Produtores de “1899” negam acusações de plágio de brasileira: “Nem conhecíamos”
Os produtores alemãos Baran bo Odar e Jantje Friese se pronunciaram nesta segunda (21/11) sobre a polêmica acusação de plágio sofrida pela série “1899”, que estreou na última quinta-feira (17/11) na Netflix. Após a ilustradora brasileira Mary Cagnin afirmar que o programa seria uma cópia descarada de seus quadrinhos “Black Silence”, Friese negou que a nova série da Netflix tenha se inspirado em qualquer material. “Oh, Internet! Não posto nada há anos porque, francamente, acho que as redes sociais se tornaram tóxicas. As últimas 24 horas provaram isso novamente”, escreveu Friese no Instagram. “Para deixar claro: nós não [copiamos]! Até ontem nem sabíamos da existência dessa história em quadrinhos. Ao longo de dois anos, colocamos dor, suor e exaustão na criação de ‘1899’. Esta é uma ideia original e não baseada em nenhum material de origem.” A produtora acrescentou que tem sido “bombardeada com mensagens ofensivas” desde a denúncia neste domingo (20/11) e que a manifestação de Mary Cagnin “deve ser um esquema para vender mais de suas histórias em quadrinhos”. Momentos depois, Friese deletou a postagem. Também pelo Instagram, seu parceiro Baran bo Odar ressaltou que não conheciam a artista, tampouco tinham ciência sobre o quadrinho brasileiro. “Isso tem me deixado extremamente bravo e chateado”, afirmou. “Nunca roubaríamos [obras] de outros artistas, já que nos sentimos como artistas. Também entramos em contato com ela [a ilustradora], então esperamos que ela retire as acusações. A Internet se tornou um lugar estranho. Por favor, mais amor em vez de ódio”, escreveu. Em seu relato, publicado no Twitter, Cagnin se disse “em choque” ao descobrir que “‘1899’ é simplesmente idêntico ao meu quadrinho ‘Black Silence’, publicado em 2016”. Ela listou uma série de “coincidências” entre as duas obras, mostrando lado a lado suas ilustrações e cenas da produção europeia. “Já chorei horrores. Meu sonho sempre foi ser reconhecida pela meu trabalho nacionalmente e internacionalmente. E ver uma coisa dessas acontecendo realmente parte meu coração. Sabemos que no Brasil temos poucas oportunidades para mostrar nosso trabalho e ser reconhecido por ele”, desabafou. Ela postou um link para o público conhecer sua obra gratuitamente em seu site pessoal (marycagnin.com) e tirar suas próprias conclusões. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por baranboodar 🜃 (@baranboodar) Gente os "criadores" da série 1899 tiveram coragem de falar com todas as letras que o plágio na verdade é um esquema da Mary pra vender mais quadrinhos. Toda minha solidariedade pra Mary nesse momento pic.twitter.com/uJNzHGN3lb — Tiny Soprano 🎄 (@porrafabizinha) November 21, 2022
Artista brasileira acusa “1899” de plagiar seus quadrinhos: “Estou em choque”
A artista brasileira Mary Cagnin usou as redes sociais neste domingo (20/11) para acusar a série “1899”, lançada na quinta-feira (17/11) pela Netflix, de plagiar uma obra de quadrinhos que ela lançou em 2016. “Estou em choque”, ela começou. “‘1899’ é simplesmente idêntico ao meu quadrinho ‘Black Silence’, publicado em 2016”, revelou no Twitter. E em seguida listou uma série de “coincidências” entre as duas obras, mostrando lado a lado suas ilustrações e cenas da produção europeia. A única diferença, segundo ela, é que a série desenvolvida pelos produtores e roteiristas alemães Baran Bo Odar e Jantje Friese, que causaram frenesi mundial com a trama de “Dark”, passa-se num navio do século 19, enquanto “Black Silence” é uma sci-fi espacial. “Está tudo lá: A pirâmide negra. As mortes dentro do navio/nave. A tripulação multinacional. As coisas aparentemente estranhas e sem explicação. Os símbolos nos olhos e quando eles aparecem”, escreveu a brasileira. Ela seguiu fazendo comparações: “As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas.” Segundo a autora, é possível que os produtores alemães da série tenham conhecido sua obra quando ela participou, em 2017, da Feira do Livro de Gotemburgo, na Suécia, um evento internacional que disponibilizou “Black Silence” em inglês para editores e profissionais do ramo. Mas vale apontar que uma das roteiristas da série é brasileira: Juliana Lima Dehne, que fez o curta nacional “Pare. Olhe. Escute.” (2009) “Já chorei horrores. Meu sonho sempre foi ser reconhecida pela meu trabalho nacionalmente e internacionalmente. E ver uma coisa dessas acontecendo realmente parte meu coração”, reclamou Cagnin. A artista, que já ilustrou livros e revistas para editoras Globo, Abril e Mol, lançou recentemente seu site pessoal (marycagnin.com), onde é possível ler a íntegra de “Black Silence”. Cagnin não disse se pretende processar os produtores ou a Netflix. Por enquanto, está avaliando “os procedimentos que devo tomar”. “Se é que é que há algo que possa ser feito”, lamentou. Mas fez questão de destacar sua indignação: “A gente não pode achar que só porque somos brasileiros devemos aceitar esse tipo de menosprezo e indiferença. Temos inúmeros casos de gringos copiando a gente, em filmes, séries e músicas. Como o caso do filme ‘As aventuras de Pi’ que foi copiado de um livro brasileiro”, afirmou. Veja abaixo as postagens da brasileira. ESTOU EM CHOQUE. O dia que descobri que a série 1899 é simplesmente IDÊNTICO ao meu quadrinho Black Silence, publicado em 2016. Segue o fio. pic.twitter.com/1deBicrBeQ — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022 As escritas em códigos. As vozes chamando por eles. Detalhes sutis da trama, como dramas pessoais dos personagens, incluindo as mortes misteriosas. pic.twitter.com/zenqeq2zqF — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022 Participei de painéis e distribuí o quadrinho Black Silence para inúmeros editores e pessoas do ramo. Não é difícil de imaginar o meu trabalho chegando neles. Eu não só entreguei o quadrinho físico como disponibilizei a versão traduzida para o inglês. — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022 Tive a oportunidade que muitos quadrinistas nunca tiveram: de poder mostrar meu trabalho para o público internacional. Gente. Eu dei palestras. Falei sobre o plot. Apresentei para pessoas influentes da área. O negócio é sério. — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022 Quem quiser pode ler meu quadrinho que está disponível para leitura online para tirar suas próprias conclusões:https://t.co/owMn85MIal — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022 Já cansei de chorar. Agradeço a todos que leram até aqui e a todos meus leitores por todo o apoio que recebo. Inúmeras pessoas no inbox do Insta comentando sobre as similaridades. Vou ver os procedimentos que devo tomar. Se é que é que há algo que possa ser feito. — Just Mary (@marycagnin) November 20, 2022

