Jack Hedley (1930–2021)
O ator inglês Jack Hedley, que estrelou a série “Colditz” e o filme “007 – Somente para Seus Olhos”, morreu em 11 de dezembro aos 92 anos. Sua morte foi confirmada por um obituário do jornal The Times de Londres nesta quinta (22/12), que mencionou uma “doença enfrentada corajosamente”. Com uma carreira de cinco décadas, ele apareceu em quase uma centena de filmes e séries, além de inúmeras peças de teatro. Nascido em Londres como Jack Hawkins, ele mudou seu sobrenome no início da carreira para evitar confusão com um famoso ator britânico de mesmo nome. Sua estreia no cinema aconteceu em 1958 como um passageiro do Titanic, no filme “Somente Deus por Testemunha”. Ele também figurou nos clássicos “Lawrence da Arábia” e “O Mais Longo dos Dias” (ambos de 1962), mas sua carreira só foi decolar um ano depois. Hedley começou a se destacar com o papel-título de “O Cavaleiro Audaz”, uma aventura de capa e espada de 1963, que também trazia Oliver Reed em seu elenco, estabelecendo-se como herói de produções B. Entre os muitos títulos de sucesso que estrelou nos anos seguintes incluem-se o cultuado terror “Pacto com o Diabo” (1964), o drama “Servidão Humana” (1964), o filme de guerra “O Segredo da Ilha de Sangue” (1965) e a comédia “Como Eu Ganhei a Guerra” (1967), em que contracenou com John Lennon. Ele também integrou o elenco da comédia de suspense “O Aniversário” (1968), encabeçado pela veterana Bette Davis, e o musical de sucesso “Adeus, Mr. Chips” (1969), estrelado por Peter O’Toole e a cantora Petula Clark, antes de passar a priorizar a TV. Embora alternasse trabalhos no cinema com aparições em séries britânicas famosas, como “O Santo” e “UFO”, Hedley só começou a integrar elencos fixos a partir da década de 1970, estrelando a série dramática “Kate” (1970-1971) e principalmente “Colditz” (1972-1974), sobre prisioneiros de guerra, em que interpretou um dos oficiais britânicos mais graduados da prisão nazista da trama, durante as duas temporadas da produção. Outro destaque foi o papel principal na minissérie “Who Pays the Ferryman?”, em 1977. A volta ao cinema só se deu em 1981, com “007 – Somente para Seus Olhos”, no qual interpretou o pai de Carole Bouquet, Sir Timothy Havelock, que é assassinado enquanto tenta localizar um navio naufragado para o Serviço Secreto Britânico. Depois disso, fez apenas mais três filmes, incluindo “O Estripador de Nova York” (1982), do mestre do terror italiano Lucio Fulci. Seu último trabalho foi a minissérie bíblica “Paulo de Tarso”, lançada em 2000.
George Segal (1934 – 2021)
O veterano ator George Segal, que atualmente estrelava a série “The Goldbergs”, morreu nesta terça (23/3) em Santa Rosa, na Califórnia, de complicações de uma cirurgia de ponte de safena. Ele tinha 87 anos. Nos últimos oito anos, Segal participou regularmente de “The Goldbergs”, série de comédia ambientada nos anos 1980, como Albert “Pops” Solomon, o avô do protagonista. O último episódio de “The Goldbergs” que ele gravou, o episódio 16 da atual 8ª temporada, está programado para ir ao ar em 7 de abril nos EUA e será transformado numa homenagem. Embora as novas gerações lembrem mais de Segal por estrelar séries de comédia, como a atual “The Goldbergs”, “Retired at 35” e a bem-sucedida “Just Shoot Me!”, ele começou sua carreira nos anos 1960 com papéis extremamente dramáticos. De fato, seus primeiros filmes não sugeriam que ele se tornaria um comediante famoso. Segal participou de clássicos absolutos como “O Mais Longo dos Dias” (1962), “A Nau dos Insensatos” (1965), “Rei de um Inferno” (1965) e chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?” (1966). A virada se deu em 1970, quando estrelou três comédias consecutivas: “O Amor é Tudo” (1970), “Como Livrar-me da Mamãe” (1970) e principalmente “O Corujão e a Gatinha” (1970), em que formou par romântico com Barbra Streisand. Segal acabou se especializando em comédias criminais com os clássicos “Os Quatro Picaretas” (1972), “Quem está Matando os Grandes Chefes?” (1978) e “Adivinhe Quem vem para Roubar” (1977), que ganhou um remake em 2005 com Jim Carrey repetindo seu papel. Ele acabou se voltando para a TV no final dos anos 1980, após uma sucessão de comédias sem sucesso. A estreia como protagonista televisivo aconteceu em “Take Five”, em 1987, que foi cancelada após seis episódios. Sua série seguinte, “Murphy’s Law”, foi mais longe, rendendo 13 capítulos entre 1988 e 1989. Demorou, mas com “Just Shoot Me” Segal estourou na telinha em 1997. Na série de Steven Levitan (criador de “Modern Family”), ele vivia Jack Gallo, o dono arrogante de uma revista de moda em que sua filha jornalista (Laura San Giacomo) se vê forçada a trabalhar, ao ser demitida de um jornal sério. A série durou sete temporadas, ficando no ar até 2003. Além dos papéis em produções live-action, Segal também marcou a infância de muitas crianças como a voz do Dr. Benton Quest na versão dos anos 1990 da série animada de “Jonny Quest”. Entre seus últimos filmes, estão “2012” (2009), “Amor e Outras Drogas” (2010) e “Elsa & Fred: Um Amor de Paixão” (2014).
Sean Connery (1930 – 2020)
O ator Sean Connery, o primeiro e melhor James Bond do cinema, morreu neste sábado (31/10) nas ilhas das Bahamas, enquanto dormia, aos 90 anos, após estar “indisposto há algum tempo”. “Um dia triste para todos que conheciam e amavam meu pai e uma triste perda para todas as pessoas ao redor do mundo que gostaram do maravilhoso talento que ele tinha como ator”, disse seu filho Jason à BBC. Lembrado como o espião mais charmoso e elegante do cinema, e fora das telas como um cavaleiro, nomeado pela Rainha Elizabeth II Sir Sean Connery em 2000, ele não podia ser mais diferente da percepção pública de sua imagem. Em contraste, ele não era nenhum pouco refinado – como os atores britânicos de hoje, que estudaram em faculdades de artes para seguir carreira. Ele quase nem estudou. Para virar ator, foram dois dias de aulas de atuação e canto, que lhe renderam uma vaga no coro de uma montagem itinerante do musical “South Pacific”, no início de sua carreira. A busca pelo teatro surgiu da necessidade de pagar de contas, e era apenas mais uma tentativa numa longa lista de empregos temporários do proletário escocês de sotaque carregado, que cresceu na pobreza e fez muitos trabalhos braçais antes de considerar os palcos. Thomas Sean Connery nasceu em 25 de agosto de 1930, o mais velho de dois filhos de pais operários em Edimburgo (seu pai dirigia um caminhão e trabalhava em uma fábrica de borracha). Ele abandonou a escola pouco antes de completar 14 anos e trabalhou em uma variedade de empregos ocasionais, incluindo como leiteiro, pedreiro e salva-vidas. Convocado para servir na Marinha Real, acabou dispensado depois de três anos por ter desenvolvido úlcera e recebeu uma bolsa do governo para se tornar aprendiz de polidor de caixões. Também trabalhou na impressão de um jornal de Edimburgo antes de tentar fazer carreira no fisiculturismo e levantamento de peso. Em 1950, ele competiu no concurso Mr. Universo, terminando em terceiro. Com quase 2 metros de altura e músculos definidos, ainda modelou nu para uma galeria de arte de Edimburgo. A presença imponente e a maneira rude também lhe renderam dinheiro como figurante em peças, séries e filmes. Até que teve a chance de substituir Jack Palance (“Os Brutos Também Amam”) num teleteatro ao vivo da BBC, em 1957. A aclamação recebida por seu desempenho lhe fez perceber que podia viver apenas como ator. Ele estreou no cinema no mesmo ano, como um capanga com problema de dicção no filme de gângster “No Road Back”, e assim assinou seu primeiro contrato com um estúdio, a 20th Century Fox. Em pouco tempo, progrediu para papéis de coadjuvante, contracenando com Lana Turner em “Vítima de uma Paixão” (1958), mas foi a BBC que o lançou como protagonista, no papel-título de “Macbeth” (1960), como Alexandre, o Grande, em “Adventure Story” (1961) e como o Conde Vronsky em “Anna Karenina” (1961). Após interpretar um soldado em “O Mais Longo dos Dias” (1962), a epopeia de Darryl F. Zanuck sobre o Dia D, da 2ª Guerra Mundial, Connery chamou atenção dos produtores americanos Harry Saltzman e Albert Broccoli, que notaram como ele “caminhava como uma pantera”. Durante a conversa inicial, eles ficaram impressionados com seu magnetismo animal, que emanava de sua presunção e falta de filtros. Antes dele, os produtores procuraram David Niven e Cary Grant, atores bem mais velhos, conhecidos por viverem aristocratas e ricos nas telas, mas ambos recusaram um contrato para cinco filmes, que era a oferta inicial. Ao ouvir que o valor era de US$ 1 milhão, Connery aceitou na hora. E embora fosse muito diferente dos intérpretes que Saltzman e Broccoli inicialmente procuravam, transformou James Bond no personagem que todos imaginam agora, quando fecham os olhos: um homem de forte presença física, enorme apelo sexual e carisma de sobra, mas extremamente brutal quando necessário. Connery definiu cada detalhe de James Bond ao estrelar os primeiros cinco filmes produzidos pela United Artists com a superespião britânico do escritor Ian Fleming. Logo após a estreia do primeiro, “007 Contra o Satânico Dr. No” (1962), feito com o orçamento mais baixo de toda franquia, em locações na Jamaica, Connery passou a receber milhares de cartas de fãs por semana. O segundo, “Moscou Contra 007” (1963), foi a única continuação direta de sua fase como James Bond e ele dizia que também era seu favorito. Mas foi o terceiro, “007 Contra Goldfinger” (1964), que transformou a franquia num fenômeno mundial. Ele ainda fez “007 Contra a Chantagem Atômica” (1965) e ao chegar ao quinto longa, “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes” (1967), já tinha se tornado um dos maiores astros de cinema do mundo. Os primeiros filmes de Connery como Bond fizeram tanto sucesso que lançaram moda, inspirando imitadores, paródias e influenciaram para sempre a cultura pop com suas frases icônicas, carros cheio de gadgets, Bond girls e supervilões obcecados em dominar o mundo. Mas quando Saltzman e Broccoli lhe ofereceram mais US$ 1 milhão para renovar seu contrato, Connery disse não. Entre os filmes de 007, ele tinha se diversificado, filmando até um clássico do suspense com Alfred Hitchcock, “Marnie, Confissões de uma Ladra” (1964), e outra produção marcante com Sidney Lumet, “A Colina dos Homens Perdidos” (1965). Portanto, não lhe faltavam ofertas de papéis. Enquanto isso, “007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade” (1969) foi rejeitado pelo público, tornando-se um desastre de bilheteria e o único filme do espião estrelado pelo australiano George Lazenby – apesar de, em contraste, ter um dos melhores roteiros da saga. Os produtores voltaram a procurá-lo e Connery então aceitou o maior salário já oferecido para um ator até então, US$ 1,25 milhão por um filme, mais um acordo com o estúdio United Artists para financiar dois outros filmes para ele. E assim James Bond voltou a ser quem era em “007 – Os Diamantes São Eternos” (1971). Com o dinheiro que ganhou para viver 007 mais uma vez, Connery fundou um fundo educacional com o objetivo de ajudar crianças carentes na Escócia. Paralelamente, ele também criou sua própria produtora e retomou sua parceria com Sidney Lumet, estrelando “O Golpe de John Anderson” (1971), “Até os Deuses Erram” (1973) e a adaptação de Agatha Christie “Assassinato no Expresso Oriente” (1974). Mas quando Saltzman e Broccoli lhe procuraram novamente para fazer “Com 007 Viva e Deixe Morrer” (1973), ele disse estar “farto de toda a história de James Bond” e recusou a impressionante oferta de US$ 5 milhões, fazendo com que a franquia trocasse de mãos, para a consagração da versão suave e debochada de Bond, vivida por Roger Moore. Mesmo assim, Connery retrataria 007 uma última vez, aos 52 anos, no apropriadamente intitulado “007 – Nunca Mais Outra Vez”, pelo qual recebeu uma fortuna não revelada da Warner Bros em 1983. O filme só existiu por causa de uma brecha contratual nos direitos do personagem e não foi considerado parte da franquia oficial. O ator continuou sua carreira de sucesso por mais três décadas, variando radicalmente sua filmografia, por meio de títulos como a bizarra e cultuada sci-fi “Zardoz” (1974), de John Boorman, o épico “O Homem que Queria ser Rei” (1975), de John Huston, que lhe valeu uma amizade para toda a vida com Michael Caine, a emocionante aventura medieval “Robin e Marian” (1976), sobre o fim da vida de Robin Hood, dirigida por Richard Lester, o clássico de guerra “Uma Ponte Longe Demais” (1977), de Richard Attenborough, etc. Ele acompanhou os tempos e virou astro de superproduções do cinema hollywoodiano pós-“Guerra nas Estrelas”, repleto de efeitos visuais, estrelando a catástrofe apocalíptica “Meteoro” (1979), de Ronald Neame, o western espacial “Outland: Comando Titânio” (1981), de Peter Hyams, as fantasias “Os Bandidos do Tempo” (1981), de Terry Gilliam, e “Highlander: O Guerreiro Imortal” (1986), mas principalmente “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), de Steven Spielberg, como o pai do personagem de Harrison Ford. A década também lhe rendeu consagração em dois blockbusters: a adaptação do best-seller “O Nome da Rosa” (1986), dirigida por Jean-Jacques Annaud, pela qual foi premiado com o BAFTA (o “Oscar britânico”) de Melhor Ator, e o célebre filme “Os Intocáveis” (1987), maior sucesso da carreira do diretor Brian de Palma. O papel do policial honesto Jim Malone, integrante da equipe intocável de Elliot Ness (Kevin Costner), marcou seu desempenho mais elogiado e seu primeiro e único Oscar, como Melhor Ator Coadjuvante de 1988. Seu nome continuou a lotar cinemas durante os anos 1990, em sucessos como “A Caçada ao Outubro Vermelho” (1990), que lançou o personagem Jack Ryan nas telas, a aventura “O Curandeiro da Selva” (1992), em que veio filmar no Brasil, e em thrillers como “A Rocha” (1996), ao lado de Nicolas Cage, e “Armadilha” (1999), ao lado de Catherine Zeta-Jones. Mas aos poucos foi se envolvendo em produções que, apesar de extremamente caras, tinham cada vez menor qualidade. “Os Vingadores” (1998), que adaptou a série homônima da TV britânica, e principalmente “A Liga Extraordinária” (2003), baseado nos quadrinhos de Alan Moore, marcaram seu desencanto pelo cinema, levando-o a decidir-se por uma aposentadoria precoce. Connery recusou fortunas e apelos de vários cineastas, ao longos dos anos, para mudar de ideia. Mas sua decisão era final, feito o título de seu último filme de 007. “Nunca mais outra vez”. Fora das telas, ele se casou duas vezes: com a falecida atriz australiana Diane Cilento (“Tom Jones”, “O Homem de Palha”), com quem teve um filho, e a artista francesa Micheline Roquebrune, que permaneceu a seu lado desde 1975 – e em meio a muitos casos bem documentados de infidelidade do ator. Os produtores atuais dos filmes de 007, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli, emitiram um comunicado sobre sua morte. “Estamos arrasados com a notícia do falecimento de Sir Sean Connery. Ele foi e sempre será lembrado como o James Bond original, cuja marca indelével na história do cinema começou quando ele pronuciou aquelas palavras inesquecíveis, ‘O nome é Bond … James Bond’. Ele revolucionou o mundo com seu retrato corajoso e espirituoso do agente secreto sexy e carismático. Ele é, sem dúvida, o grande responsável pelo sucesso da série de filmes, e seremos eternamente gratos a ele.”
Stuart Whitman (1928 – 2020)
O ator Stuart Whitman, que estrelou a série “Cimarron” e vários clássicos de cinema dos anos 1960, morreu na segunda (16/3) em seu rancho em Santa Bárbara, nos Estados Unidos, aos 92 anos. Segundo o TMZ, ele lutava há algum tempo contra um tipo agressivo de câncer de pele. Stuart Maxwell Whitman nasceu em 1 de fevereiro de 1928 em São Francisco, serviu no Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA durante a 2ª Guerra Mundial e ainda foi campeão de boxe, vencendo 24 combates como peso-leve, antes de decidir estudar atuação no Los Angeles City College. A aparência musculosa lhe garantiu figuração na sci-fi “O Fim do Mundo” (1951), que inaugurou sua trajetória cinematográfica. Mas antes de ficar famoso precisou superar muitos papéis sem nome ou importância. A situação só mudou ao virar coadjuvante no western “7 Homens Sem Destino” (1956), ao lado de Randolph Scott e Lee Marvin. O primeiro protagonismo demorou menos, surgindo no ano seguinte com o noir “A Esperança Morre Conosco” (1957), ao lado de Ethel Barrymore e Carolyn Jones. A notoriedade veio com “Terror no Mar” (1958), ao compartilhar um dos primeiros beijos inter-raciais do cinema, com Dorothy Dandridge. E isso o ajudou a ser escalado em grandes produções, como o religioso “A História de Ruth” (1960), o filme de gângsteres “Assassinato S.A.” (1960) e o drama “A Marca do Cárcere” (1961), que lhe rendeu indicação ao Oscar de Melhor Ator. Produção britânica, “A Marca do Cárcere” deveria ter sido estrelada por Richard Burton, que preferiu fazer “Camelot” na Broadway a encarar um papel tão terrível. Whitman aceitou o desafio e viveu um molestador de crianças na tela. Seu personagem tinha um grande arco dramático. Ao sair da prisão, pedia a ajuda de um psiquiatra (Rod Steiger) para tentar levar uma vida normal, mas acabava denunciado – erroneamente – por um novo abuso que não cometeu. A Academia se impressionou com o ator, que viu sua carreira se valorizar com a indicação. Em seguida, Whitman estrelou um de seus filmes mais populares, o western “Comancheros” (1961), ao lado de John Wayne. E repetiu a parceria no longa seguinte, no épico de guerra “O Mais Longo dos Dias” (1962). Depois de filmar as duas obras finais do húngaro Michael Curtiz, “São Francisco de Assis” (1961) e “Comancheros”, ele ainda incluiu em sua filmografia notável “O Dia e a Hora” (1963), drama de guerra assinado por outro mestre europeu de Hollywood, o francês René Clement, e a divertida comédia “Esses Maravilhosos Homens e suas Máquinas Voadoras” (1965), do inglês Ken Anakin. Portanto, estava no auge quando decidiu fazer algo inesperado: estrelar uma série de TV. Whitman apostou que ganharia uma fortuna com o western “Cimarron”, já que também era creditado como produtor, e de fato recebeu bastante dinheiro com as reprises. Embora tenha durado apenas uma temporada (1967-68) e 23 episódios originais, a popularidade do ator fez com que a atração fosse reprisada à exaustão durante os anos 1970, tornando o delegado Jim Crown um dos personagens mais conhecidos do ator. Mas a ideia de produzir episódios com 90 minutos de duração enfrentou rejeição da audiência ao vivo. E a carreira cinematográfica de Whitman entrou em declínio devido à decisão, já que, na época, atores de TV eram menosprezados pelos grandes estúdios de Hollywood. Ele acabou se especializando em produções B, incluindo cults como “Loucura da Mamãe” (1975), de Jonathan Demme, “Devorado Vivo” (1976), de Tobe Hooper, e “O Massacre da Guiana” (1979), como líder de uma seita suicida. Após os anos 1970, também encaixou uma coleção de aparições em séries de TV, incluindo “Galeria do Terror”, “F.B.I”, “Os Novos Centuriões”, “S.W.A.T.”, “Ilha da Fantasia”, “A Supermáquina”, “Esquadrão Classe A”, “Assassinato por Escrito” e “Chuck Norris: O Homem da Lei”. Embora tenha surgido num excesso de 7 episódios de “Ilha da Fantasia”, sempre como personagens diferentes, foram poucas as suas participações recorrentes. Entre elas, contam-se um pequeno arco de cinco episódios em “Knots Landing” (1990) e o papel de Jonathan Kent, o pai de Clark Kent, na série “Superboy (1988-92). Seu último trabalho nas telas foi “O Homem do Presidente” (2000), um telefilme de ação, em que atuou ao lado do amigo Chuck Norris. A decisão de largar a atuação partiu dele próprio. Whitman tinha feito uma fortuna no mercado imobiliário, com investimentos certeiros. E, cansado de convites para filmes ruins, preferiu aproveitar a vida com a família, mudando-se para um rancho de 35 acres em Santa Barbara. O ator foi casado três vezes, a última em 2006, teve cinco filhos, sete netos e quatro bisnetos. “Ele adorava Jack Daniel’s, charutos e sujar as mãos com o trabalho em seu rancho, enquanto observava os pássaros e o Oceano Pacífico”, disse sua família em comunicado. “Ele adorava as pessoas e abraçava a todos igualmente, fosse um amigo famoso de longa data, como Frank Sinatra, ou um técnico que vinha reparar qualquer coisa em sua casa. Contador de histórias, ele sempre foi o centro das atenções, vivendo de acordo com um conselho de sua mãe, que ele se esforçou para nos ensinar: ‘Aproveite ao máximo tudo o que vier e o mínimo de tudo o que se for’.”



