O Maior Amor do Mundo é um filme-churrasco
Bem que Garry Marshall podia ficar sem esses filminhos bobos recentes. O diretor dos pequenos clássicos “Uma Linda Mulher” (1990) e “Frankie & Johnny” (1991) agora virou especialista em filmes-coral superficiais com temáticas de datas comemorativas. Depois de “homenagear” o Dia dos Namorados com “Idas e Vindas do Amor” (2010) e o réveillon com “Noite de Ano Novo” (2011), ele foca o Dia das Mães em “O Maior Amor do Mundo” (2016). Este tipo de filme com múltiplos personagens e tramas paralelas já rendeu obras-primas como “Short Cuts – Cenas da Vida” (1993), de Robert Altman, “Todos Dizem Eu te Amo” (1996), de Woody Allen, até mesmo o nosso “O Som ao Redor” (2012), de Kleber Mendonça Filho. E ainda, para ficar no terreno das comédias românticas aparentemente bobas, o delicioso “Simplesmente Amor” (2003), de Richard Curtis. Portanto, não há justificativa para a falta de substância das incursões de Marshall. Como são vários núcleos, algum tinha que funcionar, mas os que mais se aproximam disso são apenas duas passagens: a história do casal de velhinhos que viaja para fazer uma surpresa às suas duas filhas, que escondem segredos, por eles serem muito tradicionais e preconceituosos, e a do jovem casal que vive junto sem ter casado formalmente, mesmo já tendo um filho da união. O primeiro vale por momentos de riso e o segundo por conseguir, pelo menos a princípio, provocar empatia. Curiosamente, são as melhores tramas as mais curtas e com elenco menos badalado. Já as histórias que demandam mais tempo e concentram mais estrelas são justamente as mais frágeis, como a da mulher (Jennifer Aniston) que precisa dividir o filho com a nova esposa do ex-marido (Timothy Olyphant), a do viúvo (Jason Sudeikis) que acaba desempenhando o papel de pai e mãe de duas filhas depois da morte da esposa (Jennifer Garner), ou, ainda, o drama da celebridade (Julia Roberts) que tem uma filha biológica e não a assume. Todas contém potencial, mas são executadas com uma pobreza tão grande, que só despertam tédio no espectador. Nada justifica o envolvimento de tantos atores famosos (incluindo também Kate Hudson, a jovem Britt Robertson e o veterano Hector Elizondo), além da ilusão do prestígio perdido do diretor. É o caso de um filme-coral que vira filme-churrasco, em que amiguinhos se encontram para se divertir sem compromisso algum. Churrasquinho de mãe, para ficar na temática proposta. Para piorar, o filme ainda acabou ganhando, no Brasil, o título de um filme de Cacá Diegues.
Mother’s Day: Comédia com Julia Roberts e Jennifer Aniston ganha primeiro trailer
A Open Road divulgou o primeiro trailer de “Mother’s Day”, terceira comédia romântica com título de feriado do diretor Garry Marshall, que se especializou no subgênero ao comemorar anteriormente a “Noite de Ano Novo” (2011) e o Dia dos Namorados, que os tradutores brasileiros tiraram do calendário ao batizarem de “Idas e Vindas do Amor” (2010). A fórmula é praticamente a mesma, com uma porção de atores famosos reunidos em histórias paralelas. Desta vez, porém, algumas dessas tramas se entrelaçam. Será a quarta vez que Marshall dirige Julia Roberts (“Álbum de Família”), que ele lançou ao estrelato em “Uma Linda Mulher” (1990). O resto do elenco estrelado inclui Jennifer Aniston (“Família do Bagulho”), Kate Hudson (“Pronta Para Amar”), Jason Sudeikis (“Quero Matar Meu Chefe”), Britt Robertson (“Tomorrowland”), Timothy Olyphant (série “Justified”), Shay Mitchell (série “Pretty Little Liars”), Sarah Chalke (série “Scrubs”), Margo Martindale (série “The Americans”), Jon Lovitz (“The Ridiculous 6”) e Aasif Mandvi (“Os Estagiários”). O roteiro de “Mother’s Day” foi escrito por Anya Kochoff (“A Sogra”) e a estreante Lily Hollander, a estreia está marcada para 28 de abril, próximo ao Dia das Mães, é claro.

