Angelina Jolie viverá a cantora de ópera Maria Callas no cinema
A atriz Angelina Jolie (“Os Eternos”) vai estrelar o filme “Maria”, cinebiografia da soprano Maria Callas, uma das maiores cantoras de ópera de todos os tempos, que será dirigida por Pablo Larraín (“Spencer”). O filme será a terceira cinebiografia feminina de Larraín, após “Jackie” (sobre a ex-primeira dama Jacqueline Kennedy) e “Spencer” (sobre a Princesa Diana), e marcará uma reunião do diretor com o roteirista do último filme, Steven Knight. “Maria” vai contar a tumultuada, bela e trágica história da diva greco-americana, reimaginada durante seus últimos dias na Paris dos anos 1970. “Ter a chance de combinar minhas duas paixões mais profundas e pessoais, cinema e ópera, é um sonho antigo”, disse Larraín, em comunicado. “Fazer isso com Angelina, uma artista extremamente corajosa e curiosa, é uma oportunidade fascinante. Um verdadeiro presente.” “Levo muito a sério a responsabilidade com a vida e o legado de Maria. Darei tudo o que puder para enfrentar o desafio”, acrescentou Jolie. “Pablo Larraín é um diretor que admiro há muito tempo. Ter a chance de contar mais da história de Maria com ele, e com um roteiro de Steven Knight, é um sonho.” “Maria” ainda não tem previsão de estreia. Atualmente, Angelina Jolie está envolvida na pós-produção do filme “Without Blood”, seu quinto trabalho como diretora. Pablo Larraín, por sua vez, está trabalhando na comédia “El Conde”. Nenhum desses filmes têm previsão de estreia.
Franco Zeffirelli (1923 – 2019)
O cineasta Franco Zeffirelli, conhecido por filmes como “Romeu e Julieta” (1968) e “Amor sem Fim” (1981), morreu neste sábado (15/6) em sua casa em Roma, aos 96 anos, em decorrência “de uma longa doença que se agravou nos últimos meses”, informou a imprensa italiana. “Nunca quis que esse dia chegasse. Franco partiu nesta manhã. Um dos maiores homens do mundo da cultura. Nós partilhamos da dor de seus amados. Adeus, grande mestre, Florença nunca te esquecerá”, disse o prefeito de Florença, Dario Nardella. Em uma carreira que se estendeu por cerca de 70 anos, ele se tornou um dos diretores mais populares da Itália, tanto por seus filmes, quanto por peças de teatro e óperas. Nascido como filho ilegítimo de uma designer de moda e de um comerciante de tecidos, Zeffirelli ficou órfão de mãe aos seis anos e foi criado por uma tia. Na juventude, afirma que foi abusado por um padre. Mas também estudou arte e arquitetura em Florença e integrou um grupo de teatro. Iniciou a carreira cinematográfica depois da 2ª Guerra Mundial, trabalhando como diretor assistente de Luchino Visconti em clássicos como “A Terra Treme” (1948), “Belíssima” (1951) e “Sedução da Carne” (1954). A partir dos anos 1950 voltou-se para os palcos, como diretor de teatro e ópera, e fez sua estreia como cineasta, com a comédia “Weekend de Amor” (1958). Mas não demorou a juntar cinema e ópera, num documentário sobre a maior diva dos tempos modernos, Maria Callas, em 1964. As paixões divididas explicam porque seu cinema sempre foi um pouco teatral e muito operístico. Tentando conciliar filme e teatro, lançou-se em adaptações de William Shakespeare. Fez “A Megera Domada” (1967) com Richard Burton e Elizabeth Taylor, chamando atenção de Hollywood. Mas foi “Romeu e Julieta” (1968), no ano seguinte, que o colocou na Academia. A obra foi indicada a quatro Oscars, inclusive Melhor Filme e Direção, e se diferenciou das versões anteriores por finalmente filmar dois adolescentes reais (Olivia Hussey e Leonard Whiting) nos papéis dos amantes trágicos. O longa venceu os Oscars de Melhor Fotografia e Melhor Figurino, além do David di Donatello (o “Oscar” italiano) de Melhor Diretor. O sucesso o influenciou a seguir filmando em inglês, mas seus trabalhos seguintes, “Irmão Sol, Irmã Lua” (1972), sobre as juventudes de São Francisco e Santa Clara, e a minissérie “Jesus de Nazaré” (1977), refletiram sua criação católica apostólica romana. Belíssimo, o longa de 1972 lhe rendeu seu segundo David di Donatello de Melhor Diretor, enquanto a obra televisiva trouxe como curiosidade a escalação da sua Julieta (Olivia Hussey) como a Virgem Maria. Depois de rodar o drama esportivo “O Campeão” (1979), com John Voight (o pai de Angelina Jolie), e o romance adolescente “Amor sem Fim” (1981), com Brooke Shields, Zefirelli voltou-se novamente às óperas. Mas desta vez em tela grande. Filmou “La Traviata” (1982), pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Direção de Arte e Figurino, e “Otello” (1986), duas óperas de Verdi que foram protagonizadas por Plácido Domingo. Entretanto, para encarnar Otello, o cantor foi submetido à maquiagem especial para escurecer sua pele, num processo chamado de “black face”, que atualmente é considerado um ato de racismo. Já na época não caiu muito bem. Entre um e outro longa, Zefirelli ainda filmou duas óperas televisivas, “Cavalleria Rusticana” (1982) e “Pagliacci” (1982), novamente com Plácido Domingo. E venceu um Emmy pela segunda. Ele seguiu alternando seus temas favoritos com “O Jovem Toscanini” (1988), cinebiografia do grande maestro Toscanini, fez sua versão de “Hamlet” (1990), com Mel Gibson e Glenn Close, e realizou a tele-ópera “Don Carlo” (1992), com Luciano Pavarotti. Dirigiu ainda adaptações de romances clássicos como “Sonho Proibido” (1993), baseado na obra de Giovanni Verga, e “Jane Eyre – Encontro com o Amor”, inspirado no romance gótico de Charlotte Brontë, com William Hurt e as então jovens Charlotte Gainsbourg e Anna Paquin, antes de adaptar sua própria autobiografia, “Chá com Mussolini” (1999). Ainda voltou uma última vez ao passado em seu longa final, o documentário “Callas Forever” (2002), sobre a diva da ópera que tinha filmado pela primeira vez nos anos 1960. Nos últimos anos, Zefirelli se tornou mais conhecido por seu envolvimento com a política. Conservador a ponto de ter lançado uma campanha contra “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese, quando o filme fez sua première no Festival de Veneza em 1988, ele era contra projetos de reconhecimento dos casais homossexuais e foi um dos poucos artistas italianos a apoiar Silvio Berlusconi quando o bilionário entrou para a política no início dos anos 1990. Acabou eleito senador no partido do magnata, de 1994 a 2001.
Documentário lembra porque Maria Callas foi a maior cantora lírica
Maria Callas (1923-1977) tem sido reconhecida como a maior cantora lírica do século 20 ou, mesmo, de toda a história do bel canto. Um documentário que pretenda registrar sua figura humana e sua obra musical tem, antes de mais nada, que apresentar sua performance vocal às novas gerações. Esse é o primeiro mérito de “Maria Callas em Suas Próprias Palavras”, filme de Tom Volf: é possível vê-la e ouvi-la cantar vários números, do começo ao fim de cada canção. Evita-se, assim, aquela sensação de colcha de retalhos, excertos musicais que não dão a dimensão real do trabalho artístico. A vida de Maria Callas foi cercada de polêmicas, amores, frustrações, cobranças do público e da crítica. A maneira encontrada pelo documentário para abordar tudo isso foi montar o filme todo por meio das palavras da própria cantora, como o título em portiguês já entrega. Entrevistas, depoimentos, cartas, gravações em vídeo, dão conta da dimensão dessa vida intensa e rica, totalmente dedicada à música e ao amor. Callas, nascida em Nova York, de uma família de imigrantes gregos, se naturaliza grega por conta de seu envolvimento amoroso com Aristóteles Onassis que, apesar de provocar grande decepção e frustração, acabou resistindo, pelo menos como forte amizade, até a morte dele. Segundo o que se vê no filme, e o tempo decorrido em cada relacionamento confirma, o papel de Maria Callas na vida de Onassis foi muito mais forte do que o de Jacqueline Kennedy. E o de Onassis para Callas, total e arrasador. O que “Maria by Callas” enfoca bem é o desgaste provocado por uma vida de constantes desempenhos espetaculares, exigidos e amados pelo público, que impõem um preço alto a pagar. Quando uma doença e a perda da voz obrigam a suspensão de um espetáculo no meio, isso assume ares de tragédia e as críticas e incompreensões se estabelecem. O conflito entre uma vida artística tão exigente e a vida pessoal e familiar que não se realizam nunca em plenitude é o que está na base da abordagem do filme. Maria tem que levar Callas para todo lugar e para sempre, comprometendo sua intimidade e suas pretensões a uma vida simples e comum. A celebridade engole a pessoa. Além de excepcional cantora, Maria Callas era também boa atriz. Aliás, condição indispensável para o seu retumbante êxito na ópera. Daí para a experiência no cinema é um pulo. Ela trabalhou para ninguém menos que Pier Paolo Pasolini (1922-1975) em “Medeia”, por exemplo. Mas a carreira cinematográfica não chegou a decolar. Sua missão maior – a difusão do canto lírico para diversas gerações – venceu tudo. Já próxima da morte, Maria Callas buscava, mais uma vez, retornar aos palcos, lugar onde ela se sentia em casa. O filme de Tom Volf emociona, ao resgatar essa bela história, incluindo imagens raras de arquivo, filmagens pessoais, cartas íntimas, e ao nos apresentar maravilhosas performances musicais da grande diva. É daqueles filmes que colecionadores gostarão de ter em casa, para ver e rever. A arte e a beleza são fascinantes para quem desenvolve a sensibilidade para apreciá-las.
Festival de Documentários In-Edit deixa São Paulo mais roqueira
A 8ª edição do Festival de Documentários In-Edit Brasil traz a São Paulo 57 filmes de temática musical, numa programação quase toda gratuita. Com abertura nesta quarta (7/9), com a exibição de “Eat That Question – Frank Zappa in His Own Words”, de Thorsten Schütte, sobre o roqueiro Frank Zappa, a mostra tomará 11 salas da cidade e terá 18 estreias nacionais. O In-Edit também contará com filmes sobre os Beatles, Leonard Cohen, Tangerine Dream, Adam Ant, Cream, heavy metal. Mas a programação não tem só o rock. Há um pouco de tudo, como o documentário brasileiro “Waiting for B”, sobre fãs da cantora Beyoncé no país, e “Funk Brasil: 5 Visões do Batidão”, que fazem parte da seleção de curtas do festival, além de “Rogério Duarte, o Tropikaoslista”, sobre o maestro paulista da Tropicália, “Cool Cats”, que acompanha os jazzistas Ben Webster e Dexter Gordon nos anos 1960 e 70, “Esto Es lo que Hay”, que revela o hip-hop cubano, e “Fonko”, sobre os estilos da música pop africana, entre diversas outras opções. O evento deste ano ainda homenageará o documentarista Tony Palmer, com a exibição de oito de seus filmes, que cobrem desde a carreira da cantora erudita Maria Callas até o rock psicodélico dos anos 1960, e contará com feira de vinil, seminários, debates e shows, como das bandas Pin-Ups, cuja trajetória é coberta no documentário “Time Will Burn”, Invasores de Cérebros, presente em “Ariel – Sempre Pelas Ruas”, e do músico Chico Saraiva, tema de “Violão-Canção: Uma Alma Brasileira”. Para mais informações sobre o evento, visite o site oficial.


