Criadora de UnReal corrobora acusação de assédio de roteirista contra criador de Mad Men
A roteirista e produtora Marti Noxon usou o Twitter para apoiar a colega Kater Gordon, que acusou Matthew Weiner, criador de “Mad Men”, de assediá-la sexualmente e demiti-la após não conseguir o que queria, semanas após ela vencer o Emmy de Melhor Roteirista pela série. Noxon, que é criadora de “UnReal” e “The Girlfriends’ Guide to Divorce”, e trabalhou em duas temporadas de “Mad Men”, chamou Weiner de “terrorista emocional” em uma série de tuítes, em que o acusa de criar um péssimo ambiente de trabalho, em que brincadeiras machistas podiam facilmente virar assédio, além de corroborar a história contada por Gordon. Leia abaixo a íntegra dos tuítes publicados por Noxon sobre sua experiência negativa em “Mad Men”: “Há cerca de uma semana atrás, Kater Gordon, uma jovem roteirista que trabalhou em ‘Mad Men’, denunciou bravamente ter sido assediada sexualmente por Matt Weiner. Ao compartilhar roteiros com ele, ela o ouviu causalmente mencionar algo como ‘você me deve ficar nua’. Eu acredito nela. Eu a encontrei no dia seguinte ao que ela descreveu. Lembro-me claramente de quanto ela estava abalada e deprimida – e assim permaneceu a partir daquele dia. “Respondendo a sua afirmação, Matt afirmou que nunca faria esse tipo de comentário para uma colega. Mas qualquer um com o mínimo conhecimento de ‘Mad Men’ poderia imaginar essa mesma frase saindo da boca de Pete Campbell. Matt, o criador de Pete, é muitas coisas. Ele é esperto e culto, mas também, nas palavras de um de seus colegas, um ‘terrorista emocional’, que vai te atormentar, seduzir ou agredir na tentativa de fazer com que suas exigências sejam atendidas. Esse tipo de personalidade sempre cria um ambiente em que todo mundo está na defensiva, sem saber como você fica diante do ‘chefe’.” “Nesse ambiente, Matthew dizer para Kater que ela ‘devia ficar nua’ porque lhe devia a carreira, poderia não ser uma piada. E poderia – ou não – levar ao fim de uma carreira.” “Todo mundo no set de ‘Mad Men’, independente do gênero e da sua posição na hierarquia da série, foi afetado por essa atmosfera. Por que não o denunciamos? Bom, porque parecia que deveríamos estar gratos por trabalhar com ele, visto que é enormemente talentoso. Por outro lado, era difícil saber o que era real quando os humores mudavam com tanta frequência. FAlar em nome de si mesmo é importante e eu concordo que todos precisamos fazê-lo mais e confiar menos em instituições defeitusoas para fazer isso por nós. Mas é muito difícil quando o custo é, na melhor das hipóteses, o medo e a incerteza – e, na pior das hipóteses, a perda de um emprego e a reputação arruinada.” “Tomar uma ação contra ele podia significar perder o emprego, e para isso as pessoas tinham que contemplar se tinham dinheiro no banco ou família que fosse ajudá-las. Quando favores sexuais são adicionados às ferramentas que alguém pode usar para se manter em um emprego, isso pode ser desestabilizador ou devastador para esse alguém. Pode não ser ilegal, mas é opressivo. Eu testemunhei isso acontecer e, apesar do fato de que ser uma consultora sênior na série, eu também experimentei isso à minha maneira nos meus dias em ‘Mad Men’. Eu acredito em Kater Gordon.” On the subject of Matt Weiner and #MadMen About a week ago Kater Gordon, a young female writer who worked on Mad Men bravely came forward with her account of being sexual harassed by Matt Weiner. While sharing writing duties with him, she recalls that he causally mentioned 1/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 something to the effect of "you owe it to me to show me your naked body." I believe her. I was at work with her the day after what she described transpired. I remember clearly how shaken and subdued Kater was — and continued to be from that day on. 2/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 something to the effect of "you owe it to me to show me your naked body." I believe her. I was at work with her the day after what she described transpired. I remember clearly how shaken and subdued Kater was — and continued to be from that day on. 2/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 Matt, Pete's creator, is many things. He is devilishly clever and witty, but he is also, in the words of one of his colleagues, an "emotional terrorist" who will badger, seduce and even tantrum in an attempt to get his needs met. 4/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 This personality type can not help but create an atmosphere where everyone is constantly off guard and unsure where they stand. It is the kind of atmosphere where a comment like "you owe it to me to show me your naked body"… 5/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 may — or may not — be a joke. And it may — or may not — lead to a demotion or even the end of a career. 6/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 Everyone at Mad Men, regardless of gender or position, was affected by this atmosphere. Why did we not confront him more or report him to our parent companies? Well, for one, we were grateful to him for the work and truly in awe of his talents. 7/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 For another, it was hard to know what was real when moods and needs shifted so frequently. Self-advocacy is important and I agree we all need to do it more and rely on less on faulty institutions to do it for us 8/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 But it is very difficult when the cost is, at best, fear and uncertainty — and at worst the loss of a job and ruined reputation. Taking that action is one thing to contemplate if you have money in the bank and family to fall back on 9/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 but quite another for people from all walks of life without a safety net. And when sexual favors are lightly added to the bag of tools one might use to stay employed and valued, it can be destabilizing or even devastating. 10/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 It may not be illegal, but it is oppressive. I witnessed it and, despite the fact that that I was a senior consultant on the show, I also experienced it in my own way in my days at Mad Men. 11/ — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017 I believe Kater Gordon. — marti noxon (@martinoxon) November 17, 2017
Roteirista vencedora do Emmy acusa criador de Mad Men de assédio
O criador, produtor, roteirista e showrunner da série “Mad Men”, Matthew Weiner, se somou ao crescente número de personalidades de Hollywood acusadas de assédio sexual. A roteirista Kater Gordon, que venceu um Emmy por seu trabalho na série, afirmou na quinta (9/11) ao site The Information, que Weiner se comportou de forma imprópria com ela há oito anos. Na época com 27 anos, Kate estava trabalhando à noite com o produtor, quando este lhe disse que tinha o direito de lhe ver nua, que ela devia isso a ele. Gordon começou a trabalhar com Weiner em 2007 como sua assistente pessoal. Em menos de um ano, a jovem escritora foi promovida a assistente dos roteiristas, sendo encarregada, entre outras tarefas, de transcrever as notas de Weiner, conhecido por ditar seus roteiros. O produtor também a incentivou a contribuir com suas próprias ideias. Os dois acabaram escrevendo juntos o último episódio da 2ª temporada da série, pelo qual ganharam o Emmy em 2009. Foi precisamente durante o trabalho conjunto que fizeram para esse capítulo que, segundo Gordon, Weiner a assediou sexualmente. Assim como outras vítimas de abusos em Hollywood disseram ter feito, Gordon comentou o ocorrido com colegas, mas não apresentou uma denúncia. Um ano depois, a roteirista foi demitida da equipe, gerando uma série de especulações na imprensa sobre a razão de sua saída, já que ela tinha sido premiada por seu trabalho. Embora naquela ocasião já fosse uma das roteiristas escaladas para a 3ª temporada, Weiner a chamou ao seu escritório para lhe dizer que não renovaria seu contrato porque ela “havia ficado aquém” das expectativas em seu trabalho. Desde então, Gordon não escreveu mais e se manteve à margem de Hollywood, evitando qualquer menção que a relacionasse à série “Mad Men”. Se agora decidiu falar, acrescentou a roteirista na entrevista à publicação, deve isso ao caso Harvey Weinstein e à onda de escândalos sexuais que vieram à tona em Hollywood nas últimas semanas. “Ganhei um Emmy, mas em vez de poder usá-lo como trampolim para minha carreira, ele se transformou em uma âncora, porque eu sentia que tinha de responder a especulações da imprensa. Eu acabei desistindo em vez de lutar”, lamentou a roteirista na entrevista. Weiner respondeu a acusação por meio de um comunicado lido por um porta-voz. “O sr. Weiner não se lembra de ter feito esse comentário, nem é o tipo de frase que ele diria a um colega de trabalho”, afirmou. Segundo a nota, Weiner “passava de oito a dez horas por dia escrevendo diálogos em voz alta com Gordon. Nos nove anos em que comandou ‘Mad Men’, Weiner frequentou uma sala de roteiristas cheia de mulheres”, destaca ainda o comunicado, assinalando que o criador da série sempre lutou por um espírito de “igualdade” e “respeito” no local de trabalho. O novo escândalo é mais uma péssima notícia para a Amazon, que vê aumentar os problemas em torno de “The Romanoffs”, série de antologia desenvolvida por Weiner, que já está em fase de gravação. A série era a única produção da The Weinstein Company que a plataforma insistiu em realizar, após cancelar outros projetos do estúdio, decidindo bancar sozinha seu orçamento de US$ 75 milhões para não ter o nome de Harvey Weinstein como parceiro na atração. O nome de Weiner, porém, não pode ser descartado com a mesma facilidade.

