O Bom Gigante Amigo é o filme mais tedioso de Steven Spielberg
“O Bom Gigante Amigo” é o mais tedioso filme de Steven Spielberg desde “Amistad” (1997). Aliás, consegue ser ainda mais chato para quem não curte o gênero fantasia, embora tenha um viés de filme infantil antigo e inocente da Velha Hollywood. É bem a cara da Disney, nesse sentido, uma empresa que deseja que o mundo tivesse parado na primeira metade dos anos 1960. Já fazia algum tempo que Spielberg não dedicava um filme com atores às crianças. O último foi o também horrível “Hook – A Volta do Capitão Gancho” (1991), desconsiderando a animação “As Aventuras de Tintim” (2011). “O Bom Gigante Amigo” até tenta ser dinâmico, mas acaba não conseguindo imprimir muito ritmo à sua história, pois após o gigante misterioso (Mark Rylance, também conhecido como o sujeito que tirou o Oscar de Sylvester Stallone em 2016) raptar uma garotinha (a estreante Ruby Barnhill) de um orfanato e levá-la para a terra dos gigantes, pouca coisa interessante acontece. Ao contrário do que a garotinha esperta e insone pensa, o gigante não quer devorá-la, mas a prende com medo de que ela revele sua existência, o que se tornaria um problema para ele e os demais gigantes da ilha. Aos poucos, vamos conhecendo os outros gigantes, os malvadões, que gostam de aplicar bullying no gigante menor, e é curioso como o filme trabalha com essas relações de tamanho. O gigante, que parecia enorme, é considerado pequeno para os gigantes valentões que gostam de comer seres humanos. A história é basicamente sobre a tentativa do bom gigante de esconder a garota dos demais e apresentá-la ao seu mundo, já que ele é também uma espécie de mago dos sonhos. É possível que o filme consiga maior efeito sobre as crianças, ao criar uma imagem de encantamento que para a maioria dos adultos não funciona. Spielberg já conseguiu deixar pessoas de todas as idades completamente maravilhadas ao longo de sua carreira, atingindo o auge do encantamento na apresentação das primeiras imagens dos dinossauros em “Jurassic Park” (1993). Mas agora que o público já está anestesiado de tantos filmes repletos de efeitos especiais, o que ele mostra em “O Bom Gigante Amigo” acaba sendo mais do mesmo. Além disso, o roteiro de Melissa Mathison (“E.T. – O Extraterrestre”), adaptado do livro homônimo de Road Dahl (“A Fantástica Fábrica de Chocolate”), parece esticar demais um fiapo de história. Até a garota e o gigante arranjarem uma maneira de se livrarem dos seus inimigos, a trama é capaz de deixar qualquer um impaciente. O final até dá uma melhorada na narrativa, mas tudo poderia ser resumido a uma hora e meia de projeção. O problema é que Spielberg gosta de longas durações. E narrativas esticadas. Talvez devesse perceber que o tempo de fazer aventuras infantis já passou para ele.
Estreias: Jason Bourne luta com O Bom Gigante Amigo por destaque nos cinemas
Com o circuito abarrotado de blockbusters, o thriller de ação “Jason Bourne” e o infantil “O Bom Gigante Amigo” chegam em metade dos cinemas que normalmente atingiriam. Mesmo com distribuição similar, em torno de 440 salas, o longa para crianças se destaca no circuito 3D (360 salas). “O Bom Gigante Amigo” volta a reunir o diretor Stephen Spielberg com a roteirista Melissa Mathison, recriando a parceria do clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982). Foi o último trabalho de Mathison, que morreu antes da estreia. Mas a adaptação da obra de Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) fez mais sucesso com a crítica (76% de aprovação no Rotten Tomatoes) que com o público, amargando o pior desempenho da Disney em 2016 e um inesperado fracasso na carreira de Spielberg (US$ 72 milhões de arrecadação mundial para um orçamento de US$ 140 milhões). “Jason Bourne” chega em estreia simultânea com os EUA, onde foi considerado pela crítica um dos títulos mais fracos da franquia. Com 57% de aprovação, só supera os 56% de “O Legado Bourne” (2012), rodado sem o protagonista original. A produção marca o retorno de Matt Damon ao papel-título e também do diretor Paul Greengrass ao comando da ação, e entrega exatamente o esperado, com muita correria, tiroteios e perseguições. A comédia “Os Caça-Noivas” completa o circuito dos shoppings, com lançamento em 147 salas. Besteirol americano, acompanha dois irmãos (Zac Efron e Adam Devine), que após estragarem muitas festas da família recebem um ultimato: só poderão aparecer no casamento da irmã acompanhados por namoradas. Logicamente, eles fazem o que qualquer idiota faria: vão à internet anunciar sua busca por pretendentes, atraindo duas jovens bagunceiras (Anna Kendrick e Aubrey Plaza), que vêem nos trouxas a chance de ganhar uma viagem de graça para o Havaí, onde o matrimônio acontecerá. A crítica americana torceu o nariz (39%), mas também viu na trama uma inversão de papeis mais engraçada e eficiente que a versão feminina de “Caça-Fantasmas”. Com cada vez menos salas disponíveis, o circuito limitado tem cinco estreias. Em 30 salas, a comédia francesa “A Incrível Jornada de Jacqueline” acompanha um fazendeiro argelino apaixonado por sua vaca Jacqueline, que realiza seu sonho ao viajar com ela para Paris, para participar de uma grande freira agrícola, aprendendo importantes lições de vida pelo caminho. Em tom de fábula, o filme não aprofunda, mas toca em alguns tópicos relevantes, como a questão da imigração na Europa atual, o que diferencia a obra de histórias similares. Premiado no Festival de Cannes do ano passado, o drama iraniano “Nahid – Amor e Liberdade” leva a 11 telas a história de uma mulher que, após o divórcio, recebe a guarda do filho sob a condição de não se casar novamente. Marcando a estreia da cineasta Ida Panahandeh, o longa se destaca pela rara oportunidade de mostrar um ponto de vista feminino sobre a posição de inferioridade que as mulheres possuem na sociedade islâmica. Vencedor do último Festival de Veneza, o drama venezuelano “De Longe te Observo” divide opiniões ao tratar de temas polêmicos, como homossexualidade e voyeurismo. Na trama, um gay de meia-idade que paga para jovens ficarem nus é agredido e roubado por um deles, dando início a um complexo relacionamento. Lento e repleto de silêncios, o filme também permite um vislumbre do cotidiano caótico venezuelano, como longas filas e a situação de pobreza e criminalidade da juventude. Estreia em sete salas. Completam o circuito dois filmes brasileiros. O terror “O Diabo Mora Aqui” combina a narrativa típica de casa mal-assombrada com o passado escravagista brasileiro, num resultado intrigante e bem acabado, distribuído em apenas quatro salas. A dupla de cineastas Rodrigo Gasparini e Dante Vescio já chamou atenção de produtores americanos, que incluirão um de seus curtas na vindoura antologia “O ABC da Morte 2.5”. Por fim, o documentário “Miller & Fried – As Origens do País do Futebol” resgata a importância de Charles Miller e Arthur Friedenreich para o futebol brasileiro no final do século 19 em duas salas (no Caixa Belas Artes e no Cine Odeon).
O Bom Gigante Amigo: Nova fantasia de Steven Spielberg ganha segundo trailer legendado
A Disney divulgou o novo pôster e o segundo trailer legendado de “O Bom Gigante Amigo”, que marca o retorno do diretor Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”) aos filmes juvenis de fantasia. Ao contrário do primeiro trailer, a ação se concentra no mundo dos gingantes, valorizando o uso dos efeitos visuais. A história é uma adaptação do livro infantil escrito por Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) em 1982, sobre uma menina que, ao ficar acordada até tarde, descobre a existência de um gigante. Acompanhando-o até sua terra mágica, ela descobre a missão benevolente de seu novo amigo, mas também passa a correr perigo, porque nem todos os gigantes são bonzinhos e ela se torna alvo da gula dos maiores canibais do lugar. O longa é estrelado pela pequena inglesa Ruby Barnhill, que faz sua estreia no cinema aos 10 anos de idade, e traz Mark Rylance (“Ponte de Espiões”) como a voz, o rosto e os movimentos (por captura de performance) do gigante bonzinho. Para filmar o livro, o diretor tirou da aposentadoria a roteirista Melissa Mathison (“Kundun”), com quem ele havia trabalhado no clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982) e num segmento da antologia “No Limite da Realidade” (1983). Especialista em filmes estrelados por crianças, Melissa já lutava com um câncer durante o trabalho e veio a falecer após entregar o roteiro finalizado, em novembro passado. “O Bom Gigante Amigo” estreia em 28 de julho no Brasil, praticamente um mês após o lançamento nos EUA.
Cannes: Spielberg busca a magia de sua juventude em O Bom Gigante Amigo
Steven Spielberg está de volta a Cannes, três anos após presidir o júri que deu a Palma de Ouro ao belo “Azul É a Cor Mais Quente”, desta vez buscando agradar outro público. Em “O Bom Amigo Gigante”, ele retoma as produções infantis, levando às telas uma adaptação do livro de fantasia escrito por Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) em 1982. O filme acompanha uma menina que, ao ficar acordada até tarde num orfanato, descobre a existência de um gigante, e embarca numa jornada de encantamento e perigo, acompanhando-o até uma terra mágica, onde conhece sua missão de levar sonhos bons para as crianças. Entretanto, nem todos os gigantes são bonzinhos e a jovem logo se vê em apuros. O livro foi publicado no mesmo ano em que Spielberg lançou seu maior sucesso entre as crianças, o clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982). A lembrança da sci-fi juvenil, claro, foi bastante evocada durante o encontro com a imprensa em Cannes. E deverá ser perpetuada durante sua estreia comercial, numa homenagem à roteirista de ambas as produções. “Para mim não foi como voltar ao passado, foi revistar algo que eu sempre amei fazer: contar histórias cheias de imaginação”, explicou o diretor, no encontro com a imprensa internacional em Cannes. “Quando faço filmes históricos, como ‘Lincoln’ ou ‘Ponte dos Espiões’, a imaginação é um pouco deixada de lado. Aqui, me senti livre. Fazer o filme me trouxe de volta sentimentos que tinha quando era um cineasta mais jovem. De que trata este filme? Simplesmente do poder da imaginação”. O cineasta contou que leu o romance de Roald Dahl a seus sete filhos quando eram pequenos, e a reação das crianças foi sua principal inspiração para filmá-lo. “Estou sempre à procura de uma boa história. Às vezes elas estão na nossa frente”, comentou. Para ele, esta história contém uma mensagem importante. “Devemos acreditar na magia, quando o mundo não deixa de piorar, precisamos de magia”. A ideia de evocar um mundo mágico para as crianças o inspirou a retomar uma saudosa parceria. Para materializar a adaptação, ele tirou a roteirista Melissa Mathison (“Kundun”) da aposentadoria. Especialista em fantasias estreladas por crianças, Melissa foi quem escreveu “E.T. – O Extraterrestre”, e voltou a evocar a mesma sensação de maravilhamento em “O Bom Amigo Gigante”. Infelizmente, ela já lutava com um câncer durante o trabalho e veio a falecer após entregar o roteiro finalizado, em novembro passado. Mas se há essa ligação sentimental com o passado, a produção também reflete as novas experiências do diretor com a tecnologia digital. Spielberg utilizou a experiência adquirida durante as filmagens da animação “As Aventuras de Tintim” (2011) para trabalhar com captura de performance. O gigante do título, por exemplo, ganhou vida por meio dessa técnica, interpretado por Mark Rylance, que venceu do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme anterior do cineasta, “Ponte dos Espiões” (2015). Rylance falou um pouco sobre a experiência, que envolve usar macacões cheios de pontos para leitura de computadores. “Para mim, não foi muito diferente de ensaios no teatro. Você precisa usar sua imaginação. Não há câmeras nem a necessidade de usar marcações rígidas.” Spielberg aproveitou para tecer elogios ao ator, com quem ainda vai trabalhar em seus próximos dois filmes, a sci-fi “Jogador Nº 1” e o drama de época “The Kidnapping of Edgardo Mortara”. “Tenho sorte de conhecê-lo. E mais sorte ainda por termos nos tornado amigos. Conheci muita gente em 40 anos de carreira, mas não trouxe muitas pessoas para minha vida. Mark é um dos raros, e ter com ele amizade e relação profissional é um sonho.” Para o papel principal, porém, o diretor apostou numa pequena estreante: a inglesa Ruby Barnhill, que debuta no cinema aos 11 anos de idade. Sentada ao lado de Spielberg durante a coletiva de imprensa, a jovem atriz disse que “fez aulas de teatro” e participou de uma série infantil britânica (“4 O’Clock Club”) antes de filmar a fantasia. Mas acabou revelando-se tão encantada com Cannes quanto com a terra de gigantes. “Isto aqui é incrível”, ela exclamou. “O Bom Amigo Gigante” estreia em 28 de julho no Brasil, quase um mês após o lançamento nos EUA.
O Bom Gigante Amigo: Novo filme de Steven Spielberg ganha trailer legendado
A Disney divulgou o primeiro trailer legendado de “O Bom Gigante Amigo”, novo longa de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”), que marca o retorno do diretor aos filmes juvenis de fantasia. A prévia retoma a introdução feita no primeiro teaser, em que uma menina, ao ficar acordada até tarde, descobre a existência de um gigante. A partir daí, o vídeo revela o maravilhamento e também o perigo que a acompanha, conforme ela descobre a terra mágica e a missão de seu novo bom amigo. O longa é estrelado pela pequena inglesa Ruby Barnhill, que faz sua estreia no cinema aos 10 anos de idade, e traz Mark Rylance (“Ponte de Espiões”) como a voz, o rosto e os movimentos (por captura de performance) do gigante bonzinho. A história, por sua vez, é uma adaptação do livro infantil escrito por Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) em 1982. Infelizmente, seu roteiro rendeu um registro agridoce, ao marcar um reencontro e uma despedida para Spielberg. Para filmar o livro, o diretor tirou da aposentadoria a roteirista Melissa Mathison (“Kundun”), com quem ele havia trabalhado no clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982) e no segmento dirigido por ele na antologia “No Limite da Realidade” (1983). Especialista em filmes estrelados por crianças, Melissa já lutava com um câncer durante o trabalho e veio a falecer após entregar o roteiro finalizado, em novembro passado. “O Bom Gigante Amigo” estreia em 28 de julho no Brasil, praticamente um mês após o lançamento nos EUA.
O Bom Amigo Gigante: Volta de Spielberg à fantasia ganha primeiro pôster
A Disney divulgou o primeiro pôster de “O Bom Gigante Amigo”, novo longa de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”), que marca o retorno do diretor aos filmes juvenis de fantasia. A imagem destaca a pequena inglesa Ruby Barnhill em sua estreia no cinema, aos 10 anos de idade, empinada sobre o pé de uma criatura gigante. O cartaz também faz alusão ao autor do livro e a relação do longa com o maior clássico juvenil do diretor, “E.T. – O Extraterrestre” (1982). Baseado no livro infantil de Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), o filme marcou o reencontro e a despedida de Spielberg de sua parceira em “E.T.”, a roteirista Melissa Mathison, que lutava contra o câncer e faleceu em novembro. A trama acompanha a órfã Sophie, que, durante uma noite de insônia, olha pela janela e vê um gigante na rua. Quando ele também a vê, resolve levá-la até a terra dos gigantes, onde a menina descobre que o trabalho do “BGA” (Bom Gigante Amigo) é apenas recolher, catalogar e entregar sonhos agradáveis para as crianças. O problema é nem todos os gigantes são amigáveis e um grupo deles se interessa pela curiosa Sophie, planejando devorá-la. Apesar de estrear no cinema, Barnhill já possui experiência como atriz, tendo atuado em teatro e na série infantil “4 O’Clock Club”, da rede britânica BBC. O gigante amigo, por sua vez, é interpretado por Mark Rylance (“Ponte dos Espiões”), por meio de captura de movimentos.
O Bom Gigante Amigo: Veja o primeiro teaser legendado do novo filme de Steven Spielberg
A Disney divulgou o primeiro teaser legendado de “O Bom Gigante Amigo”, novo longa de Steven Spielberg (“Ponte dos Espiões”), que marca o retorno do diretor aos filmes juvenis de fantasia. A prévia destaca a pequena inglesa Ruby Barnhill em sua estreia no cinema, aos 10 anos de idade. Ao ficar acordada até tarde, ela descobre um segredo inimaginável: criaturas gigantes existem. A sequência da prévia é a premissa da obra original, um livro infantil escrito por Roald Dahl (autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”) em 1982. A história acompanha a órfã Sophie, que, durante uma noite de insônia, olha pela janela e vê um gigante na rua. Quando o gigante também a vê, resolve pegá-la. E aí termina o vídeo. O que acontece depois inclui uma viagem à terra dos gigantes, onde a menina descobre que o trabalho do “BGA” (Bom Gigante Amigo) é apenas recolher, catalogar e entregar sonhos agradáveis para as crianças. O problema é nem todos os gigantes são amigáveis e um grupo deles se interessa pela curiosa Sophie, planejando devorá-la. Apesar de estrear no cinema, Barnhill já possui experiência como atriz, tendo atuado em teatro e na série infantil “4 O’Clock Club”, da rede britânica BBC. O gigante amigo, por sua vez, é interpretado por Mark Rylance, por meio de captura de movimentos. A produção também marcou um reencontro e uma despedida para Spielberg. Para filmar o livro, o diretor tirou da aposentadoria a roteirista Melissa Mathison (“Kundun”), com quem ele havia trabalhado no clássico “E.T. – O Extraterrestre” (1982) e no segmento dirigido por ele na antologia “No Limite da Realidade” (1983). Especialista em filmes estrelados por crianças, Melissa já lutava com um câncer durante o trabalho e veio a falecer após entregar o roteiro, em novembro passado. “O Bom Gigante” estreia em 30 de junho no Brasil, um dia antes do lançamento nos EUA.
Melissa Mathison (1950 – 2015)
Morreu a roteirista Melissa Mathison, que foi indicada ao Oscar pela história de “E.T. – O Extraterrestre” (1982). Ela faleceu na quarta-feira (4/11), aos 65 anos, de câncer, em um hospital de Los Angeles. Natural de Los Angeles, Melissa nasceu em 3 de junho de 1950, cresceu em Hollywood Hills, perto do emblemático cartaz de Hollywood, e conviveu desde criança com muitos artistas, que frequentavam a casa de seu pai, chefe de redação da revista Newsweek. Essas amizades de infância acabaram mudando seu destino, fazendo com que desistisse de um trabalho na faculdade de Ciências Políticas de Berkeley para trabalhar no cinema. Sua carreira começou por acaso, com o convite de um amigo da família, que precisava de ajuda no set de seu novo filme. O amigo era Francis Ford Coppola, para quem Melissa costumava trabalhar como baby-sitter. Ela foi ao set de filmagem acompanhar a pequena Sofia, então com três anos de idade, que participaria de uma cena do filme, e auxiliou Coppola a lidar com a filha. O diretor acabou lhe passando outras tarefas e, ao final, a convidou a trabalhar na produção. Melissa estreou no cinema aos 23 anos, como sua assistente no set de “O Poderoso Chefão II” (1974). Coppola não esqueceu da jovem auxiliar ao organizar sua produção seguinte. Ela voltou a ser sua assistente na jornada épica de “Apocalypse Now” (1979), filme em que conheceu seu futuro marido, o ator Harrison Ford. Durante a filmagem, ela ainda ajudou a revisar o roteiro. O que inspirou o diretor a lhe aconselhar a escrever para o cinema. Melissa aceitou o desafio e desenvolveu a adaptação do clássico literário infantil “O Corcel Negro”, que Coppola produziu. Lançado em 1979, o filme se tornou um grande sucesso e foi indicado a dois Oscars. O roteiro de “O Corcel Negro” impressionou outro cineasta no auge de sua criatividade. Há anos, Steven Spielberg queria filmar uma história sobre um alienígena abandonado na Terra, mas, sem consegur encontrar a forma de contá-la, sondou a jovem roteirista. Melissa encontrou o caminho ao escrevê-la como uma fábula sobre um menino e seu melhor amigo, que em vez de ser um cachorrinho era um alienígena perdido, usando sua experiência como baby-sitter para criar diálogos inesquecíveis para as personagens crianças. “E.T. – O Extraterrestre” virou um fenômeno. “Era um script que me deu vontade de filmar imediatamente”, disse Spielberg, nos extras do DVD de “E.T.”. “A voz de Melissa fez uma conexão direta com o meu coração”, ele completou. Ela também atuou como produtora assistente e fez uma figuração como enfermeira no filme, que quebrou recordes de bilheteria, faturando US$ 359 milhões só nos EUA – US$ 792 milhões em todo o mundo. Maior sucesso de 1982, ainda foi indicado a nove Oscars, entre eles os de Melhor Filme e Roteiro. Venceu quatro, de trilha (do mestre John Williams) e prêmios técnicos. Consagrada, ela escreveu outro filme infantil produzido por Coppola, “O Pequeno Mágico” (1983), e o segmento dirigido por Spielberg na antologia “No Limite da Realidade” (1984), homenagem cinematográfica à série clássica “Além da Imaginação” (The Twilight Zone). Mas a ascenção fulminante foi interrompida após seu casamento com Harrison Ford e o nascimento de seus dois filhos. A família optou por se afastar de Hollywood para ir morar em 1983 numa fazenda de 700 acres no interior do Wyoming, onde Melissa priorizou cuidar dos filhos. “Eu tenho duas crianças pequenas”, ela disse à Newsweek, na época. “Eu não quero perder a infância delas me ausentando para escrever filmes sobre outras crianças”. A roteirista só foi voltar a trabalhar após mais de uma década, quando os filhos já estavam mais grandinhos. O retorno se deu, para variar, com a história de uma nova fantasia infantil, “A Chave Mágica” (1995), dirigido por Frank Oz, um dos responsáveis pelo sucesso dos Muppets. Mas a essa altura ela já desenvolvia planos mais ambiciosos. Melissa, que era budista, tinha conhecido o Dalai Lama em 1990, por intermédio do ator Richard Gere, e no encontro o convenceu que sua infância daria um belo filme, capaz de ajudar a promover o budismo. A partir dali, foram várias conversas e revelações, com viagens até a Índia, onde o Lama residia, até a escritora se dar por satisfeita. “Eu sou meio que famosa por histórias de meninhos, e esta é uma história fantástica de menininho, cheia de fantasia, mas totalmente real”, ela explicou, em entrevista ao jornal The New York Times em 1996. O roteiro rendeu uma parceria com outro mestre do cinema, o cineasta Martin Scorsese, que dirigiu sua história em “Kundun” (1997). O filme foi indicado a quatro Oscars. E pelos anos seguintes Melissa se dedicaria à causa da libertação do Tibete, participando do comitê internacional pela independência do país, invadido pela China em 1951. Ela se divorciou de Harrison Ford em 2004 e estava curtindo sua aposentadoria quando Spielberg foi procurá-la no ano passado para retomar a parceria. O cineasta lhe encomendou o roteiro de seu próximo filme, apropriadamente uma fantasia infantil, adaptando o livro “The BFG”, de Roald Dahl, sobre a amizade de uma menina e um gigante camarada, que invade os quartos das crianças para soprar-lhes bons sonhos. Juntos, eles partem para a terra dos sonhos, onde encontram outros gigantes, que não são camaradas e só gostam de crianças como jantar. Mas, com a ajuda da Rainha da Inglaterra, conseguem prendê-los e viver felizes para sempre. Spielberg estava no meio do processo de pós-produção quando Melissa faleceu. Emocionado, ele divulgou uma nota em homenagem à velha amiga, dizendo: “Melissa tinha um coração que brilhava com generosidade e amor e viveu com a mesma luz que deu a E.T.”.






