John Carpenter confirma produção de novo Enigma de Outro Mundo
O lendário diretor John Carpenter confirmou, durante sua participação no Fantasia International Film Festival em Montreal, que a Blumhouse Productions está desenvolvendo um reboot da clássica sci-fi de terror “O Enigma de Outro Mundo” (The Thing), de 1982. Ao receber o prêmio Cheval Noir, o cineasta foi questionado se tem um novo projeto em desenvolvimento com o fundador e CEO da produtora, Jason Blum. “Conversamos sobre algo”, respondeu. “Acho que ele vai trabalhar no ‘O Enigma de Outro Mundo”, reiniciar o filme. Talvez eu me envolva com isso, mais adiante.” Infelizmente, Carpenter não deu maiores detalhes, mas o filme já ganhou um prólogo relativamente recente, “A Coisa” (também “The Thing”), em 2011, com Mary Elizabeth Winstead e Joel Edgerton. O filme de 1982 já era um remake, de “O Monstro do Ártico (The Thing from Another World), de 1951. Curiosamente, foi um fracasso de crítica e bilheteria. Mas seu lançamento em vídeo levou a uma redescoberta do filme, que passou a ser cultuado como uma das melhores obras de terror dos anos 1980. A revelação do diretor coincide com notícias sobre o desenvolvimento de um novo longa da franquia pela Blumhouse, que vieram à tona em janeiro. Na época, a ideia foi apresentada como uma nova adaptação do conto “Who Goes There?”, de John W. Campbell Jr., que inspirou os filmes de 1951 e 1982. O novo filme seria uma versão diferenciada por adaptar, pela primeira vez, a história completa, encontrada apenas recentemente. Originalmente publicado em 1938, o conto acompanhava um grupo de cientistas no Ártico (Antártica no filme de 1982) que passa a ser caçado dentro de sua base por uma criatura alienígena, capaz de tomar a forma humana, levantando suspeita e paranoia entre os sobreviventes, enquanto elimina um por um. O detalhe é que, em 2018, um manuscrito inédito de Campbell Jr. foi encontrado, apresentando uma versão diferente, que expandia a história dos personagens e a ambientação. Intitulado de “Frozen Hell”, a obra foi publicada postumamente e é considerada a versão completa do conto original. Além dessa história, o universo desenvolvido no cinema por Carpenter também inspirou uma publicação em quadrinhos da Dark Horse Comics, passada alguns anos após o fim do longa dos anos 1980.
Wilford Brimley (1934 – 2020)
O ator Wilford Brimley, conhecido pelo drama “Ausência de Malícia” (1981), o thriller “A Firma” (1993) e a clássica sci-fi “Cocoon” (1985), morreu no sábado (1/8) em Utah, EUA, aos 85 anos, após uma doença renal. Seu bigode de morsa e aparência de vovô bonzinho marcaram época, explorados até em comerciais da aveia Quaker e de testes de diabetes. Mas houve um tempo em que Anthony Wilford Brimley foi jovem, lutou na Guerra da Coreia, trabalhou como ferreiro, cavaleiro de rodeio e até guarda-costas do recluso milionário Howard Hughes. Como sabia andar a cavalo, a carreira de ator começou com figurações em séries de cowboy e nos westerns “Bravura Indômita” (1969), com John Wayne, e “Mato em Nome da Lei” (1971), com Burt Lancaster. Já as famosas calma e conversa reta que caracterizaram a maioria de seus papéis começaram a ser conhecidas durante sua participação na lendária série “Os Waltons”, como o vizinho da família do título, Horace Brimley, entre 1974 e 1977. Ele dizia que não era ator, apenas um cowboy que empregaram para aparecer em filmes. Jamais ficaria com a mocinha, nunca apareceria sem camisa ou seria protagonista, mas não se incomodava, porque tinha um autógrafo de Jack Lemmon, e foi para conseguir a assinatura de seu ídolo que entrou num teste para o filme que o transformou, definitivamente, em ator. “Entrei naquela sala para pegar um autógrafo e saí com uma carreira”, ele contou numa entrevista de 1995, sobre como conseguiu o papel do capataz da usina nuclear que se torna confidente do personagem de Jack Lemmon em “Síndrome da China” (1979). Brimley chamou atenção e, na sequência, emplacou participações em dois filmes com Robert Redford, “O Cavaleiro Elétrico” (1979) e “Brubaker” (1980). O papel de fazendeiro em “O Cavaleiro Elétrico” não era muito diferente do que já tinha feito em “Os Waltons”, mas o diretor Sydney Pollack gostou tanto do ator que o escalou em mais dois filmes, mudando o rumo da carreira de Brimley. Até “Ausência de Malícia” (1981), seus papéis eram pequenos. Mas o filme seguinte de Pollack, estrelado por Paul Newman, colocou-o em evidência como o promotor que, ao tentar incriminar o personagem de Newman, dá início a um dominó trágico. Pollack ainda o escalou, mais tarde, como um chefe de segurança sinistro em “A Firma” (1993), com Tom Cruise. Brimley fez poucos filmes de ficção científica, mas o gênero lhe deu bastante projeção. Ele foi um dos cientistas isolados na Antártica no cultuado “O Enigma de Outro Mundo” (The Thing, 1982), de John Carpenter, e um dos velhinhos de um asilo que se sente rejuvenescido ao entrar em contato com a energia alienígena de “Cocoon” (1985), de Ron Howard. Era o início – e o auge – de sua carreira, e ele já interpretava papéis da Terceira Idade. Nesta época, Brimley atuou em mais um drama com Robert Redford, “Um Homem Fora de Série” (1984), em que teve outro desempenho marcante. Ele também integrou o elenco de “Minha Terra, Minha Vida” (1984), “Um Hotel Muito Louco” (1984) e “A Força do Carinho” (1983), que rendeu o Oscar para Robert Duvall, e estrelou uma série de 1986 a 1988, “Our House”, como um viúvo aposentado que, após a morte de seu filho, acolhe sua nora (Deidre Hall) e os três netos (a neta mais velha era interpretada por Shannen Doherty). Depois disso, vieram a continuação “Cocoon: O Retorno” (1988), “A Firma” (1993), “O Alvo” (1993), com Jean-Claude Van Damme, e um reencontro com Jack Lemmon na comédia “Meus Queridos Presidentes” (1996). Mas, apesar de se manter ativo, após viver um vovô no filme da Disney “Um Verão Inesquecível” (1998) suas aparições se tornaram mais esparsas e menos importantes, e ele próprio acabou se cansando de Hollywood, usando suas economias para comprar um rancho e levar uma vida simples com sua segunda esposa Beverly, que ele conheceu no set de “Laços de Ternura”, além de aproveitar para tocar jazz com os amigos. Entre seus últimos filmes estão a comédia “Cadê os Morgan?” (2009), como dono do único restaurante da cidadezinha da trama, e o drama religioso “Eu Acredito” (2017), no qual viveu um pastor. Sua morte foi lamentada por vários artistas. O diretor John Carpenter, que o comandou em “O Enigma do Outro Mundo”, o descreveu como alguém 100% “de verdade: um verdadeiro cowboy, um grande ator, um homem maravilhoso”. “Vou sentir muito sua falta, Will”, escreveu o cineasta no Twitter. Jean-Claude Van Damme lembrou-o como um grande “tio” em “O Alvo”. E a atriz Barbara Hershey, colega do ator em “Um Homem Fora de Série”, acrescentou: “Wilford Brimley era um homem e ator maravilhoso, e tive grande prazer em trabalhar com ele. Ele sempre me fazia rir”.
Ennio Morricone (1928 – 2020)
O grande compositor Ennio Morricone, criador de trilhas sonoras inesquecíveis, morreu nesta segunda-feira (6/7) em Roma aos 91 anos, por complicações de uma queda sofrida na semana passada. Ele teve uma carreira de quase 70 anos como instrumentista e 60 anos como compositor de obras para o cinema, TV e rádio. Suas músicas acompanharam mais de 500 filmes, venderam cerca de 70 milhões de discos e criaram a identidade sonora de gêneros inteiros, como o spaghetti western, também conhecido como “bangue-bangue à italiana”, o giallo ultraviolento, os filmes americanos de máfia e reverberaram por toda a indústria cinematográfica italiana. “O Maestro”, como era conhecido, nasceu em 10 de novembro de 1928 em uma área residencial de Roma. Seu pai, Mario, tocava trompete, e este foi o primeiro instrumento que o jovem aprendeu a tocar. Graças a essa convivência, ele começou a compor músicas aos 6 anos. Quando tinha cerca de 8 anos, Morricone conheceu seu grande parceiro, o cineasta Sergio Leone, no ensino fundamental. Os dois voltaram a se encontrar duas décadas mais tarde para fazer História. O jovem Morricone começou a carreira compondo músicas para dramas de rádio, ao mesmo tempo em que tocava numa orquestra especializada em trilhas para filmes. “A maioria era muito ruim e eu acreditava que poderia fazer melhor”, disse ele numa entrevista de 2001. Ele trabalhou com Mario Lanza, Paul Anka, Charles Aznavour, Chet Baker e outros como arranjador de estúdio na gravadora RCA e com o diretor Luciano Salce em várias peças. Quando Salce precisou de uma trilha para seu filme “O Fascista” (1961), lembrou do jovem e deu início à carreira de compositor de cinema de Morricone. Depois de alguns filmes, Morricone reencontrou Leone, iniciando a lendária colaboração. O primeiro trabalho da dupla, “Por um Punhado de Dólares” (1964), marcou época e estabeleceu um novo patamar no gênero apelidado de spaghetti western – além de ter lançado a carreira de Clint Eastwood como cowboy de cinema. Os dois assinaram com pseudônimos americanos, e muita gente realmente acreditou que se tratava de uma produção de Hollywood, tamanha a qualidade. Ao todo, Morricone e Leone trabalharam juntos em sete filmes, dos quais o maestro considerava “Era uma Vez no Oeste” (1968) a obra-prima da dupla. O segredo da combinação é que Leone pedia para Morricone compor as músicas antes dele filmar, usando-a como elemento narrativo, muitas vezes dispensando diálogos. Nesta fase, ele também inaugurou duradouras parcerias com Bernardo Bertolucci e Pier Paolo Pasolini. Do primeiro, compôs a trilha de “Antes da Revolução” (1964), mas só retomou as colaborações na década seguinte. Já com o segundo, foi fundo na cumplicidade do período mais controvertido do diretor, embalando clássicos que desafiaram a censura, como “Teorema” (1968), “Orgia” (1968), “Decameron” (1971), “Os Contos de Canterbury” (1972) e “As Mil e Uma Noites” (1974). Serviu até de consultor musical para o mais ultrajante de todos, “Salò, ou os 120 Dias de Sodoma” (1975), proibidíssimo e talvez relacionado ao assassinato nunca resolvido do diretor naquele ano. Fez também muitas comédias picantes e uma profusão de obras sobre crimes e gângsteres de especialistas como Alberto Martino e Giuliano Montaldo. A verdade é que, no começo da carreira, Morricone chegava a compor até 10 trilhas por ano, entre elas composições de clássicos como “De Punhos Cerrados” (1965), de Marco Bellochio, e “A Batalha de Argel” (1966), de Gillo Pontecorvo. E o sucesso dos westerns de Leone – como “Por uns Dólares a Mais” (1965) e “Três Homens em Conflito” (1966), igualmente estrelados por Clint Eastwood – , aumentou muito mais a procura por seus talentos. Sua música não só ressoava em dezenas de filmes, como os demais compositores tentavam soar como ele, especialmente os que musicavam westerns italianos. Morricone ainda deixou sua marca num novo gênero, ao assinar a trilha de “O Pássaro das Plumas de Cristal” (1970), de Dario Argento, considerado o primeiro giallo, uma forma de suspense estilizada e sanguinária, que geralmente envolvia um serial killer e mortes brutais. Confundindo-se com a tendência, fez trilhas para outros giallos famosos, como “O Gato de Nove Caudas” e “Quatro Moscas Sobre Veludo Cinza”, ambos de Argento, além de “O Ventre Negro da Tarântula” e “Uma Lagartixa num Corpo de Mulher”, só para citar trabalhos feitos num período curto. As trilhas destes quatro filmes foram criadas em 1971, simultaneamente a uma dezena de outras, entre elas partituras de pelo menos três clássicos, “Decameron”, de Pier Paolo Pasolini, “Sacco e Vanzetti”, de Giuliano Montaldo, e “A Classe Operária Vai para o Paraíso”, de Elio Petri, sem esquecer uma nova colaboração com Leone, “Quando Explode a Vingança”. Para dar ideia, ele chegou a recusar o convite para trabalhar em “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, porque não daria conta. Requisitadíssimo, Morricone assinou as trilhas da franquia “Trinity”, que popularizou a comédia western italiana e virou fenômeno de bilheteria mundial, e começou a receber pedidos de produções francesas – teve uma forte parceria com o cineasta Henri Verneuil em thrillers de Jean-Paul Belmondo – e alemãs. Quando Clint Eastwood retornou aos EUA, convocou o maestro a fazer sua estreia em Hollywood, assinando a música de seu western “Os Abutres Têm Fome” (1970), dirigido por Don Siegel. Mas foi preciso um terror para que se estabelecesse de vez na indústria americana. Morricone tinha recém-composto a trilha do épico “1900” (1976), de Bernardo Bertolucci, quando foi convidado a trabalhar em “O Exorcista II: O Herege” (1977), contratado ironicamente devido a uma de suas obras menores, “O Anticristo” (1974). A continuação do clássico de terror decepcionou em vários sentidos, mas o compositor começou a engatar trabalhos americanos, como “Orca: A Baleia Assassina” (1977) e o filme que o colocou pela primeira vez na disputa do Oscar, “Cinzas do Paraíso” (1978). A obra-prima de Terrence Malick era um drama contemplativo, repleto de cenas da natureza, que valorizou ao máximo seu acompanhamento musical. E deu reconhecimento mundial ao trabalho do artista. Apesar da valorização, ele não diminuiu o ritmo. Apenas acentuou sua internacionalização. Musicou o sucesso francês “A Gaiola das Loucas” (1978), o polêmico “Tentação Proibida” (1978), de Alberto Lattuada, e voltou a trabalhar com Bertolucci em “La Luna” (1979) e “A Tragédia de um Homem Ridículo” (1981), ao mesmo tempo em que compôs suspenses/terrores baratos americanos em série. Dois terrores desse período tornaram-se cultuadíssimos, “O Enigma de Outro Mundo” (1982), em que trabalhou com o diretor – e colega compositor – John Carpenter, e “Cão Branco” (1982), uma porrada de Samuel Fuller com temática antirracista. Foi só após um reencontro com Sergio Leone, desta vez em Hollywood, que Morricone deixou os filmes baratos americanos por produções de grandes estúdios. Os dois velhos amigos colaboraram pela última vez em “Era uma Vez na América” (1984), antes da morte de Leone, que aconteceria em seguida. Ambos foram indicados ao Globo de Ouro e o compositor venceu o BAFTA (o Oscar britânico). A repercussão de “Era uma Vez na América” levou o maestro a trabalhar em “A Missão” (1986), de Roland Joffé, que como o anterior era estrelado por Robert De Niro. O filme, passado no Rio Grande do Sul, rendeu-lhe a segunda indicação ao Oscar. Em seguida veio seu filme americano mais conhecido, novamente com De Niro no elenco. “Os Intocáveis” (1987), de Brian De Palma, foi sua terceira indicação ao Oscar – e, de quebra, lhe deu um Grammy (o Oscar da indústria musical). O compositor recebeu sua quarta indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por outro filme de gângster, “Bugsy” (1991), de Barry Levinson. Mas nunca se mudou para os Estados Unidos, o que lhe permitiu continuar trabalhando no cinema europeu – em obras como “Busca Frenética” (1988), de Roman Polanski, o premiadíssimo “Cinema Paradiso” (1988), de Giuseppe Tornatore, “Ata-me” (1989), de Pedro Almodóvar, e “Hamlet” (1990), de Franco Zeffirelli. Eventualmente, voltou a bisar parcerias com De Palma, Joffé e até fez alguns blockbusters de Hollywood, como “Na Linha de Fogo” (1993), em que reencontrou Clint Eastwood, “Lobo” (1994), de Mike Nichols, e “Assédio Sexual” (1994), novamente de Levison. Mas sua última indicação ao Oscar foi uma produção italiana, outra colaboração com Tornatore: “Malena” (2000). Na verdade, Morricone musicou todos os filmes de Tornatore desde “Cinema Paradiso”. Foram 10 longas e alguns curtas, até 2016. Seu ritmo só diminuiu mesmo a partir de 2010, quando, em vez de 10 trabalhos anuais, passou a assinar 4 trilhas por ano. Apesar de convidado, ele nunca trilhou um filme dirigido por Eastwood, decisão da qual mais se arrependia, mas recebeu das mãos do velho amigo o seu primeiro Oscar. Foi um troféu honorário pelas realizações de sua carreira, em 2007. Morriconi ainda veio a receber outro prêmio da Academia, desta vez pelo trabalho num filme: a trilha de “Os Oito Odiáveis”, western dirigido por Quentin Tarantino em 2015. Esta criação sonora também lhe rendeu o Globo de Ouro e o BAFTA. E ele fez sem ver o longa, no estúdio particular de sua casa. Grande fã de sua obra, Tarantino já tinha usado algumas de suas composições como música incidental em “Kill Bill”, “Django Livre” e “Bastardos Inglórios”. E deu completa liberdade para Morricone, que, em troca, disse que trabalhar com o diretor em “Os Oito Odiáveis” tinha sido “perfeito… porque ele não me deu pistas, orientações”, permitindo que criasse sua arte sem interferência alguma. “A colaboração foi baseada em confiança”. O maestro ainda ganhou muitos outros prêmios, entre eles 10 troféus David di Donatello (o Oscar italiano) ao longo da carreira – o mais recente por “O Melhor Lance” (2013), de Tornatore. Foi uma carreira realmente longa, que seu velho parceiro Tornatore transformou em filme, “Ennio: The Maestro” (2020), um documentário sobre sua vida e obra, finalizado pouco antes de sua morte, que deve ser lançado ainda neste ano. Mas a última palavra sobre sua vida foi dele mesmo. Morricone escreveu seu próprio obituário, que seu advogado leu para a imprensa após o anúncio de sua morte. “Eu, Ennio Morricone, estou morto”, começa o texto, em que o maestro agradeceu a seus amigos e familiares, e dedicou “o mais doloroso adeus” a sua esposa Maria Travia, com quem se casou em 1956, dizendo “para ela renovo o amor extraordinário que nos unia e que lamento abandonar”. Relembre abaixo alguns dos maiores sucessos do grande mestre.
The Thing vai ganhar terceira adaptação no cinema, pela primeira vez completa
A Universal Pictures e a Blumhouse Productions anunciaram o projeto de uma nova versão de “The Thing”, clássico que combina sci-fi e terror. A história que rendeu os cultuados “O Monstro do Ártico” (1951) e “O Enigma de Outro Mundo” (1982), ambos chamados de “The Thing” em inglês, é baseada num conto de John W. Campbell Jr., chamado “Who Goes There?”. E o novo filme será uma versão diferenciada dos anteriores por adaptar a história completa, encontrada apenas recentemente. Originalmente publicado em 1938, o conto acompanhava um grupo de cientistas no Ártico (Antártica no filme de 1982) que passa a ser caçado dentro de sua base por uma criatura alienígena, capaz de tomar a forma humana, levantando suspeita e paranoia entre os sobreviventes, enquanto elimina um por um. O detalhe é que, em 2018, um manuscrito inédito de Campbell Jr. foi encontrado, apresentando uma versão diferente, que expandia a história dos personagens e a ambientação. Intitulado de “Frozen Hell”, a obra publicada postumamente é uma espécie de versão completa do conto original. E será este livro que ganhará adaptação pela, digamos, “primeira” vez. Em comunicado, o produtor-executivo Alan Donnes explicou a diferença e sugeriu que o longa também será influenciado pelas adaptações anteriores: “Agora, pela primeira vez, a visão completa de Campbell será realizada no cinema. O filme inédito combinará o melhor de ‘O Monstro do Ártico’, ‘O Enigma de Outro Mundo’ e também dos dois contos, ‘Who Goes There?’ e ‘Frozen Hell’.” Considerado um dos melhores filmes de John Carpenter, “O Enigma de Outro Mundo” (1982) também teve uma continuação, igualmente chamada de “The Thing”, em 2011. Ainda não há detalhes sobre o elenco, produção ou estreia do novo filme.
Donald Moffat (1930 – 2018)
Morreu o veterano ator Donald Moffat, que fez sucesso na Broadway, no cinema e na televisão. Ele morreu na quinta-feira (20/12) em Sleepy Hollow, Nova York, aos 87 anos, após complicações de um derrame recente. Durante a longa carreira, que durou quase 50 anos, ele apareceu em 80 peças teatrais, dirigiu outras 10, fez 70 filmes e telefilmes e pelo menos 60 episódios de séries televisivas. Moffat nasceu em Plymouth, na Inglaterra, e se mudou para os EUA aos 26 anos. Ele começou sua trajetória no teatro e chegou a ser indicado ao prêmio Tony de Melhor Ator em 1967. A essa altura, já tinha uma década de experiência, tanto nos palcos quanto na televisão. Sua primeira participação televisiva foi num episódio da série noir “Cidade Nua”, em 1958. A estreia no cinema, porém, só foi acontecer depois da consagração teatral. Seu primeiro papel veio em “Rachel, Rachel” (1968), que também marcou o debut do astro Paul Newman como diretor. Durante os anos 1970, alternou aparições em episódios de séries clássicas, como “Missão Impossível”, “Lancer”, “Chaparral”, “Bonanza”, “Galeria do Terror”, “Gunsmoke”, “Tempera de Aço”, “O Homem de Seis Milhões de Dólares”, “Os Waltons” e “Os Pioneiros”, antes de ser escalado em seu primeiro papel fixo numa série, como o androide Rem na cultuada sci-fi “Fuga das Estrelas” (Logan’s Run), versão televisiva do filme “Fuga no Século 23” (1976). Paralelamente, caprichou em sua seleção de personagens em filmes icônicos, incluindo “R.P.M.: Revoluções por Minuto” (1970), de Stanley Kramer, o western “Sem Lei e Sem Esperança” (1972), de Philip Kaufman, a sci-fi “O Homem Terminal” (1974), de Mike Hodges, e o desastre clássico “Terremoto” (1974), de Mark Robson. O auge da carreira cinematográfica aconteceu na década de 1980, inaugurada por “Política do Corpo e Saúde” (1980), de Robert Altman. Em seguida, ele participou de dois dos filmes mais comentados do período. Viveu o comandante de uma estação de pesquisa antártica na cultuada sci-fi de terror “O Enigma de Outro Mundo” (The Thing, 1982), de John Carpenter, e roubou a cena como o vice-presidente Lyndon B. Johnson em “Os Eleitos” (The Right Stuff, 1983), seu segundo filme dirigido por Philip Kaufman, sobre o início do programa espacial americano. Os dois papéis foram sucedidos por uma enxurrada de trabalho. Moffat participou de um arco em “Dallas”, mas quase não teve tempo de fazer TV, brilhando em filmes diversos, do drama “A Baía do Ódio” (1985), de Louis Malle, ao trash “O Monstro do Armário” (1986). Ele retomou sua parceria bem sucedida com Kaufman em outro longa cultuado, “A Insustentável Leveza do Ser” (1988), e continuou acumulando obras de mestres do cinema. Vieram “Muito Mais que um Crime” (1989), de Costa-Gavras, “A Fogueira das Vaidades” (1990), de Brian De Palma, “Uma Segunda Chance” (1991), de Mike Nichols, “A Fortuna de Cookie” (1999), de Robert Altman, sem esquecer o papel de presidente corrupto dos Estados Unidos em “Perigo Real e Imediato” (1994), de Phillip Noyce, entre uma variedade de títulos. Em 2000, ele entrou em “Bull”, primeira série do canal pago TNT, focada no mercado financeiro. Mas a experiência se provou amarga. A série foi cancelada na metade da 1ª temporada e ele só fez mais três trabalhos depois disso – o telefilme esportivo “A História de um Recorde” (2001) e episódios individuais de “West Wing” (em 2003) e “Law & Order: Trial by Jury” (em 2005).



