Francis Lai (1932 – 2018)
Morreu o célebre compositor Francis Lai, autor de várias trilhas de cinema, entre elas a de “Love Story”, que lhe rendeu um Oscar em 1971. Ele tinha 86 anos e faleceu na quarta (7/11) na cidade francesa de Nice, de causa desconhecida. Nascido em Nice, Francis Lai foi para Paris com pouco mais de 20 anos para tocar acordeon e integrar a vibrante cena musical do bairro de Montmartre. Em 1965, conheceu o jovem cineasta Claude Lelouch, que o convidou a desenvolver a trilha do filme “Um Homem, uma Mulher”, lançado no ano seguinte. O resultado da primeira trilha de Lai se tornou um marco do cinema. Com seu corinho “da-ba-da-ba-da”, a música-tema virou fenômeno internacional — e uma das gravações mais parodiadas de sua época. A trilha foi indicada ao Globo de Ouro, assim como a parceria seguinte de Lai e Lelouch, “Viver por Viver” (1967). Foi o começo de uma relação duradoura e bem-sucedida entre o cineasta e o compositor, que resultou numa profusão de trilhas que acompanharam a filmografia quase completa de Lelouch. “Francis Lai era o homem da minha vida, um anjo disfarçado de acordeonista”, disse na quarta Lelouch, em entrevista à rádio RTL. “Fizemos 35 filmes juntos e tivemos uma história de amor que durou 50 anos”. O alcance da trilha de “Um Homem, uma Mulher” também abriu as portas de Hollywood para o compositor francês, que no ano seguinte musicou seu primeiro filme falado em inglês, a comédia “Toureiro sem Sorte” (1967), com Peter Sellers e Britt Ekland. Seguiram-se mais comédias, filmes de guerra, suspenses e em pouco tempo Lai passou a dominar o mercado, assinando trilhas de nada menos que dez filmes apenas no ano de 1970 – entre eles, os clássicos “Passageiro da Chuva”, de René Clement, e “Love Story”, de Arthur Hiller, que o consagrou de vez. Ele seguiu em ritmo alucinado durante a década de 1970, bisando suas parcerias com Lelouch, Clement, mas também expandido sua conta bancária até com filmes eróticos, como “Emmanuelle 2” (1975) e o controvertido “Bilitis” (1977) – que ironicamente lhe rendeu a primeira de suas quatro indicações ao César (o Oscar francês). As parcerias com Lelouch foram pontos altos de sua filmografia nas décadas seguintes, rendendo clássicos como “Retratos da Vida” (1981), a continuação “Um Homem, uma Mulher: 20 Anos Depois” (1986), “Itinerário de um Aventureiro” (1988) e “Os Miseráveis” (1995), entre outros, mas também merece destaque o excelente “Olhos Negros (1987), de Nikita Mikhalkov. Ao morrer, Lai trabalhava na trilha de “Les Plus Belles Années”, a derradeira colaboração com seu primeiro e último parceiro de cinema, que Lelouch pretende lançar em 2019. Relembre abaixo alguns dos primeiros e mais famosos trabalhos do compositor.
Cineasta russo sugere criação de um Oscar alternativo só para os países do bloco BRICS
Olhaí a chance de o Brasil ganhar um “Oscar”! O diretor russo Nikita Mikhalkov, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por “O Sol Enganador” (1995), está propondo a criação de um “Oscar alternativo” para os países em desenvolvimento, os chamados BRICS (sigla, em inglês, de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mikhalkov, que também é presidente do sindicato dos cineastas russos, disse nesta semana, em conferência em Moscou, que “a ideia foi recebida com muito entusiasmo” nesses países. “Nesta situação, nós queremos que outras vozes sejam ouvidas no mundo, também.” Mas já ignorando o Brasil no projeto, ele adiantou que trabalhava na criação de uma Academia do Cinema Eurasiano, que premiaria “Oscars alternativos” aos melhores filmes da Europa e Ásia a partir de 2017. O detalhe – onde mora o diabo, segundo um provérbio alemão – é que já existe uma Academia do Cinema Europeu, que ignorou totalmente o novo filme de Mikhalkov, “Solnechny Udar” (insolação). O motivo foi a ficha corrida do simpático. Chamado de cineasta chapa-branca por defender a anexação da Crimeia e por não se manifestar, ao lado da Academia, quando o cineasta Oleg Sentsov foi preso e deportado para a Rússia por se opor à invasão da Ucrânia, Mikhalkov virou persona non grata nos países do Mar Báltico. Em compensação, acabou recebendo uma indicação, como representante da Rússia, para disputar o Oscar 2016. Não conseguiu a vaga entre os finalistas da categoria de Filme em Língua Estrangeira, mas, segundo ele, isto era previsto, por causa da censura política de Hollywood. Seu filme, entretanto, não agradou nem a crítica de seu país.

