Tobe Hooper (1943 – 2017)
O diretor de cinema Tobe Hooper, conhecido pelos clássicos de terror “Poltergeist” (1982) e “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), morreu na Califórnia aos 74 anos. A causa da morte, que ocorreu na cidade de Sherman Oaks, não foi informada. Nascido em Austin, no estado americano do Texas, Hooper era professor universitário e produtor de documentários antes de virar diretor de longa-metragens. Ele estreou com o terror indie “Eggshells” (1969), sobre hippies numa floresta maligna, antes de criar um dos filmes de terror mais influentes de todos os tempos. Hooper rodou “O Massacre da Serra Elétrica” em 1974 por menos de US$ 300 mil, a partir de um roteiro que ele próprio escreveu, e contou com atores que nunca tinham feito cinema antes. Gunnar Hansen, por exemplo, queria ser poeta, mas precisava de dinheiro e foi fazer o teste para o filme que estava sendo produzido na sua região. Em seu livro de memórias, ele recorda que o diretor explicou rapidamente o personagem, dizendo que tinha problemas mentais e, apesar de parecer aterrador, sofria abusos de sua própria família insana. As sequelas traumáticas de sua infância impediram seu desenvolvimento, inclusive a fala, levando-o a apenas grunhir como um porco. Além disso, era tímido a ponto de viver sob uma máscara. O gigante islandês foi escalado para dar vida a um dos monstros mais famosos do terror moderno, Leatherface, o canibal rural que esconde o seu rosto atrás de uma máscara feita de pele humana e brande feito louco uma motosserra capaz de dilacerar instantaneamente os membros de suas vítimas. O personagem era um dos muitos assassinos brutais da família canibal do filme de 1974 e foi inspirado no serial killer Ed Gein. A cena final do longa, em que ele agita sua serra furioso numa estrada, é das mais icônicas do cinema. Mas o filme também eternizou outros takes perturbadores, como os close-ups extremos nos olhos da protagonista, amarrada numa mesa para jantar com canibais. Em busca de realismo, Hooper filmou até sangue real, quando Marilyn Burns se cortou inteira ao esbarrar em arbustos durante a perseguição mais famosa da trama, com Leatherface tocando o terror em seu encalço. Em 1999, a revista Entertainment Weekly elegeu “O Massacre da Serra Elétrica” como o segundo filme mais assustador de todos os tempos, atrás apenas de “O Exorcista” (1973). Mas, na época em que foi lançado, o filme perturbou muito mais que a superprodução do diabo, sendo proibido em diversos países. No Reino Unido e na Escandinávia, por exemplo, só foi liberado no final dos anos 1990. Mesmo assim, tornou-se uma das produções americanas independentes mais rentáveis nos anos 1970, segundo a Variety. “O Massacre da Serra Elétrica” foi lançado antes da febre das franquias de terror, quando qualquer sucesso ganhava continuação. Por isso, Hooper emendou a produção com outro filme similar, estrelado pela mesma atriz e passado na mesma região, mas com um psicopata e enredo diferentes. Em “Eaten Alive” (1976), um caipira que cuida de um hotel decadente no interior do Texas mata todo mundo que o incomoda e ainda aproveita os pedaços das vítimas para alimentar seu crocodilo gigante de estimação. “Eaten Alive” também marcou o início de uma tradição de brigas entre Hooper e seus produtores, que geralmente terminavam com ele sendo substituído na direção dos filmes. O diretor de fotografia do longa é creditado por parte das filmagens. Mas isto não foi nada comparado ao resultado de seu filme seguinte, “The Dark”, em que Hooper simplesmente abandonou o set no primeiro dia de filmagens. Era para ser um filme de zumbis, mas virou uma sci-fi com alienígenas, com uma trama e um elenco de pseudo-celebridades que dariam orgulho nos responsáveis por “Sharknado”. Desgastado, Hooper foi fazer um telefilme. E com “A Mansão Marsten” (1979), adaptação do romance “Salem’s Lot”, de Stephen King, voltou a mostrar sua capacidade de criar terror com baixo orçamento, desde que o deixassem em paz. Ele seguiu esse projeto com “Pague Para Entrar, Reze Para Sair” (1981), filme relativamente bem-sucedido sobre outro psicopata mascarado, numa época em que os psicopatas mascarados, novidade introduzida com Leatherface, tinham virado a norma do gênero. Mas todas as brigas com produtores de seu passado alimentaram inúmeras especulações a respeito de seu filme seguinte. Com o maior orçamento de sua carreira e o melhor resultado, tanto nas bilheterias como na própria qualidade da produção, “Poltergeist – O Fenômeno” (1982) não parecia com nada que Hooper tinha feito antes. John Leonetti, diretor de “Annabelle” (2014), era assistente de câmera do longa e recentemente deu força à teoria de conspiração, ao dizer que o filme, escrito e produzido por Steven Spielberg, também tinha sido dirigido pelo cineasta, após divergências com Hooper. O fato é que “Poltergeist” virou, como dizia seu subtítulo nacional, um fenômeno. Assim como “O Massacre da Serra Elétrica”, originou várias cenas icônicas, reproduzidas à exaustão por imitadores que o sucederam. Referências à casas construídas sobre cemitérios indígenas, estática televisiva, consultoria de médium, objetos que se movem sozinhos e o terror focado em famílias com crianças pequenas subverteram o gênero e se tornaram elementos básicos de uma nova leva de terror, a começar pelo evidente “A Casa do Espanto” (1985) até chegar em marcos contemporâneos como “O Chamado” (2002) e “Sobrenatural” (2010). Hooper ganhou os créditos pelo filme e aproveitou. Assediado, brincou de gravar videoclipes (é dele o famoso “Dancing with Myself”, de Billy Idol) e recebeu outro grande orçamento para se afirmar entre os mestres do gênero. Mas “Força Sinistra” (1985), sobre vampiros espaciais, acabou fracassando nas bilheterias. Ainda assim, ganhou sobrevida em vídeo e se tornou cultuadíssimo, transformando em sex symbol a francesa Mathilda May, nua na maior parte de suas cenas. Ele voltou ao território de Spielberg com “Invasores de Marte”, remake de um clássico de 1953 reescrito por Dan O’Bannon (o gênio por trás de “Alien” e “A Volta dos Mortos-Vivos”). Mas nem a escalação da icônica Karen Black como uma professora do mal ajudou o filme a escapar do reducionismo de um “Invasores de Corpos para crianças”. Na trama, o pequeno Hunter Carson (o menino de “Paris, Texas”) tentava impedir marcianos de tomarem os corpos dos pais e professores de sua cidade. Novamente, foi cultuado em vídeo. Frustrado com a promessa de um futuro que não aconteceu, Hooper voltou ao passado. Ele decidiu fazer “O Massacre da Serra Elétrica 2” (1986), juntando os integrantes originais da família canibal e um Dennis Hopper ainda mais alucinado que eles, em busca de vingança pela morte de seu parente no primeiro filme. Com jorros de sangue e muita violência, o filme dividiu opiniões. Ao mesmo tempo em que apontou como “O Massacre da Serra Elétrica” se tornaria uma franquia mais duradoura que os populares “Halloween” e “Sexta-Feira 13”, também demonstrou a estagnação da carreira de seu diretor. A partir daí, Hooper foi para a TV, retomando a parceria com Spielberg na série “Histórias Maravilhosas” (1987). Ele também dirigiu episódios de “A Hora do Pesadelo — O Terror de Freddie Krugger” (1988), “Contos da Cripta” (1991) e até “Taken” (2002), outra produção de Spielberg, o que demonstra que os boatos de briga entre os dois eram infundados. Seu último clássico foi justamente uma obra televisiva, “Trilogia do Terror” (1993), em que dividiu as câmeras com outro mestre, John Carpenter (“Halloween”). Em seu segmento, Hooper dirigiu Mark Hammill (o Luke Skywalker) como um atleta que perde um olho num acidente e, após um transplante, passa a ser assombrado por visões. A produção ganhou notoriedade por também incluir em seu elenco as cantoras Sheena Easton e Debbie Harry. Ao mesmo tempo, Hooper deixou de chamar atenção com seus trabalhos cinematográficos. Embora ainda estivesse ativo, escrevendo e dirigindo filmes como “Combustão Espontânea” (1990), “Noites de Terror” (1993) e “Mangler, O Grito de Terror” (1995), parecia ausente dos cinemas, tão minúsculas e mal vistas tinham se tornado suas produções. Não demorou a entrar no mercado dos lançamentos feitos diretamente para DVD, com “Apartamento 17” (1999), “Crocodilo” (2000), “Noites de Terror” (2004) e “Mortuária” (2005). Até que uma série de TV fez com que muitos refletissem sobre o que tinha acontecido com os grandes mestres do terror dos anos 1970 e 1980. Intitulada, justamente, “Mestres do Terror”, a série de antologia tirou a poeira de vários profissionais famosos do gênero, alguns já considerados aposentados. Hooper dirigiu dois episódios nas duas temporadas da atração, exibidas em 2005 e 2006. Animado com a repercussão, tentou voltar ao cinema. Fez um filme de zumbis, “Destiny Express Redux” (2009), que foi exibido apenas no festival South by Southwest de 2009 e nunca mais voltou à tona. A carreira acabou encerrada no lançamento seguinte, “Djinn” (2013), com a mesma premissa de “Poltergeist” – uma casa construído sobre um terreno maldito – , só que estrelado por atores do Oriente Médio e falado em árabe. Um final paradoxal para a filmografia do responsável por revolucionar o terror americano.
Origem do psicopata Leatherface ganha primeiro trailer
A Millennium Films divulgou novas fotos e o trailer do terror “Leatherface”, que conta a origem do psicopata mascarado de “O Massacre da Serra Elétrica” (1974). A prévia dispensa palavras para se concentrar em gritos, sustos e sangue. A trama vai acompanhar quatro foragidos de um hospital psiquiátrico, entre eles o jovem que se tornará Leatherface. Durante a fuga, eles raptam uma jovem enfermeira e a arrastam em uma viagem de pesadelo, enquanto são perseguidos por um homem da lei igualmente perturbado. O filme não revela qual dos quatro foragidos é Leatherface, mas apenas três são homens. Seus intérpretes são: Jessica Madsen (série “Tina and Bobby”), Sam Strike (novela “EastEnders”), James Bloor (“Lembranças de um Amor Eterno”) e Sam Coleman (o jovem Hodor em “Game of Thrones”). O elenco central ainda inclui Vanessa Grasse (“Roboshark”) no papel da enfermeira raptada, Stephen Dorff (“Um Lugar Qualquer”) como o xerife que os persegue e Lili Taylor (série “Hemlock Grove”) como Vera Sawyer, a avó de Leatherface. Finn Jones (o “Punho de Ferro”) também está na trama num papel não revelado. O personagem Leatherface foi apresentado em “O Massacre da Serra Elétrica” como membro de uma família de canibais. Apesar de ser um coadjuvante no filme, foi ele quem mais chamou a atenção, ganhando mais importância nas continuações da franquia para se tornar um ícone do cinema de terror. Seu intérprete original, o islandês Gunnar Hansen, morreu em 2015. A direção de “Leatherface” é da dupla Alexandre Bustillo e Julien Maury (“A Invasora”) e a estreia está marcada para outubro nos Estados Unidos. Não há previsão para o lançamento no Brasil.
Terror que conta a origem de Leatherface ganha primeiras imagens
O terror “Leatherface”, centrado na origem do psicopata mascarado de “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), ganhou um pôster oficial e teve três fotos divulgadas pelo site Bloody Disgusting (como atesta o indefectível logotipo). As imagens não economizam sangue, dando uma mostra do que se pode esperar da produção. A trama vai acompanhar quatro foragidos de um hospital psiquiátrico, entre eles o jovem que se tornará Leatherface. Durante a fuga, eles raptam uma jovem enfermeira e a arrastam em uma viagem de pesadelo, enquanto são perseguidos por um homem da lei igualmente perturbado. O filme não revela qual dos quatro foragidos é Leatherface, mas apenas três são homens. Seus intérpretes são: Jessica Madsen (série “Tina and Bobby”), Sam Strike (novela “EastEnders”), James Bloor (“Lembranças de um Amor Eterno”) e Sam Coleman (o jovem Hodor em “Game of Thrones”). O elenco central ainda inclui Vanessa Grasse (“Roboshark”) no papel da enfermeira raptada, Stephen Dorff (“Um Lugar Qualquer”) como o xerife que os persegue e Lili Taylor (série “Hemlock Grove”) como Vera Sawyer, a avó de Leatherface. O personagem Leatherface foi apresentado em “O Massacre da Serra Elétrica” (1974) como membro de uma família de canibais. Apesar de ser um coadjuvante no filme, foi ele quem mais chamou a atenção, ganhando mais importância nos filmes seguintes e se tornando um ícone do cinema de terror. Seu intérprete original, o islandês Gunnar Hansen, morreu em 2015. A direção é da dupla Alexandre Bustillo e Julien Maury (“A Invasora”). A estreia está marcada para outubro nos Estados Unidos e não há previsão para o lançamento no Brasil. Clique nas fotos para ampliá-las.
Gunnar Hansen (1947 – 2015)
Morreu o ator Gunnar Hansen, que ficou conhecido por interpretar o canibal Leatherface no clássico de terror “O Massacre da Serra Elétrica” (1974). Ele faleceu no sábado (7/11) de um câncer no pâncreas, em sua casa, no estado americano do Maine, aos 68 anos de idade. Gunnar Hansen nasceu em 4 de março de 1947 em Reykjavik, capital da Islândia, e se mudou para os EUA com a família quando ainda era criança. Ele passou a maior parte de sua juventude no Texas e estava fazendo pós-gradução em literatura na faculdade, visando virar poeta, quando soube de filmagens na região. Como precisava de dinheiro, procurou o diretor Tobe Hooper e acabou contratado para interpretar o psicopata canibal da motosserra, seu primeiro papel. O teste para viver o personagem foi uma curta entrevista. Em seu livro de memórias, Hansen recorda que o diretor explicou rapidamente o personagem, dizendo que ele tinha problemas mentais e, apesar de parecer aterrador, sofria abusos de sua própria família insana. As sequelas traumáticas de sua infância impediram seu desenvolvimento, a ponto de ele não conseguir falar, apenas grunhir como um porco. “Se eu sei grunhir como um porco? Eu posso aprender”, ele escreveu. “Só mais tarde descobri que não fui contratado pelos meus grunhidos, mas porque eu era o homem mais alto e forte que tinha se candidatado ao papel”. Mesmo assim, Hansen se empenhou para interpretar o monstro, visitando escolas de crianças especiais, para determiner os maneirismos de Leatherface, o assassino que usava uma máscara feita da pele de suas vítimas, como o notório serial killer Ed Gain. Integrante mais assustador de uma família de canibais, ele perseguia com sua motosserra um grupo de amigos, que entrara na estrada errada no interior do Texas. Suas cenas se tornaram antológicas graças à improvisação do ator, que passou a brandir a motosserra de forma perigosa para sua própria segurança. Em busca de realismo, Tobe Hooper filmou até sangue real, quando a atriz Marilyn Burns se cortou inteira ao esbarrar em arbustos durante a perseguição mais famosa da trama, com Leatherface tocando o terror em seu encalço. Em 1999, a revista Entertainment Weekly elegeu “O Massacre da Serra Elétrica” como o segundo filme mais assustador de todos os tempos, atrás apenas de “O Exorcista” (1973). Mas na época em que foi lançado, o filme perturbou muito mais que a superprodução do diabo, sendo proibido em diversos países. No Reino Unido e na Escandinávia, por exemplo, só foi liberado, justamente, em 1999! Após a repercussão de sua estreia, Hansen apareceu em outro terror, “Demon Lover” (1977), num pequeno papel, mas a produção era tão trash que ele decidiu que não valia a pena investir na carreira de ator de filmes de horror. Em vez disso, decidiu seguir seu plano original de se tornar escritor. Hansen se mudou para o Maine e se dedicou a escrever, rejeitando, inclusive, a oferta de um papel em outro clássico, “Quadrilha de Sádicos” (1977), de Wes Craven. Sem sucesso literário, acabou voltando ao cinema em 1988, numa comédia trash de terror rodada em menos de uma semana: “Hollywood Chainsaw Hookers”. Parodiando seu personagem clássico, ele interpretava o líder de um culto de prostitutas adoradoras de motosserras. Desde então, Hansen filmou mais de 20 terrores baratos, alguns feitos diretamente para vídeo e a maioria jamais lançada no Brasil. Sem o pudor de se envolver novamente com motosserras, como em “Chainsaw Sally” (2004) ou em produções intituladas “massacre”, ele enfrentou psicopatas até em sua terra natal, no terror de sobrevivência marítima “Reykjavik Whale Watching Massacre” (2009). Em meio à pilha de lançamentos trash, vale citar ainda “Mosquito” (1995), no qual Gunnar enfrentava mosquitos gigantes com sua motosserra, e “Brutal Massacre: A Comedy” (2007), história de um diretor de terror decadente que tenta realizar sua última obra. Esta produção reuniu o ator com outras lendas do terror, como David Naughton (“Um Lobisomem Americano em Londres”), Ken Foree (“O Despertar dos Mortos”), Mick Harris (criador da série “Masters of Horror”), Ellen Sandweiss e Betsy Baker (ambas de “A Morte do Demônio”). Sua última aparição no cinema acabou sendo, apropriadamente, em “O Massacre da Serra Elétrica 3D – A Lenda Continua” (2013). Ele fez uma pequena participação na sequência, ao lado da colega de elenco Marilyn Burns, além de surgir em cenas extraídas do filme original, usadas como flashback, como o próprio ícone da franquia, o monstro Leatherface.



