Jules Bass, diretor de clássicos da animação, morre aos 87 anos
Jules Bass, diretor de clássicos da animação stop-motion, como “A Festa do Monstro Maluco” (1967) e “Frosty: O Boneco de Neve” (1969), morreu nessa terça (25/10), numa casa de residência assistida em Rye, Nova York. Ele tinha 87 anos. Além de diretor, Bass também trabalhou como produtor e compositor, e fez uma parceria de sucesso com Arthur Rankin Jr. (1924–2014), com quem desenvolveu sua carreira, produzindo especiais de TV em stop-motion que marcaram época. Nascido em 16 de setembro de 1935, na Filadélfia, Bass frequentou a Universidade de Nova York e trabalhou em uma agência de publicidade antes de formar a parceria com Rankin, ex-diretor de arte do canal ABC. Os dois abriram uma produtora chamada Videocraft International (que mais tarde ficou conhecida como Rankin/Bass Productions). Em uma entrevista em 2005, Rankin disse: “Nós meio que nos complementamos. Ele tinha certos talentos que eu não tinha, e eu tinha certos talentos que ele não tinha. Eu era basicamente um artista e um criador; ele era um criador e um escritor e um letrista”. A primeira produção da dupla foi a série de TV “As Novas Aventuras de Pinóquio”, que estreou em 1960. Eles criaram um total de 130 capítulos de cinco minutos. Eles também produziram o especial “A Rena do Nariz Vermelho” (1964), baseado na canção popularizada por Gene Autry, que deu início a uma tradição de especiais animados de Natal, como “Frosty: O Boneco de Neve” (1969), que contou com as vozes dos comediantes Jackie Vernon e Jimmy Durante, e “A Verdadeira História de Papai Noel” (1970), dublado por ninguém menos que Fred Astaire. Entre esses especiais, Bass lançou seus primeiros filmes no cinema, “No Mundo Encantado dos Sonhos” (1966), baseado em contos de fadas, e “A Festa do Monstro Maluco” (1967), comédia animada de terror cultuadíssima com dublagem do ícone Boris Karloff. Os recursos de animação stop-motion utilizados na Rankin/Bass Productions foram desenvolvidos para animadores japoneses e envolviam um processo meticuloso, no qual milhares de fotos estáticas dos movimentos de seus personagens eram reunidas em 24 quadros por segundo, em um processo chamado de “Animagic”. Bass e Rankin receberam uma indicação ao Emmy pelo especial “The Little Drummer Boy Book II” (1976) e venceram um prêmio Peabody pela sua versão animada de “O Hobbit” (1977). Eles também fizeram uma adaptação de outro livro de J.R.R. Tolkien, “O Retorno do Rei”, em 1980. Seus outros projetos para a TV incluíram “The Ballad of Smokey the Bear” (1966), “The Wacky World of Mother Goose” (1967), “The Little Drummer Boy” (1968), “Here Comes Peter Cottontail” (1971), “O Ano sem Papai Noel” (1974), a série do grupo musical “Jackson 5” (exibida entre 1971 e 1972) e a popular série animada dos “Thundercats” (1985-1989). Os últimos créditos de Bass como diretor foram no filme de animação “O Último Unicórnio” (1982) e nos especiais de TV “The Coneheads” (1983), “The Life & Adventures of Santa Claus” (1985) e “The Wind in the Willows” (1987). Bass também escreveu diversos livros infantis. Um desses livros, “Headhunters”, foi adaptado no filme “Monte Carlo” (2011), estrelado por Selena Gomez.
René Auberjonois (1940 – 2019)
O ator René Auberjonois, que participou da série “Star Trek: Deep Space Nine” e da comédia clássica “M*A*S*H”, morreu neste domingo (8/12) em sua casa, em Los Angeles, aos 79 anos. Ele tinha câncer no pulmão. Auberjonois nasceu em 1940 em Nova York e herdou seu nome do avô, um pintor pós-impressionista suíço também chamado René Auberjonois. Filho de um jornalista suíço que trabalhava como correspondente internacional, foi criado entre Nova York, Paris e Londres, e por um tempo viveu com sua família em uma colônia de artistas, cujos moradores incluíam os atores John Houseman, Helen Hayes e Burgess Meredith. Ele acabou se inspirando a seguir carreira no teatro, eventualmente conseguindo papéis na Broadway e até vencendo um Tony de Melhor Ator em 1969 – pela peça “Coco”, sobre a vida da estilista Coco Chanel, interpretada pela lendária Katharine Hepburn no palco. A carreira de Auberjonois incluiu diversos outros prêmios e indicações, pois ele trabalhou em várias eras douradas, desde o teatro dinâmico da década de 1960 ao renascimento do cinema com a Nova Hollywood da década de 1970, até o auge da programação das redes de TV, nas décadas de 1980 e 1990 e a consagração do cinema indie nos anos 2000 – e cada geração o conheceu por realizações diferentes. Os fãs de cinema o lembram mais como o padre John Mulcahy, o capelão militar que mantinha a serenidade diante das travessuras dos médicos de “M*A*S*H” (1970), a premiadíssima comédia de Robert Altman, que virou uma série ainda mais famosa. Mulcahy foi seu primeiro papel significativo no cinema e o início de uma duradoura parceria com Altman – seguiram-se “Voar É com os Pássaros” (1970), “Onde os Homens São Homens” (1971) e “Imagens” (1972). Ele também apareceu nos grandiosos “O Dirigível Hindenburg” (1975) e “King Kong” (1976), além do suspense “Os Olhos de Laura Mars” (1978), antes de se especializar nos “episódios da semana” na televisão, onde se multiplicou em participações especiais – em atrações populares como “Mulher Biônica”, “O Homem do Fundo do Mar”, “Mulher-Maravilha”, “Casal 20” e “As Panteras” – , até entrar no elenco fixo de “O Poderoso Benson”, sitcom que marcou o seu primeiro papel fixo na TV em 1980. Na série sobre o mordomo de um governador, que durou sete temporadas, Auberjonois viveu um conselheiro político aristocrata e hipocondríaco, chamado Endicott. Ao participar da dublagem da animação “O Último Unicórnio”, em 1982, o ator versátil ingressou numa nova etapa em sua carreira, passando a fazer vozes para vários desenhos de sucesso – como as versões repaginadas de “Scooby-Doo”, “Superamigos”, “Os Smurfs”, “Os Jetsons” e “Jonny Quest”, e novos lançamentos como “Batman: A Série Animada”, “DuckTales”, “Rugrats: Os Anjinhos”, “A Pequena Sereia” e “Aladdin”, entre muitos outros. Seu papel mais famoso surgiu em 1993, com sua escalação no elenco central de “Star Trek: Deep Space Nine”. Na série, Auberjonois interpretou Odo, o metamorfo responsável pela segurança da estação espacial que batizava a produção. A atração durou sete temporadas, até 1999, mas o ator continuou ligado ao personagem após o encerramento, com participações em videogames e em muitas convenções de fãs sobre o universo de “Star Trek”. Ele ainda teve um papel destacado na série “Justiça Sem Limites” (Boston Legal), de 2004 a 2008, e arcos importantes nas mais recentes “Warehouse 13” e “Madam Secretary”. Mas seus principais trabalhos ao final da carreira foram filmes de cineastas independentes excepcionalmente bem-avaliados, entre eles as obras da diretora Kelly Reichardt, que o filmou em “Certas Mulheres” (2016) e no ainda inédito “First Cow”, seu desempenho final. “Eu sou todos esses personagens e adoro isso”, disse Auberjonois em uma entrevista de 2011 ao site oficial da franquia “Star Trek”. “Mas tem vezes que eu encontro as pessoas e elas pensam que sou um primo ou o cara da lavanderia. E eu amo isso também.”

