William Hurt (1950–2022)
William Hurt, vencedor do Oscar de Melhor Ator por “O Beijo da Mulher-Aranha” (1985), morreu de causas naturais neste domingo (13/3), aos 71 anos. O ator foi diagnosticado com um câncer de próstata em 2018 e continuou trabalhando enquanto fazia o tratamento. Muito reservado na vida pessoal, ele foi casado por três vezes e teve quatro filhos. O Oscar de “O Beijo da Mulher-Aranha” foi o primeiro entregue pela Academia para celebrar um personagem abertamente gay. No filme rodado em São Paulo por Hector Babenco e com Sônia Braga no elenco, Hurt viveu um prisioneiro gay alienado que se apaixonava por um militante político (Raul Julia) encarcerado pela ditadura militar brasileira. “O Beijo da Mulher-Aranha” também lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Ele ainda era um ator em início de carreira quando recebeu essas consagrações, tendo estreado cinco anos antes como protagonista de “Viagens Alucinantes” (1980), de Ken Russell. Hurt não demorou a se firmar em Hollywood, destacando-se em seguida em dois filmes cultuados do diretor Lawrence Kasdan: “Corpos Ardentes” (1981) e “O Reencontro” (1983). E se tornou um dos atores mais respeitados dos anos 1980 com mais duas indicações ao Oscar naquela década: por “Filhos do Silêncio” (1986) e “Nos Bastidores da Notícia” (1987). Ainda voltou a disputar o Oscar duas décadas mais tarde por “Marcas da Violência” (2005). Mas ultimamente era mais visto em pequenos papéis. A lista inclui filmes importantes, desde “Na Natureza Selvagem” (2007) até os blockbusters da Marvel. Seu desempenho como o general Thaddeus “Thunderbolt” Ross em “O Incrível Hulk” (2008) acabou lhe rendendo aparições em mais quatro filmes do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel, na sigla em inglês): “Capitão América: Guerra Civil” (2016), “Vingadores: Guerra Infinita” (2018), “Vingadores: Ultimato” (2019) e “Viúva Negra” (2021), com seu personagem promovido a Secretário de Estado. Além de filmes de sucesso, ele também estrelou séries como “Duna” (em 2000), “Damages” (2009), “Humans” (2015), “Beowulf: Return to the Shieldlands” (2016), “Condor” (2018-2020) e “Goliath” (2016-2021). Ele deixou dois trabalhos póstumos finalizados: o filme “The Fence” e a dublagem da série animada “Pantheon”, do canal pago americano AMC. Veja abaixo o registro de sua vitória no Oscar, em que ele homenageia o Brasil com a palavra que mais se adequa ao momento: “Saudade”.
Hal Holbrook (1925 – 2021)
O veterano ator Hal Holbrook, vencedor do Emmy e do Tony, morreu em 23 de janeiro aos 95 anos. A morte foi confirmada na noite de segunda (1/2) por sua assistente pessoal, Joyce Cohen, ao jornal The New York Times. Harold Rowe Holbrook Jr. nasceu em 17 de fevereiro de 1925, em Cleveland. Ainda criança foi abandonado pelos pais e seus avós o mandaram para a escola militar. Mas logo descobriu que podia se sustentar com atuação, quando se apresentou num teatro local e recebeu seu primeiro pagamento aos 17 anos. Após três anos no Exército, mudou-se para Nova York e estudou com a célebre professora de atuação Uta Hagen para seguir a profissão. Ele estreou na TV na novela “The Brighter Day”, em que apareceu de 1954 a 1959. Foi nesta mesma época que desenvolveu uma apresentação solo de teatro, baseada na vida do escritor Mark Twain, que viria a consagrá-lo. Holbrook escreveu, dirigiu e estrelou sozinho “Mark Twain Tonight”, que começou sua trajetória durante apresentações de verão no interior de Massachusetts em 1954 e se estendeu ao longo dos anos. A façanha chamou atenção do célebre apresentador de TV Ed Sullivan, que o convidou a aparecer em seu programa de televisão em fevereiro de 1956. A estreia off-Broadway aconteceu três anos depois. Mas o impacto do espetáculo na carreira de Holbrook só se materializaria após a chegada à Broadway, quando lhe rendeu o prêmio Tony de Melhor Ator em 1966 por seu desempenho. Ele voltou à Broadway com o show em 1977 e 2005, aparecendo como Mark Twain mais de 2,2 mil vezes. espetáculo também foi adaptado para a TV, rendendo ao ator uma indicação ao Emmy em 1967, a primeira de muitas nomeações. Ao todo, ele venceu quatro prêmios Emmy. Seu primeiro Emmy veio em 1971 por seu trabalho na série dramática “The Bold Ones: The Senator”. Ele conquistou mais dois troféus por interpretar o comandante Lloyd Bucher no telefilme “Pueblo”, de 1973, sobre a captura de um navio espião dos EUA pela Coreia do Norte. E foi premiado pelo papel-título da minissérie “Lincoln”, de 1974. Por sinal, o ator voltou a viver Abraham Lincoln na minissérie “North and South” em 1985 e na sua sequência, lançada no ano seguinte. A voz áspera e a aparência séria de Holbrook renderam-lhe vários papéis de personagens históricos e/ou de grande autoridade, além de uma carreira paralela como narrador de documentários. Mas essas características marcantes também ajudaram a dar impacto a seu desempenho no telefilme “That Certain Summer”, em que viveu um pai que revela sua homossexualidade para o filho (interpretado por Martin Sheen). Este desempenho foi igualmente indicado ao Emmy. Na TV, ele ainda se destacou em “Designing Women” (1986-1989), como o namorado de sua esposa na vida real, Dixie Carter – além de dirigir quatro episódios da série. Mas seu personagem precisou morrer prematuramente para que ele pudesse entrar em outro programa, “Evening Shade”, em que interpretou o irascível sogro de Burt Reynolds de 1990 a 1994. Embora a carreira televisiva tenha sido mais premiada, Holbrook desempenhou muitos papéis marcantes no cinema e chegou a ser indicado ao Oscar. Desde que teve um pequeno papel em “O Grupo” (1966), de Sidney Lumet, o ator apareceu em vários filmes famosos. Ele foi o chefe de Clint Eastwood no segundo longa da franquia “Dirty Harry”, “Magnum 44” (1973), o par romântico de Goldie Hawn na comédia “A Garota de Petrovka” (1974) e, mais celebremente, o misterioso Garganta Profunda que entrega os podres do governo Nixon em “Todos os Homens do Presidente” (1976) – responsável pela icônica frase “follow the money” (siga o dinheiro). Sua filmografia é repleta de clássicos, como o épico de guerra “A Batalha de Midway” (1976), o drama premiado “Júlia” (1977), de Fred Zinnemann, a sci-fi “Capricórnio Um” (1977), de Peter Hyams, o terror “A Bruma Assassina” (1980), de John Carpenter, o filme de ação “O Sequestro do Presidente” (1980), em que viveu o Presidente dos EUA, a antologia de horror “Creepshow: Arrepio do Medo” (1982), de George A. Romero, o thriller violento “O Esquadrão da Justiça” (1983), novamente de Peter Hyams, o drama financeiro “Wall Street: Poder e Cobiça” (1987), de Oliver Stone, e o suspense “A Firma” (1993), de Sydney Pollack. Mas sua indicação para o Oscar só veio em 2008, como Melhor Ator Coadjuvante por “Na Natureza Selvagem” (2007), de Sean Penn. Na época da indicação, Holbrook já tinha 82 anos e se tornou o artista mais velho a receber esse reconhecimento. Entre seus trabalhos finais, destacam-se também papéis recorrentes em “The West Wing”, “Sons of Anarchy” e “The Event”, antes de se despedir em 2017 em duas aparições televisivas, nas séries “Grey’s Anatomy” e “Havaí Cinco-0”.
Ônibus do filme Na Natureza Selvagem é retirado do Alasca após acidentes e mortes de turistas
O ônibus abandonado que ficou famoso pelo livro e filme “Na Natureza Selvagem” foi removido do deserto do Alasca. O veículo dos anos 1940 foi transportado de seu local, próximo ao rio Teklanika, por um helicóptero do exército dos Estados Unidos. Ele serviu de abrigo para o alpinista Chris McCandless, de 24 anos, que se refugiou dentro do ônibus no verão de 1992 e lá morreu de fome, depois de passar 114 dias na natureza. O autor Jon Krakauer contou sua história no livro de 1996 “Na Natureza Selvagem”, que foi adaptado por Sean Penn no filme de 2007, estrelado por Emile Hirsch – e uma jovem Kristen Stewart. A guarda nacional americana disse que retirar o ônibus se tornou uma questão de segurança pública, porque vários turistas tentaram encontrá-lo. O Departamento de Recursos Naturais dos EUA disse que houve um total de 15 operações de busca e salvamento relacionadas a ônibus entre 2009 e 2017. Dois viajantes morreram após se afogar enquanto estavam a caminho do veículo em incidentes separados em 2010 e 2019. Em fevereiro deste ano, as tropas estaduais do Alasca resgataram cinco alpinistas italianos na região, um dos quais estava sofrendo severa hipotermia, e em abril até um brasileiro precisou ser socorrido próximo à carcaça do veículo. Agora, o ônibus será armazenado em um “local seguro”, enquanto o Departamento de Recursos Naturais considera um local permanente para ele. Uma das possibilidades é colocá-lo em exposição. Veja abaixo o vídeo da retirada do veículo, divulgado pela agência Reuters.


