Anthony “AJ” Johnson (1965-2021)
O comediante Anthony “AJ” Johnson, que viveu o hilário Ezal em “Sexta-Feira em Apuros” (1995), morreu no fim de semana aos 55 anos. O falecimento foi anunciado por sua representante LyNea Bell, que não deu nenhuma informação adicional sobre a causa da morte. Nascido em Compton, Califórnia, o comediante de stand-up chamou atenção pela primeira vez em 1990, quando conseguiu o papel de EZE na comédia clássica “Uma Festa de Arromba” (House Party). Ele voltou a aparecer no terceiro filme da franquia, lançado quatro anos depois. Johnson também apareceu em outro clássico, o thriller criminal “Perigo para a Sociedade” (Menace II Society, 1993), que lançou a carreira dos irmãos cineastas Albert e Allen Hughes, além de ter feito várias comédias, incluindo “Ricas e Gloriosas” (1997) com Halle Berry e “Irresistível Atração” (1998) com Jada Pinkett Smith. Mas ele é indiscutivelmente mais conhecido por sua performance como Ezal em “Sexta-Feira em Apuros”. Na comédia estrelada por Ice Cube e Chris Tucker em 1995, o personagem do ator estava geralmente roubando ou planejando ganhar dinheiro rápido, sempre com consequências engraçadas. “É triste acordar com a notícia da morte de AJ Johnson. Cara naturalmente engraçado que também era ‘straight outta Compton'”, escreveu Ice Cube em seu Twitter. O rapper e ator tinha planos de contar com Johnson numa continuação do filme original, “Last Friday”, atualmente em desenvolvimento, e lamentou não ter tido tempo “de trazer seu personagem Ezal de volta às telas”. Além de Ice Cube, Johnson era amigo dos outros rappers do NWA e chegou a participar de clipes históricos, como “Dre Day” (1993), de Dr. Dre. Ele até interpretou uma paródia do rapper Eazy-E, chamada “Sleazy E”, na faixa em que Dr. Dre atacava o ex-membro do NWA. E Eazy-E não só aprovou a imitação como trouxe Johnson de volta ao papel dele mesmo no clipe de “Real Muthaphukkin G’s” (1993), numa resposta a Dre. Ele deixa uma esposa e três filhos.
Shows Clássicos: Veja ao vivo Madonna, Michael Jackson, Prince, Wham, James Brown, Beastie Boys, NWA e mais
A mostra de shows clássicos da Pipoca Moderna chega à 10ª edição com algumas das turnês mais populares da década de 1980, como as célebres “Virgin Tour” de Madonna e “Bad World Tour” de Michael Jackson. Além da Rainha e do Rei do Pop, a seleção tem o Príncipe no auge de sua carreira, na “LoveSexy Tour”. Especialmente dançante, a seleção ainda destaca os astros gays que surgiram durante a new wave e avança pelo pop rock que dominou as paradas de sucesso da década, até chegar no funk e nos primeiros astros do rap. Tem o Wham em show chinês, antes de George Michael lançar carreira e solo e se assumir gay, e Roxette levantando o público sueco com os hits da “Look Sharp Tour”. Também tem um dueto lendário entre James Brown e Aretha Franklin num especial produzido para a TV americana, Rick James mostrando porque era superfreak e até um registro do começo da carreira dos Beastie Boys, sem esquecer o show do NWA em Houston que foi recriado no filme “Straight Outta Compton” (2015). A seleção se encerra com uma “antologia” de acid house, com 10 performances televisivas de diversos artistas da época no “Top of the Pops” britânico. Para mergulhar ainda mais na história do pop/rock, também estão disponíveis abaixo os atalhos para as mostras anteriores, que cobrem diferentes gerações musicais. > Shows dos 1960 (iê-iê-iê, mod, folk e psicodelia) > Shows dos 1970 – Parte 1 (hard rock e glam) > Shows dos 1970 – Parte 2 (progressivo e funk) > Shows dos 1970 – Parte 3 (disco, new wave e punk rock) > Shows dos 1980 – Parte 1 (punk, hardcore e grunge) > Shows dos 1980 – Parte 2 (reggae, ska, new wave, pós-punk) > Shows dos 1980 – Parte 3 (punk comercial e os revials mod, rockabilly, folk & blues) > Shows dos 1980 – Parte 4 (rock gótico e neopsicodélico) > Shows dos 1980 – Parte 5 (synthpop, new romantic, new wave) Fine Young Cannibals | 1989 Bronski Beat | 1984 Communards | 1986 Wham! | 1985 Culture Club | 1983 Oingo Bongo | 1987 The Bangles | 1986 Nena | 1983 Roxette | 1988 Cyndi Lauper | 1984 Madonna | 1985 Prince | 1988 Michael Jackson | 1988 Diana Ross | 1981 Rick James | 1982 Kool & the Gang | 1982 James Brown, Aretha Franklin & Friends | 1987 Chaka Khan | 1985 Run DMC| 1987 Beastie Boys | 1987 Public Enemy | 1989 NWA | 1989 De La Soul | 1989 A Tribe Called Quest | 1989 Acid House | 1988-89
Vital Signs: Apple desenvolve sua primeira série em parceria com Dr. Dre
A Apple vai produzir sua primeira série. Segundo o site The Hollywood Reporter, a empresa de tecnologia está trabalhando no projeto em parceria com o rapper e produtor Dr Dre, co-fundador da banda N.W.A. e da marca de fones de ouvido Beats, que foi comprada justamente pela Apple em 2014. Intitulada “Vital Signs”, a série vai contar com seis episódios, mas seu tema está sendo mantido em sigilo. Tudo indica se tratar de uma semi-autobiografia de Dre. Neste sentido, o projeto poderia até ser encarado como continuação do bem-sucedido filme “Straight Outta Compton – A História do NWA”, que termina com Dre indo abrir sua gravadora. Produzido pelo rapper, o longa arrecadou U$ 200 milhões em bilheteria e foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Entretanto, o Hollywood Reporter acredita que o projeto pode optar por dispensar um ator principal e ser povoado pelas fantasias do verdadeiro Dre. O próprio Dre selecionou a equipe responsável pela criação da série, incluindo o roteirista Robert Munic (filme “Veia de Lutador” e série “Empire”), que assina todos os seis capítulos. Por sua vez, a direção dos episódios está a cargo do veterano diretor de clipes Paul Hunter, que gravou vídeos para Michael Jackson, Britney Spears e Jennifer Lopez, além de ter realizado o filme “O Monge à Prova de Balas” (2003). A distribuição será feita, provavelmente, por meio da Apple Music, o serviço de streaming da empresa, mas ainda não está claro se a Apple TV, o iTunes e até mesmo algum distribuidor tradicional de televisão estarão envolvidos. Tanto a Apple quando o rapper não quiseram comentar o assunto. A primeira temporada será lançada integralmente de uma vez, como é feito pelos serviços de streaming da Amazon e Netflix. A iniciativa, inclusive, posiciona a Apple para entrar na disputa das produções de séries originais com os dois gigantes do mercado. A Apple já demonstrando interesse no segmento de streaming de audiovisual há certo tempo, tendo rendido alguns experimentos, como a transmissão de um show da cantora Taylor Swift no Apple Music. Mas “Vital Signs” será o primeiro investimento concreto da empresa de tecnologia na produção de uma série.
Straight Outta Compton celebra vida bandida em aula de história do rap
Maior surpresa do cinema americano em 2015, “Straight Outta Compton – A História do N.W.A.” ficou três semanas em 1º lugar nas bilheterias dos EUA, reverenciando a importância e a popularidade dos personagens retratados, e principalmente o impacto duradouro da arte que eles criaram. O filme funciona como uma espécie de aula sobre a origem do gangsta rap e a história do hip-hop californiano entre os anos 1980 e 1990, aumentando um mito ou outro, já que se trata, no fim das contas, de entretenimento. E não faltam mitos na “História do N.W.A.”. Se Dr. Dre, por exemplo, não era toda aquela simpatia encarnada, conforme representado no filme, Ice Cube tampouco era um poço de violência, tão diferente do comediante que os fãs aprenderam a achar engraçado no cinema. Além deles, se destaca na trama o rapper Eazy-E, mentor do N.W.A., que se inspirou nos gângsteres de Compton, região miserável onde morava, para gravar os primeiros raps sobre situações violentas, muitas vezes assumindo o papel dos bandidos nas letras das músicas. Completam a turma o rapper MC Ren e o DJ Yella. A sigla N.W.A. significava Niggaz Wit Attitudes (Negões com atitudes, em inglês mal-falado), e suas atitudes chamaram atenção imediata, colocando o grupo no foco da mídia como pioneiros das ofensas, palavrões, misoginia, apologia da violência e das drogas, numa celebração da vida bandida – em suma, aquilo que viria a ser conhecido como gangsta rap. A expressão, por sinal, foi cunhada numa de suas músicas, “Gangsta, Gangsta”. Mas foi o hit “Fuck tha Police”, com palavrão para xingar a polícia, que lhes deu fama nacional, graças, também, à reação exagerada das forças policiais. O FBI passou a vigiá-los e eles foram proibidos de se apresentar em vários lugares, pois a polícia se recusava a garantir a segurança dos shows. A reação só validou a razão da música, que acusava a polícia de preconceito, até que gerou confronto direto. O grupo gravou cenas em que a polícia os perseguia após um show e incluiu num clipe, da música “100 Miles and Runnin'”. Logo, centenas de outros jovens começaram a cantar sobre os mesmos temas e uma revolução cultural teve início na América – ou Amerikkka, como Ice Cube grafava – , dando voz a quem estava excluído, empoderando os negros pobres e apresentando sua vida para a população do país. Era tão chocante, em plenos anos 1980, que o álbum de estreia da banda, intitulado exatamente “Straight Outta Compton”, foi lançado com um selo de alerta sobre seu conteúdo explícito – um dos primeiros discos a ganhar a infame tarja da censura, em 1989. A fama cresceu a ponto de o N.W.A. ser chamado de o grupo musical mais perigoso do mundo. Mas quanto maior a controvérsia, mais discos eles vendiam. Até que entraram em cena os egos dos artistas, que saíram da pobreza extrema para a vida de milionários em tempo recorde. O filme traça toda a história, da ascensão à queda, em meio a brigas, separação, drogas, tiros e algumas tragédias, que são filmadas de maneira competente por F. Gary Gray, cineasta afro-americano que fez vários thrillers de ação no começo do século, como “O Vingador” e “Uma Saída de Mestre” (ambos em 2003), mas andava sumido desde “Código de Conduta” (2009), fazendo aqui o seu retorno triunfal – o sucesso já lhe garantiu contrato para dirigir “Velozes e Furiosos 8”. O elenco também pode ser considerado outro acerto, com a inclusão de vários novatos competentes. Um deles, O’Shea Jackson Jr., é o filho de Ice Cube, e está muito bem como o próprio pai na trama. Há ainda Corey Hawkins (participou da série “The Walking Dead”), Jason Mitchell (que entrou em “Kong: Skull Island”) e o mais conhecido Aldis Hodge (séries “Leverage” e “Turn”), além de Paul Giamatti (“O Espetacular Homem-Aranha 2”) como o famoso empresário Jerry Heller. Fãs de rap poderão, ainda, identificar vários artistas do gênero entre os personagens coadjuvantes, como Snoop Dogg, Lil’ Kim, The D.O.C. e Warren G. Mas, curiosamente, não há rapper algum entre os intérpretes da produção. O batidão e a testosterona podem incomodar quem for fã de sertanejo. Mas os fãs de rap devem fazer maratona. Trata-se de um lançamento obrigatório também para punks, metaleiros e até indies, qualquer um que acredite que a música deva fazer diferença e mudar a percepção do mundo. “Straight Outta Compton” não narra apenas a origem de um gênero musical: ensina que quem tem voz pode ser ouvido.



