Taylor Swift vence Martin Scorsese nas bilheterias de cinema dos EUA
O fenômeno “Taylor Swift: The Eras Tour” manteve sua liderança das bilheteiras norte-americanas em seu segundo fim de semana, com uma estimativa de US$ 31 milhões arrecadados. O valor eleva seu total doméstico para US$ 131 milhões e quebra mais um recorde, como o primeiro documentário musical a ultrapassar a marca de US$ 100 milhões nos EUA. Os valores poderiam ser até maiores, não fosse uma estratégia diferenciada de exibição, com sessões apenas às quintas, sextas, sábados e domingos nos cinemas norte-americanos. Essa abordagem visa garantir que o documentário seja assistido por plateias lotadas, embora isso reduza o número de sessões. Em compensação, os ingressos custam mais do que o preço médio de cinema nos EUA. Coleção de recordes Outros recordes já quebrados pela produção incluem a maior estreia de um documentário musical em todos os tempos na América do Norte, superando com larga folga as bilheterias de “Hannah Montana e Miley Cyrus – Show: O Melhor dos Dois Mundos”, que teve uma abertura de US$ 31 milhões e um faturamento final de US$ 65,2 milhões em 2008, e “This Is It”, de Michael Jackson, que estreou com US$ 23,2 milhões e fez US$ 72 milhões ao todo em 2009. Com a arrecadação mundial em US$ 160 milhões, o filme da “The Eras Tour” também já tem a maior bilheteria total de um documentário musical em todos os tempos, ofuscando os US$ 73 milhões arrecadados por “Justin Bieber: Never Say Never” em 2011. Mais que isso: é a maior bilheteria de um documentário de qualquer tipo, superando o antigo campeão, “Fahrenheit 9/11”, que faturou US$ 119,1 milhões em 2004. Um detalhe interessante é que a produção é independente e foi totalmente autofinanciada por Taylor Swift, a um custo de US$ 15 milhões. Sem participações de estúdios ou intermediários, a cantora fechou um acordo direto com as distribuidoras e ficará com cerca de 57% do valor da venda dos ingressos, aumentando ainda mais sua fortuna em algumas dezenas de milhões. O filme de Scorsese A principal estreia da semana, “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, rendeu US$ 23 milhões nos cinemas. Pode parecer pouco para a era dos blockbusters, mas se trata da melhor abertura de Scorsese desde “Ilha do Medo” de 2010 (com estreia de US$ 41 milhões) e a terceira melhor de sua carreira, depois ainda de “Os Infiltrados” de 2006 (US$ 26,9 milhões). No cenário internacional, o filme teve uma abertura de US$ 21 milhões em 63 mercados, totalizando US$ 44 milhões globalmente. Quem investe em filmes do diretor já sabe que terá prejuízo, fazendo isso apenas pelo prestígio e possibilidades de premiação. Vale lembrar que “Assassinos da Lua das Flores” custou cerca de US$ 200 milhões à Apple e tem quase três horas e meia de duração, o que dificulta enormemente suas chances de se pagar. Entretanto, a Apple fez sua aposta visando o Oscar 2024 e de olho no atrativo representado pelo nome de Scorsese para o lançamento posterior da obra em sua plataforma de streaming. Vale apontar que a trama estrelada por Leonardo DiCaprio, Lily Gladstone e Robert De Niro atingiu 92% de aprovação no Rotten Tomatoes. O resto do Top 5 Os demais títulos ficaram muito distantes da arrecadação dos líderes. Em 3º lugar, “O Exorcista: O Devoto” acumulou US$ 6,7 milhões em seu terceiro fim de semana, elevando seu total doméstico para US$ 54,2 milhões. Globalmente, o terror ultrapassou a marca de US$ 100 milhões. A animação “Patrulha Canina: Um Filme Superpoderoso” ficou em 4º, com cerca de US$ 4,5 milhões – totalizando US$ 56 milhões domésticos e US$ 148,4 milhões mundiais após seu quarto fim de semana. Para completar, o relançamento comemorativo de 30 anos de “O Estranho Mundo de Jack”, de Tim Burton, fechou o Top 5 com US$ 4,1 milhões. Trailers Confira abaixo os trailers dos 5 filmes mais vistos nos EUA e Canadá no fim de semana. 1 | TAYLOR SWIFT: THE ERAS TOUR 2 | ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES 3 | O EXORCISTA: O DEVOTO 4 | PATRULHA CANINA: UM FILME SUPERPODEROSO 5 | O ESTRANHO MUNDO DE JACK
Paul Reubens, ator conhecido por Pee-wee Herman, morre aos 70 anos
O ator Paul Reubens morreu no último domingo (30/7) aos 70 anos de idade. Conhecido por seu personagem infantil Pee-wee Herman, o ator enfrentava em segredo um diagnóstico de câncer há seis anos. Em nota publicada nesta segunda-feira (31/7), a assessoria do comediante lamentou a despedida de Reubens. “Ontem à noite nos despedimos de Paul Reubens, um icônico ator, comediante, escritor e produtor americano cujo amado personagem Pee-wee Herman encantou gerações de crianças e adultos com a sua positividade, capricho e crença na importância da bondade”, escreveu. “Paul lutou corajosamente e privadamente contra o câncer durante anos com a sua tenacidade e sagacidade. Um talento prolífico, viverá para sempre no panteão da comédia e nos nossos corações como um amigo precioso e homem de caráter notável e generosidade de espírito.” A publicação também adicionou um texto escrito por Paul, onde ele pedia perdão por ter ocultado seu estado de saúde. “Por favor, aceite minhas desculpas por não tornar público o que tenho enfrentado nos últimos seis anos. Sempre senti muito amor e respeito de meus amigos, fãs e apoiadores. Eu amei muito todos vocês e gostei de fazer arte para vocês”, finalizou. Começo da carreira Paul Reubens nasceu em uma família judia em Peekskill, no interior de Nova York, nos Estados Unidos, e desde criança quis trabalhar como ator. Ele estudou teatro da Universidade de Boston e se mudou para Los Angeles para estudar atuação no California Institute of the Arts. Sau carreira começou nos anos 1970 com apresentações em clubes de comédia, juntando-se à trupe de improviso The Groudlings. Já nesta época se tornou uma figura querida entre as crianças por seu humor leve e entre adultos por sua sagacidade anárquica. Em 1980, o comediante teve um pequeno papel como garçom em “Os Irmãos Cara de Pau” (The Blues Brothers) e também apareceu na comédia “Loucuras em Plena Madrugada”, iniciando sua carreira nas telas. O sucesso com Pee-wee Herman A vida de Reubens virou do avesso já no ano seguinte, quando virou a estrela do programa infantil “Pee-wee Herman Show”. O sucesso foi tanto que, durante um bom período, o ator se tornou o personagem, batizado com o nome de uma marca de gaitas, em tempo integral, fazendo participações em séries, desenhos animados e até filmes como Pee-wee. O auge veio com o lançamento de seu primeiro filme como protagonista, que também foi o primeiro longa de Pee-wee em 1985: “As Grandes Aventuras de Pee-wee”, dirigido por ninguém menos que Tim Burton (“Wandinha”) em sua estreia no cinema. Em 1986, Reuben ganhou um novo programa infantil, “Pee-wee’s Playhouse”, que tinha maior apelo comercial e ganhou 22 prêmios Emmy. Também viveu Pee-wee no filme “De Volta à Praia” (1987) e na continuação de seu sucesso, “Pee-Wee: Meu Filme Circense” (1988). Até que tudo desmoronou de forma abrupta. O escândalo Em junho de 1991, Reuben foi preso por atentado ao pudor num teatro adulto de Sarasota, na Flórida, ao tentar se masturbar. O escândalo levou ao cancelamento de seu programa e de todo o merchan do personagem, e quase acabou com a carreira do ator. Embora a maior parte da indústria do entretenimento tenha lhe virado as costas, Reuben contou com a ajuda de Tim Burton para reaparecer nas telas após o escândalo, num pequeno papel como o pai do Pinguim (Danny DeVito) em “Batman: O Retorno” (1992) e como dublador da animação “O Estranho Mundo de Jack” (1993). Depois disso, ele conseguiu algumas figurações em filmes infantis, incluindo os sucessos “Matilda” (1996) e “Dr. Doolitle” (1998), até ganhar maior destaque na comédia “Heróis Muito Loucos” (1999). A partir daí, porém, começou a se afastar de sua imagem infantil. Fez o drama policial “Profissão de Risco” (2001), estrelado por Johnny Depp e Penélope Cruz, como um cabeleireiro traficante. E foi ainda mais longe em “A Vida Durante a Guerra” (2009), vivendo um suicida transformado em assombração depressiva. A volta de Pee-wee Apesar da guinada na carreira, ele nunca esqueceu Pee-wee. Duas décadas depois do escândalo, Reubens decidiu retomar o personagem em uma série de vídeos, novas participações especiais e em seu terceiro filme, “The Pee-Wee Herman Show on Broadway” (2011), desta vez feito para a HBO. Cinco anos depois, ainda fez mais um longa, “Pee-wee’s Big Holiday” (2016). Lançado na Netflix, marcou a despedida do personagem e o último filme do ator. Após reabilitar Pee-wee, Reubens se dedicou à dublagens de animações e participações recorrentes em séries, com destaque para “Lista Negra” (The Blacklist) e diversas produções relacionadas aos quadrinhos da DC Comics, como “Gotham” e “Legends of Tomorrow”. Seu último trabalho foi dublagem no desenho “O Show de Tom & Jerry”, em 2021. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Pee-wee Herman (@peeweeherman)
Billie Hayes (1924-2021)
A atriz Billie Hayes, que interpretou a bruxa maléfica Wilhelmina W. Witchiepoo na série clássica infantil “A Flauta Mágica”, morreu na quinta-feira (29/4) de causas naturais no Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles. Ela tinha 96 anos. Hayes foi cantora de big band, excursionando com a orquestra de Vince Genovese durante sua época de faculdade, nos anos 1940. Depois de se mudar para Nova York, fez um teste para a lenda do teatro JJ Shubert e acabou conquistando os papéis principais em três operetas modernas: “O Príncipe Estudante”, “A Viúva Alegre” e “Blossom Time”. Aos poucos, começou a se destacar no teatro musical. Sua estreia no cinema foi uma reprise de um desempenho teatral. Ela viveu Mammy Yokum, a mãe caipira e enfezada de “As Aventuras de Ferdinando”, de 1959. Hayes tinha interpretado o papel nos palcos da Broadway. Apesar do filme ser baseado nos quadrinhos originais de Ferdinando (chamado de Li’l Abner nos EUA), criados por Al Capp e publicado em tiras diárias de jornais desde 1934, a adaptação era realmente inspirada pelo sucesso do espetáculo, com apenas duas integrantes do elenco teatral ausentes da versão cinematográfica. A atriz acabou identificada com o papel e ainda voltou a viver a mãe de Ferdinando num telefilme da rede ABC de 1971. Preferindo continuar nos palcos, ela não deu sequência à carreira nas telas, reaparecendo apenas em 1967 num episódio de “Os Monkees”, dois anos antes de assumir seu papel mais conhecido. Hayes foi a grande antagonista dos heróis da série psicodélica infantil “A Flauta Mágica” (HR Pufnstuf), criada por Sid e Marty Krofft em 1969. A trama acompanhava um menino náufrago chamado Jimmy (Jack Wild), que era convencido a viajar com uma flauta falante chamada Freddy em um misterioso barco, com a promessa de viver aventuras na maluca Ilha Viva, lar de árvores falantes e sapos cantantes. Só que o barco era possuído e controlado pela bruxa malvada Wilhelmina W. Witchiepoo, que pretendia aprisionar Jimmy e usar Freddy para seus propósitos malignos. A série durou apenas 17 episódios, mas foi reprisada à exaustão e até ganhou um filme em 1971. As reprises se tornaram tão populares que a atriz ainda apareceu como Witchiepoo num especial de TV da banda The Bay City Rollers em 1978. Sua parceria com os irmãos Krofft continuou em outros projetos, principalmente com um papel em “Lidsville” (1971), mais um programa infantil psicodélico, sobre um garoto que vai parar num mundo mágico de chapéus falantes. Desta vez, ela viveu uma aliada do protagonista, Weenie, uma gênia incompetente. Para completar, ainda apareceu num episódio de “Se meu Buggy Falasse” (Wonderbug) em 1976. Mas a fama de bruxa nunca a abandonou. Seu sucesso como Witchiepoo rendeu convites para interpretar outras feiticeiras malvadas, a começar pela vilã da fábula de João e Maria (Hansel e Gretel) num capítulo da série “A Feiticeira”, exibido em 1971. A Disney também a convocou para dublar a gananciosa bruxa Orgoch em “O Caldeirão Mágico”, e a participação no desenho de 1986 lhe abriu as portas para uma carreira bem-sucedida na animação. Ela também dublou bruxas no cultuado “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e no sucesso “Shrek para Sempre” (2010), além de inúmeros personagens em séries animadas da Disney, Nickelodeon, Discovery Kids e DC/Warner. As quatro temporadas de “Transformers: Rescue Bots” (2011–2016) foram seus últimos trabalhos.
Kelly Asbury (1960 – 2020)
O diretor, roteirista e animador Kelly Asbury, que trabalhou em alguns dos principais desenhos animados americanos das últimas três décadas, morreu na sexta-feira (26/6) em Los Angeles, aos 60 anos, após uma longa batalha contra um câncer abdominal. Ele iniciou sua carreira no departamento de animação da Disney em 1983, onde ajudou a criar clássicos como “O Caldeirão Mágico” (1985), “A Pequena Sereia” (1989) e principalmente “A Bela e a Fera” (1991), que ele escreveu. Asbury se tornou diretor assistente na animação de stop-motion “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e também trabalhou no gênero em “James e o Pêssego Gigante” (1996), ambos dirigidos por James Selick. Acompanhando de perto a evolução dos desenhos nos últimos anos, ainda integrou a equipe de roteiristas de “Toy Story” (1995), da Pixar, o primeiro longa inteiramente animado por computador, antes de se estabelecer na DreamWorks Animation, onde sua carreira deslanchou. Seu trabalho inicial na DreamWorks foi como supervisor de roteiros em “O Príncipe do Egito” (1998), “A Fuga das Galinhas” (2000, coprodução com o estúdio britânico Aardman), e no primeiro “Shrek” (2001), filme que viabilizou a ambição da DreamWorks de competir com a Disney. O sucesso de “Shrek” lhe permitiu alçar voos maiores. Em 2002, ele dirigiu seu primeiro longa animado, “Spirit, o Corcel Indomável”, dividindo os créditos com a roteirista Lorna Cook (“O Rei Leão”, “Mulan”). O filme foi exibido no Festival de Cannes, venceu quatro Annie Awards e disputou o Oscar de Melhor Animação. Em seguida, integrou o trio de diretores de “Shrek 2”, também indicado ao Oscar, em que se lançou como dublador, fazendo as vozes de vários personagens secundários. A experiência foi estendida a “Shrek Terceiro” (2007) e a todos os seus futuros trabalhos como diretor. Na DreamWorks, ele ainda trabalhou com as equipes de “Kung Fu Panda” e “Madagascar 2: A Grande Escapada” (ambos de 2008). Mas a demora para assumir outro filme o motivou a trocar o emprego fixo por projetos individuais. Seu primeiro trabalho solo como diretor foi “Gnomeu e Julieta” (2011), que ele também escreveu para a Touchstone (divisão da Disney), transformando as músicas de Elton John numa fábula shakeaspearana de anões de jardim. A produção voltou a aproximá-lo da Disney, levando-o a integrar a equipe de mais dois clássicos modernos do estúdio: “Detona Ralph” (2012) e o blockbuster “Frozen: Uma Aventura Congelante” (2013). Kelly Asbury também colaborou com a continuação “Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim” (2018) e dirigiu o primeiro longa animado dos Smurfs, “Os Smurfs e a Vila Perdida” (2017), para a Sony. Seus últimos trabalhos foram consultoria de roteiro em “A Família Addams” (2019), da MGM, e a direção de “UglyDolls” (2019), o último filme com sua assinatura e sua voz. “Todo mundo amava Kelly, era impossível não se encantar com ele ou se alimentar de sua energia positiva”, escreveu no Facebook Ronnie Del Carmen, diretor de “Divertida Mente”, que trabalhou com Asbury em “O Príncipe do Egito” e “Spirit, o Corcel Indomável” e lembrou que “as histórias do grande ‘deus Kell’ eram lendárias”. “Vou sentir muita falta dele. Descanse em paz, querido amigo”, despediu-se.



