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Cantor tem compensação financeira milionária a receber do espólio do guru da extrema direita brasileira
Mulheres acusam filho de Olavo de Carvalho de estupros e tortura
Quatro mulheres denunciam Tales de Carvalho, filho do guru do bolsonarismo, por crimes graves e formação de seita
Caetano Veloso ganha direitos sobre os livros de Olavo de Carvalho
Valores arrecadados pela Editora Record com obras do escritor serão destinados ao cantor, como indenização por danos morais
Regina Duarte é enquadrada pelo governo Bolsonaro em tempo recorde
Empossada na quarta-feira (4/9) secretária de Cultura do Brasil, Regina Duarte foi enquadrada pelo governo em tempo recorde, em menos de uma semana no cargo. Nenhum outro ministro recebeu recado de que pode cair em tempo tão breve. Nesta segunda (9/8), ela recebeu uma reprimenda pública do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, via Twitter, em resposta a uma entrevista que deu ao programa “Fantástico”, exibida no domingo (8/3) pela Rede Globo. O trecho que incomodou o governo foi a constatação feita por Regina de que passou “os primeiros dias desfazendo intrigas, respondendo a acusações que não são verdadeiras. A gente começou com enormes dificuldades por causa de uma facção que quer ocupar esse lugar. Já tem hashtag #foraregina”. Tudo o que ela disse é verdade. Mas Luiz Eduardo Ramos contestou, em nome do governo, o tom e a escolha de palavras da atriz. “O uso do termo ‘facção’ em entrevista, sem nomear seus supostos integrantes, dá a entender que há divisões inexistentes e inaceitáveis em nosso governo”, ele escreveu. Ramos ainda definiu o que é Cultura, caso a secretária não soubesse, e mandou, educadamente, ela bater continência e seguir o Chefe. Ou, senão… “O Presidente valoriza a cultura, que deve se espelhar na família tradicional e nos princípios cristãos. Nosso governo tem um norte: a vontade da maioria do seu povo. Nisso Regina e Bolsonaro devem estar juntos”, escreveu Ramos. “São seus ministros e secretários que devem se moldar aos princípios publicamente defendidos pelo Presidente da República, não o contrário”, acrescentou, no enquadramento. Além do puxão de orelha público, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, descreveu que Carlos Bolsonaro, o filho mais radical, “ficou apoplético” com a entrevista ao “Fantástico”. Ele cita como fontes “assessores do Palácio do Planalto”, que teriam ouvido “o incontrolável Carluxo” dizer na manhã desta segunda que “sua missão é tirar Regina do governo”. Carlos “sentiu-se atingido com a fala da atriz”. “Carluxo” já teria sido responsável pela queda de três Ministros do governo do pai. A entrevista de Regina Duarte também foi ironizada por Sérgio Camargo, da Fundação Palmares, descrito por ela como “ativista, mais que um gestor público”. Na entrevista, ela disse que estava “adiando esse problema” para resolver (demitir) quando baixasse a temperatura. E essa foi a deixa para Camargo aumentar a temperatura. “Bom dia a todos, exceto a quem chama apoiadores do Bolsonaro de facção e o negro que não se submete aos seus amigos da esquerda de ‘problema que vai resolver”‘, ele escreveu no Twitter. Aos poucos, Regina Duarte começa a descobrir o que muitos brasileiros sempre souberam. Ao assumir um cargo no governo, ela acreditou que teria carta-branca para fazer o que quisesse na Cultura. Largou o emprego de mais de 50 anos na Globo para atender ao convite do presidente e ser a “salvadora” da Cultura no Brasil, em chamas após o próprio Bolsonaro assumir o cargo. Regina chegou a dizer que considerava Bolsonaro incompreendido. Talvez agora comece a compreendê-lo melhor.
Guerra Cultural: Regina Duarte assume a Secretaria da Cultura sob ataque de olavistas
A atriz Regina Duarte assumiu a Secretaria Especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (4/3) e já começou a ser atacada. A hashtag #foraRegina subiu nos trending topics do Twitter. A ironia é que quem impulsionou os ataques foram pessoas ligadas ao presidente Bolsonaro. Ou melhor, ao guru do presidente, Olavo de Carvalho. Regina virou alvo da ala olavista do governo porque sua posse coincidiu com a demissão de seis funcionários da pasta ligados aos pensamentos mais antiquados do conservadorismo extremo brasileiro. As exonerações foram assinadas pelo general Walter Souza Braga Netto, ministro da Casa Civil, e publicados nesta quarta no Diário Oficial, mas os olavistas veem o dedo da ex-atriz da Globo. Entre os demitidos, está Dante Mantovani, ex-presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), autor da seguinte pérola: “o rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo”. Outro demitido, Camilo Calandreli, ex-secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, chegou a dizer que a lei Rouanet “passou a ser utilizada como mecanismo de ideologização política”, apropriada pelo “marxismo cultural” durante o governo do PT. Antes das hashtags subirem, Olavo postou: “Aplaudir a indicação da Regina Duarte parece ter sido uma cagada minha, mais uma entre tantas. Não sei onde vou arranjar tanto papel higiênico.” Em sua posse, em evento pouco prestigiado pela classe artística, Regina prometeu pacificar a pasta e manter diálogo constante com a classe cultural, a sociedade e o Congresso. “Meu propósito aqui é de pacificação, diálogo permanente com o setor cultural, estados e municípios, Parlamento e com os órgãos de controle”, disse, em um discurso de 15 minutos, pontuado por intervenções performáticas. Olhando para Bolsonaro, por exemplo, a atriz reforçou a promessa feita a ela de que teria liberdade para escolher os integrantes da secretaria. “Então, o convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer não, hein?” Entre caretas, continências e coraçõezinhos com as mãos, ela também exaltou o papel e a diversidade da cultura brasileira, defendeu valores familiares e a repartição com equilíbrio de recursos de fomento. “Posso ser um tanto ingênua, mas eu acredito que possa se fazer muita cultura e arte com os recursos que nós temos com criatividade”, disse. No evento, estiveram presentes atores como Carlos Vereza, Rosamaria Murtinho, Mylla Christie, Mário Frias e Maria Paula, além do locutor de rodeios Cuiabano Lima. A equipe de Regina ainda não foi anunciada, mas o ator e produtor teatral Humberto Braga e Vereza devem integrar a Secretaria de Cultura. A atriz é a quarta titular da pasta, que costumava ser um Ministério antes da gestão Bolsonaro iniciar o desmonte do setor cultural no Brasil.
Blog de extrema direita acusa Fabio Porchat de forjar ataque terrorista contra Porta dos Fundos
O blog de extrema direita Better Call Glenn publicou um post acusando o comediante Fabio Porchat de forjar o ataque terrorista de que o grupo Porta dos Fundos foi vítima. A publicação foi compartilhada pelo guru dos bolsonaristas Olavo de Carvalho, nas redes sociais. “O mais falso que nota de 3 reais ataque ao Porta dos Fundos na noite de 24/12 foi forjado por Fábio Porchat e mais três pessoas ainda não identificadas… eu suspeitaria de participar do teatrinho tosco, o Padre Fábio de Melo (que ofendeu fiéis para defender Duvivier e Porchat) e de outro Fábio: o Pannunzio”, diz o texto, assinado por Luc Michel – pessoa que parece não existir nas redes sociais brasileiras, mas homônima de um político belga identificado com a extrema direita europeia. A acusação segue: “Até mesmo investigadores da 10ª DP de Botafogo que registraram o boletim de ocorrência dão riso de canto de boca sobre a farsa de Porchat. O malandro veio a sua página de Facebook todo bobão: não vão nos calar. Fosse algo real, um atentado de verdade e tanto Porchat quanto o resto do Porta dos Fundos já estariam escondidos na Tanzânia”. Citado pelo texto, o jornalista Fábio Pannunzio pronunciou-se, avisando que vai processar os responsáveis pelo blog e seu divulgador Olavo de Carvalho. “O autor dessa notícia absolutamente falsa é um profissional do crime. Ele e o Olavo de Carvalho vão ter que provar judicialmente o que postaram. Pode ir preparando outra vaquinha, Olavo de Carvalho. Vou processar você aí nos EUA e aqui no Brasil”, afirmou o jornalista. Diante da ameaça, o blog de direita disse que fez uma “piada” e, em seguida, reforçou a notícia. “O desempregado (por que será?) jornapetralha Fábio Pannunzio pegou uma piada nossa e nos chamou de profissionais do crime. Ele tem alguma noção da gravidade dessa acusação? Se não tinha Fábio, agora terá”, diz o texto de “Luc Michel”, retomando o tom acusador. “Disse uma vez e REPITO: o arara-ataque aos Porta dos Fundos foi armado pelo próprio grupo. Tudo armado! Um bando de párias que se gabam de ofender a fé cristã, humilhar milhões de cristãos que professam ardentemente sua fé cristã e zombam da figura de Jesus Cristo. Não sou cristão, mas sou judeu: como judeu tenho todas as razões do mundo de me revoltar ao ver Jesus Cristo sendo retratado com tamanho desrespeito”. Para deixar as teorias de conspiração equilibradas, vale lembrar que Lula também considera o ataque à faca contra Bolsonaro muito suspeito.
Governo suspende edital de séries LGBTQIA+ atacado por Bolsonaro
Ridicularizado pelo presidente Jair Bolsonaro em uma live da quinta passada (15/8), o edital de chamamento de projetos para TVs públicas que tinha entre as categorias de investimento séries LGBTQIA+ foi suspenso. Uma portaria assinada pelo Ministro da Cidadania Osmar Terra publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta (21/8) oficializou a decisão. “Fomos garimpar na Ancine filmes que estavam prontos para captar recurso no mercado”, disse Bolsonaro na live, passando a citar títulos e temas que considerava absurdos. “Um aqui se chama ‘Transversais”, disse, demonstrando horror ao citar que seu tema era transexualidade. “Conseguimos abortar essa missão aqui”, acrescentou. “Outro filme aqui, ‘Sexo Reverso'”, seguiu, dizendo que o “filme” abordava sexo grupal e oral com índios, concluindo é “um dinheiro jogado fora”. “Não tem cabimento fazer um filme com esse enredo, né?” Outro nome que ele achou ofensivo foi o do curta-metragem universitário “Afronte”, de Marcus Azevedo e Bruno Victor, um docudrama sobre a realidade vivida por negros e homossexuais do Distrito Federal. “Mais um filme aí que foi para o saco”, decretou, de mentirinha. O filme não só não foi pro saco como passou no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade e no Festival de Brasília… em 2017! Seu trailer pode ser visto aqui. O que estava na lista vetada por Bolsonaro era um projeto para transformá-lo em série. Ele também lamentou “Religare Queer”, sobre uma “ex-freira lésbica”, que descreveu como um filme com “dez episódios”, ilustrando de forma didática o que é uma pessoa preconceituosa – aquela que ataca o que não entende. “Confesso que não entendi por que gastar dinheiro público com um filme desses”, insistiu na famigerada live, sobre a série. “O que vai agregar?”, afirmou, considerando produções com temática LGBTQIA+ “impróprias”. “Não estou perseguindo ninguém, cada um faça o que bem entender do seu corpo para ser feliz, agora, gastar dinheiro público para fazer esse tipo de filme [sim, é uma série]…” Na verdade, os títulos citados, de filmes que Bolsonaro afirmou ter impedido de captar verbas pela Ancine, na verdade eram projetos de séries e foram selecionados por um edital do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), com participação da Ancine e da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), que previa uma linha declarada de produções de temática LGBTQIA+. Os projetos estavam entre os finalistas da linha de “diversidade de gênero” da EBC, que visa selecionar séries para a programação da TV pública em canais como a TV Brasil. Os vencedores seriam financiados diretamente por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e não por autorização para captar incentivos. O FSA é formado pela taxa conhecida como Condecine, que incide sobre empresas de cinema, vídeo e telefonia. O edital foi lançado durante o governo passado com regras claras, que foram cumpridas pelas produções inscritas. Além do tema da “diversidade de gênero”, o edital também contemplou séries nas categorias de “sociedade e meio ambiente”, “profissão”, “animação infantil” e “qualidade de vida”, entre outras. Como o presidente diz que os projetos já estavam “prontos para captar”, a lista que ele atacou deve conter os vencedores do edital. Ele provavelmente gostaria de barrar apenas a linha de “diversidade de gênero”. Mas isto seria um ato arbitrário, configuraria prática de censura e criaria insegurança jurídica, levando à contestação na Justiça. A judicialização do caso poderia, inclusive, levar à abertura de um processo de Impeachment contra Bolsonaro por descumprir leis e atentar contra direitos de indivíduos. Assim, ele decidiu suspender o edital inteiro, colocando na prática sua promessa de implantar um “filtro” cultural nos projetos aprovados pelo governo. Com a suspensão do concurso por no mínimo seis meses, os projetos citados pelo presidente na live não serão os únicos prejudicados. Isso porque o edital ainda previa o financiamento de cerca de outras 70 iniciativas divididas em 12 categorias. Com verbas de até R$ 1,5 milhão, cada uma das seções teria cinco vencedores, um para cada região do país. Em entrevista ao jornal Folha de S. Palo, Émerson Maranhão, diretor de “Transversais”, especula que a suspensão temporária tenha sido a maneira que o Ministério da Cidadania encontrou de não pagar os recursos aos vencedores, já que não poderia modificar o edital. “Éramos quatro realizadores [prejudicados], agora seremos 80”, diz o cineasta. Ele e o produtor executivo de “Transversais” afirmam ter encaminhado ofícios questionando os pronunciamentos de Bolsonaro ao Ministério da Cidadania e à Agência Nacional de Cinema, a Ancine, que gere o Fundo Setorial de Audiovisual, no dia seguinte à live. Agora que a situação foi consumada, pretendem tomar ações jurídicas em relação à suspensão do edital. Na portaria publicada no Diário Oficial, o Ministério da Cidadania dá como justificativa para o cancelamento temporário do concurso a necessidade de recomposição dos membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial. Uma vez recomposto, ainda de acordo com a portaria, o comitê revisará os critérios e diretrizes para a aplicação dos recursos do fundo, assim como os parâmetros de julgamento dos projetos e seus limites de valor. Podem até escolher filmes diferentes, o que dá margem para uma judicialização do edital, mas nem assim o comitê poderá alterar edital, publicado e cumprido por candidatos registrados, que prevê a produção de séries sobre “diversidade de gênero”. O entendimento do STF é que motivações como mudança de governo, alteração de estratégia governamental, cortes no seguimento de contratação de pessoal, não são justificativas razoáveis para a revogação de um direito adquirido, muito menos quando se dá em detrimento de toda confiança depositada pelos candidatos em um governo que planejou e deu início ao edital. Como Bolsonaro, vulgo Johnny Bravo, comanda um governo beligerante, o impasse pode chegar a dois resultados possíveis e complementares. Em 1º lugar, aconteceria a suspensão do edital de forma indefinida. Em 2º lugar, para justificar o não cumprimento de sua obrigação, o governo jamais recomporia o comitê gestor do Fundo Setorial, citado como desculpa para congelar a aplicação do edital. Nesse cenário, Bolsonaro e seu ministro optariam pela tática da paralisação para não cumprir a lei. E assim não seriam 80 realizadores, como disse Émerson Maranhão, mas milhões de pessoas de toda a indústria audiovisual, pois isso paralisaria o investimento em todo o setor. Não se faria mais séries nem filmes com o dinheiro arrecadado para este fim, abrindo a possibilidade, inclusive, de crime fiscal. Caso o governo de extrema direita siga seu instinto natural para agir de forma extrema e sem respeito pela legislação, a única resolução possível para o caos seria um processo de Impeachment.
Bolsonaro diz que já teria “degolado todo mundo” da Ancine se as cabeças não tivessem mandato
O presidente Jair Bolsonaro, vulgo Johnny Bravo, voltou a ameaçar a existência da Ancine, entidade que regula e incentiva o cinema brasileiro. Desta vez, usou de violência verbal, com uma expressão que remete à assassinatos brutais, ao se dirigir aos integrantes da agência, num vídeo transmitido ao vivo nas redes sociais. Bolsonaro afirmou que já teria “degolado todo mundo” caso as cabeças da Ancine “não tivessem mandato”. Hoje, a diretoria colegiada da agência tem três pessoas com mandatos de quatro anos. Apesar do nível dos ataques baixar cada vez mais, o diretor-presidente do órgão, Christian de Castro, mantém o silêncio desde que Bolsonaro começou a cuspir contra o cinema brasileiro e especialmente a Ancine, em julho. Em sua nova manifestação de agressividade, o presidente voltou a dizer que não vai impor censura no cinema brasileiro, mas vai, em outras palavras, censurar as verbas públicas destinadas ao cinema brasileiro. “Fomos garimpar na Ancine filmes que estavam prontos para captar recurso no mercado”, disse Bolsonaro, passando a citar títulos e temas que considerava absurdos. “Um aqui se chama ‘Transversais”, disse, demonstrando horror ao citar que seu tema era transexualidade. “Conseguimos abortar essa missão aqui”, acrescentou. “Outro filme aqui, ‘Sexo Reverso'”, seguiu, dizendo que o filme abordava sexo grupal e oral com índios, concluindo é “um dinheiro jogado fora”. “Não tem cabimento fazer um filme com esse enredo, né?” Outro nome que ele achou ofensivo foi o do curta-metragem universitário “Afronte”, de Marcus Azevedo e Bruno Victor, um docudrama sobre a realidade vivida por negros e homossexuais do Distrito Federal. “Mais um filme aí que foi para o saco”, decretou. Curiosamente, o filme não só não foi pro saco como passou no Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade e no Festival de Brasília… em 2017! Seu trailer pode ser visto aqui. Bolsonaro se equivocou. Ele também atacou séries, como “Religare Queer”, sobre uma “ex-freira lésbica”, que descreveu como um filme com “dez episódios”, pois realmente não entende do que fala. “Confesso que não entendi por que gastar dinheiro público com um filme desses”, insistiu, sobre a série. “O que vai agregar?”, afirmou, considerando produções com temática LGBTQIA+ “impróprias”. “Não estou perseguindo ninguém, cada um faça o que bem entender do seu corpo para ser feliz, agora, gastar dinheiro público para fazer esse tipo de filme [sim, é uma série]…” E arrematou: “Se a Ancine não tivesse, na sua cabeça toda, mandato, já tinha degolado todo mundo”. A ameaça foi completada por um gesto que representa o assassinato por meio de degola. A lista apresentada foi fornecida pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, com quem Bolsonaro teve uma reunião na quarta sobre o tema. Na ocasião, ele ainda não sabia dizer nenhum título visado e usou novamente o subterfúgio de não citar os nomes porque eles lhe davam vergonha. “Não vou falar aqui porque estou com vergonha, talvez eu fale na live de quinta-feira a proposta de uns filmes para fazer via Ancine, que, pelo amor de Deus…”, ele observou. Como o presidente usa de subterfúgio, é necessário estabelecer a verdade e frisar que nenhum filme brasileiro feito nos últimos anos tem título impróprio, nem mesmo os citados por Johnny Bravo em sua live. Impróprias e de baixíssimo calão são as palavras que Bolsonaro tem proferido para os brasileiros via imprensa, que não vamos repetir porque temos vergonha.
Editorial: Bolsonaro volta a ameaçar Ancine sem checar informações
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) mostrou novamente seu despreparo para discutir a questão do cinema brasileiro durante entrevista simpática da jornalista Leda Nagle, disponibilizada nesta segunda (5/8) em seu canal no YouTube. A conversa durou cerca de 1h30 e foi marcada pela postura autoritária e desinformada que faz parte do “mito” político, construído em cima do lema “não conheço, não gosto e vou acabar com isso”. Na pauta, claro, entrou a extinção da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Sem ter refletido nenhum segundo desde que iniciou a polêmica em torno do tema, Bolsonaro voltou a dizer as mesmas coisas, repetindo até seu ataque ao filme “Bruna Surfistinha”. “Mudou o governo, chama-se Jair Bolsonaro. De direita, família, respeito às religiões. E quando você fala em Ancine, de uma forma ou de outra, tem dinheiro público lá. E aí você vai fazer um filme da ‘Bruna Surfistinha’? Eu não estou censurando. Mas esse tipo de filme eu não quero. Quer insistir? A gente extingue a Ancine. A primeira medida, tem o decreto, vem para Brasília a Ancine. Tirar do Rio? Qual o problema? Vai ficar na nossa asa aqui”, disse o presidente. “A Ancine foi criada por medida provisória. Se não quiser entender que mudou o presidente, e o presidente tem autoridade e respeita a família, eu mando uma medida provisória para o Congresso. Se eles vão aprovar a MP, eu não sei. Mas vou fazer a minha parte. Nada contra a cultura, mas mudou”, ameaçou. Durante a conversa, Bolsonaro também lembrou do filme “Lula, o Filho do Brasil” e do documentário que está sendo desenvolvido sobre sua eleição presidencial, misturando as duas coisas. “Não quero filme nem de Bolsonaro, nem ‘Bruna Surfistinha’. Se quiser fazer do Bolsonaro…Até estão estudando. Mostra a verdade, mas não com dinheiro público, como foi o vexame do ‘Lula, O Filho do Brasil’. Pelo amor de Deus! Eu não sei quantos milhões custou aquele filme, mas dinheiro para contar uma mentira sobre quem foi o Lula”. Como o presidente é muito desinformado e desinteressado em se informar, vale a pena expor os fatos para os leitores não seguirem o mau exemplo e “mitar” – sinônimo de mentir ou demonstrar ignorância nas redes sociais. Para começar, a Ancine não é uma produtora estatal de cinema e sim uma agência reguladora com atribuições que incluem o investimento direto e indireto em produções. Ao contrário do que Bolsonaro diz, o fundo da Ancine não é composto por “verba pública”, ou não em sua maioria, que vem do Condecine, uma contribuição exigida das empresas de telecomunicações. É uma taxa cobrada apenas do setor audiovisual – porcentagens de ingressos de salas de exibição, das publicidades audiovisuais, das emissoras de televisão e, maior volume, das operadoras de telefonia – e reaplicada de volta no mesmo setor, a indústria de TV e cinema. Esta verba não faz parte do orçamento da União e tem função de regulação do mercado. É a chamada Lei do Audiovisual, por sua vez, que permite abatimentos no imposto para empresas que investirem na produção de filmes – o famoso incentivo cultural. Mas é limitado a 4% do IR devido para pessoas jurídicas. Ou seja, montantes geralmente inferiores à locação de um avião da FAB para transporte de parentes para casamentos da família. Por fim, “Lula, o Filho do Brasil” não recebeu nenhum dinheiro público. Ao menos, às claras. Foi totalmente bancado pelas empreiteiras comprometidas com o esquema de corrupção denunciado pela operação Lava Jato, que dispensaram incentivos e fomentos para realizar o agrado ao presidente – o mesmo que se encontra condenado, justamente, por receber agrados dessas empreiteiras. Para deixar claro o que Bolsonaro turva: “Lula, o Filho do Brasil” não foi feito com apoio da Ancine. O dinheiro da Ancine não é “verba pública”. A Ancine não é uma “produtora estatal”. O que a Ancine faz, além de “bancar” “Bruna Surfistinha”, é regular o mercado – “cota de tela” (quantidade de produções brasileiras reservadas para exibição na TV e no cinema), controle de distribuição de filmes (por exemplo, impedir que cinco salas de um mesmo cinema de shopping passem o mesmo filme), apoiar participação de filmes em festivais internacionais, além, claro, de incentivar o aumento da produção de cinema e séries nacionais. Quando o presidente anterior de direita, família e religião, Fernando Collor de Mello, teve a mesma ideia de Bolsonaro, extinguindo a Embrafilme, apenas três longas brasileiros foram lançados no ano seguinte, 1992, e o Brasil amargou uma das suas piores recessões econômicas, alimentada também pela falência do setor audiovisual. Em 2018, o número de filmes nacionais em cartaz somou 171 títulos. Nunca é demais lembrar que, se a Ancine não usa “verba pública” para produzir filmes, o presidente faz, sim, uso do dinheiro do imposto de pessoas físicas para bancar viagens de familiares e salários de parentes que nomeia para cargos públicos. E justifica dizendo que é isso mesmo, “e daí?”.
Diretor de filme sobre Bolsonaro diz que presidente pode “acabar com o cinema brasileiro”
O cineasta pernambucano Josias Teófilo, que prepara um documentário sobre o Brasil que elegeu Jair Bolsonaro, disse que o presidente está “muito mal assessorado” em sua briga contra o cinema brasileiro. O diretor, que é bolsonarista e aluno do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, sobre quem já fez um documentário (“O Jardim das Aflições”), se viu no meio de uma polêmica após o presidente “sugerir” que a Ancine suspendesse a autorização para seu novo filme, “Nem Tudo se Desfaz”, captar R$ 530 mil por meio da Lei do Audiovisual. Bolsonaro argumentou nas redes sociais que não queria que fizessem um filme sobre ele “com dinheiro público”. “Não tem filme nem com a Bruna Surfistinha nem com Jair Bolsonaro”, afirmou, acrescentando que este seria mais um motivo para extinguir a Ancine. “Se Bolsonaro acabar com a Ancine, será o dilúvio”, reagiu Teófilo em entrevista ao jornal O Globo nesta sexta (26/7). “Vai acabar com o cinema brasileiro, inclusive com os filmes evangélicos de que ele tanto gosta. Não vai poder ter filme nenhum.” Teófilo defendeu o uso de “dinheiro público” para a Cultura. “Se você perguntar na rua o que as pessoas acham sobre isso, vão dizer que são contra. Só que o orçamento da cultura é tão baixo que o governo nem mexe muito na área quando anuncia cortes”, explica. “As pessoas não entendem como as coisas funcionam, é muita desinformação. Isso é péssimo. Aí vejo um sujeito de direita falando que recursos públicos têm que ir apenas para coisas consagradas, como orquestras, óperas, poesias”, enumera. “E se não tivessem dado dinheiro para Glauber Rocha, como ele viraria quem é hoje?” O diretor lamenta a falta de visão cultural do presidente. “Ele agora ataca um filme de 2011 (‘Bruna Surfistinha’)? Pra quê? O filme já foi feito e visto por 2 milhões de pessoas. Infelizmente o presidente está muito mal assessorado, tanto em relação ao meu filme quanto aos dos outros”. Ele ainda explica que o documentário “Nem Tudo se Desfaz” não é sobre Bolsonaro, mas sobre “as manifestações de 2013”, que “levaram às delações premiadas, que levaram à Lava Jato, que levou à prisão de Lula e ao impeachment de Dilma, o que levou a uma alternativa política para além do PT. Meu filme é sobre isso. Onde que é sobre Bolsonaro? Como ele fala uma coisa dessas?” “O filme não é sobre ele, nem nunca será. Oxente, só porque sou aluno de Olavo não significa que vou fazer um filme pró-Bolsonaro”, acrescentou. O pôster de divulgação de “Nem Tudo se Desfaz”, apresentado por Teófilo no Twitter, é uma foto gigante de Bolsonaro em pose de estadista. Veja abaixo. “O presidente lançou uma incerteza sobre meu filme. Se patrocinadores pularem fora, eu pego um avião e saio do país. A Lei do Audiovisual passou por Temer, Dilma, Lula e FHC. A Lei Rouanet é anterior a todos eles. Nenhum deles conseguiu controle sobre a Lei do Audiovisual. Alguns até tentaram, mas não conseguiram. Por que vai ser agora? Bolsonaro não pode fazer isso”, concluiu. Meu novo filme, @nemtudosedesfaz, a ser lançado em breve nos cinemas. NEM TUDO SE DESFAZ é um documentário ensaístico sobre os desdobramentos culturais e políticos das Jornadas de Junho de 2013. pic.twitter.com/2GJF0ByUnL — Josias Teófilo (@josiasteofilo) July 11, 2019
Bolsonaro volta a manifestar vontade de acabar com a Ancine
O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que vai extinguir a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Desde a semana passada, ele vem fazendo críticas e afirmando que planeja acabar com o órgão se não pudesse impor um “filtro” na aprovação de projetos de cinema e TV. Depois de atacar reiteradamente “Bruna Surfistinha”, que assumiu não ter visto, Bolsonaro encontrou nesta quinta (25/7) novo motivo para criticar a agência: a aprovação de verbas para um documentário sobre sua eleição. “Recentemente tomei conhecimento sobre a liberação para captação de R$ 530 mil via Ancine para produção de um filme sobre minha campanha nas eleições. Por coerência sugeri que voltassem atrás nessa questão. Não concordamos com o uso de dinheiro público também para estes fins”, ele escreveu no Twitter. E em seguida acrescentou: “Outrossim, estamos trabalhando para viabilizar uma reformulação ou extinção da Ancine”. Bolsonaro reforçou a crítica em outra rede social, durante uma transmissão ao vivo no Facebook. “Depois desse anúncio de fazer um filme sobre a minha pessoa, a Ancine ganhou mais um FO positivo, Fato Observado positivo. Vamos buscar a extinção da Ancine. Não tem nada que o poder público tenha que se meter em fazer filme. Que tenha uma empresa privada, sem problema nenhum. Mas o Estado vai deixar de patrocinar isso daí”, disse. Ele também repetiu um comentário pejorativo sobre a produção cinematográfica nacional, dizendo que não iria “citar nomes de filmes produzidos pela Ancine”, porque havia crianças assistindo sua live pelo Facebook. Criancinhas podem ler os títulos aqui. Os filmes brasileiros lançados desde que Bolsonaro virou presidente são, descontando documentários: “Temporada”, “Boi de Lágrimas”, “Eu Sou Mais Eu”, “O Galã”, “Tito e os Pássaros”, “A Pedra da Serpente”, “Minha Fama de Mau”, “Homem Livre”, “Sai de Baixo – O Filme”, “Cinderela Pop”, “Tá Rindo de Quê?”, “Diários de Classe”, “O Último Trago”, “Albatroz”, “Mal Nosso”, “Sobre Rodas”, “Alaska”, “Chorar de Rir”, “Cine Holliúdy 2 – A Chibata Sideral”, “Jorginho Guinle – $ó se Vive uma Vez”, “Bio – Construindo uma Vida”, “De Pernas pro Ar 3”, “Horácio”, “Organismo”, “Borrasca”, “A Sombra do Pai”, “B.O.”, “Mormaço”, “A Quarta Parede”, “45 Dias sem Você”, “Kardec”, “Inferninho”, “Histórias Estranhas”, “Dias Vazios”, “Beatriz”, “Deslembro”, “Blitz”, “Divino Amor”, “O Olho e a Faca”, “Turma da Mônica – Laços” e, nesta semana, “A Serpente”. O filme sobre a eleição do presidente, por sua vez, chama-se “Nem Tudo se Desfaz” e seria realizado por José Teófilo, diretor de “O Jardim das Aflições”, sobre o guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho. A produção teve autorização da agência para captar R$ 530 mil, conforme publicação no Diário Oficial da União, em 31 de maio. “Não queremos filmes de políticos com dinheiro público. O poder público não deve se meter a fazer filme. O Estado vai deixar de patrocinar”, disse Bolsonaro. Aproveitando o assunto, ele voltou a criticar a liberação de recursos federais para a elaboração do filme “Bruna Surfistinha” e disse que buscará a “extinção da Ancine”. “Não tem filme nem com a Bruna Surfistinha nem com Jair Bolsonaro”, afirmou. Atualmente, a principal fonte do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), sob controle da Ancine, é a arrecadação do Condecine e da Fistel, taxas pagas pelas próprias empresas que atuam no segmento. Ou seja, não se trata de recursos oriundos de orçamento federal. Esse dinheiro não é do governo, ele é arrecadado junto ao setor privado com uma destinação específica para o audiovisual. O governo não pode realocá-lo em outro lugar. É preciso explicar didaticamente, porque o presidente e seus seguidores nas redes sociais demonstram não entender como o financiamento funciona. De todo modo, a ameaça de extinção da Ancine integra um projeto anti-cultural bem articulado, que começou com a extinção do Ministério da Cultura e seguiu com a proibição de patrocínio de estatais a eventos culturais, imposição de limites mais restritos aos tetos de projetos que podem ser aprovados via Lei de Incentivo à Cultura (antiga Lei Rouanet), a exclusão de representantes do mercado e da sociedade civil do CSN (Conselho Superior de Cinema), a mudança do CSC para a pasta da Casa Civil, o fim de apoio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para o programa Cinema do Brasil, voltado à exportação de filmes brasileiros, e outras iniciativas similares. Bolsonaro também não assinou o decreto da Cota de Tela, que estipula um determinado número de dias obrigatórios para que os cinemas exibam filmes brasileiros, que deveria ter sido publicado em janeiro, não escolheu os nomes do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que decide como alocar os recursos arrecadados pelas taxas do mercado, e não nomeou um dos nomes que preencheria uma vaga aberta na diretoria da Ancine desde a renúncia de Mariana Ribas no começo do ano.
Diretor de O Jardim das Aflições prepara documentário sobre Bolsonaro
O cineasta Josias Teófilo, diretor de “O Jardim das Aflições”, sobre o guru da direita brasileira Olavo de Carvalho, prepara um novo documentário, desta vez sobre o discípulo mais bem-sucedido do Homem de Virgínia. Intitulado “Nem Tudo se Desfaz”, o filme é descrito como um “documentário ensaístico sobre os desdobramentos políticos das Jornadas de Junho de 2013 que culminaram na eleição de Jair Bolsonaro”. A produção foi autorizada a captar R$ 530 mil para sua produção, pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), via Lei do Audiovisual (Fomento Indireto). Josias Teófilo deu mais detalhes sobre o projeto nas redes sociais. “O meu filme, ‘Nem Tudo se Desfaz’, não é sobre Bolsonaro, mas sobre as causas da eleição de Bolsonaro, que, na narrativa do filme, remontam a 2013. E nunca ouvi falar que a Lei do Audiovisual seja exclusiva para esquerdistas”, escreveu. “Observe que para fazer um filme sobre a eleição de Bolsonaro, como eu estou fazendo, não é preciso fazer nenhum julgamento de valor sobre o próprio Bolsonaro. Só que a esquerda não vai aceitar jamais que se mostre no cinema o movimento popular que levou à queda de Dilma, por exemplo”, complementou. O comentário reflete ao fato de que políticos ligados ao PT e ao PSOL já se manifestaram em protestos. Na verdade, “Nem Tudo se Desfaz” oferece, no mínimo, o outro lado da moeda, na contínua guerra cultural de narrativas, que virou a produção de documentários no Brasil. Após os “filmes do golpe”, chega a vez do “filme do mito”.




