Lázaro Ramos denuncia falta de inclusão na Globo e é apoiado por autor de “Lado a Lado”
Lázaro Ramos soltou a língua contra a Globo, ao falar sobre o que motivou sua saída da empresa em que trabalhou por 18 anos e onde interpretou diversos personagens icônicos. Durante a entrevista coletiva do filme “Medida Provisória”, que marca sua estreia como diretor, Ramos escancarou que enfrentou dificuldades para lançar projetos com equipes negras na emissora carioca. “Troquei a Globo pela Amazon por estar um pouco cansado de pedir, como se eu fosse um pedinte, como se eu tivesse de implorar por uma coisa que é poderosa, que são os nossos profissionais, a nossa história”, declarou o ator, colocando na berlinda a baixa inclusão de profissionais negros na emissora. Para o artista, o mercado audiovisual brasileiro está muito “atrasado” em relação a outros países pela falta de representatividade. Por isso, destacou a importância de produzir um filme como “Medida Provisória”, que tem uma trama de fundo racial, é escrito e protagonizado por atores negros, como Taís Araújo, Seu Jorge e Alfred Enoch, e traz profissionais negros em várias funções. A denúncia de falta de inclusão da Globo foi endossada por João Ximenes Braga, que escreveu a novela “Lado a Lado”, estrelada por Ramos. “O maior ator brasileiro de sua geração e, apesar de estar na idade perfeita para isso, só foi protagonista – protagonista de fato, primeiro nome nos créditos – de uma única novela em toda sua carreira na emissora”, escreveu Braga no Facebook. O autor ainda apontou um responsável pela situação, ao lembrar que Silvio de Abreu estava à frente do departamento de dramaturgia da emissora durante os tempos criticados por Ramos. “Aqueles do ‘te detesta porque você é politicamente correto’, do ‘faz dela a nega burra’, da incrível novela baiana sem personagens negros, que cancelou ‘Cidade dos Homens’ apesar do sucesso, e que gestou a novela passada no período da escravidão em que atores negros eram segregados”, acusou. João Ximenes Braga também criticou Abreu ao lembrar do prestígio de “Lado a Lado”. “Outro dia me disseram que uma professora da USP, em meio a uma aula sobre letramento racial para os autores e pesquisadores da Globo, disse que ‘Lado a Lado’ era uma ‘ilha de excelência’ e que não entendia porque a emissora nunca mais fez novela similar – no tocante à questão racial. A resposta é tão simples. O que aconteceu depois de “Lado a Lado”? Ué, entrou a gestão em questão. E não será diferente em nova empresa [HBO Max]. Certos animais não mudam suas pintas, ou listras, se preferirem”, detonou. O filme “Medida Provisória” estreia na próxima quinta-feira (14/4), após ser premiado em festivais internacionais e atingir 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Em seguida, a Amazon vai lançar o segundo filme dirigido por Lázaro Ramos, “Um Ano Inesquecível – Outono”, que ainda não tem previsão de estreia.
Elis Regina vai ganhar minissérie da Globo
A rede Globo prepara uma minissérie sobre a vida e a carreira da cantora Elis Regina. Segundo a colunista Patricia Kogut, do jornal O Globo, a atração deve ser estrelada por Andreia Horta (atualmente na novela “Liberdade Liberdade”). O projeto terá 10 capítulos e será escrito por Gilberto Braga e João Ximenes Braga, com direção de Dennis Carvalho. Ou seja, só gente de novela. Ainda segundo a colunista, a atração, ainda sem título definido, “não vai esconder a personalidade” de Elis Regina, cuja vida foi marcada por polêmicas. A estreia está programada para janeiro de 2018. Curiosamente, Andreia Horta já vai viver Elis nos cinemas. O filme “Elis” tem direção de Hugo Prata e roteiro do premiado Luiz Bolognesi (“Uma História de Amor e Fúria”), e sua première vai acontecer no Festival de Gramado, que acontece entre 26 de agosto a 3 de setembro na Serra Gaúcha. A estreia comercial está prevista para outubro. Ao contrário do que fez com o bom filme “Tim Maia”, que virou minissérie da Globo, sofrendo cortes, remontagem e inserção de novas cenas e até depoimentos ao estilo de especial televisivo, a minissérie de Elis Regina deve ser um produto diferente do filme, uma vez que Gilberto Braga trabalha nisso desde o final novela “Babilônia”, em 2015.

