Claro tenta impedir lançamento da Disney+ (Disney Plus) no Brasil
A Claro está tentando impedir o lançamento nacional da plataforma Disney+ (Disney Plus), responsável por “The Mandalorian”, uma das séries com mais indicações ao prêmios Emmy 2020, e pelo musical “Black Is King”, de Beyoncé, além de várias séries de super-heróis da Marvel atualmente em desenvolvimento. Prevista para novembro no Brasil, a inauguração do serviço de streaming está sendo contestada pela operadora de telefonia e TV paga porque não possui conteúdo nacional em seu catálogo. De acordo com o jornal O Globo, a denúncia foi feita na Anatel e conselheiros irão deliberar sobre o caso em agosto. Se a decisão for no sentido de que a Disney+ (Disney Plus) precisará de conteúdo nacional para seu lançamento, o Brasil pode ser o único país da América Latina a ficar sem o serviço em 2020. O objetivo da Claro é enquadrar a Disney+ (Disney Plus) na chamada Lei da TV Paga, que obriga canais por assinatura a trazer conteúdo nacional como parte da programação. A empresa alega que, caso isso não aconteça, estará sofrendo concorrência desleal. Atualmente, a Netflix, que é uma empresa equivalente à Disney+ (Disney Plus) em atividade no Brasil, não é enquadrada como TV paga. Mas o lobby da Claro e outras operadoras quer mudar essa situação. Um projeto de lei que tramita na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados discute sujeitar os serviços similares aos da TV por, como os distribuídos pela internet, às mesmas regras da TV paga – que estabelece, entre outros pontos, cotas de conteúdo nacional para os canais e pacotes. Esta discussão se estende desde o ano passado e já recebeu emendas e substitutivos com propostas que sugerem o contrário – isto é, legislação diferente para a internet. A Lei da TV paga é de 2011 e ainda dispõe sobre uma programação tipicamente televisiva, estabelecida em horários fixos de exibição, algo que não acontece na internet. De todo modo, ela não foi adotada do dia para noite, mas de forma gradual e com um período de adequação após sua vigência, que se estendeu por até três anos para atingir os padrões requisitados. Imagina-se que, mesmo que a equiparação pedida seja atendida, o mesmo período de transição seria estendido ao streaming, o que não impediria a estreia imediata de novos serviços. Além da Disney+ (Disney Plus), o Brasil também deve receber em breve as plataformas HBO Max, Peacock, Hulu e CBS All Access. Todas aguardam uma solução desse impasse.
Atores e cineastas fazem abaixo-assinado contra liminar que isenta empresas de telefonia do pagamento do Condecine
Diversos profissionais do cinema e da TV assinaram um abaixo-assinado contra a liminar conseguida, há duas semanas, pelo SindiTeleBrasil, que isentou as empresas de telefonia do pagamento da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional). São, ao todo, 136 nomes, entre diretores, atores, produtores e roteiristas, condenando a decisão da Justiça, que eles estimam representar uma perda de R$ 1,1 bilhão para o orçamento gerido pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). Intitulado “Abaixo-assinado em defesa do audiovisual brasileiro”, o documento traz assinaturas de, entre outros, cineastas como Fernando Meirelles, Guel Arraes, Cacá Diegues, Roberto Santucci, Alê Abreu e Anna Muylaert, e atores como Selton Mello, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Marieta Severo, Leandro Hassum e Fernanda Montenegro. O texto lembra o acordo, feito há cinco anos entre o setor de telefonia e o governo, para as teles ingressarem no segmento da TV paga, em troca do recolhimento do Condecine. Conhecida como “Lei da TV Paga”, a lei 12.485/2011 destravou a concorrência do setor, permitindo que as empresas de telefonia passassem a oferecer assinaturas de televisão. O governo alegou que a taxa do Condecine seria uma “contrapartida” à redução que fez no Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações). Entretanto, em dezembro o Ministério da Fazenda autorizou um reajuste de quase 28,5% no valor do Condecine, no momento em que o setor sangra com perda de assinantes, colocando em risco o modelo de negócios. Isto levou as empresas a buscarem uma saída jurídica, que encontrou apoio no juiz Itagiba Catta Preta Neto, da Quarta Vara Federal da Justiça Federal do Distrito Federal, responsável por conceder a liminar contra a cobrança, argumentando, no processo, que se tratava de “intervenção estatal” na economia. Embora a lei não faça distinção, em seu despacho o juiz apontou que as teles são agentes de distribuição e não de produção de conteúdo, portanto não poderiam ser enquadrados como tais. “Ainda que se vislumbre uma tênue vinculação entre os setores em questão, tal vinculação não se apresenta como caráter estrito, e isto justifica o afastamento da norma instituidora do tributo, ao menos em princípio”, ele se pronunciou. A questão só deve ser resolvida em outras instâncias jurídicas, eventualmente chegando ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas até a Justiça chegar a uma decisão definitiva, as teles não serão obrigadas a repassar a taxa do Condecine, razão pela qual os artistas de cinema e TV protestam, prevendo encolhimento no orçamento federal disponível para seus projetos. Leia abaixo a íntegra do abaixo-assinado: O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel de celular e Pessoal – SindiTeleBrasil – que representa as empresas Claro, Oi, Telefonica/Vivo, Tim, dentre outras, entrou e obteve liminar na Justiça contra o pagamento da chamada CONDECINE, fonte principal de recursos que alimenta o setor audiovisual através do FUNDO SETORIAL DO AUDIOVISUAL. Esta contribuição é prevista na lei 12.485/2011 e graças a ela o setor audiovisual brasileiro vive um momento virtuoso traduzido em produções que se destinam às salas de cinema, televisões por assinatura e banda larga. Por ocasião da promulgação da lei, as teles aceitaram pagar essa contribuição e, em contrapartida, elas, que antes eram impedidas de atuar na distribuição de TV, tiveram permitida sua entrada nesse mercado. A veiculação de produtos audiovisuais em suas redes contribui para a expansão dos negócios da telefonia brasileira. Assim, não deixa de ser surpreendente e inaceitável que às vésperas do recolhimento anual da CONDECINE, o setor de telefonia rompa o acordo feito há 5 anos, através de uma liminar, que caso não seja cassada, terá o poder de paralisar todo setor audiovisual brasileiro. Somente em 2014 e 2015, 713 empresas de audiovisual produziram em todo o país 2.867 horas de conteúdos, 306 longas-metragens, 433 séries e telefilmes, gerando empregos qualificados, aumentando nossa presença na TV, salas de cinema e ainda trazendo prestígio internacional para o país, como atestam os prêmios recebidos por filmes como “Que Horas Ela Volta?” e “O Menino e o Mundo”, filme este que, além de vários prêmios mundo afora, concorre ao Oscar de Melhor Animação, ao lado de obras que custaram 300 vezes mais que a animação brasileira. A geração de empregos no setor expande-se a olhos vistos. Técnicos e técnicas, atores e atrizes, diretores e diretoras, produtores e produtoras, roteiristas trabalham com afinco imprimindo nas telas brasileiras, de todos tamanhos, a identidade de nosso povo. Disputamos um mercado extremamente competitivo onde a presença maciça de produtos hegemônicos encontra diversidade justamente pela significância da produção nacional. Ou seja, temos vocação para esse negócio, respeito internacional e comunhão com o público que prestigia nossas obras. Estas obras circulam cada vez mais em celulares, tablets e computadores. Quem as distribui são justamente as teles, portanto, o recolhimento da CONDECINE é naturalmente inerente a este setor. Contribuir para o fortalecimento do audiovisual brasileiro é uma justa contrapartida pelo conteúdo que trafega e incrementa o seu negócio. Nós, abaixo-assinados, repudiamos esta ação judicial promovida pelas teles através do SindiTeleBrasile reiteramos nosso compromisso com o desenvolvimento do setor audiovisual brasileiro. Para tanto, esperamos que a Justiça Brasileira casse esta tentativa torpe de obstruir o nosso crescimento ou mesmo que o SindiTeleBrasil retire sua impensada ação judicial. Em nome de milhares de brasileiros que constroem e consomem nossas obras que geram emoções, risos, reflexões, além de empregos e receitas, manifestamos nossa certeza que o setor audiovisual brasileiro não recuará de seu movimento de expansão. Assinam o documento: Atores: Adriana Esteves Alice Braga Aline Moraes Andréa Beltrão Bruna Lombardi Bruno Gagliasso Bruno Mazzeo Caio Blat Camila Pitanga Carlos Alberto Ricelli Carolina Dieckmann Cauã Reymond Cleo Pires Daniel Oliveira Dira Paes Emilio Dantas Enrique Díaz Fabio Porchat Fernanda Montenegro Fernanda Torres Gisele Fróes Gloria Pires Gregório Duvivier Ingrid Guimarães José Abreu Juliano Cassarré Lazaro Ramos Leandro Hassum Lucio Mauro Malu Galli Márcio Garcia Marcos Frota Marcos Rica Maria Flor Maria Luisa Mendonça Maria Paula Maria Ribeiro Mariana Lima Mariana Ximenes Marieta Severo Miguel Falabela Ney Latorraca Otávio Müller Patrícia Pillar Paulinho Vilhena Paulo Betti Paulo Gustavo Regina Casé Renato Aragão Rodrigo Santoro Selton Melo Silvia Buarque Ulisses Ferraz Vladimir Britcha Wagner Moura Diretores, Produtores e Roteiristas: Alê Abreu Andrucha Waddington Anna Muylaert Antonio Prata Arnaldo Jabor Arthur Fontes Assunção Hernandes Bianca Villar Breno Silveira Cacá Diegues Caio Gullane Cao Hamburger Carlos Cortez Carolina Jabor Claudio Torres Daniel Rezende Daniela Thomas David França Mendes Di Moretti Eliana Soárez Eliane Ferreira Estevão Ciavatta Fabiano Gullane Fábio Mendonça Fernando Gronstein Fernando Meireles Georgia Costa Glaucia Camargos Guel Arraes Gustavo Rosa de Moura Hector Babenco Helena Solberg Hugo Janeba Iafa Britz João Daniel Tikomirof José Alvarenga Jr. Julia Rezende Juliana Reis Karim Ainouz Kiki Lavigne Laís Bodansky Leonardo Monteiro de Barros LG Bayão Luciano Moura Luiz Bolognesi Lula Buarque de Hollanda Malu Andrade Marcos Bernstein Maria Ionesco Maria Amelia Leão Teixeira Maria Camargo Marina Person Marisa Leão Maurício Farias Mauro Mendonça Filho Michel Tikhomiroff Mini Kerti Nando Olival Paulo Morelli Paulo Thiago Pedro Buarque de Hollanda Pedro Morelli Quico Meirelles Reinaldo Moraes Renata Brandão Roberto Santucci Rodrigo Meirelles Ruy Guerra Sara Silveira Sergio Machado Sergio Resende Stephano Capuzzi Suzana Villas Boas Tata Amaral Tati Bernardi Thiago Dottori Tomás Portela Toni Venturi Van Fresnot Walter Lima Jr. Zita Carvalhosa

