Andréia Horta será a ex-Primeira Dama Maria Thereza Goulart em cinebiografia
A atriz Andréia Horta, que já viveu Elis Regina no cinema, interpretará a ex-Primeira Dama Maria Thereza Goulart no filme “Vestida de Silêncio”, da cineasta Susanna Lira. O longa da FM Produções e da Modo Operante adapta o livro “Uma Mulher Vestida de Silêncio – A Biografia de Maria Thereza Goulart”, de Wagner Willian, e revisitará a trajetória de João Goulart, presidente deposto por um golpe militar em 1964, pelo olhar de Maria Thereza, considerada a mais linda Primeira Dama do país. “Vestida de Silêncio” será a estreia da documentarista Susanna Lira na ficção após muitos curtas, séries jornalísticas e mais de uma dezena de documentários, entre eles “Positivas” (2009), premiado no Festival do Rio, e “A Torre das Donzelas” (2018), premiado na Mostra de São Paulo. Além de Andréia Horta (“Elis”) no papel principal, Alexandre Nero (“João, o Maestro”) viverá Jango e Roberto Birindelli (“1 Contra Todos”) será Leonel Brizola. Para completar, a produção terá trilha sonora do compositor Francis Hime, coautor de sucessos como “Atrás da Porta” e “Trocando em Miúdos”.
Legalidade reconstitui luta histórica contra golpe militar no Brasil
O filme de Zeca Brito, com roteiro dele e de Léo Garcia, mescla ficção e realidade para contar fatos muito importantes da nossa história contemporânea. “Legalidade” trata da resistência coordenada pelo governador gaúcho Leonel Brizola a um golpe militar em curso, em 1961, com apoio dos Estados Unidos. Era o que surgia no horizonte com a renúncia do então presidente Jânio Quadros e as ações visando a impedir a posse do vice-presidente João Goulart, que estava em viagem à China comunista. Na realidade, desde a morte de Getúlio Vargas, passando pela eleição de Juscelino Kubitschek, conseguiu-se impedir a eclosão do golpe. Golpe frustrado por reações corajosas, escoradas no apoio popular, como o próprio suicídio de Vargas ou a ação decisiva do marechal Lott. Da mesma forma, o papel heroico, em 1961, coube ao então governador Leonel Brizola, que jogou todas as suas forças na defesa da Constituição, formando a cadeia da legalidade a partir do próprio Palácio Piratini, e a formação dos grupos dos onze, país afora, prometendo resistir até pelas armas para garantir a legalidade. Conseguiu, embora o próprio Jango tenha negociado o parlamentarismo para poder assumir, frustrando as expectativas dos que lutaram por sua posse, ao menos em parte. Jango recobrou plenos poderes, um ano depois, por meio de um plebiscito. Mas o golpe acabou se realizando em 1964. A reconstrução desses fatos é fundamental para que não se perca o fio da história e por enfatizar a importância da resistência popular na democracia. O uso complementar de material de arquivo jornalístico da época dá a dimensão da extensão e do significado que esse evento político representou para o país. No caso de “Legalidade’, o filme traz a ação também para o ano de 2004, em que Brizola morreu, a partir da retomada de uma trama ficcional, envolvendo um triângulo amoroso entre um militante e jornalistas imersos naqueles fatos históricos. Fatos que estão sendo pesquisados pela filha da jornalista do Washington Post, Cecília, que foi para onde convergiu a questão amorosa, mas também política, da narrativa. Fantasias à parte, o filme gaúcho retoma um momento importante, crucial, da nossa realidade política. O papel central destinado a Leonel Brizola, um inegável herói no filme, foi muito bem levado pelo ator Leonardo Machado, morto precocemente no final de 2018. Cleo Pires, Fernando Alves Pinto e Letícia Sabatella têm igualmente ótimos desempenhos. Um filme que merece ser conhecido, em especial quando se pretende reescrever certos fatos históricos, negando a gravidade que tiveram para o país, como a ditadura militar, que se consumou após os fatos narrados em “Legalidade’ e perpurou por 21 longos anos de opressão, que não podem ser esquecidos.
Velório de Leonardo Machado projeta cena inédita de seu último filme
O velório do ator Leonardo Machado serviu de palco para a primeira exibição pública de uma cena do filme “Legalidade”, seu último trabalho. A exibição foi um pedido do próprio ator, que também selecionou o playlist do evento, planejado diante da certeza de sua morte, que aconteceu na sexta (28/9), ao final de uma luta contra o câncer. Em “Legalidade”, Machado interpreta o político Leonel Brizola, personagem principal do filme. A foto acima o revela caracterizado para a produção, que narra a defesa da democracia do Brasil, encabeçada pelo então governador gaúcho, contra um golpe parlamentar que tiraria João Goulart do poder já em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros. A cena selecionada é um discurso de Brizola, que Leonardo sabia de cor. Segundo o diretor Zeca Brito, ele chegou no set com o discurso decorado. Não precisou ler no roteiro. E filmou a cena completa num único take, uma única vez, sem precisar refazer. Este foi um exemplo de como Leonardo Machado se dedicou ao filme, sabendo que era o último de sua vida. Brito revelou que, entretanto, não era para ele ter estrelado o longa. A intenção era escalar um ator mais popular da Globo. Mas Leonardo insistiu em fazer teste. E quando veio se encontrar com a produção, apareceu totalmente caracterizado, convencendo a todos. Ele conquistou a equipe pela dedicação demonstrada. “Isso é muito raro. Ele chegou como Brizola não para fazer o teste, mas para pegar o personagem que era dele. Ele veio buscar um personagem. E isso foi uma coisa que impressionou todo mundo, disse o diretor, em entrevista ao portal G1. Brito também contou que Machado foi transparante em relação à doença, descoberta em 2016. E mesmo debilitado esforçou-se o tempo todo para terminar o filme. “A preocupação dele era que o filme estivesse pronto, que não ficasse faltando nada. Isso, de uma certa maneira, acelerou o processo de montagem do filme quando a gente ficou sabendo. Nós corremos com todas as etapas para que ele pudesse assistir ao primeiro corte. Isso me deixa tranquilo. Eu pude mostrar para ele o filme alguns meses atras e tenho certeza que ele ficou muito satisfeito”, contou o diretor, emocionado. “Hoje o filme tem um motivo maior para ser lançado, para existir, que é essa homenagem a esse grande ator do Rio Grande do Sul”, concluiu. “Legalidade” deve ser lançado nos cinemas apenas no ano que vem. Mas Leonardo deixou dois trabalhos inéditos. O longa-metragem “A Cabeça de Gumercindo Saraiva”, com direção de Tabajara Ruas, rodado em 2017, estreia já em 25 de outubro. E a série documental “Sonho Americano”, com direção de Paulo Nascimento, chega no canal Travel Box Brazil nas próximas semanas.


