanho do país. “Independence Day – O Ressurgimento” reúne boa parte do elenco dos anos 1990, menos Will Smith (que ironicamente virou astro de ação graças ao sucesso do original), além do diretor Roland Emmerich, maior expert em catástrofes de escala apocalíptica de Hollywood. Mostrando seu talento para destruir monumentos e devastar capitais, ele faz dos efeitos visuais os principais destaques da produção, que ainda apela ao público atual com a inclusão de rostos jovens, como Liam Hemsworth (da franquia “Jogos Vorazes”) e Maika Monroe (“Corrente do Mal”). O tom grandiloquente também se reflete no marketing, com pré-estreia em estádio de futebol. Bill Pullman veio ao Brasil para promover o lançamento no estádio Allianz Parque, em São Paulo. Mas o clima festivo acaba, indiretamente, jogando mais luz sobre o grande defeito do longa, que cria um espetáculo pirotécnico de ultradestruição indolor, sem jorrar sangue, para divertir crianças que não podem jogar certos videogames. A crítica americana considerou o esforço medíocre, dividindo-se numa média de 52% de aprovação, segundo o site Rotten Tomatoes. Para enfrentar a invasão importada, o circuito destaca um dos grandes filmes brasileiros do ano, “Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo”. Cinebiografia do lutador de MMA e ex-campeão do UFC, o longa mostra porque Afonso Poyart (“2 Coelhos”) já chamou atenção de Hollywood. Editado com ritmo vibrante, o longa parte do drama de superação para projetar cenas de ação arrepiantes, com ímpeto, furor e ótimas interpretações de José Loreto, no papel-título, e Cleo Pires, cuja filmografia vem se revelando cada vez mais inesperada. A estreia é boa, em 397 salas do circuito. A outra ficção nacional da semana, “O Caseiro”, contenta-se em ser um exemplar convencional de terror, reciclando clichês do gênero, como o caça-fantasma e a casa mal-assombrada. Apesar da trama previsível, seus similares americanos costumam lotar os cinemas. A maior vantagem do filme de Julio Santi (“O Circo da Noite”) é que dispensa as legendas – em 61 telas. O terceiro filme brasileiro é o ótimo documentário “Paratodos”, de Marcelo Mesquita (“Cidade Cinza”), que acompanha as equipes paralímpicas nacionais de natação, atletismo, canoagem e futebol entre 2013 e 2016. Vitórias, frustrações e principalmente histórias de superação compõem a obra, que chega aos cinemas em clima de Olimpíadas – ou seja, com pouco interesse do circuito, em 12 salas. As distribuidoras até se esforçaram para surfar na onda olímpica, mas o mercado não se engajou, como bem demonstra o lançamento de “Raça”, cinebiografia do lendário Jesse Owens, atleta negro que constrangeu Adolph Hitler ao vencer as principais provas de atletismo da Olimpíada de Berlim, em 1936, mas que nem felicitado pelo Presidente dos EUA, numa história vergonhosa de racismo. O filme teve 60% de aprovação no Rotten Tomatoes e vai passar em apenas 10 salas. O francês “Marguerite”, dirigido por Xavier Giannoli (“Quando Estou Amando”) com toques de comédia, leva a 25 salas outra história verídica, sobre uma socialite rica que, paparicada pelos amigos, convence-se que é uma grande cantora de ópera, sem sequer soar afinada. O papel-título rendeu a Catherine Frot o prêmio César (o Oscar francês) de Melhor Atriz do ano. A programação ainda destaca o chinês “As Montanhas se Separam”, de Jia Zhang-Ke (“Um Toque de Pecado”), que teve première em Cannes. Passado em três épocas (presente, passado e futuro), o drama acompanha a história de Tao, uma mulher dividida entre o amor de dois amigos de infância e o destino de seu filho. Chega em oito salas. Por fim, duas estreias não tiveram o circuito revelado, mas estão em cartaz pelo menos em São Paulo. Curiosamente, ambas tratam do mesmo tema: a questão dos imigrantes na Europa. Coprodução Brasil-Portugal, “Estive em Lisboa e Lembrei de Você” se inspira no livro do brasileiro Luiz Ruffato e utiliza-se de atores amadores para, em clima de documentário, refletir sobre o que leva brasileiros a emigrarem para Portugal. A direção é do português José Barahona (“O Manuscrito Perdido”), que tem vivido no Brasil durante os últimos anos. Já “Nós ou Nada em Paris” encontra humor na situação de uma família iraniana, que escapa da repressão dos Aiatolás para a França, em busca de uma vida digna e melhor educação para o filho. Escrita, dirigida e estrelada pelo humorista Kheiron, iraniano radicado em Paris, a comédia foi premiada no Festival de Tóquio e selecionada para o César de Melhor Primeiro Filme.

