Estreias: Cinemas recebem avalanche de novidades
15 títulos chegam às telas nesta quinta-feira, entre thrillers americanos de ação, dramas europeus, documentários e filmes brasileiros premiados
Proibido na ditadura, “Onda Nova” retorna restaurado aos cinemas com temática feminista e elenco estrelado
Barrado em 1983 pelo regime militar, longa de José Antonio Garcia e Francisco Martins volta em cópia 4K após exibição em festivais internacionais
Patricio Bisso (1957 – 2019)
O artista argentino Patricio Bisso morreu no domingo passado (13/10) em Buenos Aires, após sofrer um ataque cardíaco, aos 62 anos. Natural da capital argentina, Bisso mudou-se para a cidade de São Paulo aos 17 anos, no fim dos anos 1970, e teve a maior parte de sua carreira no Brasil. Ele se projetou inicialmente como ilustrador, publicando seus trabalhos no jornal Folha de S. Paulo, mas logo se tornou um ícone na noite LGBTQIA+ paulistana por suas performances de humor, na maioria das vezes travestido. Uma das personagens que criou nesses shows foi até parar na Globo, a russa Olga del Volga, sexóloga e conselheira sentimental. Além de personagens próprios, ele recriava nos shows o visual de divas da música internacional dos anos 1950 e 1960, como Connie Francis e Gigliola Cinquetti. Acompanhado pela banda Os Boko Mokos e pelo trio vocal As Notas Pretas, seu show “Louca Pelo Saxofone” estreou em 1985 e ficou anos em cartaz. No ano passado, o selo Discobertas relançou pela primeira vez em CD o álbum “Louca pelo Saxofone”, derivado do show, que serve como testamento de sua genialidade. Bisso quase materializou uma carreira musical, participando do movimento de músicos Vanguarda Paulista, mas foi mais consistente como ator de cinema, atividade iniciada em “Maldita Coincidência” (1979), de Sergio Bianchi. Ele participou de clássicos da filmografia nacional, como “Das Tripas Coração” (1982), de Ana Carolina, “O Homem do Pau-Brasil” (1982), de Joaquim Pedro de Andrade, “Onda Nova” (1983) e “A Estrela Nua” (1984), ambos da dupla José Antonio Garcia e Ícaro Martins, antes de levar Olga del Volga para a Globo, na novela “Um Sonho a Mais” (1985). A versão Olga de Patricio também foi uma convidada frequente do programa de Hebe Camargo, o que acabou lembrado no longa “Hebe – A Estrela do Brasil”, atualmente em cartaz. Bisso também atuou e foi figurinista do filme “O Beijo da Mulher-Aranha” (1985), de Hector Babenco, e seguiu trabalhando com os figurões do cinema brasileiro, como Bruno Barreto, em “Além da Paixão” (1986), e Cacá Diegues em “Dias Melhores Virão” (1989), até sair do Brasil. Na época, dizia que tinha se cansado, por não conseguir dinheiro para projetos mais ambiciosos, como um longa-metragem focado em Olga Del Volga. Mas a gota d’água pode ter sido sua prisão em flagrante na noite de 3 de dezembro de 1994. Ele acabava de terminar a temporada do show “Bissolândia”, o mais elaborado de sua carreira, em que recriava canções dos personagens da Disney, quando foi preso por sexo com dois outros homens em plena praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Passou a noite em cana, pagou fiança e saiu dizendo ter apanhado na delegacia. Em seguida, voltou a morar em sua Buenos Aires natal, no mesmo prédio de sua mãe, praticamente sumindo do mundo pop. Mesmo assim, voltou a trabalhar com o conterrâneo Babenco em 2007, desenhando figurinos do filme “O Passado”, em que o cineasta também voltou (provisoriamente) à Argentina em que nasceu. E chegou a ensaiar uma volta por cima com o musical satírico “Castronauts”, que ele concebeu. Após ser exibido em um festival em Nova York, Bisso planejava em transformá-lo em filme. Mas foi outro projeto frustrado. Nos últimos anos, ele passou a compartilhar seu humor ácido, acompanhado por ilustrações sessentista e referências à iconografia das pin-ups, com os seguidores de seu perfil no Facebook, onde, de forma significativa, sempre escrevia em português. Seu último post foi publicado no sábado (12/10).
D’Artagnan Júnior (1961 – 2019)
O ator José D’Artagnan Júnior, conhecido por novelas da Globo, morreu no domingo (24/2) no Rio de Janeiro, aos 58 anos. A notícia foi compartilhada pelo também ator Miguel Falabella, amigo de D’Artagnan Júnior, no Instagram. D’Artagnan era casado com a autora de novelas e teatro Maria Carmem Barbosa, e participou de mais de 20 novelas da Globo. Ele começou a atuar ainda adolescente e seu primeiro trabalho televisivo foi “A Sucessora”, em 1978. Entre outras novelas, apareceu também em “Cara & Coroa” (1995), “Salsa e Merengue” (1996), “Malhação” (1998), “Pecado Capital” (1998), “Kubanacan” (2003), “Da Cor do Pecado” (2004), “A Lua Me Disse” (2005), “O Profeta” (2006), “Negócio da China” (2008), “Insensato Coração” (2011) e “Aquele Beijo” (2011). Sua última aparição em novelas foi em “Salve Jorge” (2012), como o personagem Aziz. D’Artagnan Júnior também fez cinema, especialmente quando jovem, atuando em seis filmes entre 1976 e 2003, entre eles os cultuados “Onda Nova” (1983), de José Antonio Garcia e Ícaro Martins, e “Anjos da Noite” (1987), de Wilson Barros. Ele encerrou a filmografia com “Apolônio Brasil, Campeão da Alegria” (2003), de Hugo Carvana. O ator sofria de problemas no fígado há mais de oito anos e havia se internado três semanas antes de falecer, com Pancreatite e Hepatite C. Segundo o comunicado de Falabella, sua esposa sofre de Alzheimer e não entende que ele morreu.

