Marvel não sabe o que fazer com Pantera Negra 2
Com produção prevista para começar por volta de março, “Pantera Negra 2” vai precisar ser totalmente reinventado após a morte do astro Chadwick Boseman. No momento, o estúdio não sabe o que fazer, porque o ator não tinha informado a ninguém da produção do filme ou da Marvel sobre sua doença. Não havia plano B, porque, segundo apurou o site The Hollywood Reporter, Boseman apostava em se curar para interpretar o papel. De acordo com o THR, a primeira pessoa da produção a ser informada sobre o câncer foi Kevin Feige, chefão da Marvel Studios, num email urgente enviado uma hora antes da morte do ator, na sexta passada (28/8). Enquanto o foco da Disney e da Marvel no momento esteja em homenagens e no processamento da dor da perda de Boseman, em breve decisões precisarão ser tomadas sobre o destino da continuação de “Pantera Negra”. Como o primeiro filme arrecadou US$ 1,3 bilhão em todo o mundo, a nova produção é inevitável. Contratado para escrever e dirigir “Pantera Negra 2”, o cineasta do filme original, Ryan Coogler, está no centro das decisões sobre o futuro do personagem. “Passei o último ano preparando, imaginando e escrevendo palavras para ele dizer que não éramos destinado a ver. Fico quebrado sabendo que não serei capaz de assistir a outro close-up dele no monitor ou caminhar até ele e pedir outra tomada”, o cineasta contou em uma carta aberta. Coogler foi uma das pessoas pegas de surpresa pela morte do ator. “Depois que sua família divulgou a notícia, percebi que ele estava convivendo com a doença durante todo o tempo em que o conheci”, ele contou na carta-aberta. Ao retomar a produção, Feige e Coogler precisarão examinar as opções. Uma delas é substituir Boseman no papel, o que poderia gerar protestos de fãs e intimidar qualquer um que fosse sondado. Uma outra opção seria colocar outro personagem no uniforme do herói. O mais plausível seria fazer da irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright) a nova Pantera Negra. Essa evolução teria, inclusive, paralelos com eventos já retratados nos quadrinhos. Caso opte por esta alternativa, o filme ainda precisará explicar o que aconteceu com T’Challa e mostrar a transição entre os heróis. Vale lembrar que a Disney já lidou anteriormente com a morte de uma protagonista de uma de suas franquias mais populares, quando Carrie Fisher faleceu antes das filmagens de “Star Wars: A Ascensão Skywalker”. Após o impacto inicial da perda de Boseman, o estúdio deve enfrentar o mesmo processo que acompanhou a tomada de decisões sobre o destino da Princesa Leia no final da saga “Star Wars”.
Michael B. Jordan faz homenagem emocionada ao “irmão mais velho” Chadwick Boseman
O ator Michael B. Jordan se pronunciou pela primeira vez nesta segunda (31/8) a noite sobre a morte do colega Chadwick Boseman, falecido na sexta (28/8) em decorrência de câncer. Em uma emocionada publicação, o ator explicou que não estava conseguindo encontrar uma maneira para se despedir daquele a quem considerava seu “irmão mais velho”. “Eu estava tentando encontrar as palavras, mas nada chega perto de como eu me sinto. Eu estive refletindo sobre cada momento, cada conversa, cada risada, cada discordância, cada abraço… sobre tudo”, iniciou o ator. “Eu queria que nós tivéssemos mais tempo. Uma das últimas vezes que nós conversamos, você disse que estávamos para sempre ligados, e agora a verdade disso significa mais para mim do que nunca. Desde o início da minha carreira, começando com ‘All My Children’, quando eu tinha 16 anos, você abriu o caminho para mim. Você me ensinou a ser melhor, honrar o propósito e criar um legado. E quer você saiba disso ou não… Tenho observado, aprendido e sendo constantemente motivado por sua grandeza ” “Tudo o que você deu ao mundo; as lendas e heróis que você nos mostrou que somos viverão para sempre. Mas o que mais dói é que agora entendo o quanto você é uma lenda e herói. Em meio a tudo isso, você nunca perdeu de vista o que mais amava. Você se importava com sua família, seus amigos, sua arte, seu espírito. Você se preocupou com as crianças, a comunidade, nossa cultura e humanidade. Você se importava comigo. Você é meu irmão mais velho, mas nunca tive a chance de lhe contar ou de lhe dar flores enquanto você estava aqui.” “Eu queria que tivéssemos mais tempo. Estou mais ciente agora do que nunca de que o tempo é curto com pessoas que amamos e admiramos. Vou sentir falta da sua honestidade, generosidade, senso de humor e dons incríveis. Vou sentir falta do presente que era compartilhar o espaço com você nas cenas. Estou dedicando o resto dos meus dias para viver como você viveu. Com graça, coragem e sem arrependimentos. ‘Este é o seu rei!?’ Sim. Ele é! Descanse no poder, irmão”, finalizou. Michael B. Jordan contracenou com Chadiwck Boseman desde o começo da carreira, na novela “All My Children”, antes dos dois se tornarem astros de Hollywood, e mais famosamente em “Pantera Negra”, no auge da popularidade de ambos. Ver essa foto no Instagram I’ve been trying to find the words, but nothing comes close to how I feel. I’ve been reflecting on every moment, every conversation, every laugh, every disagreement, every hug…everything. I wish we had more time. One of the last times we spoke, you said we were forever linked , and now the truth of that means more to me than ever. Since nearly the beginning of my career, starting with All My Children when I was 16 years old you paved the way for me. You showed me how to be better, honor purpose, and create legacy. And whether you’ve known it or not…I’ve been watching, learning and constantly motivated by your greatness. I wish we had more time. Everything you’ve given the world … the legends and heroes that you’ve shown us we are … will live on forever. But the thing that hurts the most is that I now understand how much of a legend and hero YOU are. Through it all, you never lost sight of what you loved most. You cared about your family , your friends, your craft, your spirit. You cared about the kids, the community, our culture and humanity. You cared about me. You are my big brother, but I never fully got a chance to tell you, or to truly give you your flowers while you were here. I wish we had more time. I'm more aware now than ever that time is short with people we love and admire. I’m gonna miss your honesty, your generosity, your sense of humor, and incredible gifts. I’ll miss the gift of sharing space with you in scenes. I’m dedicating the rest of my days to live the way you did. With grace, courage, and no regrets. “Is this your king!?” Yes . he . is! Rest In Power Brother. Uma publicação compartilhada por Michael B. Jordan (@michaelbjordan) em 31 de Ago, 2020 às 4:47 PDT
Marvel presta homenagem a Chadwick Boseman
A Marvel divulgou um vídeo em tributo a Chadwick Boseman, intérprete do herói Pantera Negra, que morreu na sexta-feira (28/8) de câncer de cólon. Com cenas de bastidores de “Pantera Negra”, entrevistas com o próprio ator, depoimentos dos colegas de filmagem, da equipe técnica, do diretor Ryan Coogler e de alguns dos Vingadores (Chris Evans, Scarlett Johnansson e Robert Downey Jr.), o vídeo se encerra com uma frase poderosa: “Você sempre será o nosso rei”. A homenagem também mostra a reação do público em eventos com a presença do ator, além de depoimentos sobre como “Pantera Negra” se tornou um marco da representatividade no cinema. O próprio ator diz num trecho: “É legal ver o que [‘Pantera Negra’] significa para as pessoas. Algumas vezes, na minha cabeça, eu ficava: ‘Bem, o que isso significa para o mundo? Esse clima vale algo?’. E tenho que dizer que sim, e não por ser um escape, mas quando é feito do jeito certo, isso vira esperança para as pessoas”. “Pantera Negra” será exibido na TV na noite desta segunda (31/8), em homenagem da rede Globo a Boseman.
Globo exibe Pantera Negra em homenagem a Chadwick Boseman
A Rede Globo vai exibir o filme “Pantera Negra” nesta segunda-feira (31/8) em sua faixa Tela Quente para homenagear o ator e protagonista do longa, Chadwick Boseman, que morreu na sexta-feira (28/8), aos 43 anos, vítima de um câncer de cólon. A morte do ator surpreendeu o mundo, porque ele não revelou em nenhum momento que sofria de um câncer grave, e continuou trabalhando enquanto se tratava da doença. Visto ainda em forma em seu último lançamento, “Destacamento Blood”, de Spike Lee (lançado em junho na Netflix), Boseman foi diagnosticado com o estágio 3 do câncer em 2016. De lá pra cá, rodou diversos filmes de sucesso, entre eles “Pantera Negra”. Boseman virou o super-herói da Marvel em “Capitão América: Guerra Civil” (2017), aparecendo pela primeira vez como T’Challa, príncipe de Wakanda, que se tornava rei e o lendário herói Pantera Negra. Mas foi só o aperitivo (num contrato para cinco produções), servindo de teaser para o filme solo do herói, “Pantera Negra”. Mais que um blockbuster de enorme sucesso mundial, com bilheteria de US$ 1,3 bilhão, “Pantera Negra” representou um fenômeno cultural, criando o bordão “Wakanda Forever”, com tudo o que ele representa. Não só um país extremamente avançado, Wakanda foi encarado como uma ideia, afrofuturismo como o cinema jamais tinha ousado apresentar, que subvertia gerações de colonialismo cinematográfico e a representação da África como um continente miserável. A África apresentada em “Pantera Negra” era um lugar de dar orgulho por sua inovação e progresso. Como T’Challa, Boseman reinou sobre essa visão, que empoderava não apenas homens negros, mas também mulheres negras, apresentadas como guerreiras imbatíveis e cientistas inigualáveis. O diretor Ryan Coogler pretendia continuar a explorar esse mundo numa continuação, anunciada para 2022, mas o ator vai ficar devendo o filme. Ele realizou quatro dos longas de seu contrato, aparecendo ainda na dobradinha “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, maior bilheteria do cinema em todos os tempos. Além de Chadwick Boseman, o elenco de “Pantera Negra” inclui Letitia Wright (série “Humans”) como sua irmã Shuri, Angela Bassett (“Invasão a Londres”) como sua madrasta Ramonda, Forest Whitaker (“Busca Implacável 3”) como seu mentor e guia espiritual Zuri, Daniel Kaluuya (“Corra!”) como seu melhor amigo W’Kabi, Danai Gurira (série “The Walking Dead”) como a guerreira Okoye, Lupita Nyong’o (“12 Anos de Escravidão”) como outra guerreira, Nakia, Martin Freeman, reprisando seu papel de “Capitão América: Guerra Civil” (2016), como o oficial da ONU Everett K. Ross, além dos antagonistas Erik Killmonger, vivido por Michel B. Jordan (“Creed”), M’Baku, interpretado por Winston Duke (série “Pessoa de Interesse”), e Ulysses Klaue, que Andy Serkis também já tinha interpretado em “Capitão América: Guerra Civil”. Confira o trailer legendado abaixo.
Diretor de Pantera Negra escreve despedida comovente para Chadwick Boseman
O diretor Ryan Coogler, de “Pantera Negra”, assumiu-se surpreso e dolorido com a morte de Chadwick Boseman, a estrela de seu filme, após uma batalha de quatro anos contra o câncer de cólon. Em uma longa carta divulgada no domingo (30/8), Coogler lamentou a perda de “uma pessoa especial” que deixou uma “marca incrível”, e revelou que não sabia que o ator sofria com a doença. Boseman nunca havia falado publicamente sobre seu diagnóstico e Coogler observou que o ator “valorizava profundamente a privacidade”. “Eu não sabia dos detalhes de sua doença”, escreveu Coogler. “Depois que sua família divulgou a notícia, percebi que ele estava convivendo com a doença durante todo o tempo em que o conheci. Por ser um provedor, um líder e um homem de fé, dignidade e orgulho, ele protegeu seus colaboradores do sofrimento. Ele viveu uma vida linda. E ele fez uma grande arte. Dia após dia, ano após ano. Ele era assim. Ele era um espetáculo de fogos de artifício épico. Contarei histórias sobre ter presenciado algumas das suas faíscas brilhantes até o fim dos meus dias. Que marca incrível ele deixou para nós.” Na carta, Coogler se lembrou como se convenceu a fazer “Pantera Negra” por causa do ator. “Eu herdei a escolha da Marvel e dos irmãos Russo para T’Challa. É algo pelo qual serei eternamente grato”, comentou. “A primeira vez que vi a performance de Chad como T’Challa, foi em uma versão inacabada de ‘Capitão América: Guerra Civil'”, lembrou, dizendo que, na época, ainda estava “decidindo se dirigir ‘Pantera Negra’ era ou não a escolha certa para mim”. Ele disse que o que o convenceu foi ver um diálogo entre Boseman e o titã do cinema sul-africano, John Kani, que viveu o pai de T’Challa, Rei T’Chaka, “em um idioma que eu nunca tinha ouvido antes”. “Perguntei a Nate Moore, um dos produtores do filme, sobre a linguagem. ‘Vocês inventaram?’ Nate respondeu: ‘Esse é o xhosa, a língua nativa de John Kani. Ele e Chad decidiram fazer a cena assim no set, e nós fomos atrás.’ Eu refleti para mim mesmo: ‘Ele acabou de aprender falas em outro idioma naquele dia?’ Eu não conseguia dimensionar como isso deve era difícil e, embora não tivesse conhecido Chad, já estava maravilhado com sua capacidade como ator”. Coogler revela com carinho o dia em que finalmente conheceu Boseman em 2016, “assim que assinei para fazer o filme”. “Ele escapou de jornalistas que estavam reunidos para uma entrevista coletiva que eu daria sobre ‘Creed’ e se encontrou comigo. Conversamos sobre nossas vidas, o tempo que passei jogando futebol na faculdade e o tempo dele em Howard estudando para ser diretor, sobre nossa visão coletiva para T’Challa e Wakanda. Falamos sobre a ironia de como seu ex-colega de classe de Howard, Ta-Nehisi Coates, estava escrevendo o arco atual de T’Challa com a Marvel Comics. E como Chad conheceu o aluno de Howard, Prince Jones, cujo assassinato por um policial inspirou o livro de memórias de Coates, ‘Between The World and Me’.” “Percebi que Chad era uma anomalia”, continuou Coogler. “Ele estava calmo. Confiante. Estudando constantemente. Mas também gentil, reconfortante, tinha a risada mais calorosa do mundo e olhos que enxergavam muito além de sua idade, mas ainda podiam brilhar como uma criança vendo algo pela primeira vez.” “Essa foi a primeira de muitas conversas. Ele era uma pessoa especial. Costumávamos falar sobre herança e o que significa ser africano. Ao se preparar para o filme, ele refletia sobre cada decisão, cada escolha, não apenas em como isso se refletiria nele mesmo, mas como essas escolhas poderiam repercutir. ‘Eles não estão prontos para isso, para o que estamos fazendo…’. ‘Isto é ‘Guerra nas Estrelas’, este é ‘Senhor dos Anéis’, mas para nós … e muito mais!’. Ele diria isso para mim enquanto estávamos lutando para terminar uma cena dramática, que já se estendia para além do dobro do tempo previsto. Ou enquanto ele estava coberto de pintura corporal, fazendo suas próprias acrobacias. Ou mergulhado em água gelada e pulando em plataformas de pouso de espuma. Eu acenava com a cabeça e sorria, mas não acreditava nele. Eu não tinha ideia se o filme iria funcionar. Eu não tinha certeza se sabia o que estava fazendo. Mas eu olho para trás e percebo que Chad sabia algo que todos nós não sabíamos. Ele estava jogando um longo jogo. Tudo isso enquanto trabalhava. E ele fez o trabalho.” “Ele acompanhou os testes para papéis coadjuvantes, o que não é comum para atores principais em filmes de grande orçamento. Ele participou de várias audições. Na vez de Winston Duke, ele transformou uma leitura em uma cena de luta livre. Winston quebrou sua pulseira. Na audição de Letitia Wright para Shuri, ela derrubou sua pose real com seu humor característico e colocou um sorriso no rosto de T’Challa que era 100% Chad.” O diretor conta que as discussões se estenderam durante as filmagens. “Conversamos desde as fantasias a práticas militares. Ele me disse ‘Wakandanianos tem que dançar durante as coroações. Se eles apenas ficarem lá com lanças, o que os diferencia dos romanos?’. Nos primeiros rascunhos do roteiro, o personagem de Eric Killmonger pediria a T’Challa para ser enterrado em Wakanda. Chad contestou isso e perguntou: ‘E se Killmonger pedisse para ser enterrado em outro lugar?'” Falando sobre a amizade surgida durante as filmagens, Coogler confessa estar lidando mal com a perda. “Eu nunca sofri uma perda tão aguda antes”, descreveu. “Dói mais saber que não podemos ter outra conversa ou troca de mensagens. Ele enviava receitas vegetarianas e regimes alimentares para minha família para seguirmos durante a pandemia. Ele verificava como eu e meus entes queridos estávamos passando, mesmo enquanto lidava com o flagelo do câncer”, revelou, confirmando que não sabia nada sobre a condição do ator. Após o impressionante sucesso de bilheteria de “Pantera Negra”, os dois deveriam voltar a se juntar em uma sequência prevista para 2022, a qual Coogler já se dedicava. “Passei o último ano preparando, imaginando e escrevendo palavras para ele dizer que não éramos destinado a ver. Fico quebrado sabendo que não serei capaz de assistir a outro close-up dele no monitor ou caminhar até ele e pedir outra tomada”. “Nas culturas africanas, muitas vezes nos referimos a entes queridos, que já passaram, como ancestrais”, filosofou o diretor no final de seu texto. “Estávamos em Atlanta, em um armazém abandonado, com telas azuis e enormes luzes de cinema, mas a performance de Chad fez tudo parecer real. Acho que foi porque, desde o momento em que o conheci, os ancestrais falavam por meio dele. Não é segredo para mim agora como ele foi capaz de retratar habilmente alguns dos nossos personagens mais notáveis. Eu não tinha dúvidas de que ele continuaria a nos abençoar com mais. Mas é com o coração pesado e um sentimento de profunda gratidão por ter estado em sua presença, que tenho que reconhecer que Chad agora é um ancestral. E eu sei que ele vai cuidar de nós”.
Chadwick Boseman chorou por crianças com câncer nas filmagens de Pantera Negra
Um vídeo de Chadwick Boseman, gravado para a SiriusXM durante a divulgação de “Pantera Negra”, viralizou após sua morte na sexta (28/8) de câncer no cólon. A entrevista com o elenco do filme captura a emoção do ator ao relembrar a importância de “Pantera Negra” para duas crianças com câncer em estágio terminal. Diagnosticado com câncer desde 2016, ele mantinha a doença em segredo do público, mas não se conteve durante a entrevista de 2018, chorando ao contar como conheceu e manteve conversas com as crianças durante as filmagens. Ele disse que as crianças tentaram resistir o quanto puderam para ver “Pantera Negra”, um símbolo cultural, representado pelo primeiro super-herói negro. “Havia duas crianças pequenas, Ian e Taylor, que recentemente morreram de câncer”, Boseman disse. “Durante nossas filmagens, eu estava em contato com eles, sabendo que os dois eram terminais. E eles me disseram que estavam tentando resistir até pelo menos ‘quando o filme sair'”. “Até certo ponto, você ouve aquilo e pensa: ‘Eu preciso levantar e trabalhar. Preciso trabalhar direito’. E ver como nosso elenco trabalhou para fazer algo significativo para essas crianças…”, disse Boseman. “Mas ver como o mundo nos abraçou e eu percebo que elas [as crianças] anteciparam de algo ótimo. Eu lembro como quando era criança e ficava esperando pelo aniversário, pelo Natal, por um videogame novo. Eu vivi esperando por isso”, disse o ator, antes de começar a chorar. “Sim… significa muito”. Boseman descobriu sua doença no mesmo ano em que encarnou o Rei T’Challa pela primeira vez em “Capitão América: Guerra Civil”. A participação no filme dava início à trajetória do ator no MCU, acertada inicialmente para cinco filmes. Entre janeiro e abril de 2017, Boseman encabeçou as filmagens de “Pantera Negra”, sucesso de público com mais de US$ 1,3 bilhão arrecadados nas bilheterias ao redor do mundo, e de crítica. O longa dirigido por Ryan Coogler concorreu a seis Oscars, incluindo Melhor Filme, levando três estatuetas para casa. Coogler pretendia continuar a explorar esse mundo numa continuação, anunciada para 2022, mas o ator vai ficar devendo o filme. Ele realizou quatro dos longas de seu contrato, aparecendo ainda na dobradinha “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, maior bilheteria do cinema em todos os tempos. Veja o vídeo emocional de Chadwick Boseman abaixo.
Chadwick Boseman (1977 – 2020)
O ator Chadwick Boseman, estrela do blockbuster “Pantera Negra”, morreu na noite de sexta (28/8) de câncer de cólon em sua casa, ao lado de sua família, aos 43 anos. Boseman manteve sua luta contra a doença em segredo do público, mas sua família revelou que ele tinha sido diagnosticado há quatro anos. “Um verdadeiro lutador, Chadwick perseverou em tudo e trouxe para vocês muitos dos filmes que vocês tanto amam”, disse sua família em um comunicado. “De ‘Marshall’ a ‘Destacamento Blood’ e vários outros, todos foram filmados durante e entre incontáveis cirurgias e quimioterapia. Mas a grande honra de sua carreira foi dar vida ao Rei T’Challa em ‘Pantera Negra’.” Kevin Feige, presidente da Marvel Studios e Chefe Criativo da Marvel, classificou o falecimento de Boseman de “absolutamente devastador. Ele era nosso T’Challa, nosso Pantera Negra e nosso querido amigo. Cada vez que ele pisava no set, ele irradiava carisma e alegria, e cada vez que ele aparecia na tela, ele criava algo verdadeiramente indelével”. “Ele incorporou muitas pessoas incríveis em seu trabalho, e ninguém era melhor em dar vida a grandes homens. Ele era tão inteligente, gentil, poderoso e forte quanto qualquer pessoa que retratou. Agora ele ocupa seu lugar ao lado deles como um ícone para todos os tempos. A família da Marvel Studios lamenta profundamente sua perda, e estamos de luto esta noite com sua família.” Robert A. Iger, presidente executivo e presidente do conselho da The Walt Disney Company, também emitiu uma declaração em luto por Boseman. “Estamos todos com o coração partido pela trágica perda de Chadwick Boseman – um talento extraordinário e uma das almas mais gentis e generosas que já conheci. Ele trouxe enorme força, dignidade e profundidade para seu papel inovador de Pantera Negra; destruindo mitos e estereótipos, tornando-se um herói tão esperado para milhões ao redor do mundo e inspirando todos nós a sonhar mais alto e exigir mais do que o status quo. “Ficamos tristes por tudo o que ele foi, assim como por tudo o que estava destinado a se tornar. Para seus amigos e milhões de fãs, sua ausência da tela é apenas eclipsada por sua ausência de nossas vidas. Todos nós da Disney enviamos nossas orações e sinceras condolências à família dele. ” Chadwick Boseman nasceu e foi criado na cidade de Anderson, na Carolina do Sul, e mais tarde estudou na Howard University, formando-se em 2000 com um Bacharelado de Belas Artes em Direção. Depois disso, fez cursos de teatro em Londres e conseguiu seu primeiro papel na TV em 2003, um episódio de “Third Watch”. Ele passou a aparecer em séries como “Law & Order”, “CSI: NY” e “ER”, até conseguir seu primeiro papel recorrente em 2008, na série “Lincoln Heights”. No mesmo ano, foi escalado no primeiro filme, “No Limite – A História de Ernie Davis”. A grande virada em sua carreira veio cinco anos depois, quando se tornou o protagonista de “42: A História de uma Lenda” (2013), cinebiografia do pioneiro do beisebol Jackie Robinson, o primeiro jogador negro a entrar na liga principal do esporte. O papel veio quando ele estava pensando em mudar de carreira e se tornar diretor, após assinar dois curta-metragens. “42” adiou definitivamente os planos de passar para trás das câmeras, tornando Boseman um ator requisitado. Em seguida, ele integrou o elenco de outro drama esportivo, “A Grande Escolha” (2014) e encarou mais uma cinebiografia, “Get on Up: A História de James Brown” (2014), encarnando o pai do funk. A mudança para as fantasias de ação com grandes orçamentos e muitos efeitos visuais se deu em “Deuses do Egito” (2016), filme que rendeu polêmica ao escalar atores brancos como egípcios. Ele não se esquivou da situação racista e foi incisivo durante as entrevistas de divulgação. “Quando me abordaram com o roteiro do filme, eu rezei para que essa polêmica acontecesse. E eu sou grato que aconteceu, porque, na verdade, eu concordo com ela”, disse na época à revista GQ, lamentando que Hollywood “não faz filmes de US$ 140 milhões estrelados por negros e pardos”. A atitude demonstrada durante o caos de “Deuses do Egito” poderia prejudicar um ator como ele em outros tempos. Mas em 2016 ajudou a mudar o jogo, encerrando a tradição de embranquecimento cinematográfico de Hollywood. Logo em seguida, Boseman jogaria a pá de cal no preconceito contra protagonistas negros em produções milionárias. Ele virou super-herói da Marvel em seu filme seguinte, “Capitão América: Guerra Civil” (2017), aparecendo pela primeira vez como T’Challa, príncipe de Wakanda, que se tornava rei e o lendário herói Pantera Negra. Mas foi só o aperitivo, num contrato para cinco produções, servindo de teaser para o filme solo do herói, “Pantera Negra”. Mais que um blockbuster de enorme sucesso mundial, com bilheteria de US$ 1,3 bilhão, “Pantera Negra” representou um fenômeno cultural, criando o bordão “Wakanda Forever”, com tudo o que ele representa. Não só um país extremamente avançado, Wakanda foi encarado como uma ideia, afrofuturismo como o cinema jamais tinha ousado apresentar, que subvertia gerações de colonialismo cinematográfico e a representação da África como um continente miserável. A África de “Pantera Negra” era um lugar de dar orgulho por sua inovação e progresso. Como T’Challa, Boseman reinou sobre essa visão, que empoderava não apenas homens negros, mas também mulheres negras, apresentadas como guerreiras imbatíveis e cientistas inigualáveis. O diretor Ryan Coogler pretendia continuar a explorar esse mundo numa continuação, anunciada para 2022, mas o ator vai ficar devendo o filme. Ele realizou quatro dos longas de seu contrato, aparecendo ainda na dobradinha “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, maior bilheteria do cinema em todos os tempos. Entre as aparições como Pantera Negra, Boseman ainda estrelou “Marshall: Igualdade e Justiça” (2017), outra cinebiografia, desta vez de Thurgood Marshall, o advogado que se tornaria o primeiro juiz afro-americano da Suprema Corte dos EUA. Ele ainda voltou a se reunir com os diretores de “Vingadores: Ultimato”, desta vez como produtores, no thriller de ação “Crime sem Saída” (2019), mas seus últimos trabalhos foram com cineastas negros. Neste ano, ele posou novamente como um herói lendário no filme “Destacamento Blood”, de Spike Lee. E chegou a terminar sua participação em “A Voz Suprema do Blues” (Ma Rainey’s Black Bottom), como um trumpetista ambicioso da banda da rainha do blues Ma Rainey. Baseado numa peça de August Wilson (“Fences”), o filme do diretor George C. Wolfe é coestrelado por Viola Davis e ainda não tem previsão de estreia. “A Voz Suprema do Blues” será sua derradeira aparição nas telas, mas ele ainda poderá ser ouvido numa participação especial no lançamento da série animada “What If”, da Disney+ (Disney Plus), onde deixou registrada sua voz como Pantera Negra pela última vez. A morte do jovem astro no auge de sua carreira deixou o mundo do entretenimento atordoado e dominou as redes sociais na madrugada, com reações de surpresa e lamentações, inclusive uma declaração inédita da DC Comics, declarando “Wakanda Forever” para “o herói que transcende universos”. “Este é um golpe esmagador”, disse o cineasta Jordan Peele no Twitter, um dos muitos que expressaram choque quando a notícia foi confirmada. “Estou devastado”, afirmou Chris Evans, o Capitão América da Marvel, acrescentando que “ele ainda tinha tanto por criar”. “Isso me quebrou”, assumiu a atriz Issa Rae. “Uma perda imensa”, resumiu o Twitter oficial da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA.
Banda indie processa trilha de Pantera Negra por plágio
A banda indie Yeasayer entrou com um processo contra a trilha sonora do filme “Pantera Negra”, da Marvel. O trio nova-iorquino alega que a faixa “Pray for Me”, creditada a The Weeknd e Kendrick Lamar, é plágio da música “Sunrise”, lançada em 2007. De acordo com o processo, os artistas alegam que “Pray for Me” não copia apenas a melodia de “Sunrise”, mas também usa suas vozes, que teriam sido tratadas para soar diferente. Os integrantes da banda ainda afirmam que, mesmo com as mudanças, suas vozes são “imediatamente reconhecíveis” e que seus vocais foram utilizados oito vezes durante a música de “Pantera Negra”. Por conta disso, eles entraram com uma liminar para interromper as vendas e o licenciamento da música, tanto como single ou clipe, quanto no álbum da trilha sonora. A música não toca no filme, que estreou em fevereiro de 2018 e arrecadou mais de R$ 5,9 bilhões de reais na bilheteria mundial. Ela faz parte de um disco “inspirado” por “Pantera Negra”, que foi concebido por Kendrick Lamar. O clipe oficial de “Pray for Me” tem cerca de 165 milhões de visualizações no canal oficial do cantor The Weeknd no YouTube. Já o Yeasayer anunciou sua dissolução em dezembro passado, sem nunca ter feito muito sucesso. Seu último clipe, “Let Me Listen In On You”, teve apenas 17 mil visualizações. Compare abaixo a música da banda com a faixa de “Pantera Negra” acusada de apropriação indébita.
Site oficial do governo dos EUA cita parceria comercial com país fictício da Marvel
O site oficial do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos listou Wakanda, país fictício do filme “Pantera Negra”, como um dos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Nos quadrinhos e no filme da Marvel, Wakanda é uma das mais avançadas potências tecnológicas do mundo. Mas n buscador de tarifas agrícolas do site, seu comércio com os EUA se resume a agropecuária – patos, burros e vacas leiteiras. A inclusão inusitada do país na lista foi identificada por Francis Tseng, engenheiro de software de Nova York que estava pesquisando tarifas agrícolas para se candidatar a uma bolsa de estudos. Ele informou à agência de notícias Reuters que, quando viu Wakanda na lista, ficou “muito confuso”. Após a “parceria” ser revelada – e virar piada nas redes sociais – , um porta-voz do órgão explicou que Wakanda foi adicionado à lista por acidente, durante um teste realizado pela equipe. O nome do mítico reino africano acabou removido da lista nesta quinta (19/12). Mas continua rendendo piadas. Após a remoção, um repórter de Orlando perguntou ao porta-voz do governo: “Então nós não temos livre comércio com Wakanda? E em que pé estão as negociações com a Agrabah?”, referindo-se à cidade onde se passa a trama de Aladdin.
Disney anuncia mais Marvel. Serão 13 filmes de super-heróis nos próximos 4 anos
Prestes a entrar em sua Fase 4, a Marvel Studios adicionou cinco novos filmes ao seu calendário de lançamentos. As novas datas, divulgadas pela Disney na sexta-feira (15/11), incluem os lançamentos de mais um longa em 2022 e quatro em 2023. Isto significa que o estúdio vai lançar mais 13 filmes de super-heróis nos próximos quatro anos. A lista oficial dos próximos filmes da Marvel, com as datas de estreia nos Estados Unidos, é a seguinte: 1 de maio de 2020 – Viúva Negra (Black Widow) 6 de novembro de 2020 – Os Eternos (The Eternals) 12 de fevereiro de 2021 – Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings 7 de maio de 2021 – Doctor Strange in the Multiverse of Madness 5 de novembro de 2021 – Thor: Love and Thunder 18 de fevereiro de 2022 – Sem Título 6 de maio de 2022 – Pantera Negra 2 (Black Panther 2) 29 de julho de 2022 – Sem Título 7 de outubro de 2022 – Sem Título 17 de fevereiro de 2023 – Sem Título 5 de maio de 2023 – Sem Título 28 de julho de 2023 – Sem Título 3 de novembro de 2023- Sem Título Sete filmes, mais da metade da lista, não foram identificados, mas devem ser projetos que já estão em desenvolvimento, como “Guardiões da Galáxia Vol. 3”, “Homem-Formiga 3”, “Capitã Marvel 2”, “Deadpool 3”, um filme de (ou com) “Blade” estrelado por Mahershala Ali (“Green Book”) e as novas versões de “X-Men” e “Quarteto Fantástico”. Além destes, ainda há “Homem-Aranha 3”, que apesar de integrar o MCU tem seu cronograma atrelado à programação da Sony – como os vindouros “Venom 2” e “Morbius”. Até o momento, o Universo Cinematográfico da Marvel já lançou 23 filmes conectados. A Fase 4 do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel) começará oficialmente com “Viúva Negra”, que tem estreia marcada para 30 de abril no Brasil, um dia antes do lançamento nos EUA. Além disso, os filmes também terão conexão com as séries live-action da Marvel na plataforma Disney+ (Disney Plus) – “Falcão e o Soldado Invernal” (Falcon and the Winter Soldier), “Loki”, “WandaVision” e “Gavião Arqueiro” (Hawkeye) – , que estreiam a partir de 2020.
Scorsese vs Marvel: Diretor continua guerra infinita com novo ataque publicado no New York Times
Martin Scorsese está transformando sua crítica sobre como a Marvel reduz o cinema a franquias de parques temáticos numa franquia em si mesma. O novo capítulo dessa guerra infinita foi publicado na segunda-feira (4/11) na forma de um artigo opinativo no jornal The New York Times, que não acrescenta elementos novos na discussão, mas reforça tudo o que diretor já disse. Enquanto a manchete do ensaio (“Martin Scorsese: Eu disse que os filmes da Marvel não são cinema. Deixe-me explicar”) parece potencialmente conciliatória, o texto do cineasta só oferece desdém à Marvel Studios. Seu alvo principal é a mitologia abrangente dos filmes e sua abordagem formulística. “Alguns dizem que as filmes de Hitchcock eram todos parecidos, e talvez isso seja verdade – o próprio Hitchcock se questionou sobre isso. Mas a mesmice dos filmes de franquia de hoje é outra coisa diferente. Muitos dos elementos que definem o cinema como eu o conheço estão nos filmes da Marvel. O que não existe é revelação, mistério ou perigo emocional genuíno. Nada está em risco. Os filmes são feitos para satisfazer um conjunto específico de demandas de consumo e projetados como variações em um número finito de temas”. “Muitos filmes de franquia são feitos por pessoas de considerável talento e arte. Você pode ver isso na tela. O fato de os filmes em si não me interessarem é uma questão de gosto e temperamento pessoal. Sei que, se eu fosse mais jovem, se tivesse amadurecido mais tarde, ficaria empolgado com esses filmes e talvez até quisesse fazer um. Mas eu cresci quando cresci e desenvolvi um senso de cinema – do que é cinema e do que poderia ser – que passa tão longe do universo Marvel quanto nós, na Terra, de Alpha Centauri.” Vale considerar que, se fosse mais velho, Scorsese também não teria problema em se empolgar com a Marvel, já que teria crescido em meio aos seriados de aventura, que inventaram o termo “cliffhanger” e a falta de perigo emocional genuíno. Seu contemporâneo George Lucas é o primeiro a admitir ter se inspirado nos seriados dos anos 1930 e 1940, em particular “Flash Gordon” (por sinal, também uma adaptação de quadrinhos), para criar “Star Wars”. E, de fato, é muito interessante que Scorsese reclame da Marvel, mas silencie sobre “Star Wars”, de seu amigo Lucas, ou sobre outras franquias de colegas prestigiados, como “Jurassic Park”, de Steven Spielberg, “Aliens”, de Ridley Scott, “O Senhor dos Anéis”, de Peter Jackson, e “O Exterminador do Futuro”, de James Cameron. Até Francis Ford Coppola, que ecoou seus ataques contra a fábrica de franquias da Marvel, desenvolveu seu próprio universo cinematográfico com três “O Poderoso Chefão”. Para Scorsese, o problema é amplificado pela natureza interconectada dos filmes da Marvel e o uso de personagens arquetípicos, enredos melodramáticos e riscos supostamente sem consequências, que reduziriam os filmes de super-heróis a algo artisticamente estridente e economicamente perigoso para o futuro do cinema. “Eles são sequências no nome, mas remakes em espírito, e tudo neles é oficialmente sancionado porque não pode realmente ser de outra maneira. Essa é a natureza das franquias modernas de cinema: pesquisadas no mercado, testadas pelo público, avaliadas, modificadas, reavaliadas e refeitas novamente até estarem prontas para o consumo. Outra maneira de dizer seria que eles são tudo o que os filmes de Paul Thomas Anderson ou Claire Denis ou Spike Lee ou Ari Aster ou Kathryn Bigelow ou Wes Anderson não são. Quando assisto a um filme de qualquer um desses cineastas, sei que vou ver algo absolutamente novo e ser levado a áreas de experiência inesperadas e talvez até inomináveis. Meu senso do que é possível ao contar histórias com imagens e sons em movimento será expandido.” A visão de Scorsese reflete uma escola de cinema que busca pensar o diretor como autor de obras de identidades claramente definidas. Para ele, os filmes da Marvel são produções de comitê, mais criação de um produtor, no caso Kevin Feige, do que de cineastas e, portanto, seriam todos iguais. Mas é importante lembrar que essa mesma escola de pensamento, desenvolvida entre os anos 1950 e 1960 na revista francesa Cahiers do Cinema, destacava que diretores como Hitchcock, John Ford e outros mestres de Hollywood criaram obras autorais num sistema de estúdio muito mais opressivo que o atual, que os tratava como meros funcionários de projetos encomendados. Se algum dia assistir aos filmes da Marvel, Scorsese perceberá que deve desculpas a colegas de profissão por usar esse argumento. “Guardiões da Galáxia” de James Gunn, “Thor: Ragnarok”, de Taika Waititi, e “Pantera Negra”, de Ryan Coogler, são tão autorais quanto os títulos de qualquer um dos cineastas citados por ele. Além disso, as produções são muito diversas entre si. O tom de espionagem setentista de “Capitão América: Guerra Civil” não tem nada a ver com o humor escrachado de “Homem-Formiga e a Vespa”. E há, sim, um envolvimento emocional genuíno do público em relação ao destino dos personagens. A morte do Tony Stark, de Robert Downey Jr., em “Vingadores: Ultimato”, gerou comoção tão grande quanto o destino de Jack, de Leonardo DiCaprio, em “Titanic”, filme vencedor de 11 Oscars. Mas, para Scorsese, a abordagem de franquia dos filmes da Marvel estaria sufocando o cinema “de verdade”. “Há entretenimento audiovisual mundial e há cinema. Eles ainda se sobrepõem de tempos em tempos, mas isso está se tornando cada vez mais raro. E temo que o domínio financeiro de um esteja sendo usado para marginalizar e até menosprezar a existência do outro. Para quem sonha em fazer filmes ou está apenas começando, a situação neste momento é brutal e inóspita para a arte. E o simples ato de escrever essas palavras me enche de uma tristeza terrível. ” A frase final revela que o problema, na verdade, pode ser outro. “Pantera Negra”, por exemplo, foi considerado cinema, no sentido mais artístico possível, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, tornando-se o primeiro lançamento do gênero indicado ao Oscar de Melhor Filme. Não apenas isso. “Coringa” venceu o Festival de Veneza, reduto tradicional do cinema de arte. E agora Scorsese encara a possibilidade concreta de a adaptação de quadrinhos de Todd Phillips disputar o Oscar 2020 como favorito contra, vejam só, seu novo filme, “O Irlandês”. Ele desqualifica o gênero “filmes de super-heróis” como um todo, no momento que seus pares valorizam cada vez mais os aspectos artísticos desse mesmo gênero. Não só isso. A insistência de Scorsese com o assunto Marvel não deixa de ser um estratagema para desviar atenção de seu problema particular com a questão. Afinal, seu novo filme é uma produção da Netflix, que foi boicotada pelos donos das salas de cinemas. Para os exibidores, “O Irlandês” não seria cinema “de verdade”. Ao polemizar de forma gratuita com o estúdio dos super-heróis, o cineasta busca claramente mudar de assunto e evitar a polêmica que o envolve. A estridência de Scorsese contrasta com que sua turnê de divulgação de “O Irlandês” não aborda de jeito nenhum. Afinal, “O Irlandês” é cinema ou filme para ver no celular? Netflix é cinema? A Academia deve premiar filmes feitos para streaming? Spielberg já disse que não, que filmes da Netflix, como “O Irlandês”, são telefilmes e deveriam concorrer ao Emmy. Qual a opinião de Scorsese sobre isso? O que ele tem a dizer sobre o tema, contribuindo para uma discussão que pode realmente definir os rumos da arte cinematográfica? Nada. Absolutamente nada. Ou melhor, diz que tanto faz. “Não importa com quem você faça seu filme, o fato é que as telas na maioria dos multiplex estão repletas de filmes de franquias”. E, de fato, tem sido assim… por toda a História do cinema – ou, pelo menos, desde 1916, quando a sequência do infame “O Nascimento de uma Nação” entrou em cartaz.
Manto e Adaga é cancelada e aumenta crise da Marvel Television
O canal pago americano Freeform cancelou “Manto e Adaga” (Cloak and Dagger) após duas temporadas. Os últimos episódios foram exibidos em maio deste ano, mas os dois heróis do título ainda vão aparecer pela última vez num crossover inédito com a série “Fugitivos” (Runaways), que retorna em dezembro para sua 3ª temporada na plataforma Hulu. “Estamos muito orgulhosos de ‘Manto e Adaga’ e das histórias pioneiras contadas nesta série”, afirmou a Freeform em comunicado. “Também somos gratos aos atores Oliva Holt e Aubrey Joseph por dar vida a esses personagens amados, e ao showrunner Joe Pokaski por sua visão. Gostaríamos de agradecer aos nossos parceiros da Marvel Television por duas maravilhosas temporadas e esperamos poder encontrar outro projeto juntos”, completa o texto. O cancelamento é praticamente a pá de cal na administração atual da Marvel Television. Os fracassos consecutivos do estúdio televisivo destoam tanto do sucesso da Marvel no cinema que estão sendo absorvidos numa nova estrutura sob o guarda-chuvas da Marvel Studios, comandada por Kevin Feige, o executivo responsável pelos blockbusters. A mudança, com a devida promoção de Feige a Chefe de Conteúdo Criativo da Marvel foi anunciada na semana passada. A informação sobre o fim de “Manto e Adaga”, por sinal, já devia ser conhecida pelos executivos da Disney na época – a Freeform é um canal do mesmo grupo de mídia. E pode ter contribuído para a decisão de mudar tudo. Por conta disso, há fortes boatos de que Jeph Loeb, diretor da Marvel Television, vai sair da empresa em novembro. Sua administração fechou o negócio pioneiro com a Netflix, que rendeu um mini-universo Marvel em streaming, mas também o fiasco de “Inumanos”, cuja baixa qualidade depôs contra a marca. Com o cancelamento das séries da Netflix, em retaliação ao projeto da plataforma da Disney, atualmente a Marvel Television tem apenas duas atrações no ar. E uma delas, “Agents of SHIELD”, vai acabar em 2020. A outra é “Fugitivos”. O estúdio ainda desenvolvia “Novos Guerreiros” e “Motoqueiro Fantasma”, que foram canceladas em fase de pré-produção, aumentando a crise na empresa. Entre projetos futuros, há apenas animações e “Helstrom”, uma série sobre o “Filho de Satã”, para a Hulu. Como o programa está em fase inicial, deve passar sem atritos para os novos responsáveis pela divisão televisiva da Marvel. As séries anunciadas para a plataforma Disney+ (Disney Plus) (Disney Plus) já estavam sendo produzidas por Kevin Feige. Agora, ele assumirá oficialmente o comando de todas as séries, coordenando as divisões da Marvel Television e Marvel Family Entertainment (responsável pelos desenhos da empresa). A transferência dessas duas divisões para a Marvel Studios representa uma ruptura radical, já que encerra a influência do CEO da Marvel, Isaac “Ike” Perlmutter, nas séries derivadas das publicações da editora. Famoso pelo conservadorismo e pão-durismo, ele é apontado, ao lado de Loeb, como principal responsável pelo fracasso das séries baseadas no quadrinhos dos super-heróis da Marvel. A Marvel Studios já era uma unidade independente da Marvel Entertainment, organizada sob a Walt Disney Studios desde que Feige ameaçou se demitir, caso Perlmutter prevalesse em sua vontade de impedir a produção dos filmes de “Pantera Negra” e “Capitão Marvel”. O sucesso desses filmes, feitos contra a vontade da Marvel Entertainment, fortaleceu Feige na Disney e diminuiu a influência de Perlmutter nas adaptações de quadrinhos. Agora, esse distanciamento se estabelece também na televisão.
Cineastas Vingadores: Coppola, Amodóvar e Meirelles se juntam a Scorsese contra os super-heróis
Os cineastas tradicionais abriram guerra contra os filmes de super-heróis. A deixa de Martin Scorsese (“Os Bons Companheiros”), que disse que os filmes da Marvel “não são cinema”, mas parques temáticos, foi repercutida por Francis Ford Coppola, ironicamente criador de uma franquia temática (“O Poderoso Chefão”), comentada por Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”) e reforçada por Pedro Almodóvar (“Dor e Glória”). Meirelles foi o mais honesto, ao dizer que não se interessa pelo gênero porque lhe dá sono. “Eu sei que eles são grandes, mas eu não os assisto”, disse o diretor brasileiro à revista The Hollywood Reporter. “Quero dizer, eu gosto da técnica, às vezes assisto fragmentos e trailers e todo o VFX (efeitos visuais) e a produção são realmente espetaculares, há pessoas de primeira classe envolvidas. Mas não consigo me envolver com a história, fico com sono. Às vezes eu assisto no cinema e depois de meia hora estou com sono. São muito opressivos. Não me interessam em nada”, afirmou. Já Coppola extrapolou, num discurso durante o recebimento do prêmio Lumière, na França, chamando as produções de “desprezíveis”. “Quando Martin Scorsese diz que os filmes da Marvel não são cinema, ele está certo, pois esperamos aprender algo do cinema, esperamos ganhar alguma coisa, alguma clareza, algum conhecimento, alguma inspiração. Eu não sei se alguém ganha alguma coisa de ver o mesmo filme de novo e de novo. Martin pegou leve ao dizer que os filmes da Marvel não são cinema, pois eu os acho desprezíveis”, comentou. Por fim, Almodóvar chamou os filmes da Marvel de assexuados, dizendo que os heróis parecem “castrados” por não se relacionarem intimamente no decorrer das histórias. “Aqui nos Estados Unidos, talvez exista uma autocensura que não permite que os roteiristas escrevam sobre outros tipos de histórias. Existem muitos, muitos filmes sobre super-heróis. E a sexualidade não existe para super-heróis. Eles são castrados”, afirmou o cineasta espanhol. A afirmação parece sugerir que todos os filmes deveriam ter sexo – algo meio europeu e meio bobo. Mas a verdade é que “Deadpool”, um filme de super-herói, e sua continuação “Deadpool 2” têm várias cenas de sexo do herói com sua namorada. O problema desses cineastas com os filmes de super-heróis, porém, é outro. “Pantera Negra”, por exemplo, não só foi considerado cinema como o oposto de desprezível para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, tornando-se o primeiro lançamento do gênero indicado ao Oscar de Melhor Filme neste ano. Isso representa uma ameaça. Com a Academia abraçando os filmes de super-heróis, os diretores tradicionalmente acostumados com a adulação de seus pares veem diminuir sua condição de eternos favoritos a prêmios em seu próprio quintal. Não apenas isso. “Coringa” venceu o Festival de Veneza, reduto tradicional do cinema de arte. E agora os cineastas veteranos encaram a possibilidade concreta de a adaptação de quadrinhos de Todd Phillips disputar o Oscar 2020 como favorito contra, vejam só, os novos filmes de Scorsese e Almodóvar. A tática, portanto, é desqualificar o gênero como um todo para desacreditar o rival.











