Raquel Welch, sex symbol de Hollywood, morre aos 82 anos
Raquel Welch, um dos maiores símbolos sexuais de Hollywood, que marcou época em filmes como “Mil Séculos Antes de Cristo” (1966) e “Viagem Fantástica” (1966), morreu nesta quarta-feira (15/2) aos 82 anos. Estrela que se manteve em cartaz por cinco décadas, Rachel Welch nasceu Jo Raquel Tejada (seu nome de batismo) em 5 de setembro de 1940, em Chicago. Quando tinha dois anos, ela se mudou com a família para San Diego, onde passou boa parte da juventude. Enquanto ainda estava na escola, venceu diversos concursos de beleza e chegou a ganhar uma bolsa de estudos para a Universidade Estadual de San Diego, onde estudou teatro por um tempo. Ela ganhou o sobrenome do seu primeiro marido, James Welch, com quem teve dois filhos. Em 1963, já divorciada, Raquel se mudou para Los Angeles, onde começou a trabalhar como atriz. Em seu começo de carreira, fez pequenas aparições em filmes e séries (como “O Homem de Virgínia” e “A Feiticeira”), mas logo ganhou um papel de destaque em “Viagem Fantástica”, uma aventura sci-fi sobre a a tripulação de um submarino especial, que é reduzido a um tamanho microscópico para entrar na corrente sanguínea de um paciente importante e salvar sua vida, realizando uma cirurgia delicada dentro de seu corpo. Usando um traje emborrachado de mergulhador branco e justo, ela hipnotizou o público e ajudou a transformar o longa num grande sucesso, que marcou época. Em seguida, Raquel apareceu num traje ainda mais chamativo, ao entrar na fantasia pré-histórica “Mil Séculos Antes de Cristo” (1966). Apesar de só dizer uma fala de roteiro, o filme foi responsável por transformá-la em uma estrela. Toda a divulgação da obra foi focada em Welch e no biquíni “pré-histórico” que ela usava. A atriz não estava preparada para toda essa atenção. “De uma vez só, tudo na minha vida mudou e tudo sobre o meu verdadeiro ‘eu’ foi varrido”, escreveu ela, anos depois, sobre a fama repentina. “Ela veio à consciência pública como uma presença física, sem voz… Parecia que eu tinha tropeçado em uma armadilha”. Nos anos seguintes, Welch estrelou filmes internacionais, como a comédia “As Rainhas” (1966) e a francesa “O Amor Através dos Séculos” (1967). Nos EUA, ela apareceu em “A Mulher de Pedra” (1968), ao lado de Frank Sinatra, “O Preço de um Covarde” (1968), com James Stewart, e “100 Rifles” (1969), em que formou um casal interracial com o ator Jim Brown. No filme “O Diabo É Meu Sócio” (1967), de Stanley Donen, ela foi vista seduzindo um jovem que vendeu a sua alma para o Diabo. “Eu não tinha muitas falas”, lembrou ela numa entrevista para o site The Hollywood Reporter em 2019. “Tudo o que fiz foi passear em um biquíni de renda vermelha e dizer: ‘Pãezinhos com manteiga quente?’ Eu fiz isso com um sotaque sulista porque imaginei que Lust [luxúria] vinha de um lugar quente”. Pouco tempo depois, ela estrelou aquele que se tornou o seu papel mais arriscado: “Homem e Mulher Até Certo Ponto” (1970). O filme é uma adaptação do romance escandaloso de Gore Vidal sobre um cinéfilo gay que finge sua própria morte, passa por uma operação de mudança de sexo e depois afirma ser sua própria viúva. A atriz interpretou o papel principal. Apesar de a produção ter sido um desastre, com diversos atrasos do diretor Michael Sarne e conflitos internos, Welch sempre se orgulhou da sua personagem no filme. “Myra Breckinridge é a antítese do símbolo sexual”, disse ela à GQ em 2012. “Ela é revolucionária. Ela é uma guerreira.” Mas “Homem e Mulher Até Certo Ponto” também acabou se tornando cultuado por seu apelo sexual, com Rachel Welch em cenas lésbicas e se portando como uma dominatrix em situações de dominação picantes. Várias imagens da produção viraram pôsteres, enquanto a fama do filme entre pervertidos e cinéfilos continuou aumentando ao longo das décadas. Entretanto, foi um fracasso de crítica e bilheteria na época de seu lançamento. Depois de chocar puritanos com a obra, ela optou por projetos mais comerciais na década de 1970, estrelando filmes como “Brutal Beleza” (1972), sobre uma patinadora que tenta equilibrar sua vida pessoal e seus sonhos de estrelato, “Os Três Mosqueteiros” (1973), adaptação da obra de Alexandre Dumas, “O Fim de Sheila” (1973), thriller de mistério no estilo de Agatha Christie, “Festa Selvagem” (1975), comédia sobre a chegada do cinema falado, e “Emergência Maluca” (1976), co-estrelado por Bill Cosby e Harvey Keitel. Em 1982, Welch entrou com um processo contra o estúdio MGM, após ser despedida do filme “Esquecendo o Passado” (1982) sob a justificativa de que ela estava se atrasando para as filmagens. Ela acabou vencendo o processo de US$ 10 milhões em indenização, mas seu nome ficou manchado em Hollywood, na época extremamente machista e incapaz de perdoar a ousadia de uma mulher de enfrentar um estúdio. Por conta disso, seus papéis minguaram. Ela passou anos sem aparecer no cinema, fazendo apenas telefilmes, e quando voltou seus trabalhos se resumiram a pequenas participações em filmes como “Escândalo na Cidade” (1988), “Sombra na Noite” (1993) e “Corra que a Polícia vem Aí! 33 1/3: O Insulto Final” (1994). Depois disso, ela ainda apareceu nas séries “Lois & Clark – As Novas Aventuras do Superman” (1995), “Seinfeld” (1997) e “Spin City” (1997 e 2000). Até ser resgatada em 2001 na comédias “Legalmente Loira” e “Sabores da Vida”. Seus últimos filmes foram as comédias “Forget About It” (2006), com Burt Reynolds, e o sucesso “Como se Tornar um Conquistador” (2017), com Eugenio Derbez – inspiração da série “Acapulco”.
Andrew Prine, cowboy e alienígena das telas, morre aos 86 anos
O ator Andrew Prine, astro de westerns clássicos como “O Preço de um Covarde” (1968) e “Chisum, Uma Lenda Americana” (1970), e também lembrado como líder alienígena de “V: A Batalha Final” (1984), morreu na última segunda (31/10), aos 86 anos. Ele estava de férias em Paris com sua esposa, a atriz e produtora Heather Lowe, quando faleceu de causas naturais. Além dos seus papéis em westerns, Prine também era lembrado por sua participação no drama “O Milagre de Anne Sullivan” (1962), dirigido por Arthur Penn, e como um dos policiais responsáveis por caçar o serial killer do terror cultuado “Assassino Invisível” (1976). Andrew Prine nasceu em 14 de fevereiro de 1936, em Jennings, no estado americano da Flórida. Ele se formou na Miami Jackson High School e frequentou a Universidade de Miami com uma bolsa de teatro, mas desistiu e foi para Nova York para atuar. Ele começou a sua carreira na década de 1950, participando de filmes como “Terrível como o Inferno” (1955) e “Kiss Her Goodbye” (1959), e episódios de séries de TV, como “Deadline” (1959) e “Playhouse 90” (1960). Em 1958, ele teve uma grande oportunidade na Broadway ao assumir o papel de Anthony Perkins – que precisou se afastar – na peça vencedora do Prêmio Pulitzer “Look Homeward, Angel”, escrita por Thomas Wolfe e dirigido por George Roy Hill. “Acho que uma das razões pelas quais consegui é porque eu era muito magro”, disse ele numa entrevista antiga. O papel chamou a atenção e Prine foi convidado para estrelar uma série de western. “Então eu disse: ‘Vou sair e fazer isso e depois eu volto para a Broadway’”, lembrou ele num episódio da série “A Word on Westerns”. “Então eu descobri quanto dinheiro eles me dariam apenas para sentar em um cavalo, e eu disse: ‘Tchau, Broadway.’” Seu primeiro papel recorrente numa série de TV foi em “Wide Country” (entre 1962 e 1963). Interpretando o irmão mais novo de Earl Holliman, ele participou de um total de 28 episódios e começou a se tornar um rosto conhecido. Nessa mesma época, Prine participou de alguns episódios da série “Gunsmoke” dirigidos por Andrew V. McLaglen. Os dois voltariam a trabalhar juntos em filmes como “A Brigada do Diabo” (1968), “O Preço de um Covarde” (1968) e “Chisum, Uma Lenda Americana” (1970), no qual Prime contracenou com o astro John Wayne. Ele também participou de séries famosas como “Alfred Hitchcock Apresenta”, “O Fugitivo”, “Bonanza” e “Daniel Boone”. Prine manteve a agenda lotada durante os anos 1970. Ele participou de filmes como “O Pequeno Índio” (1973), “Os Ventos do Outono” (1976) e “Assassino Invisível” (1976), além de ter feito diversas aparições na TV, em séries como “Barnaby Jones”, “A Mulher Biônica”, “Hawaii Five-O”, “CHiPs”, entre muitas outras. “Consegui assumir tantos papéis no período da década de 1970 porque nunca encontrei um papel no cinema que não gostasse”, disse ele em 2013. “Sou um ator que trabalha, não espero um ano para fazer um filme.” Para promover o filme “The Centerfold Girls” (1974), em que ele interpretou um serial killer, Prine posou nu para a revista feminina “Viva”. Outros papéis de destaque nessa época foram nos filmes “Nightmare Circus” (1973), “Grizzly, a Fera Assassina” (1976) e “The Evil” (1978). Mas ele continuou filmando, ainda que com menos intensidade, nas décadas seguintes. Fez alguns títulos conhecidos como “Brincando com Fogo” (1984), “Mandroid, O Exterminador” (1986) e “Anjos Assassinos” (1993), além de ter estrelado a minissérie “V: A Batalha Final” como líder da invasão da Terra, e participado de “Weird Science”, “A Sete Palmos” e do famoso episódio duplo de “CSI” dirigido por Quentin Tarantino em 2005. Com um currículo enorme, Andrew Prine somou mais de 180 créditos como ator. Seus últimos trabalhos foram no terror “As Senhoras de Salem” (2012), de Rob Zombie, e o drama indie “Beyond the Farthest Star” (2015). Prine foi casado com a atriz Sharon Farrell (“Namorada de Aluguel”) de 1962 a 1963 e com a atriz Brenda Scott (“The Road West”) três vezes – de 1965 a 1966, 1968 a 1969 e 1973 a 1978 – antes de se casar com Heather Lowe (“A Batalha do Planeta dos Macacos”) em 1986. Ele também se envolveu romanticamente com a atriz Karyn Kupcinet (“A Loja dos Horrores”), que foi assassinada em 1963 em um infame homicídio não resolvido em Hollywood. Em 2001, Andrew Prine recebeu o Prêmio Bota de Ouro como reconhecimento pelo seu trabalho em westerns.

