Woody Allen entra em acordo com a Amazon e encerra processo por quebra de contrato
O cineasta Woody Allen entrou em acordo com a Amazon para encerrar a disputa judicial que travava com a empresa. Na noite de sexta-feira (9/11), Allen retirou o processo que movia contra a produtora por rompimento de um contrato para a produção de quatro filmes e pela recusa em distribuir um filme que ele já havia terminado – “Um Dia de chuva em Nova York”. Os termos do acordo não foram divulgados. Em fevereiro, Allen havia processado duas unidades da Amazon, reivindicando que elas não poderiam ter rompido os planos de distribuição por conta de uma acusação “sem base” de que ele teria molestado sua filha Dylan Farrow. As acusações não são novas e o diretor sempre negou tudo, retrucando que resultam de lavagem cerebral promovida pela mãe da jovem, Mia Farrow. Allen não foi condenado quando o caso foi levado a tribunal nos anos 1990, durante a disputa da guarda das crianças, e nunca foi acusado de abuso por nenhuma atriz com quem trabalhou ao longo de meio século de carreira. Mas Dylan aproveitou o movimento #MeToo no final de 2017 para resgatar a história e conseguiu criar uma reação de repúdio generalizado, como se houvesse fato novo. Em sua ação, Allen argumenta que a Amazon já sabia da acusação quando fechou o contrato. A Amazon respondeu dizendo que a amplificação da denúncia pelo #MeToo mudou as condições do negócio, pois impedia o estúdio de recuperar qualquer investimento que fizesse no diretor. Numa moção para descartar parte do processo de Allen, os advogados da Amazon afirmaram: “Dezenas de atores e atrizes expressaram profundo pesar por terem trabalhado com Allen no passado, e muitos declararam publicamente que nunca trabalhariam com ele no futuro”. Isto realmente aconteceu. Mas passados dois anos, a maré mudou, aumentando a quantidade de astros que vieram à público defender Allen, dizendo-se dispostos a trabalhar com o diretor quando ele quisesse, como Scarlett Johansson em setembro passado e Jeff Goldblum nesta semana. Isto pôs por terra os argumentos da Amazon. Para completar, a empresa de Allen, Gravier Productions, conseguiu fechar diversos lançamentos internacionais para “Um Dia de chuva em Nova York”, obra que a Amazon bloqueou nos Estados Unidos, e já arrecadou US$ 11,5 milhões em cinemas em todo o mundo. No Brasil, o filme protagonizado Timothée Chalamet, Elle Fanning e Selena Gomez chega aos cinemas no dia 21 de novembro. O acordo deve liberar o filme para ser lançado na América do Norte. Allen também fechou uma parceria com a produtora espanhola Mediapro e já rodou um novo filme na Espanha, “Rifkin’s Festival”, atualmente em pós-produção para um lançamento em 2020.
Christoph Waltz e Louis Garrel vão estrelar novo filme de Woody Allen
Woody Allen vai retomar sua carreira com um novo filme repleto de astros europeus. Após ser renegado por diversos atores americanos, que embarcaram na campanha do movimento #MeToo, o próximo longa do diretor será estrelado pelo austríaco Christoph Waltz (“Django Livre”), o francês Louis Garrel (“O Formidável”), os espanhóis Sergi López (“Um Dia Perfeito”) e Elena Anaya (“Mulher-Maravilha”), e até dois americanos, Wallace Shawn (de “Young Sheldon”, que estreou no cinema sob direção de Allen em “Manhattan”) e Gina Gershon (“Riverdale”). As filmagens vão começar em julho com produção da espanhola Mediapro, uma das maiores distribuidoras independentes da Europa. As negociações entre Allen e a Mediapro vieram à tona em setembro, quando o sócio-fundador da produtora, Jaume Roures, revelou que pretendia produzir um novo filme do diretor na Espanha. Será a segunda vez que o cineasta americano de 82 anos filmará no país. A primeira vez foi com o sucesso “Vicky, Cristina, Barcelona” (2008), que rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Penélope Cruz. Na ocasião, a produção também contou com apoio da Mediapro, responsável ainda pelas filmagens de “Meia-Noite em Paris” (2011), na França. Com título provisório de “Wasp 2019”, o longa vai contar a história de um casal americano casado que vai ao Festival de San Sebastian. Segundo a produção, eles acabam encantados pela magia do festival, pela beleza e charme da Espanha e pela fantasia dos filmes. Ela acaba tendo um caso com um brilhante diretor de cinema francês, e ele se apaixona por uma linda mulher espanhola que mora lá. “É uma comédia-romance que se resolve de uma forma engraçada, mas romântica”, disse a Mediapro em comunicado. “Na Mediapro, trabalhamos com Woody Allen há 14 anos. Seus filmes, como todos os projetos que o grupo produz, têm uma personalidade única. Este último filme tem todos os ingredientes para estar entre os melhores, como nos acostumamos com um diretor do talento de Woody Allen: um roteiro inteligente e um elenco internacional de primeira linha. Além disso, temos o prazer de poder filmar o filme em uma cidade como São Sebastião, que tem laços tão fortes com o cinema”, acrescentou Jaume Roures no release oficial. O projeto retoma a carreira de Allen, que estava interrompida desde que a Amazon decidir não lançar “A Rainy Day in New York”, o 48º filme dirigido pelo cineasta, que foi rodado em 2017 e se tornou dano colateral do movimento #MeToo. A filha de Allen, Dylan Farrow, aproveitou o movimento de denúncias de assédios sexuais para retomar suas acusações de pedofilia contra Allen, pressionando especificamente a Amazon para que não bancasse mais o diretor. Na véspera do lançamento de “Roda Gigante”, último filme de Allen a chegar aos cinemas, Dylan publicou uma carta aberta no jornal The Los Angeles Times, questionando o tratamento diferenciado dado a ele em relação a Weinstein. “Qual o motivo de Harvey Weinstein e outras celebridades acusadas de abuso terem sido banidas de Hollywood enquanto Allen recentemente conseguiu um contrato milionário de distribuição para seu próximo filme?”, ela questionou, referindo-se, justamente, à Amazon. Embora a pergunta tenha sido retórica, a grande diferença entre Allen e Weinstein sempre foi que apenas Dylan acusa o diretor, enquanto Weinstein acumulou uma centena de acusadoras. Dylan sabe disso, a ponto de dizer: “Estou falando a verdade e acho importante que as pessoas entendam que uma vítima importa e é suficiente para mudar as coisas”, ela disse. A acusação de abuso contra Dylan chegou a ir parar na Justiça nos anos 1990, durante a separação do diretor de sua ex-mulher Mia Farrow, mas nada foi provado. Allen sempre se disse inocente e culpou Mia por fazer lavagem cerebral em sua filha. Moses Farrow, outro filho do diretor, recentemente contestou a irmã, apontando inconsistências na denúncia, culpando a mãe por violência física e psicológica e testemunhando que Allen jamais ficou sozinho com Dylan durante o alegado abuso. Nenhuma atriz ou ator filmados por Woody Allen ao longo de meio século de carreira acusou o diretor de qualquer coisa que não fosse extremo distanciamento. No entanto, a campanha de Dylan fez vários deles dizerem que não voltariam a filmar com o diretor, inclusive dois integrantes de “A Rainy Day in New York”. Timothée Chalamet e Rebecca Hall chegaram a doar seus salários após participarem do filme. Mas outros o defenderam, com o espanhol Javier Bardem, protestando contra o “linchamento público que vem recebendo”. Em meio à polêmica, os anos de 2018 e 2019 foram os primeiros em quase quatro décadas que o diretor ficou sem filmar uma nova produção. O último hiato tinha sido em 1981, após o fracasso comercial de “Memórias” (1980), seu primeiro filme sem a parceira Diane Keaton. O contrato de Allen com a Amazon foi assinado em 2014, e o estúdio já havia lançado dois de seus filmes anteriores, “Café Society” e “Roda Gigante”, além da minissérie “Crisis in Six Scenes”. Além disso, havia previsão para outros títulos após “A Rainy Day in New York”. No início deste ano, Allen iniciou uma ação legal contra o estúdio, visando receber uma indenização pelo rompimento do acordo. Durante a queda de braços, Allen recuperou os direitos do filme “A Rainy Day in New York”, que finalmente será lançado nos cinemas, inclusive no Brasil, até o fim do ano.
Disney vai produzir série passada no Brasil durante o reinado de Dom Pedro II
A Disney anunciou a produção de duas séries latino-americanas, uma delas passada no Brasil, durante sua participação no Mipcom, evento relacionado a conteúdo multimídia que acontece em Cannes, na França. Iniciativa da divisão de Distribuição e Produção da Disney na América Latina (DMDLA, na sigla em inglês), a série brasileira se chama “Americana” e se passa no Brasil imperial, no final do século 19, durante o reinado de Dom Pedro II. Com dez episódios e produção da empresa Naím Media Group (da vindoura série “Fidel”), “Americana” será inspirada em fatos históricos. No fim da Guerra Civil Americana, um grande grupo de confederados derrotados se refugiou no Brasil a convite do Imperador. Eles foram atraídos pelo fato do país, naquele momento, ser o único que ainda não tinha abolido a escravidão no continente. Nesse contexto, a produção contará a história de uma jornalista enviada pela Corte Imperial para investigar uma série de assassinatos violentos na colônia de confederados exilados. Lá, segredos sombrios serão revelados em meio ao tumulto político da época no Brasil. Vale lembrar que o fim da escravidão no país aconteceu em 1888, um ano antes da proclamação da República. “’Americana’ é uma história fascinante, baseada na vida real, mas uma história que é diferente e realmente desconhecida”, disse Fernando Barbosa, vice-presidente sênior e gerente geral da DMDLA. “Conecta o Brasil e os EUA no marco do debate universal sobre a escravidão”, acrescentou o diretor de produção de DMDLA, Leonardo Aranguibel. Por sinal, Aranguibel é autor da outra série aprovada, “Cazadores de Milagros”, produzida pela Mediapro (de “The Young Pope”). Esta série se concentra em um jornalista cético que precisa de um furo para salvar sua carreira, uma herdeira jovem e brilhante de um império da mídia e um enigmático clarividente, dividido entre fé e necessidade. Seus destinos se cruzam em uma missão única que os forçará a questionar suas dúvidas e certezas sobre a fé, enquanto investigam casos reais de milagres potenciais. Às vezes, essa equipe em particular encontrará uma explicação científica para eles; em outras ocasiões, os eventos são inexplicáveis. RELACIONADO

