Roger E. Mosley: Ator da série “Magnum” morre aos 83 anos
O ator Roger E. Mosley, que viveu o piloto de helicóptero Theodore “TC” Calvin na série de televisão clássica “Magnum”, morreu na manhã deste domingo (7/8) aos 83 anos. A causa da morte não foi revelada. Mosley participou de todos os 158 episódios, da estreia ao capítulo final das oito temporadas de “Magnum”, entre 1980 e 1988. Sua forte ligação com a atração clássica lhe rendeu um convite para aparecer na 1ª temporada do reboot atual, numa participação especial de 2019 como um personagem diferente. Fez tanto sucesso que ainda voltou mais uma vez em 2021, numa nova participação que acabou se tornando sua última aparição nas telas. Depois da “Magnum” original, Mosley foi escalado como protagonista da sitcom “You Take the Kids”, que só durou uma temporada em 1990. Ele também teve papéis recorrentes em “Hangin’ with Mr. Cooper” e “Rude Awakening” durante os anos 1990. Mas com uma carreira iniciada duas décadas antes, sua lista de aparições em episódios eventuais é enorme e variada, incluindo “Barco do Amor”, “Galeria do Terror”, “Kung Fu”, “Kojak”, “San Francisco Urgente”, “Arquivo Confidencial”, “Justiça em Dobro” e “Las Vegas”, entre outras atrações. Já seus créditos cinematográficos datam da era da Blaxploitation – filmes de ação dos anos 1970 estrelados por atores negros e acompanhados por trilha funk – e destacam o cultuadíssimo “The Mack” (1973), além dos dramas biográficos “Leadbelly” (1976), em que viveu o lendário cantor de blues/folk Huddie Ledbetter, e “O Maior de Todos” (1977), cinebiografia de Muhammad Ali, na qual interpretou o pugilista Sonny Liston. Sua filmografia ainda conta com policiais clássicos como “Os Novos Centuriões” (1972) e “McQ – Um Detetive Acima da Lei” (1974), e as comédias “O Guarda-Costas” (1976), do recém-falecido Bob Rafelson, “A Disputa dos Sexos” (1977), com Burt Reynolds, e “Entre Tapas e Beijos” (1996), com Martin Lawrence.
Carol Speed (1945–2022)
A atriz Carol Speed, que estrelou o cult de blaxploitation “The Mack”, morreu em 14 de janeiro em Muskogee, Oklahoma. Ela tinha 76 anos e sua família anunciou sua morte em um comunicado publicado online sem especificar a causa. Carol Ann Bennett Stewart virou Carol Speed na década de 1970, a partir do filme de presidiárias “The Big Bird Cage” (1972) e do policial “Os Novos Centuriões” (1972) – que chegou a virar série. Mas seu nome só foi tornar realmente conhecido a partir de “The Mack” (1973), ao interpretar a namorada prostituta do personagem-título vivido por Max Julien, que morreu no início deste mês. O culto em torno de “The Mack”, que também destacava em seu elenco o humorista Richard Pryor, transformou Speed em estrela desse tipo de filme. Ela filmou mais cinco produções do gênero até 1979, saindo de cena com “Disco Godfather”. Entre seus filmes de gângsteres negros, Speed ainda protagonizou o terror “Abby” em 1974, interpretando o papel-título, uma mulher possuída pelo antigo demônio nigeriano Exu. “Abby” foi um sucesso de público, mas a produção acabou processada pela Warner Bros. sob a alegação de ser um plágio de “O Exorcista” (1973). O processo fez o longa ser retirado dos cinemas e criou barreiras para sua comercialização, tornando-o quase esquecido. Mas cinéfilos que ouviram falar do filme acabaram resgatando seu status em cineclubes e sessões comemorativas. Mais que cult, “Abby” se tornou lendário. Após se afastar das telas, ela virou escritora. Seu romance semiautobiográfico de 1980, “Inside Black Hollywood”, se provou tão “escandaloso” que virou “o assunto da cidade”, segundo a revista Jet na época. A vida real da atriz também teve sua parcela de drama ao estilo blaxploitation. Enquanto ela estava filmando “The Mack”, seu namorado foi morto a tiros em Berkeley, Califórnia. Naquela época, ela estava lutando para pagar sua casa em Hollywood Hills, tentando sustentar seu filho, Mark Speed, e expulsando outro homem de seu lar. Ele foi embora, mas levou muitos dos pertences dela – até mesmo o colchão da cama em que dormia. Outra história curiosa aconteceu durante as filmagens de “Abby”, quando vários tornados atingiram Louisville, onde o filme estava sendo rodado, e uma mansão onde o elenco havia participado de uma festa luxuosa foi destruída. Então, quando Speed apareceu no set em sua fantasia demoníaca, o gerador começou a funcionar mal e seus colegas ficaram assustados. “A equipe quase começou a acreditar que eu estava possuída pelo poderoso Exu”, ela revelou, em uma entrevista para a Jet.
John Sacret Young (1946-2021)
O roteirista John Sacret Young, que co-criou o drama médico de guerra “China Beach”, morreu na quinta-feira em Los Angeles, aos 75 anos, após uma batalha de 10 meses contra um câncer no cérebro. Seu primeiro trabalho como roteirista foi “Chandler”, um filme policial de 1971 estrelado por Warren Oates. Mas ele logo passou para a televisão, trabalhando como pesquisador e roteirista de “Os Novos Centuriões” (Police Story), um dos grandes sucessos da década de 1970 na rede CBS. Sua primeira criação foi a minissérie de guerra “Emboscada Fatal” (1980), sobre um oficial desiludido com a Guerra do Vietnã. O tema acabou revisitado em sua atração mais celebrada, “China Beach”, que narrava o horror da guerra pelos olhos de uma enfermeira do Exército (Dana Delany) e seus colegas em um hospital de campanha. “China Beach” durou quatro temporadas, entre 1988 e 1991, e três delas concorreram ao Emmy de Melhor Série de Drama. Young ainda venceu o WGA Awards, prêmio do Sindicato dos Roteiristas, por escrever um episódio de 1990 (“Souvenirs”), que ele também dirigiu. Enquanto estava em “China Beach”, ele se tornou mentor de jovens roteiristas que acabaram tendo carreiras brilhantes e até hoje agradecem a experiência de ter começado suas trajetórias tendo Young como chefe e orientador. “John era meu mentor e meu amigo. Ele foi um escritor excepcionalmente talentoso que foi generoso com seu tempo, atencioso, extremamente engraçado, paciente e durão”, disse John Wells em um comunicado, sobre a morte do antigo chefe. “Ele se preocupava profundamente com a escrita, com as palavras e com o artesanato. Ele tinha um padrão elevado e esperava que você o ultrapassasse. Ele deu uma chance a um escritor jovem e inexperiente, e eu serei eternamente grato por essa chance. ” John Wells fez mais que agradecer. Ele convidou seu velho mentor a participar da produção de “West Wing”, que ele criou em 1999. Young se tornou consultor da atração política em 2003, e a partir do ano seguinte virou produtor executivo e ainda escreveu quatro episódios – um deles novamente indicado ao WGA Awards. Young também escreveu episódios da subestimada mas pioneira série sci-fi “VR.5” (1995–1997), sobre tecnologia virtual, além dos roteiros do filme indicado ao Oscar “O Testamento” (1983) e da cinebiografia “Romero” (1989), em que Raul Julia viveu um arcebispo salvadorenho, sem contar inúmeros telefilmes. Seu trabalho televisivo mais recente foi como roteirista e co-produtor executivo de “Amigas para Sempre” (Firefly Lane), série lançada neste ano pela Netflix. Ele também assinou vários livros – o último deles, sobre sua experiência em Hollywood, ainda está inédito e só será publicado em 2022 – , ensinou a arte e o ofício da escrita em várias faculdades de prestígio, de Princeton à USC, e participou dos comitês do Humanitas Prize e da Writers Guild Foundation, a fundação do Sindicato dos Roteiristas.


