Bruce Glover, assassino de “007 – Os Diamantes São Eternos”, morre aos 92 anos
Ator cultuado por papéis excêntricos, atuou também em “Chinatown”, “Lutador de Rua” e “Com as Próprias Mãos”
Geoffrey Deuel, intérprete de Billy the Kid no clássico “Chisum”, morre aos 81 anos
Ator foi reconhecido por sua interpretação do pistoleiro adolescente ao lado de John Wayne e por participações em diversas séries clássicas dos anos 1960 e 1970
Michael Cole, astro de “Mod Squad”, morre aos 84 anos
Intérprete de Pete Cochran na série dos anos 1960 teve uma carreira duradoura de meio século na TV
Clarence Williams III (1939–2021)
O ator Clarence Williams III, que ficou conhecido como o policial infiltrado Lincoln Hayes na série clássica “Mod Squad”, morreu na sexta-feira (4/6) em Los Angeles de câncer de cólon, aos 81 anos. Clarence Williams é identificado com o número III por ter o mesmo nome do pai e do avô, ambos músicos profissionais. O vovô e primeiro Clarence Williams era pianista da lenda do blues Bessie Smith. E sua avó era a cantora de blues Eva Taylor. Ele já tinha feito um filme, “The Cool World” (1963), e sido reconhecido por seu talento como ator de teatro com uma indicação ao Tony (o Oscar do teatro) em 1965, anos antes de ser escalado em “Mod Squad”. Mesmo assim, os produtores não sabiam de seu currículo quando ele foi contratado. A história de como Williams foi parar na série é surpreendente. Corre a lenda – e contam como verdade – que Clarence estava desesperado por trabalho quando conseguiu um bico para fazer uma pequena participação numa série do produtor Aaron Spelling, como motorista de fuga numa cena de assalto. Mas na hora das gravações, ele saiu em disparada e colidiu o carro direto num poste. Preocupado, Spelling correu para ver se o ator estava bem. “Eu pensei que todo mundo estava morto”, contou o produtor para o Archive of American Television. “Todos nós corremos. Eu disse: ‘Clarence, Clarence, o que aconteceu?’ Ele respondeu: ‘Nunca dirigi antes’. Eu perguntei: ‘Por que você não me contou isso?’. Ele disse: ‘Porque eu queria o emprego’. Eu o contratei naquela mesma hora para o ‘Mod Squad’.” Criada por Bud Ruskin, ele próprio um ex-agente infiltrado da Polícia de Los Angeles, “Mod Squad” virou um fenômeno pop. Mesmo com protagonistas supostamente caretas, a série se tornou imensamente popular entre o público jovem por retratar em seus episódios o rock, a moda e as grandes questões da época, como racismo, protestos contra a guerra do Vietnã e a explosão do consumo de drogas. O personagem de Linc era um ativista com cabelo afro, que tinha sido preso durante os célebres protestos raciais no bairro de Watts, em Los Angeles. Ele é reunido com outros dois jovens problemáticos, vividos por Peggy Lipton e Michael Cole, que são recrutados para se infiltrar entre estudantes, hippies, gangues, festivais de música e movimentos sociais para prender traficantes e outros criminosos. Lançada em 1968, antes de Woodstock, a série durou cinco temporadas, até 1973, e transformou Peggy Lipton num dos maiores símbolos sexuais – e da moda – do período. De fato, a atração só foi cancelada porque o elenco decidiu não renovar seus contratos. Mesmo assim, o trio original retornou para um telefilme de reencontro, em 1979. Williams fez algumas participações em séries depois de “Mod Squad”, inclusive como um agente do FBI em “Twin Peaks”, mas seus principais trabalhos a partir dos anos 1980 foram no cinema. Ele marcou época como o pai problemático de Prince em “Purple Rain” (1984) e o pai viciado em drogas de Wesley Snipes em “Inferno Branco” (1993). E ainda se valeu dos conhecimentos musicais de sua família para viver a lenda do jazz Jelly Roll Morton em “A Lenda do Pianista do Mar” (1998), de Giuseppe Tornatore. Além disso, trabalhou regularmente com o diretor John Frankenheimer, numa parceria que incluiu “Nenhum Passo em Falso” (1986), “A Filha do General” (1999), “Jogo Duro” (2000) e dois telefilmes. Apesar de ter uma carreira marcada por papéis dramáticos, Williams também soube aproveitar sua intensidade característica para fazer comédia, interpretando um ex-líder revolucionário na paródia de blaxploitation de Keenen Ivory Wayans, “Vou Te Pegar Otário” (1988), e um traficante de drogas maníaco na hilária comédia “Pra Lá de Bagdá” (1998), estrelada por Dave Chappelle. Seus últimos trabalhos foram parcerias com o cineasta Lee Daniels, com participações no filme “O Mordomo da Casa Branca” (2013) e na série “Empire” (em 2015). Williams foi casado com a atriz Gloria Foster (a Oráculo da franquia cinematográfica “Matrix”), de 1967 a 1984. Relembre abaixo a abertura de “Mod Squad”.
Peggy Lipton (1946 – 2019)
Atriz Peggy Lipton, que estrelou as séries clássicas “Mod Squad” e “Twin Peaks”, morreu de câncer no sábado (11/5), em sua casa, aos 72 anos. “Ela fez sua jornada pacificamente com suas filhas e sobrinhas a seu lado”, disseram as filhas, a modelo Kakida e a também atriz Rashida Jones em comunicado. Uma das atrizes mais belas da televisão, Peggy Lipton começou a carreira como modelo. Ela resolveu tentar a atuação em 1965 com uma aparição em “A Feiticeira”. Mas apesar da beleza e esforço, só conseguiu pequenas participações antes de emplacar seu primeiro papel fixo em 1968. E que papel! Peggy foi escalada como a principal personagem feminina de “Mod Squad”, a hippie Julie Barnes. A série marcou época por trazer temas da juventude contemporânea para as tramas policiais. Os episódios acompanhavam três jovens rebeldes – “um branco, um negro e uma loira” – , que, após fazer um acordo com a polícia para evitar a prisão, viram informantes e passam a se infiltrar em escolas e movimentos sociais. “Mod Squad” foi a primeira abordagem televisiva da contracultura – um ano antes do filme “Easy Rider” – e apesar de defender “o Sistema”, tinha como regra nunca mostrar nenhum adolescente ser preso. Os vilões eram os adultos que se aproveitam dos jovens. E graças à temática, acabou sendo também pioneira na dramatização de problemas sociais como aborto, violência doméstica, abuso infantil, analfabetismo, manifestações estudantis, imigração ilegal, brutalidade policial, racismo, traumas psicológicos de guerra, tráfico e consumo de drogas. O produtor era ninguém menos que Aaron Spelling, o mesmo de “Barrados no Baile”. O sucesso foi tanto que, durante as cinco temporadas da série, entre 1968 e 1973, Peggy Lipton virou uma das estrelas mais populares da TV. Ela chegou a lançar discos como cantora e até namorou Elvis Presley. E também foi reconhecida por seu desempenho, indicada a quatro prêmios Emmy. Acabou vencendo um Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática em 1971. Em 1974, após o fim da produção, a atriz se casou com o jazzista Quincy Jones, um casamento interracial que chegou a causar controvérsia na época. Ela teve suas filhas logo em seguida, o que acabou interrompendo sua carreira. Só voltou a atuar num telefilme de reunião de “Mod Squad” em 1979, exceção durante sua pausa prolongada, que se estendeu por quase duas décadas. A segunda fase da sua carreira começou apenas durante seu processo de divórcio, quando ela decidiu retornar à TV, entrando no elenco de outra série que se tornou parte da História da TV: “Twin Peaks”, em 1989. Seu papel era Norma Jennings, dona da lanchonete Double R Diner, um dos principais cenários da produção. Ela ainda repetiu essa interpretação no filme “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” (1992) e no recente revival da série, “Twin Peaks: O Retorno”, lançado em 2017. Novamente em evidência, desta vez Peggy deu sequência à carreira, aparecendo em filmes como “O Mensageiro” (1997), “Quando em Roma” (2010) e “Quatro Vidas de um Cachorro” (2017). Atuou ainda em séries tão diferentes quanto “Popular” (quatro episódios em 2000), “Alias” (três episódios em 2004), “Psych” (um episódio temático dos anos 1960, em 2014), “Claws” (como ela mesma em 2017), além de “Angie Tribeca”, em que contracenou com sua filha Rashida Jones na pele de Peggy Tribeca, justamente a mãe da personagem-título (Rashina), em dois episódios de 2016 e 2017.



