Maiores bilheterias do cinema brasileiro em 2016 foram comédias e produtos televisivos
Dados das bilheterias brasileiras, revelados pelo site Filme B, confirmam a manutenção do perfil dos blockbusters nacionais. A tendência vista no ano anterior se repetiu, e as maiores bilheterias do cinema falado em carioquês e paulistano em 2016 foram produtos derivados da TV e comédias besteiróis. Muito acima dos demais, o fenômeno “Os Dez Mandamentos”, uma versão condensada de novela, tornou-se não apenas o filme mais visto do Brasil em 2016, mas em todos os tempos. Milagre, diriam alguns. A tendência ainda inclui a adaptação da novela infantil “Carrossel”, mostrando uma reação da Record e do SBT ao predomínio da Globo Filmes. Mas também chama atenção o sucesso de “Minha Mãe É uma Peça 2”, besteirol em que um comediante do Multishow (da Globosat) se veste de mãe, ao estilo da franquia americana “Madea”, que não é distribuída no país por, ironicamente, medo de fracasso comercial. O primeiro filme já tinha sido a maior bilheteria nacional de 2013. O atual foi lançado no final de 2016 e ainda continua acumulando público – após quatro semanas em cartaz, está em 2º lugar entre os filmes mais vistos do último fim de semana. Entre as curiosidades da apuração, lançamentos que trazem números em seus títulos faturaram mais alto que os demais. À exceção de “Os Dez Mandamentos”, que não é sequência de “Os Nove Mandamentos”, a lista dos blockbusters nacionais inclui diversas continuações, como a já citada “Minha Mãe É uma Peça 2”, “Carrossel 2: O Sumiço de Maria Joaquina, “, “Até que a Sorte nos Separe 3” e “Vai que Dá Certo 2”. Detalhe: “Até que a Sorte nos Separe 3” foi lançado no final de 2015. O roteirista Fil Braz, de “Minha Mãe É uma Peça 2”, também emplacou outro hit, “Tô Ryca”, que tem uma origem controversa, tamanhas são suas similaridades com o filme americano “Chuva de Milhões” (1985). Talvez a cara de pau seja outra característica marcante dos blockbusters nacionais. Três das comédias listadas tem ainda a mesma premissa, acompanhando um pobretão que vira novo rico de uma hora para outra: “Até que a Sorte nos Separe 3”, “Tô Ryca” e “Um Suburbano Sortudo”. O que parece indicar que o público brasileiro não quer ver nada realmente novo. Esta preferência reflete, inclusive, no sucesso de uma novela no cinema e na proliferação de sequências. O tom infantilóide da maioria dos besteiróis listados ainda encontra justificativa no êxito de filmes infantis, como “Carrossel 2” e “É Fada!”. Vale observar que, apesar de ser um longa estrelado por um(a) youtuber, “É Fada!” não chega a marcar uma nova tendência, já que a comédia do Porta do Fundos implodiu e o filme do Christian Figueiredo não fez tanto quanto se imaginava. Há apenas um drama original no Top 10, considerado um dos piores do ano no gênero: “O Vendedor de Sonhos”, baseado num best-seller de escritor de auto-ajuda. Cheio de frases impactantes que não dizem nada, o filme emula a ideia de um guru divino, transformando um sem-teto num Moisés hermano-urbano. Outra característica que salta e arranca os olhos: todos os 10 filmes mais vistos do país foram produzidos no eixo Rio e São Paulo. Sotaques diferentes só no circuito limitado. O pernambucano “Aquarius”, por sinal, foi a única produção da pequena distribuidora Vitrine Filmes, especialista em filmes de maior qualidade, na lista dos 20 longas nacionais mais vistos de 2016. Os chamados “filmes médios” ocuparam do 11º ao 20º lugar, num nicho estendido entre os 600 mil e os 100 mil ingressos vendidos. Nesta faixa, surge a preferência das cinebiografias, entre elas “Mais Forte que o Mundo”, sobre o lutador Zé Aldo, com 565 mil ingressos vendidos, e “Elis”, sobre a cantora Elis Regina, com 538 mil. Por fim, 11 dos 15 maiores campeões de bilheteria do país foram distribuídas pela dobradinha entre Downtown e Paris Filmes, que também monopolizam os grandes lançamentos nacionais, ocupando o maior número de salas disponíveis no parque cinematográfico brasileiro. Acessibilidade é um fator considerável para o sucesso. Confira abaixo a lista com os campeões nacionais de bilheteria. Top 10: Bilheterias do Brasil em 2016 1. Os Dez Mandamentos: 11,3 milhão de ingressos / R$ 116,8 milhões 2. Minha Mãe É uma Peça 2: 2,8 milhões de ingressos / R$ 36,9 milhões* 3. Carrossel 2: 2,5 milhões de ingressos / R$ 28,5 milhões 4. Até que a Sorte nos Separe 3: 2,4 milhões de ingressos / R$ 30,7 milhões 5. É Fada!: 1,7 milhão de ingressos / R$ 20,7 milhões 6. Tô Ryca: 1,1 milhão de ingressos / R$ 14,7 milhões 7. Um Suburbano Sortudo: 1 milhão de ingressos / R$ 14,3 milhões 8. Vai que Dá Certo 2: 923 mil ingressos / R$ 11,9 milhões 9. Um Namorado para Minha Mulher: 662 mil ingressos / R$ 9 milhões 10. O Vendedor de Sonhos: 611 mil ingressos / R$ 8,2 milhões
Animais Fantásticos e Onde Habitam completa um mês na liderança das bilheterias do Brasil
“Animais Fantásticos e Onde Habitam” completou seu reinado de um mês na liderança das bilheteria do Brasil. Desde seu lançamento, em 17 de novembro, o filme vem liderando o faturamento de cinema no país. Isto acaba nesta semana, com o lançamento de “Rogue One – Uma História Star Wars”. O mais impressionante é que, em relação à semana passada, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” só encolheu 37% em sua arrecadação. Foram R$ 4,8 milhões faturados e 282 mil ingressos vendidos apenas entre quinta (8/12) e domingo (11/12) passados. O 2º lugar também se manteve inalterado em relação ao ranking anterior, com a saga vampiresca “Anjos da Noite – Guerras de Sangue” rendendo R$ 3,4 milhões a partir de 727 mil ingressos vendidos. As novidades começam no 3º lugar, com o bom desempenho de um filme nacional que não é comédia. Mas também apela para o gosto popular. Baseado num best-seller do guru de auto-ajuda Augusto Cury, “O Vendedor de Sonhos” levou 167 mil pessoas ao cinema e arrecadou R$ 2,6 milhões. Considerando que o livro em que o filme se baseia vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares no Brasil desde 2008, “O Vendedor de Sonhos” deve ter fôlego para enfrentar o ataque pesado de “Rogue One – Uma História Star Wars” nesta semana, além da animação “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta” e o besteirol “Minha Mãe É uma Peça 2” na próxima. Outra estreia, o besteirol americano “A Última Ressaca do Ano” abriu em 4º lugar, com R$ 2,1 milhões. Ainda assim, bem melhor que “Fallen”. Fechando o Top 5, o romance sobrenatural juvenil abriu muito abaixo do esperado (para os fãs da franquia literária), faturando R$ 1,6 milhão. Considerando que o Brasil é o maior mercado em que os anjos românticos têm lançamento marcado, “Fallen” não deverá ter sequência e pode até sair direto em VOD nos EUA – onde nem sequer possui estreia agendada.
Estreias: Masha e o Urso ocupa os cinemas em semana marcada por opções populares
Os cinemas recebem 10 estreias nesta quinta (8/12), entre elas três ficções brasileiras, e a maioria destinada aos shoppings. A mais ampla, por mais estranho que possa soar, é um programa de TV. A série animada russa “Masha e o Urso” chega a 470 salas em parceria com a rede SBT e com participações especiais de Maisa Silva e Silvia Abravanel. As duas gravaram introduções inéditas para os episódios da série, que mostram as confusões de uma menina e de seu melhor amigo urso, sempre pronto a protegê-la. A segundo maior estreia é “Fallen”, projeto de franquia juvenil que, tudo indica, terá só o capítulo inicial. Romance sobrenatural ao estilo de “Crepúsculo”, acompanha uma adolescente que, ao chegar numa nova escola, apaixona-se por um jovem misterioso e descobre que alguns de seus novos colegas são anjos – literalmente. Os livros de Lauren Kate são best-sellers com fãs completamente apaixonados. Entretanto, a distribuidora responsável pelo lançamento nos EUA abriu falência e a produção caiu no limbo. Para piorar, o subgênero a que pertence passou a dar prejuízo nas bilheterias, o que deixou o longa um ano parado, antes de começar a ser exibido em lugares como Filipinas, Singapura e Botswana. Para se ter noção, o Brasil responde por seu maior lançamento mundial. E são “só” 410 salas. O lançamento nacional mais amplo também é baseado num best-seller com muitos fãs. Trata-se de “O Vendedor de Sonhos”, do guru da auto-ajuda Augusto Cury, sobre, claro, um guru falastrão que adora recitar frases feitas. Curiosamente, a premissa não é muito diferente do clássico americano “A Felicidade Não se Compra” (1946). O personagem de Dan Stulbach tem o suicídio impedido por um andarilho que vai ensiná-lo a valorizar a vida. No filme de Frank Capra, era um anjo. Há, porém, uma reviravolta na trama que acaba por afastar de vez quaisquer aspectos fantasiosos. A direção é de Jayme Monjardim, especialista em melodramas novelescos bem fotografados. Os outros dois títulos brasileiros são comédias. “Tamo Junto” segue a linha do besteirol de título genérico, em que todo mundo é meio bobo, e marca a estreia do roteirista da série “Vai que Cola” (Leandro Soares) como protagonista. Na trama, ao se separar de Fernanda Souza (ex-“Malhação” e uma das atrizes da TV Globo do elenco), ele vai experimentar a vida de solteiro, mas não por muito tempo, porque a bela Sophie Charlotte (novela “Babilônia”) cruza seu caminho com cara de final feliz, mesmo que ela esteja de casamento marcado. Fabio Porchat (“Vai que Dá Certo”) também está no elenco, assim como o próprio diretor Matheus Souza (“Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida”). Único filme nacional que saiu do último Festival de Gramado sem ganhar prêmio algum, chega a 331 salas. Também com elenco da Globo, “O Amor no Divã” chega em 43 salas. Terceira comédia nacional recente com “Divã” no título, a produção parece piloto de série, girando em torno de uma psicóloga (Zezé Polessa) especializada em terapias de casal, que trata de um casal em crise e até de seu marido, que costumava ser galã romântico e agora lida com a impotência (o tempo passa, Daniel Dantas). O casal do “episódio” é formado por Paulo Vilhena (ex-adolescente a caminho da calvice) e Fernanda Paes Leme (que por coincidência fez “Divã a 2”). O filme tem direção do ator Alexandre Reinecke (novela “As Pupilas do Senhor Reitor”), que passou pelo teatro antes de fazer esta estreia no cinema. Há ainda um besteirol americano, “A Última Ressaca do Ano”, com Jennifer Aniston (“Família do Bagulho”), Jason Bateman (“Quero Matar Meu Chefe”), Kate McKinnon (“Caça-Fantasmas”), T.J. Miller (“Deadpool”), Olivia Munn (“X-Men: Apocalipse”) e grande elenco. Na história, um grupo de funcionários de uma empresa decide organizar uma grande festa de fim de ano contra a vontade da chefe e acaba descobrindo que o evento pode salvar seus empregos. Típico de besteirol, tudo dá errado, antes de tudo dar certo. Em 288 salas. O circuito limitado ainda traz um último lançamento de apelo popular: “Para Sempre”, drama cristão baseado na real batalha de um homem contra a leucemia, que tem suas características de telefilme ressaltadas pela exibição em cópias dubladas. Por fim, os três filmes de menor distribuição são para poucos, em mais de um sentido. Principal sugestão da Pipoca Moderna para esta semana, “Como Você É” venceu o Prêmio do Júri do último Festival de Sundance. Passado no início de 1990, o filme apresenta a relação entre três adolescentes, traçando o começo da amizade dos jovens até um desfecho trágico, por meio de uma reconstrução de relatos díspares desencadeados por uma investigação policial. “Como Você É” marca a estreia de Miles Joris-Peyrafitte como diretor de longas e é uma ampliação de seu curta “As a Friend” (2014), igualmente premiado. Os títulos originais dos dois trabalhos são frases da música “Come As You Are”, do Nirvana. O elenco reúne os jovens Charlie Heaton (o Jonathan Byers da série “Stranger Things”), Owen Campbell (o Jared Connors da série “The Americans”) e Amandla Stenberg (a Rue de “Jogos Vorazes”), além da sumida Mary Stuart Masterson, estrela de clássicos como “Alguém Muito Especial” (1986), “Tomates Verdes Fritos” (1991) e “Benny & Joon” (1992). Infelizmente, só chega em 12 salas. O outro drama indie da programação é “Michelle e Obama”. O romance sobre o início do namoro dos futuros presidente e primeira dama dos EUA é melhor do que a premissa sugere, tendo, inclusive, concorrido a prêmios. Abre em 29 telas. O circuito se completa com o relançamento de “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni, clássico mod que inclui show dos Yardbirds, Jane Birkin fazendo sua transição de modelo para atriz num ménage à trois, Vanessa Redgrave matadora, homenagem a Hitchcock, trilha de Herbie Hancock, fotografia de moda e mímicos! Vencedor do Festival de Cannes em 1967, chega em 17 telas em versão restaurada. Clique nos títulos dos filmes para ver o trailer de cada estreia.
O Vendedor de Sonhos: Trailer dramático anuncia overdose de frases de autoajuda
A Warner divulgou o pôster e o trailer de “O Vendedor de Sonhos”, drama baseado no best-seller homônimo de Augusto Cury. A prévia começa como o clássico “A Felicidade Não se Compra” (1946), com um homem à beira do abismo, prestes a se suicidar, quando ouve uma voz que lhe convida a dar uma segunda chance para a vida. A diferença é que não se trata de um anjo, mas um sem-teto que, ao longo do trailer, despeja uma coleção de frases-feitas de livros de autoajuda, ensinando que – adivinhe – a felicidade não se compra. Se isso é a prévia, imagina-se a overdose de “ensinamentos” do longa-metragem. Cury é um expert em autoajuda. Já ajudou a si mesmo a vender mais de 25 milhões de exemplares de diversos livros. Só “O Vendedor de Sonhos”, lançado em 2008, vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares no Brasil e ainda virou trilogia. Outros títulos de seu repertório de lições de vida incluem “Você É Insubstituível”, “Dez Leis para Ser Feliz”, “Seja Líder de Si Mesmo”, “Nunca Desista de Seus Sonhos”, além de obras religiosas, conselhos para a família, dicas de como criar um filho e até manuais para suportar a prisão. Dirigido por Jayme Monjardim (de “Olga” e “O Tempo e o Vento”), o filme traz Dan Stulbach (“Onde Está a Felicidade?”) como o psicólogo suicida, que vai encontrar nas frases-feitas do guru uruguaio César Troncoso (também de “O Tempo e o Vento”) mais sentido para a vida do que nos ensinamentos da disciplina de Freud. Mas o personagem misterioso também tem um segredo. A estreia está marcada para dezembro.



